"Vocês, humanos, com suas mentes insignificantes! Vocês não devem
aprender os segredos do espaço!”
Com um título sonoro e
chamativo, “Os Monstros do Cabo Canaveral” (The Cape Canaveral Monsters,
EUA, 1960) é mais um filme com o tema de invasão alienígena com um orçamento
minúsculo e fotografia em preto e branco, produzido para a televisão com uma
duração curta de apenas 69 minutos. Disponível no “Youtube” com legendas em
português, tanto a direção quanto o roteiro são de Phil Tucker (1927 / 1985), o
mesmo da tranqueira “O Robô Alienígena” (Robot Monster, 1953), que de tão ruim
e bagaceiro acabou até virando um filme cultuado.
O enredo é bem simples e
escapista, típico dos incontáveis filmes similares dos anos 50 e 60 do século
passado, com alienígenas se apossando dos corpos de um casal morto num acidente
de carro, e uma vez escondidos numa caverna com um laboratório científico
avançado, eles tentam sabotar o programa espacial dos Estados Unidos derrubando
os foguetes experimentais que são lançados na base de Cabo Canaveral, na
Flórida. E dessa forma impedindo os avanços tecnológicos da humanidade na
exploração espacial (conforme o slogan promocional do cartaz do filme,
reproduzido no início desse texto), eles facilitariam uma posterior invasão
desses seres de outro mundo, que são identificados como pequenas esferas de
luz.
Os alienígenas que se apossam
dos corpos mortos dos humanos são o cientista Hauron (Jason Johnson) e a
assistente Nadja (Katherine Victor), que mantém uma relação cheia de atritos
constantes entre eles, cuja missão é destruir os foguetes de testes e reportar
o sucesso das ações aos seus superiores no planeta de origem.
O programa espacial no Cabo
Canaveral é comandado pelo rígido cientista alemão Dr. Von Hoften (Billy
Greene), com o auxílio do Dr. Meister (Joe Chester) e dos jovens assistentes
Tom Wright (Scott Peters) e Sally Markham (Linda Connell), que é sua sobrinha.
E a supervisão militar é do General Hollister (Chuck Howard), auxiliado pelo
Capitão Martin (Bill Vess).
O jovem Tom tem um interesse
amoroso por Sally e depois de um passeio nos arredores da base de lançamentos
dos foguetes, junto com o casal de amigos Bob Hardin (Gary Travis) e Shirley
Carter (Thelaine Williams), ele descobre um misterioso sinal de rádio que
poderia ser responsável pela sabotagem dos foguetes, informando os militares e
descobrindo a ameaça alienígena.
O plano de invasão do espaço
sideral pode ser considerado uma analogia com a paranoia de invasão comunista
aos Estados Unidos pela antiga União Soviética no conturbado período da guerra
fria após a Segunda Guerra Mundial. A maior preocupação dos militares com o
fracasso nos lançamentos dos foguetes que explodiam após a decolagem, seria com
uma possível sabotagem de uma nação inimiga. Um dos filmes que mais representa
essa ideia de medo de uma invasão comunista é “Vampiros de Almas” (Invasion of
the Body Snatchers, 1956), de Don Siegel.
“Os Monstros do Cabo
Canaveral”, apesar da ausência de monstros e com apenas alienígenas na forma de
esferas flutuantes de luz que se apossam dos humanos (um clichê já visto em
vários filmes anteriores como “Invasores Invisíveis”, 1959), tem até alguns
momentos de diversão principalmente com a história exagerada no escapismo e a
paranoia de invasão. Os efeitos práticos toscos também contribuem para o
entretenimento dos fãs que apreciam esses filmes baratos de horror e ficção
científica. A arma que derruba foguetes, o aparelho de comunicação dos
extraterrestres com seu líder e o recipiente bizarro com compostos químicos que
permite a viagem ao planeta invasor, são no mínimo hilários de tão bagaceiros e
por isso mesmo acabam sendo destaques na diversão.
Curiosamente, para simular os
foguetes foram utilizadas filmagens reais de lançamentos de testes de misseis.
(RR
– 17/06/25)