Comentários de Cinema - Parte 12 (10/02 a 23/03/14)

Filmes abordados:

300: A Ascensão do Império (300: Rise of an Empire, EUA, 2014)
Alemão (Brasil, 2014)
Eaters – Rise of the Dead (Itália, 2011)
O Grande Herói (Lone Survivor, EUA, 2013)
Hércules (The Legend of Hercules, EUA, 2014)
Pompeia (Pompeii, EUA / Alemanha / Canadá, 2014)
Quarentena 2 (Quarantine 2: Terminal, EUA, 2011)
RoboCop (RoboCop, EUA, 2014)
Sem Escalas (Non-Stop, Inglaterra / França / EUA, 2014)



* 300: A Ascensão do Império (2014) – Continuação de “300” (2006), que entrou em cartaz nos cinemas em 07/03/14 com a opcionalidade de exibição em 3D. Baseado em uma graphic novel de Frank Miller, a história mostra eventos anteriores e posteriores ao filme de 2006, onde 300 soldados de Sparta, sob o comando do Rei Leonidas, foram massacrados num confronto com um exército maior de persas. Agora, o foco está no general grego Themistocles (Sullivan Stapleton), que lidera uma ofensiva contra as tropas persas do semideus Xerxes (Rodrigo Santoro, em ótima performance), numa batalha naval sangrenta contra a marinha comandada pela tirana Artemisia (Eva Green). Épico extremamente movimentado de ação com elementos de fantasia, com cenas intensas de batalhas nos mares e uma overdose de sangue em CGI manchando a água de vermelho e lâminas afiadas de espadas rasgando a carne dos soldados gregos e persas. Bem divertido e violento, com confrontos de guerra de tirar o fôlego, mesmo com a artificialidade do excesso de computação gráfica. Por outro lado, não consegue fugir dos clichês já bem cansativos com aqueles discursos inflamados dos líderes para incentivar os soldados a lutar pela honra e liberdade, dando a vida por seu país e todas aquelas baboseiras já conhecidas. E confesso que não pude impedir uma vontade de torcer pela tirania dos persas. Mas, fico satisfeito com a boa impressão e sucesso que o nosso representante Rodrigo Santoro tem conquistado no mercado milionário do cinema americano. (RR – 15/03/14)

* Alemão (2014) – Thriller policial nacional dirigido por José Eduardo Belmonte, que entrou em cartaz nos cinemas em 13/03/14, inaugurando a mudança de estreias semanais que ocorriam tradicionalmente nas sextas-feira para as quintas-feiras. É uma história de ficção situada dentro de um evento ocorrido na vida real, a invasão do complexo de favelas no morro do Alemão, no Rio de Janeiro/RJ em Novembro de 2010, que era dominado por criminosos do tráfico de drogas, e passou para o controle da polícia. Pouco antes do início da invasão, um grupo de cinco policiais infiltrados na comunidade teve suas identidades descobertas pelos bandidos e ficou acuado no porão de uma pizzaria, local do ponto de encontro da missão. Sem poder sair e esperando por um inevitável confronto em desvantagem com os traficantes ávidos por vingança, eles lutam por suas vidas e tentam administrar problemas de relacionamento entre eles, com constantes acusações de traição e falta de confiança. O filme tem os previstos tiroteios e momentos tensos dentro de um ambiente hostil e tomado pela criminalidade, medo e violência, mas em pequena dose, pois seu foco está mais voltado para a exploração do drama enfrentado pelos policiais infiltrados, num clima de tensão psicológica constante e claustrofobia do confinamento num pequeno lugar. Tem seus furos de roteiro, mas em compensação apresenta um final pessimista, ousado e não comercial. No elenco, entre outros, temos desde o veterano Antônio Fagundes, no papel do Delegado Valadares, que aparece pouco, passando pelo jovem Caio Blat, como um dos policiais infiltrados na comunidade dos bandidos, e Cauã Reymond como “Playboy”, o chefe dos traficantes. (RR – 18/03/14)

* Eaters – Rise of the Dead (2011) – Filme italiano de zumbis, que só serve para aumentar as estatísticas de produções sobre o gênero, não acrescentando nada para esse já saturado estilo do cinema de horror, e servindo apenas para despertar saudades dos tempos dos zumbis do cultuado cineasta Lucio Fulci. Um vírus instaurou o apocalipse na Terra, devastando a humanidade com uma contaminação que transformou as pessoas em zumbis, e eliminou quase todas as mulheres. No meio do caos, temos uma dupla de caçadores de mortos-vivos para oferecer cobaias às experiências de um cientista louco que estuda o vírus, além de outras bobagens como um grupo de neo-nazistas e o aparecimento misterioso de uma adolescente. Curiosamente, os produtores optaram por colocar o nome do cineasta alemão Uwe Boll (de tranqueiras dispensáveis como “House of the Dead”, “Alone in the Dark” e “Seed”), como uma “personalidade” que apresenta o filme, como se isso pudesse ajudar no marketing, e onde na verdade só passa mais desconfiança para quem vai assistir, esperando uma porcaria colossal. E é exatamente isso que vemos, é apenas mais um filme de zumbis com a mesma história de sempre e cheio de absurdos que não vale a pena permanecer em nossa memória por mais de alguns poucos minutos. Eu mesmo já me esqueci da história depois de escrever esse pequeno texto. (RR – 16/02/14)

* Grande Herói, O (2013) – No dia 20/03/14 chegou aos nossos cinemas esse drama de guerra estrelado por Mark Wahlberg, com história baseada num evento real ocorrido em 2005 envolvendo uma missão americana no Afeganistão. Um grupo de quatro soldados é formado por Marcus Luttrell (Wahlberg), Michael Murphy (Taylor Kitsch), Danny Dietz (Emile Hirsch) e Matt Axelson (Ben Foster). Eles estão incubidos de tentar encontrar e eliminar um perigoso líder terrorista afegão, mas ao encontrarem um velho pastor de ovelhas nas montanhas, com seus dois filhos, sua presença é delatada e eles são obrigados a abortar a missão, passando a lutar por suas vidas num confronto sangrento com os inimigos. Abordando um conflito armado recente envolvendo a presença dos Estados Unidos no Afeganistão, o filme tem um título nacional ruim (como quase sempre), sendo que seria mais fácil e ideal adotar uma tradução literal (algo como “Sobrevivente Solitário”). É um drama de guerra bem construído em duas horas de projeção que prendem a atenção. Apesar de alguns exageros típicos do cinema e não conseguir escapar de clichês, como aquelas tradicionais frases feitas dos soldados antes da morte iminente (do tipo “diga para minha mulher que eu a amo”), o filme parece retratar com fidelidade o ambiente de guerra, desde a rotina das bases militares, passando pelo planejamento estratégico das missões, até o conflito no campo de batalha. (RR – 23/03/14)

* Hércules (2014) – Lançado nos cinemas em 07/02, com a opção de exibição em 3D, “Hércules” faz parte da onda de filmes épicos com elementos de fantasia que estão sendo lançados nas telonas em 2014, junto com “Pompeia”, “Noé” e “300: A Ascenção do Império”, além de outro filme sobre o mesmo herói mitológico grego “Hércules”, só que com o ator Dwayne Johnson. Na história, Hércules (Kellan Lutz) é um semideus, filho de Zeus, que é traído por seu padastro, o tirano Rei Anphitryon (Scott Adkins) e pelo irmão mais velho Iphicles (Liam Garrigan), e enviado para uma batalha onde morreria numa emboscada, por causa de seu amor proibido pela princesa Hebe (Gaia Weiss). Mas ele sobrevive e retorna para liderar uma revolta contra a tirania do rei, utilizando uma força descomunal recebida por seu pai Zeus. Bobagem colossal onde o pano de fundo é uma trivial história de amor entre Hércules e Hebe, ficando todo o resto em um plano secundário. Tem algumas cenas de lutas individuais e confrontos de batalhas, mas sem sangue e violência, e talvez as únicas poucas coisas que se salvam são imagens em CGI das imponentes cidades daquela época vistas pelo alto e da imensa arena de lutas. Fora isso, é totalmente dispensável. (RR – 23/02/14)

* Pompeia (2014) – Dirigido pelo inglês Paul W. S. Anderson, o mesmo cineasta de duas divertidas produções de Ficção Científica da década de 90 do século passado, “O Enigma do Horizonte” (97) e “O Soldado do Futuro” (98), “Pompeia” estreou nas telonas em 21/02/14, com a opção de exibição em 3D. Na história, ambientada no ano 79 D.C., um escravo celta, Milo (Kit Harington), é obrigado a tornar-se um gladiador, e é enviado até a cidade italiana de Pompeia para participar de um torneio com lutas mortais. Lá, ele se apaixona pela bela filha de um rico mercador local, Cassia (Emily Browning), e faz amizade com um gladiador negro, Atticus (Adewale Akinnuoye-Agbaje), conhecido por suas vitórias na arena. Porém, os problemas do jovem lutador aumentam com a chegada de um corrupto e tirano senador romano, Corvus (Kiefer Sutherland), que está interessado em casar-se com Cassia, em meio à revolta da natureza com a erupção de um imponente vulcão ao lado da cidade, destruindo tudo ao redor. O roteiro é baseado em clichês exaustivos dos filmes sobre catástrofes naturais, priorizando aqui um romance extremamente improvável entre um escravo gladiador e uma moça rica. Em meio à luta por liberdade contra a tirania de Roma, responsável pelo assassinato da família de Milo, e a tentativa de fuga da morte certa pela explosão de fúria do vulcão Vesuvio, que aniquilou Pompeia transformando seus habitantes em pedra. Existem boas cenas de lutas sangrentas, evidenciando a selvageria da humanidade em patrocinar esportes com a morte violenta dos derrotados, e principalmente não faltam momentos tensos com a destruição de Pompeia pela ação de terremotos, chuva de imensas pedras incendiárias e um tsunami avassalador, garantindo a diversão. (RR – 24/02/14)

* Quarentena 2 (2011) – Sequência de um filme de 2008, que por sua vez é uma refilmagem americana do cultuado espanhol “Rec” (2007), que inspirou uma franquia com outras três continuações. Na história dessa parte 2, logo depois que um prédio de apartamentos é isolado pela polícia em Los Angeles, e colocado em quarentena para tentar impedir que uma misteriosa contaminação se espalhasse de forma desenfreada, um avião parte da mesma cidade. Um dos passageiros, o Prof. Henry (Josh Cooke), está levando ratos de laboratório infectados com um poderoso vírus criado como arma terrorista. Após o início do contágio e a inevitável confusão a bordo, o piloto da aeronave é obrigado a fazer um pouso de emergência e estaciona num terminal de cargas abandonado. Tanto a tripulação quanto os passageiros são aos poucos infectados tornando-se extremamente raivosos e violentos, obrigando as autoridades a isolar o terminal e instaurar nova quarentena. É mais um filme explorando a manjada fórmula de contaminação que transforma suas vítimas em algo como zumbis raivosos, que espalham a doença através de mordidas. Tem todos os clichês do gênero, ao apresentar novamente um grupo de pessoas, liderado pela aeromoça Jenny (Mercedes Masöhn), lutando por suas vidas, sitiado num local fechado e atacado pelos infectados. Mas, acertou no rumo da história ao revelar a origem da criação do vírus com experiências em bioterrorismo, na ideia de uma “limpeza” no planeta, em vez da menos interessante opção da franquia espanhola em associar a contaminação com questões religiosas e possessão demoníaca. (RR – 10/02/14)

* RoboCop (2014) – Refilmagem de “Robocop, o Policial do Futuro” (1987), do cineasta holandês Paul Verhoeven e com Peter Weller, que deu origem a outras duas continuações em 1990 e 1993. Com estreia nos cinemas em 21/02/14 e direção do brasileiro José Padilha (de “Tropa de Elite” 1 e 2), o novo “RoboCop” traz o ator Joel Kinnaman no papel do policial Alex Murphy, casado com a bela Clara (Abbie Cornish) e pai do garoto David (John Paul Ruttan). Com história ambientada em 2028, ele e seu parceiro Jack Lewis (Michael K. Williams) estão investigando as ações de um criminoso poderoso, e como retaliação o policial Murphy sofre um atentado com a explosão de seu carro, que o deixa quase morto. Para salvar a sua vida, ele é escolhido para se transformar num misto de homem e robô, e tornar-se um “policial do futuro”, extremamente eficiente no combate ao crime, sob a supervisão científica do Dr. Dennett Norton (Gary Oldman), cujo trabalho é financiado pelo empresário Raymond Sellars (Michael Keaton), proprietário da mega corporação “OmniCorp”, líder em robótica. Sem fazer comparações com o original, o novo “RoboCop” é até bem divertido, carregado de cenas tensas de ação e tiroteios (apesar do uso exagerado e artificial da computação gráfica). E o filme tem também uma significativa dose de pertinentes críticas sociais, abordando diversos temas presentes em nossos conturbados tempos modernos. O trabalho escravo na China, a manipulação da mídia sensacionalista com programas tendenciosos (e aqui o grande ator Samuel L. Jackson interpreta um popular apresentador de TV), além da corrupção policial, o marketing político das grandes empresas, o uso irresponsável da ciência (com o “cientista louco” perdido com as consequências de sua criação), e o conhecido imperialismo americano ao redor do mundo, com a sempre constante intervenção militar em países envolvidos em conflitos. (RR – 03/03/14)

* Sem Escalas (2014) – Thriller dirigido pelo espanhol Jaume Collet-Serra (de “Casa de Cera” e “A Órfã”), que entrou em cartaz em nossos cinemas no dia 28/02/14, com uma dupla de atores renomados liderando o elenco, os experientes Liam Neeson e Julianne Moore. O ex-policial e agora agente de segurança aéreo Bill Marks (Neeson) enfrenta problemas pessoais com o álcool e ao trabalhar num vôo longo entre Londres e Nova Iorque, não imaginaria que alguém queria envolvê-lo num plano criminoso e audacioso, colocando em risco a vida dos passageiros e tripulantes. O filme tem um eficiente e constante clima de suspense num avião que prende a atenção do espectador, com reviravoltas, além da ótima atuação de Liam Neeson como o protagonista, apoiado pela não menos talentosa Julianne Moore, que faz o papel de Jen Summers, uma passageira que ajuda o agente em suas investigações durante o vôo. Porém, a solução encontrada pelos roteiristas para desvendar o mistério é bem simples e decepcionante, encontrando justificativas óbvias para as ações criminiosas, baseadas na sempre presente tensão gerada após os supostos atentados terroristas de 11/09/2001 nos Estados Unidos. Além do desfecho previsível, onde já sabemos como irá terminar a história e o destino dos vilões e heróis. Ou seja, diverte bastante enquanto se desenvolve a investigação, e depois não foge dos clichês tradicionais para solucionar a trama. (RR – 05/03/14)

Comentários de Cinema - Parte 11 (07/01 a 09/02/14)

Filmes abordados:

Atividade Paranormal: Marcados Pelo Mal (Paranormal Activity: The Marked Ones, EUA, 2014)
Caminhando Com Dinossauros 3D (Walking With Dinosaurs 3D, EUA / Inglaterra, 2013)
Crepúsculo (Twilight, EUA, 2008)
Doce Vingança (I Spit On Your Grave, EUA, 2010)
Doce Vingança 2 (I Spit On Your Grave 2, EUA, 2013)
Enter the Void (França / Alemanha / Itália / Canadá, 2009)
Frankenstein – Entre Anjos e Demônios (I, Frankenstein, EUA / Austrália, 2014)
Herdeiro do Diabo, O (Devil´s Due, EUA, 2014)
Maldição de Chucky, A (Curse of Chucky, EUA, 2013)
Menina Que Roubava Livros, A (The Book Thief, EUA / Alemanha, 2013)
Presos no Gelo 3 – O Início (Cold Prey 3 – The Beginning / Fritt Vilt III, Noruega, 2010)
Vila do Medo, A (Rosewood Lane, EUA, 2011)


* Atividade Paranormal: Marcados Pelo Mal (2014) – A bem sucedida franquia “Atividade Paranormal”, iniciada em 2007 e criada por Oren Peli, tem até o momento quatro episódios e dois spin-offs (filmes baseados na série), além do anúncio de uma quinta continuação até o final de 2014. “Marcados Pelo Mal” é um spin-off dirigido e escrito por Christopher Landon, que entrou em cartaz nos cinemas brasileiros em 10 de Janeiro, inserindo elementos da cultura latina na história, filmada com “câmera na mão” (característica da série). O adolescente Jesse (Andrew Jacobs) registra suas aventuras em vídeo durante as férias escolares, juntamente com o amigo Hector (Jorge Diaz). Porém, depois que uma vizinha estranha é assassinada por seu colega de escola Oscar (Carlos Pratts), uma sucessão de eventos misteriosos começa a ocorrer, mudando drasticamente o comportamento de Jesse, que parece “marcado pelo mal”, tornando-se vítima de crescente possessão demoníaca. “Atividade Paranormal” é uma série que tem seus apreciadores (como eu, que vi todos os filmes no cinema), e também os detratores. Os filmes são todos meio parecidos entre si e para a garantia da diversão uma dica é tentar se envolver com a constante atmosfera sinistra que envolve as histórias, mesmo com uma sensação de repetição. Esse spin-off tem alguns momentos de humor com a dupla de protagonistas, e um ou outro bom susto, e reserva para a última meia hora a melhor parte em termos de suspense e horror, apesar de alguns exageros com tiroteios barulhentos e fora do contexto. Atenção para a cena final, que apresenta uma importante conexão com o primeiro filme da saga. (RR – 11/01/14)

* Caminhando Com Dinossauros 3D (2013) – Animação 3D com um pouco de live-action, que estreou em nossos cinemas em 17/01/14. A história mostra a rotina de um grupo de dinossauros, lutando constantemente pela sobrevivência, se defendendo de predadores e migrando em busca de alimento. Com destaque para um filhote, que enfrenta uma série de aventuras enquanto cresce, separando-se forçosamente dos pais, conhecendo uma amiga por quem se apaixona, e atingindo a idade adulta liderando sua manada, além de enfrentar um conflito com seu irmão mais velho. Sempre ao lado de um divertido amigo pássaro, que conta a história. É uma aventura com elementos fantásticos, especulando como seria nosso planeta na época em que era dominado pelos dinossauros, mas com uma história bem simples e previsível, voltada para o público infanto-juvenil, tornando o resultado pouco atraente. Mas, também pode até divertir fãs de cinema de todas as idades, se considerarmos a notável qualidade da produção e o visual convincente. (RR – 19/01/14)

* Crepúsculo (2008) – Uma jovem garota, Bella Swan (Kristen Stewart), vai morar com o pai numa pequena cidade americana, e se apaixona por um colega da escola local, Edward Cullen (Robert Pattinson), descobrindo mais tarde que ele é um vampiro. Primeiro filme da popular franquia baseada em livro de Stephenie Meyer e que gerou mais quatro continuações: “Lua Nova” (2009), “Eclipse” (2010) e “Amanhecer – Parte 1” (2011) e “Amanhecer – Parte 2” (2012). É apenas um drama de romance com elementos sutis de horror na figura de vampiros e lobisomens, com maior enfâse nos bebedores de sangue. São duas horas arrastadas contando uma história de amor adolescente, que não contribui em nada para a mitologia dos vampiros, afastando-os de suas características básicas como criaturas noturnas violentas e predadoras. (RR – 01/02/14)

* Doce Vingança (2010)
“Doce Vingança” é uma refilmagem de um original de 1978 com o nome aqui no Brasil de “A Vingança de Jennifer”, escrito e dirigido por Meir Zarchi, e conhecido pelos títulos “Day of the Woman” ou “I Spit On Your Grave”. A nova versão tem direção de Steven R. Monroe, que enfatizou sua intenção em homenagear o filme antecessor da década de 1970 do século passado. Teve uma parte 2 lançada em 2013 pelo mesmo cineasta, porém não é uma continuação e a opção dos realizadores foi criar outra história dentro do mesmo tema. E em 2015 foi lançada a parte 3, com direção de R. D. Braunstein, essa sim é uma continuação direta com a mesma personagem Jennifer Hills e atriz Sarah Butler. Recebeu o nome nacional de “Doca Vingança 3: A Vingança é Minha” (I Spit on Your Grave 3: Vengeance is Mine).
Uma jovem e bela escritora, Jennifer Hills (Sarah Butler), decide ir para um chalé afastado e cercado por uma floresta, para ficar isolada e poder trabalhar em seu novo livro. Porém, ao chegar à cidade próxima ao local de seu refúgio na natureza, ela chama a atenção por sua beleza e características de uma garota da cidade grande. Ela então é visitada de forma inesperada por quatro homens, que se juntam ao desonesto xerife local, que se diz religioso e temente a Deus, mas na verdade tem um caráter desprezível. A jovem escritora torna-se vítima de crueldades indescritíveis, sendo estuprada violentamente na floresta. Porém, “a vingança é um prato que se come frio”, e ela consegue sobreviver para dar o troco em seus algozes através de atrocidades ainda piores.
Filme sangrento repleto de momentos de grande tensão, principalmente a tortura física e psicológica sofrida pela protagonista, fazendo-nos torcer por sua recuperação e sucesso no plano de vingança. O ser humano consegue ser tão desprezível com atitudes de crueldade, que muitas vezes é mais insignificante e rasteiro que os insetos que esmagamos sem perceber ao caminhar. E não é nenhum spoiler revelar que, para nossa total satisfação como apreciadores do cinema de horror, os estupradores são punidos de formas terrivelmente dolorosas, apesar de sabermos que as ações meticulosas e precisas da mulher vingadora são bem improváveis quando tentamos aproximar a história de algo mais real.
(RR – 03/02/14)

* Doce Vingança 2 (2013)
Com direção novamente de Steven R. Monroe, do filme homônimo de 2010 (que por sua vez é uma refilmagem de “A Vingança de Jennifer”, de 1978), "Doce Vingança 2" não é uma continuação, e sim apenas a variação de história similar com outra ambientação.
Uma jovem e bela garota americana, Katie (Jemma Dallender), decide fazer uma sessão de fotos para tentar a difícil carreira de modelo, porém um dos homens do estúdio fotográfico invade seu apartamento e a estupra. Os irmãos do criminoso são chamados para ajudá-lo e levam a garota para a Bulgária. Lá, ela é novamente violentada de forma brutal, além de sofrer torturas terríveis e enterrada viva. Mas, ela sobrevive e coloca em prática um sangrento plano de vingança.
Sem novidades em relação ao primeiro filme, é apenas mais uma jogada oportunista do diretor para tentar arrecadar algum lucro com o tema batido de violência e vingança. Dessa vez a ambientação saiu de uma floresta e pequena cidade americana, indo para um cenário urbano do leste europeu. Continuamos com várias situações mal explicadas para facilitar o trabalho do roteirista, como a viagem para a Bulgária, a fuga da garota enterrada para morrer, e a sucessão de situações inverossímeis no plano de vingança centrado na dor e tortura das vítimas. A violência, sem não for igual ao filme antecessor, é até maior e mais gráfica.
Continuando a franquia, em 2015 foi lançada a parte 3, com direção de R. D. Braunstein, que é uma continuação direta do primeiro filme, com a mesma personagem Jennifer Hills e atriz Sarah Butler. O nome nacional é “Doca Vingança 3: A Vingança é Minha” (I Spit on Your Grave 3: Vengeance is Mine).

(RR – 09/02/14)

* Enter the Void (2009) – Filme europeu dirigido e escrito pelo argentino radicado na França Gaspar Noé, o mesmo do perturbador e cultuado “Irreversível” (2002). Um jovem americano, Oscar (Nathaniel Brown), vive na capital japonesa Tóquio, e é viciado e traficante de drogas. Depois de conseguir dinheiro, ele traz sua irmã Linda (Paz de la Huerta) para morar perto dele, e ela arranja um emprego de dançarina stripper numa boate noturna. Ambos têm uma forte ligação familiar depois que seus pais morreram num acidente de carro quando ainda crianças. Após Oscar ser morto pela polícia numa emboscada armada por seu amigo Victor (Oly Alexander), sua alma passa a vagar pelo espaço observando as pessoas, o mundo, as repercussões de sua morte trágica, buscando reencarnar para voltar ao plano dos vivos. Diferente e cansativo são as palavras que definem rapidamente esse filme, desde os créditos iniciais incomuns até a narrativa arrastada em longas duas horas e quarenta minutos de uma grande viagem lisérgica do protagonista, principalmente após sua morte, vagando num plano espiritual e observando o mundo de outra perspectiva. É um drama com elementos de fantasia que apresenta alguns bons momentos surreais, mas que se perde em sequências intermináveis e entediantes, nos instigando a avançar rapidamente as imagens na reprodução do DVD. O resultado final seria bem melhor se a duração fosse encurtada para cerca de uma hora e meia de projeção. (RR – 11/01/14)

* Frankenstein – Entre Anjos e Demônios (2014) – Com a opção de exibição em 3D, estreou em nossos cinemas em 24/01/14, mais um filme explorando o universo ficcional e os personagens criados pela escritora Mary Shelley em 1818 com sua cultuada obra “Frankenstein, or a Modern Prometheus”. A direção e roteiro são de Stuart Beattie, e a história teve inspiração também numa graphic novel de Kevin Grevioux. No século XIX, o monstro formado por restos de cadáveres e criado pelo cientista Victor Frankenstein, depois de ter sido renegado pelo criador, assassinou sua esposa por vingança. Ele foi então perseguido pelo cientista até o polo norte e nessa batalha entre os dois, o homem das ciências morreu congelado. A criatura sem alma decidiu trazê-lo de volta e enterrá-lo no cemitério de sua família, e nesse momento foi atacado por demônios e resgatado por gárgulas, recebendo agora o nome Adam (Aaron Eckhart). A criatura descobre que está no meio de uma batalha ancestral entre anjos, liderados pela Rainha Leonore (Miranda Otto), e demônios, sob o comando do Príncipe Naberius (Bill Nighy), travada nas sombras da humanidade. Duzentos anos depois, numa sociedade moderna, a criatura que ganhou a vida de forma artificial interessa aos planos dos demônios em erguer um exército de cadáveres sem almas possuídos por eles, contando com a ajuda da jovem e bela cientista Terra (Yvonne Strahovski). O filme possui muitas similaridades com a franquia “Anjos da Noite” (Underworld), que teve quatro filmes, sobre a guerra entre vampiros e lobisomens, com a humanidade situada entre os inimigos. Curiosamente, o veterano ator Bill Nighy participou dos três primeiros filmes da série como um poderoso vampiro. “Frankenstein – Entre Anjos e Demônios” é indicado apenas para quem aprecia histórias exageradas na fantasia, com excesso de lutas, correrias e barulheira desenfreada, além de uma overdose de computação gráfica que torna tudo cansativo e entediante, deixando o verdadeiro horror de lado em detrimento de um filme de ação. Não tem sangue nem aquela típica atmosfera sombria dos filmes situados no universo ficcional de “Frankenstein”. E claro, para encher os bolsos dos produtores gananciosos, temos um enorme gancho no desfecho para futuras continuações. (RR – 01/02/14)

* Herdeiro do Diabo, O (2014) – Chegou aos cinemas brasileiros em 24/01/14 mais um filme sobre o sub-gênero do Horror com roteiro explorando satanismo, e com filmagens parciais no estilo “found footage”. Trata-se de “O Herdeiro do Diabo”, que mostra um jovem casal americano em lua de mel, formado por Zach McCall (Zach Gilford) e Samantha (Allison Miller), que depois de participar de uma festa na República Domenicana, retorna para casa e é surpreendido pela notícia que a moça está grávida. Porém, com o passar dos meses de gestação, ela demonstra progressivamente sinais anormais de descontrole com comportamento estranho e agressivo. Resumindo em poucas palavras, o filme é apenas mediano, apresentando um conteúdo que pode ser classificado como “mais do mesmo”, ou seja, novamente o estilo “found footage” com imagens tremidas numa história sobre a vinda do anticristo para nosso mundo. Curiosamente, teve um grande trabalho de marketing para o lançamento, incluindo até um bebê demoníaco andando num carrinho pelas ruas dos Estados Unidos assustando as pessoas. “O Herdeiro do Diabo” é o tipo de filme que até tenta aproximar sua história de uma possível realidade em nosso cotidiano, mas não conseguiu evitar certo exagero na fantasia no desfecho, bem previsível por sinal, já tornando-se um tipo de clichê, com o “mal espalhando-se pelo planeta”. (RR – 25/01/14)

* Maldição de Chucky, A (2013) – Sexto filme da cultuada franquia do boneco assassino Chucky, criado em 1988 pelo roteirista Don Mancini no filme “Brinquedo Assassino” (Child´s Play), dirigido por Tom Holland. Depois vieram sequências em 1990 e 1991, além de “A Noiva de Chucky” em 1998 e “O Filho de Chucky” em 2004. Com direção do criador dos personagens originais Don Mancini, a história mostra uma garota nascida paraplégica, Nica (Fiona Dourif, filha de Brad Dourif, a voz de Chucky em todos os filmes), que precisa enfrentar a perda numa morte violenta e misteriosa da mãe Sarah (Chantal Quesnelle). Ela recebe pelo correio um pacote com o boneco Chucky, sem informações do remetente, e decide ficar com o brinquedo para presentear a sobrinha pequena Alice (Summer Howell), que vem para sua enorme casa junto com familiares, os pais em crise de casamento Barb (Danielle Bisutti) e Ian (Brennan Elliot), além da babá Jill (Maitland McConnell). Só que Chucky não veio para confortar a família, mas sim para colocar em prática um sangrento plano de vingança aguardado por muitos anos. O primeiro filme da série é realmente bem interessante, apresentando o boneco Chucky, que hospeda a alma de um criminoso morto em fuga da polícia, e que conseguiu a façanha num ritual de magia negra. E o estilo de horror sério se manteve nos dois filmes seguintes, apesar de repetitivos e repletos de clichês, perndendo depois para a comédia nos últimos episódios. Felizmente, em “A Maldição de Chucky”, houve a decisão acertada de retomar a atmosfera sinistra com um horror mais sério, explorando o ambiente claustrofóbico de uma casa enorme e a deficiência da protagonista numa cadeira de rodas, para tentar lutar por sua vida contra a vingança do boneco assassino. Tem poucas mortes, mas todas violentas e bem produzidas, e uma importante conexão com a origem de tudo, lá no final dos anos 80 do século passado. Além também de várias homenagens bem vindas, como a presença rápida de Jennifer Tilly no desfecho e uma interessante cena após os créditos finais com o ator Alex Vincent (que fez o garoto Andy Barclay nos primeiros filmes). É difícil manter a qualidade numa série com tantos filmes, mesmo com Chucky sendo uma grande atração e tendo uma legião fiel de fãs, e de forma surpreendente, principalmente depois do pastelão dos últimos dois filmes, esse sexto exemplar da franquia superou as espectativas, agregando um valor inquestionável para o universo ficcional do “brinquedo assassino”. (RR – 27/01/14)

* Menina Que Roubava Livros, A (2013) – Drama de guerra que estreou em nossos cinemas em 31/01/14, baseado em cultuado livro de Markus Zusak. Uma jovem garota, Liesel Meminger (Sophie Nélisse), é adotada na Alemanha durante o conturbado período da Segunda Guerra Mundial, e encontra nos livros a melhor forma de enfrentar os horrores daquele conflito insano, e se aproximar de um jovem judeu que vive refugiado no porão de sua casa, mantido em segredo por seus pais adotivos, longe dos nazistas. Filme com uma carga dramática intensa e que prende a atenção durante todo o tempo em pouco mais de duas horas de projeção, explorando as dificuldades dos alemães em sobreviver numa época em que a ditadura e tirania de Adolf Hitler colocaram a Europa em guerra e manchou de sangue para sempre a história da humanidade. É o típico filme que fica na memória depois de assistí-lo e que deixa o espectador meio destruído ao sair da sala de cinema, refletindo sobre a selvageria de nossa espécie. (RR – 09/02/14)

* Presos no Gelo 3 – O Início (2010) – Slasher norueguês que fecha a trilogia iniciada em 2006 e pela continuação em 2008. Seguindo uma tendência muita utilizada nas franquias atuais, o terceiro filme da saga é uma pré-sequência, ou seja, apresenta eventos anteriores ao filme original. Ambientado em 1988, a história mostra um grupo de seis jovens, formado por dois casais de namorados e outros dois garotos, que decide passar uma noite nas montanhas norueguesas, pegando carona com um policial até um determinado ponto, de onde seguiriam a pé. O objetivo é localizar um hotel abandonado em 1976, depois que o filho do proprietário, um garoto de onze anos maltratado pela família, desaparece nas montanhas geladas e é dado como morto congelado, com o corpo nunca encontrado. Porém, os jovens mochileiros jamais imaginariam que seriam caçados violentamente pelas florestas por um psicopata. Típico slasher com roteiro repleto de clichês, explorando a ideia básica de um grupo de jovens lutando por suas vidas contra um maníaco predador que vive nas montanhas. A novidade está no fato da produção não ser americana, como na maioria das vezes, com o filme vindo da gelada Noruega, sendo parte de uma franquia com três episódios, todos parecidos entre si, mas que podem até divertir um pouco dentro da proposta despretensiosa de “jovens perseguidos por um assassino”. (RR – 02/02/14)

* Vila do Medo, A (2011) – Thriller escrito e dirigido por Victor Salva, mais conhecido pela franquia “Olhos Famintos” (Jeepers Creepers). Uma psiquiatra, Sonny Blake (Rose McGowan, de “Planeta Terror”), participa de um bem sucedido programa de rádio noturno, onde dá conselhos aos ouvintes. Ela decide retornar para a casa do pai alcoólatra numa pequena cidade americana, após a morte trágica dele num suposto acidente caseiro, e é obrigada a enfrentar um mistério envolvendo um garoto entregador de jornais, Derek Barber (Daniel Ross Owens). O adolescente invade sua casa, persegue-a pelas ruas, participa de seu programa de rádio através do telefone com brincadeiras psicológicas, e a atormenta de todas as formas possíveis. Após algumas mortes misteriosas, a psiquiatra precisa lidar com a ameaça constante do garoto e a desconfiança inicial da polícia, com a liderança das investigações aos cuidados do Detetive Briggs (Ray Wise, de “Rota da Morte”). Pelas credenciais de Victor Salva, o criador do divertido “Olhos Famintos”, que inclusive serve de chamada de marketing no poster de “A Vila do Medo”, esperava-se bem mais desse típico thriller comum e trivial, num estilo “Supercine”, dos sábados noturnos da TV Globo. Ou seja, trata-se apenas de mais uma história cheia de clichês, com pequenas doses de suspense e que se esquece rapidamente. (RR – 07/01/14)

Comentários de cinema - Parte 10 (16/12/13 a 05/01/14)

Filmes abordados:

A Serbian Film – Terror Sem Limites (A Serbian Film / Srpski Film, Sérvia, 2010)
Avenida do Terror, 388 (388 Arletta Avenue, Canadá, 2011)
Deus Irae (Argentina, 2010) curta metragem
Dia da Besta, O (El Día de la Bestia / The Day of the Beast, Espanha, 1995)
Dredd (Dredd, EUA / Inglaterra / Índia / África do Sul, 2012)
Ender´s Game – O Jogo do Exterminador (Ender´s Game, EUA, 2013)
Enigmas de um Crime (The Oxford Murders, Espanha / Inglaterra / França, 2008)
Halo 4: Em Direção ao Amanhecer (Halo 4: Forward Unto Dawn, EUA, 2012)
Mansão da Meia-Noite, A (House of the Long Shadows, Inglaterra, 1983)
Mistério no Lago (Beneath Still Waters / Bajo Aguas Tranquilas, Espanha / Inglaterra, 2005)
Mundo Perdido, O (The Lost World, EUA, 1960)
Quando os Dinossauros Dominavam a Terra (When Dinosaurs Ruled the Earth, Inglaterra, 1970)
Rasputin: O Monge Louco (Rasputin: The Mad Monk, Inglaterra, 1966)
Reveillon Maldito (New Year´s Evil, EUA, 1980)
Segredo do Lago Ness, O (Das Wunder von Loch Ness, Alemanha / Áustria, 2008)
Sobrenatural (Insidious, EUA / Canadá, 2010)
Sobrenatural: Capítulo 2 (Insidious: Chapter 2, EUA, 2013)
Torturas do Dr. Diabolo, As (Torture Garden, Inglaterra, 1967)


* A Serbian Film – Terror Sem Limites (2010) – Filme produzido na Sérvia, um país europeu que vivenciou uma guerra civil repleta de cruéis atrocidades nos anos 90 do século passado. Teve grande repercussão no Brasil devido à censura que recebeu, ficando proibida sua exibição por aqui por algum tempo. Na história, um famoso ator pornô que estava afastado das câmeras e tentava viver com sua família, esposa e filho pequeno, recebe uma proposta milionária para participar de um filme misterioso. Devido aos problemas financeiros, ele aceita o trabalho, mesmo não recebendo nenhuma informação sobre o roteiro. Mais tarde, ele descobre que o filme explorava perversão, tortura, pedofilia e necrofilia, mas não consegue mais abandonar o projeto colocando em risco até a vida de sua família. Ousado e transgressor, o filme tem sua primeira metade abordando com mais enfâse o convite ao ator para fazer um filme “diferente”, e a metade final parte para a violência com cenas fortes e sangrentas. Tem muitas cenas de sexo violento e não faltam cabeças esmagadas e sangue espalhado pelo chão, além de um final perturbador. A ideia geral passa a sensação que o objetivo não é fazer apologia à violência extrema e sim ser um filme corajoso ao mostrar sem pudores a crueldade doentia da raça humana. (RR – 24/12/13)

* Avenida do Terror, 388 (2011) – Lançado em DVD no Brasil pela “California”, é um filme canadense situado dentro do sub-gênero “found footage”, com produção executiva de Vincenzo Natali, mais conhecido por dirigir “Cubo” (1997) e “Splice – A Nova Espécie” (2009). Um casal comum formado por James (Nick Stahl) e Amy (Mia Kirshner), mora na “Arletta Avenue” (do título original). Eles não sabem, mas são observados constantemente através de diversas câmeras estrategicamente posicionadas, por alguém sinistro e com intenções hostis. Depois que Amy dasaparece misteriosamente, e não tendo êxito em contar com o auxílio da polícia incompetente, o marido James decide fazer uma investigação própria. O “found footage” foi muito bem utilizado no italiano “Cannibal Holocaust” (1980), de Ruggero Deodato, e redescoberto em 1999 com “A Bruxa de Blair”. Desde então, tornou-se um estilo bastante explorado no cinema de horror, e que de certa forma já está saturado, substituindo a originalidade e interesse iniciais por um grande clichê repetitivo. E aqui, apesar do marketing utilizando o nome do canadense Vincenzo Natali para vender o filme, temos apenas mais um exemplo mediano desse sub-gênero, flertando mais com o suspense e menos com o horror, apesar do desfecho pessimista. (RR – 31/12/13)

* Deus Irae (2010) – Curta metragem (13:31 minutos) argentino escrito e dirigido por Pedro Cristiani. Disponível na internet em versão original em espanhol com legendas em inglês. Uma mãe está cuidando de sua filha doente, que está amarrada na cama, quando surge um grupo de religiosos, dois homens e uma mulher. Eles tentam confortar a mãe cansada e aliviar o sofrimento da garota com orações de exorcismo. Mas, existe uma frágil linha separando nosso mundo de um universo paralelo sombrio e habitado por criaturas demoníacas. Excelente curta muito bem produzido que inicia calmo e termina no caos, com violência, sangue e demônios. Deixando ao final uma ansiosa sensação de querer mais, e que o curta poderia inspirar um ótimo filme maior e mais desenvolvido. Altamente recomendável. (RR – 24/12/13)

* Dia da Besta, O (1995) – Comédia espanhola de humor negro e elementos de horror e ação, dirigida pelo cultuado cineasta Álex de la Iglesia, o mesmo de “Ação Mutante” (1993) e “A Comunidade” (2000). Um padre, pesquisador e professor de teocracia, Cura (Álex Angulo), descobre em seus estudos da bíblia que o anticristo deverá nascer no natal de 1995 em Madrid, a capital da Espanha. Recorrendo à ajuda de um obeso fã de Death Metal, José Maria (Santiago Segura), e um apresentador charlatão de um programa esotérico de TV, Prof. Cavan (Armando de Razza), o grupo tenta descobrir o local do nascimento do filho de Satã, para eliminá-lo e salvar a humanidade do martírio de um reinado de trevas. “O Dia da Besta” tem uma história divertida e criada para não ser levada a sério de forma proposital, com diversas correrias, perseguições e ritmo frenético a maior parte do tempo, além de muito humor negro e uma mensagem interessante de crítica social, onde os piores e mais cruéis demônios são os próprios homens, envenenados em intolerância e preconceito. (RR – 25/12/13)

* Dredd (2012) – Ação com elementos de ficção científica que estreou nos cinemas brasileiros em 21/09/12. No futuro, o planeta Terra sofre com uma superpopulação vivendo nos escombros de cidades decadentes, lutando para sobreviver em meio à violência e criminalidade. Para combater quem desrespeita a lei, existem os “Juízes”, policiais bem armados e treinados, que tem o poder de julgar e executar a pena sem burocracias. Dredd (Karl Urban) é um desses juízes, que percorre as ruas para tentar limpá-las da escória dos criminosos. Uma novata, Anderson (Olivia Thirlby), que é uma mutante com poderes que permitem ler os pensamentos, acompanha Dredd numa missão para ser avaliada. Eles atendem uma ocorrência de assassinatos brutais num enorme prédio residencial, que é controlado por uma gangue de traficantes de drogas, liderada por uma mulher cruel conhecida como Ma-Ma (Lena Headey). Dredd e a novata são emboscados quando o prédio é lacrado pelos criminosos, iniciando uma guerra pela sobrevivência. Muita ação e tiroteios ensurdecedores com overdose de sangue e corpos empilhados. Os criminosos são tão desprezíveis e Dredd é tão focado em seus objetivos que inevitavelmente passamos a torcer por seu sucesso. O temido juiz lembra o policial do futuro “Robocop” (1987), só que ele é bem mais agressivo nas ações. Curiosamente, outro filme com Dredd foi produzido em 1995, com o título nacional “O Juiz”, e com Sylvester Stallone no papel principal. (RR – 30/12/13)

* Ender´s Game – O Jogo do Exterminador (2013) – Baseado em livro de Orson Scott Card e dirigido pelo sul africano Gavin Hood, entrou em cartaz nos cinemas em 20/12/13, trazendo no elenco nomes experientes como Harrison Ford e Ben Kingsley. Após muitos anos de uma guerra contra uma invasão de alienígenas insectóides que quase levou a humanidade à extinção, uma Federação Internacional Militar pretende atacar os inimigos antes de uma nova invasão. Para isso, diversos jovens são exaustivamente treinados numa academia orbitando a Terra, para que um seja escolhido na liderança de um ataque final para encerrar o conflito. Ender Wiggin (Asa Butterfield) é o garoto escolhido por sua inteligência e habilidades mentais numa batalha para definir o futuro da humanidade, sob a tutela do severo Coronel Graff (Harrison Ford). Ficção Científica movimentada, com efeitos especiais excepcionais em jogos simulados de guerra e batalhas reais no espaço. Parte do filme se concentra na intensa preparação e treinamento do garoto, enfrentando diversos desafios e dificuldades de relacionamentos, e parte dedica-se a explorar a tensão de um ambiente de guerra, genocídio e destruição, mesmo que num comando à distância, manipulando as ações e estratégias de combate. (RR – 23/12/13)

* Enigmas de um Crime (2008) – Dirigido pelo espanhol Álex de la Iglesia, mais conhecido por seus filmes de humor negro com elementos de horror como “Ação Mutante” (1993) e “O Dia da Besta” (1995). Um estudante americano de matemática, Martin (Elijah Wood, da trilogia “O Senhor dos Anéis”), vai até a Inglaterra para conhecer um renomado professor, Arthur Seldom (o veterano John Hurt, de “Alien, o Oitavo Passageiro”). Ele conhece duas belas mulheres, a enfermeira Lorna (Leonor Watling), e Beth (Julie Cox), que toca violoncelo numa orquestra, e envolve-se com todos eles numa complexa trama de assassinatos supostamente atribuídos para um “serial killer” utilizando símbolos matemáticos, desafiando a investigação da polícia, sob a liderança do Inspetor Petersen (Jim Carter). Típico thriller sobre mortes em série, com diversos enigmas nas ações do assassino e a especulação de vários suspeitos, não faltando as tradicionais reviravoltas e jogos no roteiro para estimular o pensamento e chamar a atenção do espectador. Tem a presença sempre carismática do experiente ator John Hurt num dos papéis centrais. Não é nenhuma obra prima dentre os filmes de suspense com investigação policial, mas pode ser considerado acima da média e garante um bom entretenimento, tendo o nome do diretor Álex de la Iglesia como um interessante atrativo, por seus trabalhos anteriores. (RR – 05/01/14)

* Halo 4: Em Direção ao Amanhecer (2012) – “Halo” é uma popular franquia de vídeo games com um argumento central futurista sobre a eterna batalha da humanidade contra alienígenas. Em 2012, com direção de Stewart Hendler, foi produzido um filme especialmente como campanha de marketing para o lançamento do jogo “Halo 4”, sendo na verdade uma compilação de uma web série com cinco episódios de aproximadamente 15 minutos. Ambientado no século 26, o filme mostra a dura rotina de treinamento de jovens numa academia militar, preparando-se para uma longa guerra contra insurgentes rebeldes, focando mais o ponto de vista do cadete Tomas Lasky (Tom Green), e suas dúvidas e questionamentos sobre a carreira militar. Porém, após a inesperada invasão de uma aliança de raças alienígenas e a destruição da escola de treinamento militar, o foco da humanidade volta-se para combater o inimigo extraterrestre, com o jovem Lasky e um grupo de amigos tentando lutar por suas vidas e sendo resgatado por Master Chief (Daniel Cudmore), um lendário soldado misterioso. Mais uma Ficção Científica explorando a guerra contra alienígenas e o severo treinamento militar de jovens cadetes. É interessante a ideia da produção de um filme especialmente como veículo de marketing de um jogo, com o objetivo de divulgar a franquia “Halo”. O DVD lançado no Brasil traz grande quantidade de materiais extras, com informações sobre os bastidores, figurinos, concepção das armas, os ótimos efeitos especiais, a ideia do roteiro, e entrevistas com atores e realizadores. (RR – 23/12/13)

* Mansão da Meia-Noite, A (1983) – Produzido pela “Cannon Group”, é o único filme da história que conseguiu reunir quatro dos mais consagrados nomes do cinema de horror de todos os tempos: Vincent Price, Christopher Lee, Peter Cushing e John Carradine. Um jovem escritor americano, Kenneth Magee (Desi Arnaz), aceita uma aposta de seu editor, Sam Allyson (Richard Todd), para escrever um livro em 24 horas, se isolando numa mansão abandonada no interior do País de Gales, cujo ambiente tétrico e atmosfera sombria poderia servir de inspiração. Porém, várias pessoas misteriosas aparecem em seu caminho, como dois idosos caseiros da mansão (interpretados por John Carradine e Sheila Keith), a secretária de seu editor, Mary Norton (Julie Peasgood), antigos moradores do casarão e membros da histórica família Grisbane (Vincent Price e Peter Cushing), e um empresário investidor em imóveis antigos, Sr. Corrigan (Christopher Lee). Além da existência de um terrível segredo do passado da mansão e da família amaldiçoada que vivia nele quarenta anos antes. O roteiro de Michael Armstrong, baseado no livro “Seven Keys to Baldpate”, de Earl Derr Biggers, não foge muito dos habituais clichês do gênero, explorando sutilmente elementos de horror psicológico e apostando em reviravoltas. Mas, o que interessa mesmo é a presença num único filme dos ícones Price, Lee, Cushing e Carradine, alguns dos mestres que deram vida ao fascinante cinema de horror, e que povoaram nossos sonhos e pesadelos com o puro entretenimento de seus filmes. Este fato torna “A Mansão da Meia-Noite” um filme único, indispensável e altamente recomendável, com seu lugar garantido na memória do gênero. Curiosamente, foi apenas lançado no Brasil em VHS, através da “Globo Vídeo”, cuja mesma cópia original em inglês e com legendas em português, pode também ser encontrada na internet em blogs que permitem que sejam baixados em versão DVD. (RR – 27/12/13)

* Mistério no Lago (2005) – Esse filme faz parte de um grupo de poucos (apenas nove) que foram produzidos pela extinta “Fantastic Factory” (2001 / 2006). Ela foi uma empresa espanhola criada pelo produtor Julio Fernández (da franquia “Rec”) e pelo cineasta Brian Yuzna, que é mais conhecido por seu envolvimento na cultuada franquia “Re-Animator”, tendo dirigido as partes 2 e 3 (“A Noiva de Re-Animator” / 1989 e “Re-Animator – Fase Terminal” / 2003). “Mistério no Lago” também tem direção de Yuzna e o roteiro é baseado no livro “Beneath Still Waters”, de Matthew Costello. Em 1965, uma pequena cidade é submersa para dar lugar a uma represa e impulsionar o desenvolvimento na região. Porém, um praticante de magia negra, Mordecai Salas (Patrick Gordon), criou uma seita com vários seguidores da cidade e após quarenta anos da inundação do lago e da ocorrência de misteriosos desaparecimentos, ele deseja retornar com poderes ocultos para instaurar o caos e espalhar o horror. Sendo combatido por um jornalista forasteiro, Dan Quarry (Michael McKell), que surgiu para fazer uma matéria sobre a cidade submersa, e por uma repórter local, Teresa Borgia (Raquel Meroño), mãe da jovem Clara (Charlotte Salt), que é desejada pelo vilão do além. Por ser dirigido por Brian Yuzna, a espectativa inicial é nos depararmos com algo divertido, devido suas credencias favoráveis na franquia “Re-Animator”, mas o que vemos é apenas um filme com uma história banal e comum demais que não engrena em nenhum momento. Tem algumas poucas cenas razoáveis de sangue, mas nada que desperte uma atenção maior. O filme não passa de um grande clichê onde até o desfecho pessimista numa reviravolta não funciona por ser tão óbvio, e provavelmente não deve ter sido coincidência que foi o último filme produzido pela “Fantastic Factory”, encerrando suas atividades em seguida. (RR – 28/12/13)

* Mundo Perdido, O (The Lost World, EUA, 1960) – Baseado em livro homônimo de Arthur Conan Doyle e com direção de Irwin Allen, o criador de nostálgicas e memoráveis séries de TV dos anos 60 do século passado, como “Perdidos no Espaço”, “Viagem ao Fundo do Mar”, “Terra de Gigantes” e “O Túnel do Tempo”. E também produtor de clássicos do subgênero “catástrofe”, como “O Destino do Poseidon” (1972) e “Inferno na Torre” (1974). Além dessas ótimas credenciais, “O Mundo Perdido” tem em seu elenco Claude Rains (“O Homem Invisível”, 1933 e “O Fantasma da Ópera”, 1943), Michael Rennie (“O Dia Em Que a Terra Parou”, 1951) e David Hedison, o capitão Crane da série “Viagem ao Fundo do Mar” e o “cientista louco” de “A Mosca da Cabeça Branca” (1958). O excêntrico Prof. George Edward Challenger (Claude Rains) consegue reunir uma expedição científica com destino à Amazônia, para localizar e explorar um imenso platô onde supostamente ainda existem dinossauros gigantes. O grupo ainda conta com um famoso aventureiro, Lord John Roxton (Michael Rennie), um jornalista, Ed Malone (David Hedison), outro cientista, o Prof. Summerlee (Richard Haydn), a filha de um investidor da expedição, Jennifer Holmes (Jill St. John), o jovem irmão dela, David (Ray Stricklyn), e dois homens da região do Amazonas, Costa (Jay Novello) e o piloto de helicóptero Manuel Gomez (Fernando Lamas). Chegando à região misteriosa, eles encontram dinossauros e índios nativos hostis, e depois que o helicóptero é destruído, o desafio é conseguir encontrar um meio de sair do “mundo perdido”, retornar para a civilização com vida e se possível, trazendo alguma prova da existência dos monstros pré-históricos. Clássico da saudosa “Sessão da Tarde”, da época quando ainda eram exibidos filmes antigos e divertidos. “O Mundo Perdido” é uma aventura com elementos de ficção científica e humor, onde o destaque é a forma como são mostrados os dinossauros. Numa época sem a tecnologia de computação gráfica para a criação dos monstros, Irwin Allem preferiu não utilizar os tradicionais bonecos em “stop motion” e optou por filmar animais vivos (lagartos maquiados com chifres) caminhando sobre cenários em miniatura, com a perspectiva de filmagem por baixo, dando a sensação de serem monstros gigantescos. Curiosamente, vale citar que o livro de Conan Doyle teve várias outras adaptações para o cinema, sendo a primeira em 1925, na época do cinema mudo. Teve também um telefilme em 1999 que originou uma série de TV produzida até 2002. (RR – 01/01/14)

* Quando os Dinossauros Dominavam a Terra (1970) – Produzido pelo cultuado estúdio inglês “Hammer”, sendo uma de suas contribuições para o sub-gênero dos filmes com dinossauros. A direção de é Val Guest, de outros divertidos trabalhos da mesma produtora como “Terror Que Mata” (1955) e “A Usina dos Monstros” (1957), com roteiro desenvolvido a partir de uma história do escritor J. G. Ballard. Numa época fictícia, onde humanos e animais gigantescos convivem no mesmo local, uma tribo de aborígenes tem o hábito de sacrificar mulheres loiras em tributo ao Sol, considerado por eles um “deus”. Porém, uma das escolhidas, Sanna (Victoria Vetry), consegue escapar do ritual e é resgatada por Tara (Robin Hawdon), um nativo de um grupo rival. Ambos agora precisam lutar por suas vidas, sendo perseguidos pelos antigos companheiros e enfrentando a fúria de dinossauros interessados em matá-los. É um filme menor da “Hammer” e o fato de ser falado numa língua “inventada”, com palavras simulando um idioma aborígene, o filme acaba tornando-se entediante e arrastado, valendo a pena somente mesmo pelas cenas com os dinossauros, filmados com o auxílio da técnica do “stop motion”. Um destaque são os ataques de caranguejos gigantes numa praia contra os nativos. (RR – 01/01/14)

* Rasputin: O Monge Louco (1966) – Produção inglesa do cultuado estúdio “Hammer” e com o ícone do horror Christopher Lee no papel principal, numa história inspirada na vida real de Rasputin, um monge com supostos poderes místicos, e que conseguiu se infiltrar no alto escalão da política na Rússia no início do século XX. No filme, Grigori Rasputin (interptetado por Lee), é expulso de um monastério por causa de seu comportamento devasso, sempre envolvido com mulheres e bebida alcoólica. Porém, devido seus supostos poderes de cura e hipnose, conseguiu conquistar a confiança da czarina (Renée Asherson) e se infiltrou no poder político da Rússia, ganhando inimigos e detratores interessados em sua morte. Com a típica ambientação dos filmes da Hammer, não faltando tabernas cheias de bêbados e castelos imponentes, o grande destaque certamente é a atuação de Christopher Lee, mais conhecido pelos papéis do conde vampiro Drácula. Porém, dessa vez ele mostra outro lado de seu talento artístico, fazendo o papel de um homem misterioso que exagera na bebida, dança com habilidade, conquista mulheres e é temido pelos homens. (RR – 26/12/13)

* Reveillon Maldito (1980) – “Slasher” típico do início dos anos 80 do século passado, com produção da lendária “Cannon”, de Yoram Globus e Menahem Golan, responsáveis por uma infinidade de tranqueiras divertidas. Um assassino utiliza a tradicional festa de fim de ano nos Estados Unidos para matar mulheres, se beneficiando do fuso horário americano que permite a comemoração várias vezes de acordo com a região. Ele faz a conexão das mortes se comunicando por telefone constantemente com a apresentadora de um show de punk rock ao vivo, desafiando a polícia e ameaçando a vida da mulher e pessoas próximas dela. Esse é um filme extremamente datado, que ficou no passado, e que apresenta todos os clichês do estilo, tendo como um fato depreciativo apenas mostrar mortes sem ousadia, com pouca violência e sangue. Mas, ainda assim é divertido justamente por tudo isso, pelas características bagaceiras, pela relação fiel ao ano de 1980 (música, ambientação, vestuário, contexto geral), e por ser um “slasher” que apresenta um “serial killer” inspirado por uma sempre trivial motivação tosca e previsível (com o diferencial que aqui o psicopata não usa máscara e é logo revelado já no início do filme). E, apesar do enorme gancho para continuação, não teve sequência. (RR – 27/12/13)

* Segredo do Lago Ness, O (2008) – Filme alemão e austríaco dirigido por Michael Rowitz e produzido especialmente para a televisão (foi exibido na TV Cultura de São Paulo/SP no dia 28/12/13 às 18:30 horas, na sessão “Matinê Cultura”). Um garoto de 11 anos, Tim Bender (Lukas Schust), está procurando por seu pai, Erik Winter (Hans-Werner Meyer), que desapareceu antes de seu nascimento, com o paradeiro escondido pela mãe, Anna (Lisa Martinek), que não queria que o filho conhecesse o pai. Porém, desconfiando que seu pai seja um biólogo que estuda a existência do lendário monstro do Lago Ness, na Escócia, que supostamente seria uma espécie de plessiossauro da época dos dinossauros, o garoto faz uma viagem clandestina até a região do misterioso lago para encontrar o pai. Sua mãe descobre o plano e parte em seu rastro, e os três vivem uma aventura envolvendo também um mitológico tesouro druida escondido numa caverna nos arredores do lago escocês, e um vilão, Paul (Serge Falck), interessado no tesouro. Fantasia infanto-juvenil com uma história pouco atraente, explorando elementos do folclore sobre o monstro do lago Ness, que fica num plano secundário. E do tesouro que contém uma pedra preciosa protegida pelos druidas, cuja ideia torna-se a principal no roteiro, inserindo grande quantidade de bobagens fantasiosas com direito até para a participação do mago Merlin disfarçado. Teve uma continuação em 2010 com parte do mesmo elenco e direção, “Das Zweite Wunder von Loch Ness”. (RR – 29/12/13)

* Sobrenatural (2010) – Dirigido pelo malaio James Wan (de “Jogos Mortais” e “Invocação do Mal”), “Sobrenatural” mostra o cotidiano de uma família típica americana formada pelo pai Josh Lambert (Patrick Wilson), a mãe Renai (Rose Byrne), e três filhos pequenos. Porém, após uma mudança de casa começam a ocorrer eventos estranhos e misteriosos, além de aparições de fantasmas. E depois que um dos filhos entra numa espécie de coma sem explicação, a mãe solicita a ajuda de uma mulher sensitiva, Elise Rainier (Lin Shaye), que trabalha com dois auxiliares manipulando equipamentos eletrônicos, na tentativa de desvendar o mistério que ronda sua família. Mais uma história de fantasmas com elementos que nos remetem a filmes como “Poltergeist” (1982), entre outros, evidenciando que não é a casa que é assombrada e sim o garoto, que possui habilidades para viagens astrais, conforme até anunciado numa tagline do cartaz do filme. Com lançamento nos cinemas e bem recebido pelo público, motivou os produtores a investir numa franquia, tanto que em 2013 foi lançado “Sobrenatural: Capítulo 2”, em 2015 tivemos “Sobrenatural: A Origem” e em 2018 saiu o quarto filme da série, “Sobrenatural: A Última Chave”. “Sobrenatural” é um filme de horror com fantasmas levemente acima da média, mas não consegue impedir os clichês com excesso de barulho para auxiliar nos sustos e cenas exageradas na fantasia. Porém, tem a seu favor a interessante sequência passada num ambiente onírico de puro pesadelo quando o personagem do pai da família parte em busca de seu filho no mundo dos mortos. (RR – 16/12/13)

* Sobrenatural: Capítulo 2 (2013) – Como o próprio título obviamente diz, trata-se da sequência de “Sobrenatural”, lançado em 2010 e dirigido pelo mesmo James Wan. Entrou em cartaz em nossos cinemas em 22/11/13 e até pode ser assistido como um filme independente, mas certamente é bem mais indicado e recomendável conhecer primeiro o original, uma vez que ambos se complementam na história criada pelo roteirista Leigh Wannell (que também atua nos dois filmes). Após um breve prólogo com o pai da família Lambert, Josh (Patrick Wilson), ainda criança (Garrett Ryan), enfrentando problemas com sua habilidade incomum de se comunicar com os mortos em viagens astrais, acompanhamos novamente os mesmos personagens do filme anterior tentando levar uma vida normal. Mas, algo sobrenatural continua atormentando a rotina da família, colocando em risco suas vidas, obrigando dessa vez o garoto Dalton (Ty Simpkins) a migrar para o limbo sombrio de uma dimensão paralela, na tentativa de resgatar a alma do pai. Nessa continuação são apresentadas novas ideias e revelações que compõe o universo ficcional imaginado pelo roteirista, não faltando muitas cenas de sustos e aparições de fantasmas, com destaque novamente para os tensos momentos ambientados no sinistro mundo dos mortos, sempre envoltos num clima mórbido e obscuro de constante insegurança. Assim como o filme anterior, essa sequência também é uma produção acima da média, mas não tem nada de muito especial, chegando até a cometer alguns deslizes com o excesso de barulho e fantasia, em detrimento de um horror mais sutil. (RR – 21/12/13)

* Torturas do Dr. Diabolo, As (1967) – Produção inglesa do também cultuado estúdio “Amicus”, de Max Rosenberg e Milton Subotsky, rival da “Hammer”, com direção de Freddie Francis, de diversos filmes de horror dos nos 60 e 70 como “O Monstro de Frankenstein” (1964), “A Maldição da Caveira” (1965) e “A Essência da Maldade” (1973). Trata-se de uma antologia de contos de horror com roteiro de Robert Bloch, autor do clássico “Psicose”, e no elenco temos nomes consagrados como Jack Palance, Peter Cushing e Burgess Meredith. Com esses créditos indicando a qualidade dos realizadores, já dá para imaginar a diversão garantida. Em “As Torturas do Dr. Diabolo”, um título nacional sonoro, uma atração de circo com foco no horror é apresentada pelo Dr. Diabolo (Meredith), que convida os espectadores a conhecer situações trágicas em seus destinos futuros, ao olharem fixamente para a imagem da deusa dos destinos Átropos (da mitologia grega). São apresentadas então quatro histórias de horror. A primeira chama-se “Enoch” e mostra um homem ganancioso, Colin Williams (Michael Bryant) visitando o tio doente interessado na herança de sua misteriosa riqueza, e não imagina o terrível segredo que envolve sua casa, habitada anteriormente por uma bruxa. Em seguida temos “Terror Over Hollywood”, onde uma atriz ambiciosa, Carla Hayes (Beverly Adams), não mede esforços para conseguir um papel de destaque no cinema, envolvendo-se com um produtor, Eddie Storm (John Phillips) e um veterano e famoso ator, Bruce Benton (Robert Hutton), que também escondem um misterioso segredo sobre suas longevidades. O terceiro episódio, “Mr. Steinway”, apresenta um famoso pianista, Leo Winston (John Standing), que se apaixona pela bela Dorothy Endicott (Barbara Ewing), mas não consegue manter o romance por causa de um piano amaldiçoado. A última história, “The Man Who Collected Poe”, tem Jack Palance no papel de Ronald Wyatt, um obcecado colecionador de livros e objetos do cultuado escritor americano de horror Edgar Allan Poe. Ele visita outro colecionador, Lancelot Canning (Peter Cushing), que entre livros e manuscritos raríssimos, também esconde um terrível segredo sobre o próprio escritor Poe. Todos os episódios são muito bons, carregados de elementos de horror e até FC (no segundo episódio), e que ficam guardados por muito tempo em nossas memórias. Como o sinistro gato preto Balthazar, da primeira história, ou o piano assassino tocando a marcha fúnebre, do terceiro conto, ou ainda a dupla Palance e Cushing obcecada pela literatura sombria de Edgar Allan Poe, com graves consequências. Curiosamente, “As Torturas do Dr. Diabolo” é o sucessor direto de outro filme de antologia de contos também produzido pela “Amicus” e dirigido por Freddie Francis, “As Profecias do Dr. Terror” (Dr. Terror´s House of Horrors, 1965), com Christopher Lee e Peter Cushing. (RR – 27/12/13)

Comentários de cinema - Parte 9 (22/09 a 14/12/13)

Filmes abordados:

Carrie, A Estranha (Carrie, EUA, 2013)
Chernobyl – Sinta a Radiação (Chernobyl Diaries, EUA, 2012)
Elysium (Elysium, EUA, 2013)
Gravidade (Gravity, EUA, 2013)
Hobbit: A Desolação de Smaug, O (The Hobbit: The Desolation of Smaug, EUA / Nova Zelândia, 2013)
Infectados (Stranded, Canadá / Inglaterra, 2013)
Monstro de Duas Cabeças, O (The Thing With Two Heads, EUA, 1972)
Queda da Casa de Usher, A (La chute de la maison Usher, França, 1928)
R.I.P.D. – Agentes do Além (R.I.P.D., EUA, 2013)
Riddick 3 (Riddick, EUA / Inglaterra, 2013)
Thor – O Mundo Sombrio (Thor – The Dark World, EUA, 2013)
Viagem à Lua de Júpiter (Europa Report, EUA, 2013)


* Carrie, A Estranha (Carrie, 2013) – O livro “Carrie”, de Stephen King, recebeu quatro adaptações para o cinema, sendo o primeiro filme em 1976 ganhando o título nacional de “Carrie, A Estranha” e dirigido por Brian De Palma. Foi seguido por uma continuação em 1999, “Carrie 2 – A Maldição de Carrie” (produção para a TV), e outras duas refilmagens com o mesmo nome do original, em 2002 e agora em 2013, que estreou nos cinemas em 06 de Dezembro. A adolescente Carrie White (Chloë Grace Moretz) é tímida e recebeu uma educação rígida da mãe Margaret (Julianne Moore), uma fanática religiosa. Por causa disso, ela é vítima constante de provocações e brincadeiras de mau gosto na escola. Porém, a jovem descobre ter poderes telecinéticos sobrenaturais e passa a utilizá-los para se defender tanto da mãe paranóica quanto para se vingar dos colegas desafetos, principalmente após um incidente “sangrento” num baile da escola. A primeira parte do filme dedica-se a explorar o drama de um relacionamento tenso entre a mãe exagerada em conceitos religiosos equivocados e a filha “estranha”, mas que gostaria de ser normal. E a parte final deslancha para o horror puro na vingança violenta da jovem com poderes de movimentar objetos, contra seus algozes e merecedores de sua fúria. Tanto a bela garota Moretz quanto a já experiente Moore estão bem em seus respectivos papéis, passando credibilidade para os personagens. E o filme de uma forma geral até garante algum entretenimento, principalmente para quem não conhece ainda a história original de Stephen King ou alguns dos filmes anteriores da franquia (pois é inevitável que o impacto seja bem menor para quem já conhece a história). (RR – 07/12/13)

* Chernobyl – Sinta a Radiação (Chernobyl Diaries, 2012) – Utilizando como campanha promocional de marketing o fato de um dos roteiristas de “Chernobyl”, Oren Peli, ser o criador da bem sucedida franquia “Atividade Paranormal”, esse filme lançado em nossos cinemas em 20/07/12 mostra um grupo de seis turistas visitando as ruínas de uma cidade próxima à usina nuclear de Chernobyl, na Ucrânia. Após o grave acidente já conhecido na vida real, os níveis perigosos de radiação obrigaram os habitantes a saírem da região afetada, deixando para trás uma cidade fantasma. Liderados por um guia local, os turistas estrangeiros, a maioria americanos, não contavam com um problema mecânico no carro, impedindo-os de sair da cidade, e nem imaginavam que não estavam sozinhos ali. O filme tem bons momentos de tensão, principalmente nas cenas noturnas, convidando o espectador a participar junto com os personagens de sua luta para fugir de um lugar tétrico e perturbador e salvar suas vidas. Porém, alguns problemas contribuem para afastar o filme de algo mais verossímil como a ideia central que especula a existência de mutantes vivendo nas sombras da cidade abandonada, e que conseguem se manter ocultos sob uma lenda urbana, e também as várias decisões equivocadas do grupo de turistas em momentos de grande ameaça, onde ações mais lógicas deveriam ser tomadas para a preservação de suas vidas. Mas, como um filme de horror despreocupado com a lógica, até consegue divertir, apresentando um desfecho pessimista envolto em conspiração governamental. (RR – 08/12/13)

* Elysium (Elysium, 2013) – Ficção científica dirigida e escrita por Neill Blomkamp (do ótimo “Distrito 9”) e que entrou em cartaz nos cinemas em 20/09/13, trazendo no elenco os atores brasileiros Wagner Moura e Alice Braga, que contracenam com os badalados Matt Damon e Jodie Foister. Em 2154, a Terra está superpovoada e habitada por seres humanos pobres e em condições precárias de sobrevivência. Porém, os ricos vivem num paraíso construído numa estação espacial chamada Elysium. Após o operário Max (Damon) sofrer um acidente numa máquina radioativa restando-lhe poucos dias de vida, ele se vê obrigado a fugir para Elysium à procura da cura numa máquina especial. Utilizando a ajuda de um mercenário especialista em informática e viagens clandestinas para a tão cobiçada estação no espaço, Spider (Moura), Max desencadeia um conflito de grandes proporções, enfrentando a retaliação da tirana dirigente de Elysium, Delacourt (Foster), e contando com o apoio da enfermeira Frey (Braga), antiga paixão e amiga de infância. Superprodução de FC com um roteiro centrado numa crítica social que sempre caminhou ao lado da humanidade em toda sua história, desde o passado longínquo, passando pelo presente e pelo inevitável futuro: a divisão desigual de classes. Os efeitos especiais são belíssimos e não faltam todos os clichês esperados em filmes dessa temática, com muita ação, tiroteiros e conspirações num ambiente de naves espaciais e tecnologia avançada. Wagner Moura está muito bem em sua estréia nos Estados Unidos, representando de forma honrada o Brasil na terra do cinema milionário de entretenimento. (RR – 22/09/13)

* Gravidade (2013) – O filme de Ficção Científica estrelado pelos famosos Sandra Bullock e George Clooney estreou nos cinemas daqui em 11/10/13, com a opção de exibição em 3D. A engenheira médica Dra. Ryan Stone (Bullock) e o astronauta experiente Matt Kowalski (Clooney) estão no espaço fazendo reparos no telescópio Hubble. Porém, após a destruição de um satélite por um míssil russo, os destroços atingem sua nave e eles ficam à deriva no espaço. Visualmente belo e com efeitos especiais convincentes, porém com uma história clichê e previsível. Vale pelas imagens fascinantes, principalmente em 3D, mas o roteiro sem inspiração volta a abordar o típico personagem americano que supera as dificuldades em busca da sobrevivência em sutuações tão desfavoráveis que na realidade significariam chances quase nulas de êxito. Mas, é claro que já sabemos o destino da personagem heróica de Sandra Bullock. (RR – 29/10/13)

* Hobbit: A Desolação de Smaug, O (The Hobbit: The Desolation of Smaug, 2013) – “Eu sou o Fogo! Eu sou a Morte” – “Smaug”. Baseado no livro “O Hobbit”, de J. R. R. Tolkien, o diretor Peter Jackson apresenta a sequência de “Uma Aventura Inesperada” (2012), com os eventos precedendo a trilogia “O Senhor dos Anéis”, filmada entre 2001 e 2003. Dessa vez, continua a incrível jornada do grupo de anões liderados por Thorin (Richard Armitage) e com a ajuda indispensável do mago Gandalf (Ian McKellen) e do hobbit Bilbo Baggins (Martin Freeman). O objetivo é seguir rumo à cidade de Erebor, construída dentro de uma montanha com grande quantidade de ouro, e que foi tomada dos anões pelo imenso dragão Smaug. No caminho, eles enfrentam uma legião de terríveis orcs que os perseguem constantemente, lutam contra aranhas gigantes que querem comê-los vivos e passam pela cidade dos elfos, conhecidos pelas habilidades com o arco e flecha, contando depois com o auxílio de dois de seus guerreiros, Legolas (Orlando Bloom) e Tauriel (Evangeline Lilly). Nessa árdua trajetória, o hobbit Bilbo tem que lidar com a cada vez mais forte influência e poder de um anel encontrado no caminho (no filme anterior). Com efeitos especiais eficientes e muito bem produzidos, a história mantém um ritmo acelerado de aventura com elementos de horror e fantasia sombria o tempo todo em suas quase três horas de projeção, contando com a opção de exibição nos cinemas em 3D. São perseguições, correrias e lutas de tirar o fôlego, com destaque para a fuga dos anões dentro de barris na correnteza de um rio, chegando à cidade do Lago, de onde conseguiriam finalmente partir para Erebor, o destino final da missão. Os anões continuam sendo o centro da história, mas agora os elfos também recebem grande atenção pela sua importância na trama, e o ápice certamente está reservado para todas as cenas envolvendo o enorme dragão Smaug, no desfecho com o gancho para o próximo filme da saga, gerando grande expectativa e ansiedade para “Lá e de Volta Outra Vez” em 2014. Diversão garantida e altamente recomendável. (RR – 14/12/13)     

* Infectados (2013) – Estreou nos cinemas do Brasil em 29/11/13 o thriller de Ficção Científica “Infectados”, estrelado por Christian Slater, e com opção de exibição em 3D. Quatro astronautas têm sua rotina numa base lunar totalmente alterada após uma chuva de meteoritos danificar as instalações. Mas o pior ainda estaria por vir quando uma forma de vida alienígena e hostil trazida por um meteoro se hospeda na única mulher do grupo, Ava Cameron (Amy Matysio). A criatura utiliza seu corpo para crescer e clonar outro astronauta, Bruce Johns (Michael Therriault), obrigando-os juntamente com o médico Dr. Lance Krauss (Brendan Fehr) e o comandante da estação Coronel Gerard Brauchman (Slater), a lutarem por suas vidas. “Infectados” não é um filme exatamente ruim, pois para os menos exigentes ele até pode ser considerado uma diversão rápida e passageira em seus 90 minutos de duração. O maior problema é que a história é um clichê já tão explorado, que fica difícil criar uma empatia com o filme, pois estamos saturados das mesmas ideias, com um grupo de pessoas confinadas no espaço, enfrentando um sentimento de claustrofobia de um ambiente sem saída e ameaçado por um alienígena assassino. Também é um clichê enorme o desfecho com gancho para continuação. Não tem potencial para exibição em cinema, ainda mais em 3D, mas é assistível em outras mídias, esquecendo-se logo depois. (RR – 01/12/13)

* Monstro de Duas Cabeças, O (1972) – Filme bagaceiro de “cientista louco” do início dos anos 70 do século passado. Um famoso e bem sucedido cirurgião médico, Maxwell Kirshner (Ray Milland), está doente terminal e vê num ousado plano de transplante de sua cabeça e cérebro brilhante no corpo de outra pessoa, como a única forma de manter a sobrevivência. Porém, extremamente racista, com a piora rápida de sua saúde, ele não imaginaria que a única opção disponível era um homem negro presidiário no corredor da morte e que alega inocência, Jack Moss (Rosey Grier, primo da bem mais conhecida Pam Grier). A ideia após o transplante é adaptar o corpo para a nova cabeça e depois eliminar a original. A cirurgia tem sucesso e um “monstro de duas cabeças” foi criado, causando uma série de transtornos após fugir do hospital, sendo perseguido pelos médicos que realizaram a operação e pela polícia incompetente. Divertida tranqueira com elementos de horror e ficção científica e um roteiro tão absurdo que seus realizadores tiveram que flertar com o humor em diversas situações para não ficar tão ridículo, devido às cenas inevitavelmente hilárias. O excelente ator Ray Milland é conhecido por estrelar preciosidades do cinema fantástico como “Obsessão Macabra” (1962), “Pânico no Ano Zero” (1962), “O Homem dos Olhos de Raio-X” (1963), “A Invasão das Rãs” (1972) e “Galáctica – Astronave de Combate” (1978), entre outras. Destaque para uma enorme sequência de perseguição de quatorze carros da polícia contra a “coisa de duas cabeças” fugindo pilotando uma moto numa área descampada fora da cidade. Curiosamente, o famoso técnico em maquiagem Rick Baker (de “Nasce um Monstro”, “O Incrível Homem Que Derreteu”, “Grito de Horror”, “Pague Para Entrar, Reze Para Sair”, “Um Lobisomem Americano em Londres” e “Videodrome – A Síndrome do Vídeo”, entre outros), faz uma ponta vestindo a roupa de um gorila que serviu de cobaia para um transplante de cabeça. Mais uma curiosidade é que um ano antes, em 1971, tivemos outro filme com temática similar, “O Incrível Transplante de Duas Cabeças” (The Incredibre Two-Headed Transplant), com Bruce Dern e Pat Priest. (RR – 01/12/13)

* Queda da Casa de Usher, A (1928) – Produção francesa muda e com fotografia em preto e branco, dirigida por Jean Epstein. É uma das versões cinematográficas do famoso conto homônimo de Edgar Allan Poe, que conta também com um ótimo filme americano de Roger Corman, “A Casa de Usher” / “O Solar Maldito” (House of Usher, 1960), estrelado pelo ícone do horror Vincent Price. Na história, um casal amaldiçoado formado por Sir Roderick Usher (Jean Debucourt) e sua esposa gravemente doente Madeleine (Marguerite Gance), vive num imenso castelo decadente, juntamente com um médico particular (Fournez-Goffard). Após a chegada de Allan (Charles Lamy), amigo pessoal de Roderick, o ambiente torna-se ainda mais mergulhado numa atmosfera sombria com a degradação constante da saúde de Madeleine. Interessante adaptação do conto de Poe, mantendo um clima mórbido durante todo o tempo, enfatizando uma mansão prestes a ruir, habitada por um perturbador sentimento de melancolia, envolta numa névoa sinistra e floresta fantasmagórica. Filme curto (apenas 66 minutos de duração), que foi lançado em DVD em Novembro de 2013, narrado em inglês e com legendas em português, sendo material extra de “A Casa de Usher”, de Corman, através da Coleção Folha “Grandes Livros no Cinema”. (RR – 23/11/13)

* R.I.P.D. – Agentes do Além (2013) – Comédia de ação com elementos de horror cuja estreia em nossos cinemas ocorreu em 27/09/13, com a exibição em 3D. O policial Nick (Ryan Reynolds) morre numa missão de rotina contra traficantes e surpreende-se ao chegar no céu e ser logo recrutado para o “Departamento Descanse em Paz” (das iniciais do título original). Seu parceiro é o veterano Roy (Jeff Bridges), um ex-xerife do velho oeste americano, e a função deles é resgatar os “finados”, mortos que conseguiram ilegalmente retornar para a Terra. Sua principal missão no novo emprego é investigar e impedir um plano maquiavélico liderado por Hayes (Kevin Bacon) que consiste em reunir pedaços de um instrumento mágico de ouro que uma vez juntos poderiam criar um portal dimensional que liberaria uma invasão dos mortos. Talvez a única coisa que merece um registro seja a atuação do veterano Jeff Bridges, que rouba todas as cenas para si, divertindo-se bastante no papel de um agente do além no estilo do velho oeste americano. No mais, a história é bem fraquinha e recheada com CGI exagerado, ofuscando a diversão num filme que prioriza os efeitos e cenas de ação em detrimento de um roteiro melhor, utilizando uma temática similar ao universo ficcional de “Homens de Preto”, onde em vez de alienígenas vivendo paralelamente entre nós, seriam mortos que precisariam retornar ao céu para serem julgados. Dispensável. (RR – 02/10/13)

* Riddick 3 (2013) – Depois do ótimo “Eclipse Mortal” (2000) e do fraco e dispensável “A Batalha de Riddick” (2004), o anti-herói Riddick (interpretado por Vin Diesel) retornou agora com o terceiro filme da franquia, estreando nos cinemas brasileiros em 11/10/13. Deixado para morrer num planeta desolado e habitado por criaturas predadoras extremamente violentas, Riddick luta para se manter vivo utilizando-se de seu instinto selvagem para sobreviver num ambiente completamente desfavorável. Após descobrir uma base que serve de ponto de apoio compartilhado por caçadores de recompensa, ele ativa um sensor que identifica sua presença, chamando a atenção de mercenários em busca de sua cabeça. A partir daí, inicia-se um jogo violento entre Riddick e dois grupos interessados em capturá-lo, e que não imaginavam que também teriam que enfrentar uma tempestade que desperta a fúria de terríveis feras interessadas em suas carnes. Nesse terceiro filme do universo ficcional das crônicas de Riddick, felizmente o diretor e roteirista da série David Neil Twohy, preferiu retomar a exploração de elementos similares do filme original, com a ambientação da história num planeta hostil e a luta contra criaturas monstruosas. Minimizando as relações com o segundo filme, bem menos interessante ao retratar uma raça de seres imperialistas e sombrios conhecidos como “necromongers”. Inevitavelmente, “Riddick 3” apresenta situações exageradas (Riddick parece imortal) e previsíveis (é fácil imaginar o destino dos personagens e quem deverá viver), mas ainda assim é um filme que diverte com boas cenas de ação e confrontos entre Riddick e seus algozes, e contra os monstros dominantes do planeta. (RR – 26/10/13)

* Thor – O Mundo Sombrio (2013) – Em 01/11/13 entrou em cartaz em nossos cinemas “Thor – O Mundo Sombrio”, com opção de exibição em 3D, sendo sequência direta de “Thor” (2011), além de trazer relações com eventos ocorridos em “Os Vingadores” (2012). Na história, o herdeiro do trono do rei de Asgard Odin (Anthony Hopkins), o herói Thor (Chris Hemsworth) retorna à Terra para resgatar a cientista Jane Foster (Natalie Portman), que está em perigo depois de entrar em contato com uma poderosa fonte destrutiva de energia, a qual é desejada pelo vilão Malekith (Christopher Eccleston), líder dos elfos negros, que tem a intenção de destruir o universo. Para tentar impedi-lo, Thor é obrigado a se juntar ao seu irmão Loki (Tom Hiddleston), que estava preso depois dos acontecimentos ocorridos nos filmes citados anteriormente. O filme tem um ritmo acelerado de ação e cenas exageradas de confrontos que prendem a atenção, além de caprichados efeitos especiais com destaque para as imagens deslumbrantes do imponente Reino de Asgard, que acaba ficando próximo da Terra por causa de portais dimensionais. E atenção: vale a pena acompanhar todos os créditos até o último minuto após o filme, pois aparecem duas cenas, uma logo após a exibição dos nomes dos atores principais, e outra no final dos últimos créditos. (RR – 02/11/13)

* Viagem à Lua de Júpiter (2013) – Produção americana de Ficção Científica lançada em DVD no Brasil pela “Paris Filmes”, com direção do equatoriano Sebastián Cordero. Um grupo de seis astronautas, quatro homens e duas mulheres, parte numa missão espacial de longa duração rumo à Europa, uma lua de Júpiter (daí vem o título original “Europa Report” e o nacional, sempre exagerado). O objetivo é pesquisar a possibilidade de existência de vida em tão longínquo ponto no espaço. Porém, durante o demorado percurso e ao chegarem ao destino, uma série de incidentes desfavoráveis diminuiu a tripulação e cortou a comunicação com a Terra, além de enfrentarem uma descoberta incrível. Num primeiro contato, apesar do belíssimo cartaz original, a ideia que vem à mente é a de apenas mais um filme inexpressivo de exploração espacial. Mas ao contrário, trata-se de uma grata surpresa, com a tentativa de inserir elementos bem menos fantasiosos e efeitos especiais mirabolantes que tornam as situações mais inverossímeis na maioria dos filmes comuns. No caso de “Viagem à Lua de Júpiter”, é indicado para quem aprecia menos barulho e ritmo frenético, e prefere temas que valorizam histórias mais genuínas de FC, especulando uma longa viagem pelo espaço em busca de conhecimento científico. (RR – 02/12/13)