“Ele atravessa paredes de aço
sólido e pedra... para a 4ª dimensão!”
“Quarta Dimensão” (4D Man, EUA, 1959), também conhecido por aqui
como “O Demônio Enfurecido”, é um filme de baixo orçamento de Ficção Científica
com elementos de Horror, que felizmente para os apreciadores dessas
preciosidades antigas está disponível no Youtube com a dublagem clássica de
quando era exibido na TV, incluindo aquela nostálgica frase “versão brasileira
AIC São Paulo”. E aqueles que tiveram a sorte de ver na televisão aberta nos
anos 70 e 80 do século passado uma infinidade de filmes e séries do gênero
fantástico, irão reconhecer as vozes que marcaram essa saudosa época.
Produzido por Steve H. Harris
e dirigido por Irvin S. Yeaworth Jr., na história temos o jovem cientista Dr.
Tony Nelson (James Congdon) realizando experiências exaustivas tentando atravessar
objetos sólidos em outros, como um lápis numa chapa de aço, com sucessivos
fracassos. Depois de um acidente em seu laboratório destruir o prédio num
incêndio, ele procura seu irmão mais velho, o também cientista Dr. Scott Nelson
(Robert Lansing), que está trabalhando num Centro de Pesquisas financiado pelo
ganancioso Dr. Theodore W. Carson (Edgar Stehli). Liderando o projeto de
desenvolvimento de um material especial resistente, apelidado de Carbonite,
supostamente impenetrável e à prova de bombas e calor, uma alternativa para o
tradicional aço com uso militar, no conturbado período de guerra fria entre os
Estados Unidos e a antiga União Soviética.
Sua equipe é formada pela namorada
e secretária Linda Davis (Lee Meriwether, que foi uma cientista na série de TV
“O Túnel do Tempo”) e pelo ambicioso assistente Roy Parker (Robert Strauss),
especialista em eletrodinâmica e ansioso por liderar sua própria equipe e
laboratório. Scott convida Tony para trabalhar na pesquisa de materiais, o que
acabou formando um triângulo amoroso com Linda, com o irmão mais velho afastando-se
dela e priorizando cada vez mais as experiências.
Depois de uma exposição
exagerada num ambiente com radiação, o cientista desenvolveu um poder com
ampliação dos impulsos elétricos do cérebro possibilitando transpassar objetos
sólidos através de concentração mental, porém com o prejuízo de perder energia
vital envelhecendo rapidamente.
Com a mente distorcida e
enlouquecendo, tendo dificuldades para administrar sua nova condição de
“cientista louco” e “homem transformado em monstro”, ele passou a cometer
crimes como roubos de bancos e assassinatos, absorvendo a energia de vida das
vítimas. Sendo agora um homem indestrutível da “quarta dimensão”, um “demônio
enfurecido” que desperta a atenção da polícia com a investigação do Capitão
Rogers (Elbert Smith), e restando para o irmão Tony e a ex-namorada Linda
tentarem convencê-lo a parar com as mortes.
Lembrando temas similares de
“O Raio Invisível” (The Invisible Ray, 1936) com Boris Karloff no papel de um
“cientista louco” que adquiriu o poder de matar apenas com o toque, “Quarta
Dimensão” tem como maior destaque os efeitos práticos toscos, além da história
interessante com a exploração do poder desconhecido da radiação e a ideia de um
cientista perder a sanidade se transformando num assassino com a capacidade de
atravessar material sólido. Os efeitos de maquiagem das vítimas com a energia
vital drenada do corpo e as cenas do cientista atravessando paredes são obviamente
datados e simplórios para os tempos modernos com auxílio de computação gráfica,
porém convincentes e principalmente muito divertidos considerando a época de
produção e os recursos disponíveis.
Por outro lado (e apenas uma
opinião), a trilha sonora com jazz o tempo todo não combinou com as ações da
história, ficando deslocada e estranha dentro do contexto de um filme bagaceiro
com elementos de FC e Horror antigos e entretenimento garantido.
Curiosamente, o produtor Jack
H. Harris estabeleceu uma parceria com o diretor Irvin S. Yeaworth Jr., e
juntos fizeram também o anterior “A Bolha” (The Blob, 1958), com Steve McQueen
e o posterior “A Volta ao Mundo Pré-Histórico” (Dinosaurus!, 1960).
Outra curiosidade foi a opção
dos realizadores por um desfecho inconclusivo e aberto (que pode ter
desagradado alguns) com uma eventual possibilidade de retomada da história, que
não aconteceu.
(RR
– 10/02/25)