“Acredite em mim... morrer é
fácil! Viver é difícil.”
– diretor Eric
Hartman para a atriz Anne, sobre a encenação de sua cena de morte
Com um título sonoro e
chamativo, “A Casa dos Sete Mortos”
(The House of Seven Corpses, EUA, 1973) é aquele tipo de filme de Horror que
sempre desperta interesse, sobre uma mansão amaldiçoada com história trágica de
assassinatos e mortes brutais de uma família envolvida com mistérios e ocultismo.
Exibido por aqui na televisão
e disponível no Youtube tanto dublado quanto na versão original com opção de
legendas em português, a direção é de Paul Harrison em seu único filme e no
elenco temos pelos menos três nomes pesados que agregam grande valor por suas
carreiras significativas: John Ireland (dono de um currículo imenso e repleto
de filmes de Western), Faith Domergue (de preciosidades como “Guerra Entre
Planetas” e “O Monstro do Mar Revolto”, ambos de 1955) e principalmente o
lendário John Carradine (1906 / 1988), eternamente associado ao gênero e com
seu nome na galeria dos grandes atores do Horror e Ficção Científica,
principalmente nas produções de pequenos orçamentos.
Um filme de horror está sendo
realizado numa mansão (a tal casa do título) que foi palco de rituais satânicos
e mortes violentas da família Beal (enforcamento, afogamento, espancamento,
queda livre, etc). O rígido diretor Eric Hartman (John Ireland) está utilizando
a casa macabra para conseguir o máximo possível de realismo e atmosfera sombria
de um ambiente com história de assassinatos, tendo como consultor o estranho zelador
do local Edgar Price (John Carradine).
O pequeno elenco de seu filme
é formado pela atriz veterana Gayle Dorian (Faith Domergue), o alcoólatra Christopher
Millan (Charles Macaulay) e o casal formado por Anne (Carol Wells) e David
(Jerry Strickler). Já a equipe de produção, também pequena, é formada pelos
técnicos Ron (Ron Foreman), Tommy (Larry Record) e Danny (Marty Hornstein).
Enquanto o filme é rodado e
acompanhamos as cenas de mortes dos personagens em rituais demoníacos e com uso
de punhal e sangue falsos, vemos também as várias turbulências nos bastidores
com as relações tensas entre o diretor e as equipes de atores e técnicos, além
dos avisos sinistros do zelador sobre a atmosfera sangrenta do lugar. Após um
livro maligno com feitiços e conjurações ser encontrado e com a recitação de
frases proibidas, um zumbi putrefato (Wells Bond) é despertado do túmulo de um
cemitério no jardim, e retorna dos mortos para uma nova carnificina na
mansão.
O filme tem alguns momentos
confusos envolvendo as ações do zelador e uma revelação sobre David, o
responsável por encontrar o livro dos mortos. Porém, independente desses furos
de roteiro que encontramos facilmente na maioria dos filmes similares, temos em
compensação as cenas com os elementos clássicos do horror, as sepulturas
envoltas em névoa espessa, o zumbi podre caminhando lentamente atrás de suas
vítimas e as várias mortes (que são mais sugeridas e ocorrem fora de cena).
Vale mencionar que “A Casa dos
Sete Mortos” tem uma história curiosa utilizando metalinguagem com um filme
dentro de outro filme. Essa ideia já foi utilizada outras vezes como em “O
Castelo de Frankenstein” (Frankenstein 1970), uma produção de baixo orçamento
de 1958 com Boris Kaloff, sobre uma equipe de TV fazendo um filme no castelo do
cientista que cria um monstro a partir de restos de cadáveres.
Outra curiosidade é a
homenagem para Vincent Price, mestre lendário do Horror, no sobrenome do
personagem de John Carradine, e num comentário sarcástico de Gayle Dorian
associando o comportamento misterioso de Edgar Price com o do famoso ator de “O
Abominável Dr. Phibes” e dezenas de outras preciosidades do cinema fantástico.
Aliás, o nome Edgar é também uma homenagem ao icônico escritor Edgar Allan Poe,
um dos grandes mestres da literatura de Horror de todos os tempos.
(RR
– 04/02/25)