"Maldição sobre o assassino que estes olhos viram. Amaldiçoado seja Barney Chavez. Ele vai ser como um animal que caçará na selva. A selva irá caçá-lo até a morte.”
Disponível
no “Youtube” com opção de legendas em português, “A Noiva do Gorila” (Bride of the Gorilla, EUA, 1951) é uma produção
de baixo orçamento com fotografia em preto e branco, direção e roteiro de Curt
Siodmak, e história explorando o sempre interessante tema de “homens
transformados em monstros”. Nesse caso, em vez das ações de um “cientista
louco” com suas experiências bizarras, temos uma maldição e plantas
alucinógenas influenciando a vítima que se “transformou” num demônio da selva
com características de gorila.
Uma
plantação de borracha nas selvas quentes da América do Sul é de propriedade de Klaas Van Gelder (Paul Cavanagh), que vive num casarão
com sua bela esposa Dina (Barbara Payton). Porém, uma crise conjugal está
afetando o casamento e Dina recebe o apoio do amigo e médico da família, Dr.
Viet (Tom Conway).
O gerente da
plantação e líder dos trabalhadores nativos é Barney Chavez (Raymond Burr), que
é dispensado por seu desempenho insatisfatório na função e pelo interesse amoroso
indevido pela esposa do patrão. Após uma discussão entre Chavez e Van Gelder,
este último tem uma morte trágica ao ser picado por uma cobra venenosa, deixando
o caminho para o rival se casar com Dina.
Mas,
uma empregada da casa, a feiticeira veterana Al-Long (Gisela Werbiseck), ao testemunhar
o crime, decide se vingar de Chavez com uma maldição e um envenenamento com ervas
alucinógenas, fazendo Chavez se “transformar num monstro”, uma criatura
demoníaca mítica conhecida pelos nativos como “Sukara”, parecida com um imenso
gorila (com o ator Steve Calvert, não creditado, vestindo o traje de roupa
peluda). A partir daí Chavez começa a desenvolver um interesse especial em explorar
a selva noturna, espalhando medo nos nativos e morte entre animais nos
arredores, despertando a atenção da polícia local através da investigação do
Comissário Taro (Lon Chaney Jr.), que desconfia da morte suspeita de Van Gelder
e a relação com os rumores de uma criatura maligna apavorando a região durante
a noite.
Curto com apenas 70 minutos de duração e filmado em 7 dias, os
realizadores de “A Noiva do Gorila” não foram muito felizes na escolha do
título oportunista, próprio para chamar a atenção do público na época, com a
mocinha se apaixonando por um homem que se transforma num monstro parecido com
grande macaco, tanto que utilizaram aquela típica campanha promocional com uma
foto de um gorila segurando uma bela mulher desacordada nos braços.
Lon Chaney Jr., o eterno lobisomem da produtora “Universal” e ator
reconhecido numa infinidade de filmes de horror, sempre é uma atração à parte
que agrega valor ao filme, mas aqui ele parece meio deslocado no papel de um
policial que investiga a maldição vingativa que recaiu sobre um homem
atormentado por alucinações e loucura progressiva. O ator é normalmente mais
reconhecido pelos papéis de monstros e vilões.
O roteirista e diretor alemão Curt Siodmak tem seu nome associado
ao cinema fantástico com várias contribuições em filmes divertidos, seja no
roteiro ou mesmo direção, como “O Lobisomem” (1941), “Frankenstein Encontra o
Lobisomem” (1943), “O Filho de Drácula” (1943), “A Mansão de Frankenstein”
(1944), “O Monstro Magnético” (1953), “Curuçu, o Terror do Amazonas” (1956),
entre outros.
(RR – 14/08/25)