“Um bom caçador nunca tem certeza de nada, a não ser que
sua presa fará o inesperado.” – Byron Douglas
“O Grito do Lobo”
(Scream of the Wolf, EUA, 1974) é mais um filme do programa “ABC Movie of the
Week” da rede de TV “ABC”, que exibiu semanalmente na década de 1970 uma
infinidade de preciosidades do cinema fantástico de baixo orçamento como “A
Fazenda Crowhaven”, “Escravos da Noite”, “Encurralado”, “Trama Diabólica”, “A
Força do Mal”, “Pânico e Morte na Cidade”, “Os Demônios dos Seis Séculos”, “A
Morte Numa Noite Fria”, “O Triângulo do Diabo”, entre vários outros. O programa
teve 183 filmes, sendo que “O Grito do Lobo” foi o número 42 da temporada 5.
Está disponível dublado no “Youtube”,
com a nostálgica versão brasileira “Álamo São Paulo” de quando foi exibido em
nossas televisões. O filme reúne em seu elenco e equipe de realizadores alguns nomes
conhecidos das telinhas como o produtor e diretor Dan Curtis, o escritor
Richard Matheson e os atores Peter Graves (série “Missão Impossível”), Clint Walker
(série “Cheyenne”) e Philip Carey (série “Laredo”).
Após a ocorrência de várias
mortes violentas e misteriosas numa pequena cidade rural dos Estados Unidos,
com as vítimas encontradas mutiladas, o xerife Vernon Bell (Philip Carey)
solicita ajuda nas investigações para o antigo caçador John Wetherby (Peter
Graves), por sua experiência com animais selvagens. Porém, uma vez aposentado
da função, ele recorre ao companheiro da época de caçadas, o impiedoso, frio e
calculista Byron Douglas (Clint Walker). Após análise das cenas dos crimes e com
a contagem de cadáveres cada vez aumentando mais, eles acreditam que a autoria
dos assassinatos brutais pode ser de um lobo com a capacidade de se transformar
em humano.
Preocupado com a segurança dos
habitantes da comunidade ameaçados por algo desconhecido, e especialmente com
sua namorada Sandy Miller (Jo Ann Pflug), o antigo caçador e agora escritor
John Wetherby tenta desvendar o mistério das mortes, desconfiando de Byron e
seu estranho empregado Grant (Don Megowan).
O filme é curto com apenas 74 minutos e por
ser uma produção voltada para a televisão a violência é mais contida, com pouca
exposição de sangue e com as diversas mortes fora da tela. O foco da história está
mais direcionado para a investigação e especulação sobrenatural da autoria dos
assassinatos, com uma atmosfera interessante nas sombras de uma floresta
envolta em névoas.
Curiosamente, próximo do desfecho temos
uma sequência que lembra o filme “Zaroff, o Caçador de Vidas” (The Most
Dangerous Game, 1932), com um jogo mortal entre os companheiros de antigas caçadas.
Sobre o escritor Richard Matheson (1926 / 2013), que colaborou com o roteiro de “O Grito do Lobo”, vale registrar algumas informações sobre sua carreira. Seu nome está associado ao Horror, com créditos em filmes como “Mortos Que Matam” (1964) e “A Última Esperança da Terra” (1971), inspirados em seu livro de vampiros “Eu Sou a Lenda”. Ele foi o roteirista de vários filmes baseados na obra de Edgar Allan Poe e dirigidos por Roger Corman nos anos 60 do século passado, como “O Solar Maldito”, “A Mansão do Terror”, “Muralhas do Pavor” e “O Corvo”. Além também de outras preciosidades como “O Incrível Homem Que Encolheu” (1957), “Robur, o Conquistador do Mundo” (1961), “Farsa Trágica” (1964), “As Bodas de Satã” (1968, produção da “Hammer”), “Encurralado” (1971, de Steven Spielberg) e “A Casa da Noite Eterna” (1973). Sua participação em séries de televisão é igualmente significativa tendo escrito vários episódios de “Além da Imaginação” (1959/1964).
(RR
– 02/10/25)