“ 17
de janeiro, Centro de Pesquisa de Base, Ryan Horner, Diretor de Projeto. Hoje é
o nosso 5º dia sem contato via rádio com o Dr. Vogel. Tentativas anteriores de
chegar ao Laboratório Summit falharam devido às contínuas tempestades de neve.
Temo pelo bem-estar de Vogel. Antes de perdermos a transmissão, os seus
contatos de rádio estavam tornando-se cada vez mais esporádicos e irracionais.
A tal ponto que ele relatou ter conversado com figuras como Napoleão e
Alexandre, o Grande. Estou profundamente preocupado com o fato de ele não estar
alimentando os macacos e os chimpanzés, nem registrando os resultados das
nossas experiências de altitude com eles. Se for esse o caso, antes que anos de
pesquisa para o programa espacial tenham sido desperdiçados. Nossa data de
entrega prometida é daqui a menos de 3 meses e precisamos salvar o projeto. Dr.
Robert Jones e Dr. Frank Enari chegaram da Universidade esta manhã para
substituir Vogel e continuar os experimentos. Estou muito aliviado que esta
equipe específica tenha sido disponibilizada para finalizar o projeto. Como foi
a sua investigação em situações de stress que o homem pode encontrar na
exploração espacial que é a base do nosso programa. A tempestade se acalmou o
suficiente para Val Adams levá-los junto com um novo chimpanzé para controle do
experimento. Devo confessar a minha profunda preocupação quanto ao que irão
encontrar.” – Ryan Horner
Com essa introdução narrada tem início “A Morte Numa Noite Fria” (A Cold Night´s Death, EUA, 1973),
dirigido por Jerrold Freedman, escrito por Christopher Knopf, e com elenco
reduzido de apenas três atores em cena. Foi produzido diretamente para a televisão
pela dupla Aaron Spelling e Leonard Goldberg, com apenas 74 minutos, no programa “ABC
Movie of the Week”, uma série semanal da década de 1970 que foi ao ar na rede
de TV “ABC” (American Broadcasting Company), apresentando filmes de diversas
temáticas, muitos deles com histórias de ficção científica, suspense, mistério
e horror.
Sendo
o número 32 da temporada 4, o filme foi exibido por aqui na saudosa época das
televisões de tubo, e está disponível dublado no “Youtube” na “versão brasileira Cine Castro Rio de Janeiro e São Paulo",
além também da opção de versão original com legendas em português.
O cientista Dr. Vogel está trabalhando na estação de pesquisas
“Tower Mountain”, isolada em altitude extrema e baixíssimas temperaturas com
ventos fortes e tempestades constantes de neve, estudando os efeitos dessas
condições desconfortáveis em macacos de laboratório, com o objetivo de auxiliar
no programa de exploração espacial, na forma de lidar com o stress em condições
adversas. Porém, conforme a narração acima do Diretor do Projeto Ryan Horner
(voz de Vic Perrin, não creditado, o mesmo narrador da série “Quinta Dimensão”),
o contato com o Dr. Vogel foi perdido e suspeita-se que tenha enlouquecido.
Para substitui-lo surge a dupla de cientistas Dr. Robert Jones
(Robert Culp), que prefere explorar o desconhecido e se entedia com a rotina do
isolamento, e Dr. Frank Enari (Eli Wallach), que gosta dos trabalhos rotineiros
de pesquisa. Eles irão verificar as condições da estação de pesquisas e tentar
salvar o projeto. São levados pelo piloto de helicóptero Val Adams (Michael C.
Gwynne) e encontram o local todo revirado e parcialmente destruído, com os
macacos de testes enjaulados e morrendo de frio, além do cadáver congelado do
Dr. Vogel.
Após organizarem as coisas novamente, eles retomam as experiências
com os chimpanzés, enfrentando as condições agressivas e desfavoráveis de frio
polar, isolamento e sentimento de claustrofobia, além de tentarem administrar a
ocorrência de vários eventos estranhos, suas próprias diferenças de convivência
e decifrar o mistério da morte do cientista anterior, lutando também para
manter a sanidade num ambiente hostil no alto de uma montanha gelada.
“A Morte Numa Noite Fria” é um exemplo de como um filme de baixo
orçamento para a televisão, com duração curta e elenco de apenas dois atores
presos numa estação de pesquisas isolada, pode manter o interesse e atenção do
espectador com uma boa história e atmosfera de mistério. Sem precisar
necessariamente de monstros disformes, fantasmas perturbados e sangue jorrando
(apesar desses elementos também serem sempre bem-vindos, principalmente em
filmes bagaceiros).
Aqui temos algo com
diversão garantida que lembra e se encaixaria muito bem como um episódio
estendido de séries icônicas com elementos de horror, suspense e ficção
científica como “Além da Imaginação” (The Twilight Zone) ou a já citada “Quinta
Dimensão” (The Outer Limits).
Curiosamente recebeu também o título alternativo “The Chill
Factor”.
(RR – 20/04/25)