
Quando temos reunidos num mesmo filme o
astro Vincent Price, o diretor e produtor Roger Corman, o roteirista Richard
Matheson e o escritor Edgar Allan Poe, um verdadeiro “Quarteto Fantástico” do
Horror, o resultado é o divertido clássico “A Casa de Usher” (House of Usher,
1960), também conhecido no Brasil como “O Solar Maldito”.
Produzido pela nostálgica “American
International”, de James H. Nicholson e Samuel Z. Arkoff, o filme é o primeiro
do famoso ciclo de adaptações que Roger Corman fez de histórias de Edgar Allan
Poe, e nesse caso explorando o conto “A Queda da Casa de Usher” (The Fall of
House of Usher), publicado em 1839.
O jovem Philip Winthrop (Mark Damon) é
apaixonado por Madeline Usher (Myrna Fahey), que conheceu em Boston e que está
agora morando na lúgubre mansão da família, numa região inóspita, com o
misterioso irmão Roderick (Vincent Price). Ele chega após longa viagem até o
antigo casarão à procura de sua amada, com a intenção de levá-la para se casar,
mas é mal recebido por Roderick, que insiste para que o rapaz vá embora,
alegando que sua irmã e ele próprio sofrem de uma terrível maldição familiar
que os levará à morte em
breve. A família Usher é conhecida por uma história de
selvagens degradações, e a mansão onde eles vivem, sempre envolta numa névoa
sinistra, rodeada de um lago profundo de águas fétidas e cercada de árvores
mortas e fantasmagóricas, possui uma essência maligna que influencia seus
moradores. A casa tem enormes rachaduras nas paredes seculares e está em
contante tremor como se ruísse a qualquer momento. Porém, o jovem Winthrop não
se convence que Madeline esteja doente, não dá credibilidade às palavras de
Roderick e insiste em levá-la da casa, criando um grande conflito na já
amaldiçoada família Usher.
“A Casa de Usher” é um dos melhores filmes
de horror da cultuada carreira do rei do cinema “B” Roger Corman, na grande
parceria que fez com o lendário ator Vincent Price, explorando um clima
constante de profunda melancolia de uma família amaldiçoada por um passado de
crimes. Roderick sofre com uma acentuada sensibilidade dos sentidos, onde a
existência de quaisquer ruídos podem se transformar em tormentos para seu
cérebro. Já a bela Madeline, aparentemente saudável, enfrenta problemas graves
com catalepsia, um tema recorrente na literatura sombria de Poe, que era
obcecado pelo horror agonizante de alguém sendo enterrado vivo. O destaque do
pequeno elenco, que ainda conta com um inevitável mordomo, Bristol (Harry
Ellerbe), não poderia deixar de ser o ícone Vincent Price (falecido em 1993), que
como sempre, esbanja talento ao interpretar um personagem simultaneamente aristocrático
e terrivelmente sinistro. Um dos destaques certamente é a sequência do pesadelo
do jovem Philip Winthrop, toda filmada numa atmosfera onírica macabra memorável.
A série de filmes de Roger Corman da década
de 1960 com histórias baseadas na obra macabra de Edgar Allan Poe, é formada ainda
por “A Mansão do Terror” (1961), inspirado em “O Poço e o Pêndulo”; “Obsessão
Macabra” (1962), do conto “Enterrado Vivo” e com elenco liderado pelo brilhante
Ray Milland; “Muralhas do Pavor” (1962), antologia dos contos “Morella”, “O
Gato Preto” e “O Caso do Sr. Valdemar”; “O Corvo” (1963); “O Castelo Assombrado”
(1963); “A Orgia da Morte” (1964), do conto “A Máscara da Morte Rubra”; e “O Túmulo
Sinistro” (1964), baseado na história “Ligeia”, sendo a maioria estrelada por
Vincent Price.
“A Casa de Usher” foi lançado em DVD em 03/11/13 pela
Coleção Folha “Grandes Livros no Cinema” número 13, junto com um livro de capa
dura e leitura rápida em 64 páginas, trazendo diversas informações,
curiosidades e análises críticas do filme e do conto de Poe. Como material extra do DVD, temos a versão
francesa muda em preto e branco de 1928, originalmente intitulada “La chute de
la maison Usher”, dirigida por Jean Epstein.
“A Casa de Usher” (House of Usher, EUA,
1960) # 550 – data: 21/03/10
(postado em 21/03/10)
(postado em 21/03/10)