A Revolta dos Zumbis (Revolt of the Zombies, EUA, 1936)


A Revolta dos Zumbis” (Revolt of the Zombies, 1936) é um filme em preto e branco com apenas 65 minutos de duração, e produção de baixo orçamento dos irmãos Halperin (Victor Halperin foi o diretor e Edward Halperin o produtor). As atuações do elenco são teatrais, algo típico do período, e o argumento básico esbarra no gênero fantástico, explorando assuntos como magia negra e ocultismo que são utilizados inadvertidamente para manipular a mente das pessoas, transformando-as em escravos zumbis. Ao dono do conhecimento do segredo proibido, é conferido o poder incomensurável de se criar um exército de soldados zumbis capazes de conquistar o mundo.
Durante a Primeira Guerra Mundial, uma expedição formada por representantes de várias nações imperialistas vai até um pequeno país oriental à procura de um perigoso segredo ancestral capaz de transformar pessoas em zumbis. O tradutor de idiomas antigos Armand Louque (Dean Jagger) foi quem descobriu a fórmula secreta. E por estar apaixonado por um amor não correspondido da bela Claire (Dorothy Stone), filha do General Duval (George Cleveland), que na verdade ama o inglês Clifford Grayson (Robert Nolan), Louque decide manipular todos à sua volta, criando uma legião de zumbis ao seu dispor. Mas, como na maioria dos filmes da época, e parar agradar ao grande público, um desfecho punitivo está reservado ao vilão.
Lançado em DVD no Brasil, o filme tem um título sonoro, mas a narrativa é lenta demais, com um roteiro sem ousadia e totalmente previsível, dificultando uma empatia com o espectador. É considerado um dos precursores dos filmes de zumbis, assim como também seu antecessor “Zumbi Branco” (White Zombie, 1932), com o eterno “Drácula” Bela Lugosi, e igualmente produzido pelos irmãos Halperin, apresentando zumbis bem diferentes dos agressivos comedores de carne humana, que foram introduzidos magnificamente pelo mestre George Romero no clássico “A Noite dos Mortos-Vivos” (Night of the Living Dead, 1968), influenciando uma infinidade de filmes seguintes. Em “A Revolta dos Zumbis” as pessoas são enfeitiçadas por magia negra, que perdem o auto-controle transformando-se em escravos obedientes sem consciência. Apesar dos defeitos, vale a pena conhecer um filme antigo que apresentou uma história de zumbis há 75 anos atrás.
Curiosamente e de forma não creditada, as várias cenas onde aparecem os olhos manipuladores do poder oculto sobre os zumbis são de Bela Lugosi, retirados de “Zumbi Branco”.

“A Revolta dos Zumbis” (Revolt of the Zombies, EUA, 1936) # 546 – data: 16/02/10
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O Lobisomem (The Wolfman, EUA / Inglaterra, 2010)


Um ator de teatro em excursão pela Inglaterra, Lawrence Talbot (Benicio del Toro), recebe uma carta da bela Gwen Conliffe (Emily Blunt), noiva de seu irmão, que está desaparecido há vários dias, solicitando sua ajuda para encontrar seu paradeiro. Chegando à mansão onde passou uma infância turbulenta com a tragédia da morte de sua mãe, Lawrence reencontra o pai, Sir John Talbot (Anthony Hopkins), e descobre que o cadáver de seu irmão fôra encontrado na floresta dilacerado por uma fera. Decidido a descobrir o que realmente aconteceu, ele entra em contato com uma lenda terrível sobre um lobisomem que está atacando os aldeões, enquanto paralelamente um inspetor da “Scotland Yard”, Aberline (Hugo Weaving), é enviado para investigar o mistério.
Remake do clássico de 1941, com Lon Chaney Jr., Bela Lugosi e Claude Rains, a nova versão de “O Lobisomem” (The Wolfman, 2010), em tempos modernos de tecnologia digital, acertou na homenagem ao filme original, com uma bela recriação da Inglaterra do final do século XIX, procurando resgatar aquele clima sombrio característico dos próprios filmes da “Universal” das décadas de 30 e 40 e até das produções coloridas da “Hammer” dos anos 60, com mansões góticas esquecidas pelo tempo, florestas fantasmagóricas, uma família amaldiçoada por uma tragédia, aldeões revoltados e inquisidores sedentos por vingança, entre outros detalhes típicos dos filmes de horror desse período.
Mas, por outro lado, o excesso de liberdade de criação artística, contribuiu para afastar o remake do original, podendo até funcionar para aqueles que não conhecem o filme de 1941, e desapontando um pouco os fãs do clássico do passado com Lon Chaney Jr. Alguns exemplos que justificam essa idéia: a mudança radical das características de Sir John Talbot, dono de um segredo inexistente no original; as presenças significativas para a condução da história do remake, tanto da noiva do irmão de Lawrence Talbot como do inspetor Aberline, e ambos descartados no filme de 1941; a não utilização do bastão com a ponta de prata, objeto fundamental no clássico, e dispensado na refilmagem; o confronto forçado e deslocado entre pai e filho, em condições bastante selvagens (maiores informações sobre essa cena em particular seria um “spoiler”), num arranjo do roteiro tipicamente “hollywoodiano” e totalmente dispensável; e entre outras coisas mais, o desfecho previsível e até patético envolvendo a criatura e sua “amada”.
Por outro lado, analisando “O Lobisomem” de 2010 como um filme independente de horror explorando o mito da licantropia e seus efeitos devastadores para o portador da maldição da lua cheia, temos um lobisomem predator e extremamente violento em ótimas cenas de ação e horror sangrento como no tribunal inquisitório da junta médica tentando explicar cientificamente a “doença” de Lawrence Talbot, e no massacre do acampamento cigano.

“O Lobisomem” (The Wolfman, EUA / Inglaterra, 2010) # 545 – data: 16/02/10
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A Noite do Lobo (Moon of the Wolf, EUA, 1972)



Lançado em DVD no Brasil, “A Noite do Lobo” (Moon of the Wolf, 1972), conta a história típica de uma pequena cidade do interior dos Estados Unidos, onde um xerife caipira, Aaron Whitaker (David Janssen), investiga o brutal assassinato de uma jovem, supostamente atacada por cães selvagens. Porém, sua linha de investigação o leva para uma descoberta bem pior.
É uma produção diretamente para a televisão, com um elenco formado por David Janssen, o eterno “fugitivo” Dr. Richard Kimble da série de TV “O Fugitivo” (The Fugitive, 1963 / 67), Bradford Dillman (de “A Fuga do Planeta dos Macacos” e do episódio baseado em H. P. Lovecraft “O Modelo de Pickman”, da série de TV “Galeria do Terror”), e o veterano Royal Dano, um rosto conhecido por uma infinidade de papéis coadjuvantes, numa vasta carreira com quase 180 participações em séries e filmes.
Embora o roteiro de “A Noite do Lobo” seja bem previsível, uma vez que adivinhamos a identidade do assassino com muita antecedência, o espectador é convidado a acompanhar a investigação policial do xerife Whitaker para a solução do mistério, abordando a sempre interessante temática do mito do lobisomem. As cenas de horror nos ataques da fera são sutis e a maquiagem do homem transformado em lobo é simples, mas ainda assim o filme garante alguma diversão rápida em cerca de 75 minutos, principalmente pela honestidade em contar uma história clichê e despretensiosa.

“A Noite do Lobo” (Moon of the Wolf, EUA, 1972) # 544 – data: 16/02/10
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Teenage Zombies (EUA, 1959)


Quando o assunto é cinema bagaceiro de horror e ficção científica, uma das maiores tranqueiras que já tive a oportunidade de assistir é o americano “Teenage Zombies” (1959), em preto e branco, e com produção e direção de Jerry Warren, que também assinou o roteiro sob o pseudônimo de Jaques Lecotier.
Lançado no Brasil em DVD pela “Revista Digital Showtime Clássicos”, na coletânea “Lobisomens, Vampiros e Zumbis – Volume 1”, “Teenage Zombies” é aquele tipo de filme extremamente mal feito de forma não intencional, que de tão ruim acaba sendo divertido. O espectador que está acompanhando a história (ridícula e cheia de clichês), fica tão estarrecido com a atuação péssima dos atores, com os diálogos absurdamente ingênuos e artificiais, com a falta de suspense e tensão nas cenas que deveriam enfatizar situações de horror, com a inexistência de qualquer tipo de empatia com os personagens (um grupo de adolescentes acéfalos), com a total escassez de recursos de uma produção paupérrima, entre outras coisas, que passa a sentir vontade de saber o que vai acontecer até o final do filme, conferindo de perto o tamanho colossal da ruindade do conjunto da obra. Esse é o fascínio que o cinema verdadeiramente “trash” (ruim não proposital) exerce sobre o público.
Um grupo de adolescentes americanos desmiolados, Reg (Don Sullivan), Skip (Paul Pepper), e suas namoradas Julie (Mitzie Albertson) e Pam (Bri Murphy), decidem fazer um passeio de barco para esquiar. Porém, eles encontram uma ilha onde desembarcam e conhecem uma misteriosa mulher, Dra. Myra (Katherine Victor), e seu assistente troglodita mudo Ivan (Chuck Niles, não creditado). Ela é uma cientista sinistra envolvida num projeto secreto da guerra fria que tem como objetivo transformar as pessoas em zumbis obedientes e escravos, através de experiências com um produto químico que contaminaria o sistema de distribuição de água nos Estados Unidos. Mas, um outro casal de adolescentes igualmente acéfalos, Morrie (Jay Hawk) e Dotty (Nan Green), ao investigar o sumiço dos amigos, também chega à ilha atrapalhando os planos da cientista e seus comparsas.
Entre as curiosidades observadas ao ver o filme está a insistência do cinema americano dos anos 50 e 60 do século passado em utilizar a Argentina e sua capital Buenos Aires como o representante da América do Sul (em determinado momento, essa citação ocorre ao falar da atuação de um espião internacional da organização secreta que quer dominar seus inimigos), porém, atualmente esse posto passou para o Brasil, que regularmente é o escolhido quando o assunto é América do Sul. Outro fato curioso é o roteiro novamente explorar um argumento dentro do universo ficional da tensão proveniente da guerra fria entre os Estados Unidos e os países comunistas do leste europeu, com um tradicional “cientista louco” (nesse caso, uma mulher) e suas experiências para conquistar o mundo. Também não posso deixar de registrar que os adolescentes do passado igualmente eram desprovidos de cérebro, como todos os jovens na maioria dos filmes de horror e ficção científica, mas apesar dos diálogos banais e ingênuos em excesso, eles ainda assim são melhores que seus similares atuais (de 50 anos depois), principalmente aqueles imbecis dos “slashers”, que sempre merecem morrer nos filmes das maneiras mais dolorosas.
Mais algumas bobagens encontradas em “Teenage Zombies” é a presença de um hilário gorila utilizado como cobaia nas experiências (interpretado por Mitch Evans, não creditado), o inacreditável e ridículo escritório do corrupto xerife local, e as cenas de lutas tão mal coreografadas que nos incitam ao riso involuntário. Sem contar que um filme que tem “zombies” no título não poderia mostrar somente alguns pouquíssimos zumbis numa cena ultra rápida, e não apresentar nem ao menos uma gotinha de sangue.
Enfim, uma porcaria descomunal que de tão ruim vale até a pena conhecer (é curto, apenas 73 minutos). E encerro esse texto reproduzindo a chamada forçada que os responsáveis pelo DVD nacional colocaram na contra capa para anunciar o filme: “... Intriga política e dominação zumbi serão as palavras chaves para entender este super clássico zumbi-cult”.

“Teenage Zombies” (EUA, 1959) # 543 – data: 14/02/10
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