Trama Diabólica (A Taste of Evil, EUA, 1971)


“O que aconteceu com a pequena Susan foi tão horrível que ela esteve ausente por sete anos. Agora ela está de volta... e o horror também.”

 

A rede de TV americana “ABC” lançou um programa nos anos 70 do século passado com filmes de várias temáticas, incluindo horror, mistério e suspense, recebendo o nome “ABC Movie of the Week”. Semanalmente lançava um filme com metragem mais curta com pouco mais de 70 minutos para se adequar com os comerciais e tivemos várias preciosidades como “A Fazenda Crowhaven” (1970), “Escravos da Noite” (1970), “A Última Criança” (1971), “Encurralado” (1971), “A Força do Mal” (1972), “Pânico e Morte na Cidade” (1972), “A Noite do Lobo” (1972), “Os Demônios dos Seis Séculos” (1972),  “Escola de Meninas” (1973), “A Morte Numa Noite Fria” (1973), “Abelhas Assassinas” (1974), “Todos Muito Estranhos” (1974), “O Triângulo do Diabo” (1975), entre outros.

 

Trama Diabólica” (A Taste of Evil, 1971) é o episódio 9 da terceira temporada, com direção de John Llewellyn Moxey (de “A Casa dos Horrores Mortais”, 1974), roteiro de Jimmy Sangster (colaborador habitual da produtora inglesa “Hammer”), produção do especialista das telinhas Aaron Spelling (da série “As Panteras”, 1976/1981), e um elenco expressivo com Barbara Stanwyck, Roddy McDowall e Arthur O´Connell.

O filme está disponível no Youtube numa versão dublada que foi exibida nas televisões de tubo no nostálgico “Cine Mistério” da TV Bandeirantes, com a clássica dublagem “Cine Castro Rio de Janeiro e São Paulo”.

 

A jovem Susan Wilcox (Barbara Parkins) ficou internada numa clínica psiquiátrica na Suiça por longos sete anos, tentando se recuperar de um trauma de infância ao ser atacada brutalmente aos treze anos de idade quando brincava numa casa de brinquedos, localizada no bosque perto da mansão de sua mãe Miriam Jennings (Barbara Stanwyck). Agora ela está retornando para sua casa na Califórnia, aparentemente curada e reencontra o mordomo John (Arthur O´Connell) e o padrasto Harold (William Windom), além de conhecer o médico Dr. Michael Lomas (Roddy McDowall).

Porém, ocorre uma série de fatos estranhos e misteriosos com Susan tendo alucinações com Harold morto e flashbacks perturbadores, sentindo-se constantemente ameaçada pela presença sinistra de alguém nos cantos escuros da casa ou no bosque, com o desconforto de ser observada, despertando a atenção de sua mãe preocupada com a recorrência dos problemas emocionais de Susan por causa do passado traumático.   

 

O filme tem poucos personagens e sua história prende a atenção todo o tempo, instigando a curiosidade do espectador em descobrir o mistério em torno de Susan, suas visões distorcidas e a atmosfera sombria da mansão com uma “trama diabólica” repleta de revelações e reviravoltas, com um amargo “gosto do mal”.

Por ser uma produção diretamente para a televisão, os elementos de horror são mais sutis, com ausência de sangue e violência apenas moderada, apostando mais no suspense sugerido e no clima de desconforto que envolve a mansão e seus arredores.

Curiosamente, o roteirista Jimmy Sangster revelou que a história de “Trama Diabólica” é muito parecida com a que ele escreveu para “Grito de Pavor” (Taste of Evil, 1961), produção da “Hammer” dirigida por Seth Holt.

Outra curiosidade é que o filme “Homicidal” (1961), de William Castle, também recebeu o título nacional “Trama Diabólica”. E em 1972 o filme “Jogo Mortal” (Sleuth), com Laurence Olivier e Michael Caine, igualmente ganhou o mesmo nome como alternativo. Parece ser um título que os responsáveis pela escolha no Brasil gostam de usar, pois ainda tem outros dois filmes na mesma situação, “Miami Hustle” (1996) e “Deception” (2003), pois ambos também são conhecidos por aqui como “Trama Diabólica”.

 

(RR – 02/09/25)