Invasão do Centro da Terra (Invasion From Inner Earth, EUA, 1974)

 


“Eles esperaram milhões de anos por esse momento!”

 

O diretor Bill Rebane, nascido em 1937 na Letônia, possui uma filmografia com várias tranqueiras de horror e ficção científica, como “Monster a Go-Go” (1965), “A Invasão das Aranhas Gigantes” (1975), “The Alpha Incident” (1978), “The Capture of Bigfoot” (1979), “Rana: The Legend of Shadow Lake” (1980), “The Demons of Ludlow” (1983), “The Game” (1984) e “Colheita Sangrenta” (1987), todos produzidos com orçamentos pequenos.

Em 1974 foi lançada outra bagaceira de seu currículo, dessa vez utilizando apenas o pseudônimo “Ito”, e que aqui no Brasil recebeu o título “Invasão do Centro da Terra” (Invasion From Inner Earth). O filme foi exibido na televisão, onde tive a oportunidade de ver dublado em alguma sessão perdida na madrugada, e que também está agora disponível no “Youtube” com opção de legendas em português geradas automaticamente. O roteiro foi escrito pela esposa do diretor, Barbara J. Rebane (falecida em 2014), em parceria com Paul Bentzen (também um dos atores do filme) e Candance Howell.

 

Um grupo de quatro pilotos de aviões pequenos fica isolado numa cabana localizada numa floresta gelada e remota no interior do Canadá. Jake (Nick Holt), Andy (Robert Arkens), Eric (Karl Wallace) e Stan (Paul Bentzen) se juntam na cabana com a irmã de Jake, Sarah (Debbi Pick), e ficam sabendo através de informações de rádio que estranhos e trágicos fenômenos estão ocorrendo ao redor do mundo, com quedas de aviões e relatos de uma praga infecciosa mortal dizimando as pessoas, gerando histeria e caos na luta pela sobrevivência.

Enquanto o mundo está entrando em colapso, surgem luzes vermelhas misteriosas no céu e bombas com fumaças também vermelhas e verdes infestando as cidades, além de discos voadores que sugerem uma invasão alienígena hostil, conforme também especulações de Stan, o jovem do grupo mais interessado em ciência, com suas teorias mirabolantes sobre Marte e o centro da Terra.

Uma vez desorientados e vítimas de um sentimento desconfortável de claustrofobia ao estarem confinados numa cabana isolada num cenário de apocalipse, os jovens decidem tentar algum contato externo e se aventuram pela floresta na esperança de encontrar mais pessoas vivas ou algum refúgio seguro.

 

“Invasão do Centro da Terra” tem aproximadamente uma hora e meia de duração com uma história que não sustenta o interesse para todo esse tempo de projeção, podendo ser reduzido em pelo menos uns vinte minutos para compensar o ritmo lento e falta de ação. As cenas com as naves espaciais dos invasores e as populações correndo em desespero fugindo da morte são poucas e muita rápidas, com a história focando mais no grupo preso na cabana. Isso não seria um problema desde que tivéssemos uma exploração melhor do drama do isolamento do grupo de cinco pessoas, enquanto o mundo externo está morrendo numa invasão. Porém, o filme não conseguiu transmitir esse sentimento depressivo entregando apenas vários momentos entediantes e arrastados, com um desfecho bizarro e extravagante que não deve ter agradado a grande maioria do público corajoso que conseguiu chegar até o final.

Mesmo sendo clichê, a história tinha um grande potencial para evidenciar o desconforto na descoberta repentina da extinção da humanidade no planeta em caos enfrentando uma invasão hostil de outra raça conquistadora. Mas, os realizadores não conseguiram transformar essa oportunidade num filme instigante e perturbador, a despeito dos poucos recursos da produção.

 

Talvez, em compensação para os apreciadores do cinema bagaceiro com elementos de ficção científica e horror, e a favor de um pouco de diversão, temos alguns discos voadores que devem ser lembrados entre os mais fuleiros da história do gênero, toscos ao extremo e hilários de tão patéticos.

Uma curiosidade nesse filme obscuro é a citação de Buenos Aires e Argentina quando a ideia é mencionar algum local na América do Sul para ilustrar a confusão ao redor do mundo devido à invasão alienígena, em vez de escolher algum lugar no Brasil. Dessa vez perdemos para o país vizinho.  

 

(RR – 07/08/25)