“Você é louco, completamente insano!” – Jerrie Turner
“Não, minha querida. Você está enganada. São apenas os sem imaginação que
não conseguem acreditar que o Homem é capaz de melhorar nossa natureza.” – Coronel
Karl Osler
Uma
lancha turística enfrenta uma forte tempestade em alto mar e obriga seus
passageiros a desembarcar numa ilha. O passeio foi financiado por um rico
empresário do ramo de Eletrônica e os quatro sobreviventes náufragos são a
jovem Jerri Turner (Irish McCalla), filha do empresário, o responsável pelo
barco Fred Maklin (Tod Griffin) e seus ajudantes Sammy Ching (Victor Sen Yung)
e Kris Kamana (Charles Opunui).
Após
encontrarem uma mulher morta na praia com o rosto desfigurado e ouvirem sons de
tambores, eles decidem explorar o interior da selva da ilha e encontram um
grupo de mulheres dançando ao redor de uma fogueira, sendo surpreendidos em
seguida por um grupo de soldados nazistas, liderados pelo carrasco Igor (Gene
Roth). Eles então são capturados e apresentados ao “cientista louco” Coronel
Karl Osler (Rudolph Anders), que é o chefe de uma base subterrânea com um
laboratório sinistro. Ele trabalha com experiências envolvendo radiação atômica,
genes de animais e a energia do calor de lavas vulcânicas do subsolo da ilha.
Depois
de um acidente trágico com queimaduras no rosto de sua assistente e esposa Mona
(Leni Tana), o cientista alemão passou a trabalhar em experiências para
regenerar a pele humana curando feridas e cicatrizes, utilizando como cobaias
outras belas mulheres nativas, que se transformavam nas criaturas do título,
animalescas e com os rostos severamente deformados com olhos esbugalhados,
peles enrugadas e enormes dentes tortos.
Enquanto
a ilha é bombardeada pelos Estados Unidos num exercício militar destruindo a
base subterrânea e liberando lava vulcânica, os náufragos Fred, Jerrie e Sammy
tentam voltar à civilização fugindo da perseguição dos soldados nazistas e do
cientista maluco com suas criaturas deformadas.
“Mulheres
Demônio” é curto com apenas 77 minutos de duração, e assim como os outros
filmes do mesmo diretor citados no início desse texto, é mais um filme
bagaceiro que diverte pelos efeitos práticos toscos, as maquiagens das mulheres
com rostos disformes e os equipamentos bizarros do laboratório, cheios de luzes
piscando e mostradores analógicos, além da história mirabolante misturando
naufrágio, tempestade, ilha selvagem, lava vulcânica, testes de bombas,
nazistas, base secreta subterrânea, e “cientista louco” com suas experiências
extravagantes utilizando radioatividade.
Um dos
destaques é a atuação exagerada do ator alemão Rudolph Anders (1895 / 1987),
que também esteve em outras bagaceiras preciosas como “Fantasma do Espaço”
(1953), “O Terror do Himalaia” (1954) e “O Castelo de Frankenstein” (1958). Sua
performance como o “cientista louco” reserva os melhores momentos do filme, com
seus discursos carregados de sarcasmo e sempre com um sorriso diabólico.
Não é
um filme para se levar a sério, e sim apenas se divertir com a precariedade da
produção. Exceto por Rudolph Anders, as interpretações do elenco são ruins e o
roteiro com diálogos banais também não ajuda. A mocinha Jerrie Turner muda de
personalidade, inicialmente mimada, arrogante e fútil, passando para corajosa e
simpática com o herói Fred, formando o previsível casal no desfecho, seguindo
um clichê tradicional em filmes similares. Assim como também não poderia faltar
algumas eventuais piadas como alívio cômico, que não funcionam e aqui ficaram a
cargo de Sammy Ching.
Apesar
do roteiro ser raso e cheio de falhas, ainda cumpre seu propósito de
entretenimento escapista de filme bagaceiro de horror e ficção científica do
período após a Segunda Guerra Mundial, explorando a utilização da energia
nuclear com seus poderes desconhecidos e perigosos para a humanidade.
“Srta. Turner, em algum momento suas feições se transformarão em um ser
deformado com as características de um animal. Em alguns dias você estará
normal novamente, mas infelizmente nunca se lembrará de quem você é. Pelo resto
de sua vida você viverá sem identidade.” – “cientista louco” Coronel Karl Osler
(RR – 19/08/25)