“La Bambola di Satana” é um filme italiano de 1969, menos
conhecido e mais obscuro, também identificado pelo título internacional “The
Doll of Satan”. Disponível no “Youtube” com áudio original italiano e opção
de legendas em português, foi dirigido por Ferruccio Casapinta (em seu único
trabalho), e sua história mistura elementos de horror atmosférico de um castelo
gótico e o tradicional “giallo” com mortes misteriosas cometidas por um
assassino com luvas pretas.
A jovem Elizabeth Ball Janon (Erna Schurer) é a única herdeira de
um castelo sinistro, após a morte de seu tio. Junto com o noivo, o jornalista
Jack Seaton (Roland Carey), e um casal de amigos, Gérard (Giorgio Gennari) e
Blanche (Beverly Fuller), eles vão para o castelo, que é administrado pela
governanta Srta. Carol (Lucia Bomez), com a ajuda de alguns empregados como o
mordomo Edward (Manlio Salvatori) e o jardineiro Andrea (Eugenio Galadini).
Ao chegarem, são logo informados de um suposto desejo do tio
falecido em vender o castelo, com o interesse de compra por um rico vizinho,
Paul Reno (Ettore Ribotta), em oposição ao que diz o veterano advogado da
família Sr. Shinton (Domenico Ravenna), já gerando um clima desconfortável de
indecisão com a herdeira.
O destino do castelo é motivo também de curiosidade para as
pessoas do vilarejo próximo como a misteriosa pintora de quadros Claudine
(Aurora Batista) e o intrometido Sr. Cordova (Franco Daddi), ambos sempre
atentos por informações e novidades.
E a atmosfera vai ficando cada vez mais sinistra para Elizabeth,
que sofre com pesadelos e alucinações constantes, após visitar os subterrâneos
do castelo e uma câmara de torturas repleta de armas medievais, e depois de
saber sobre uma história bizarra da lenda do fantasma de um antepassado
assombrando o castelo em busca de sua antiga amada de mesmo nome que ela. Além
de todas essas turbulências, as coisas pioram ainda mais após Elizabeth entrar
em contato com Jeanette (Teresa Ronchi), que era a fiel secretária de seu tio, e
que agora está doente, muda, decrépita e paralítica, considerada louca e
mantida trancafiada num quarto.
Com a ocorrência de desaparecimentos misteriosos, estranhos sonhos
eróticos e alucinações perturbadoras de torturas, Elizabeth precisa lidar com o
tormento de uma confusão mental e uma conspiração para vender o castelo e
desestabilizar sua sanidade.
O cinema fantástico italiano é bastante conhecido e expressivo pela
bem sucedida exploração da atmosfera do horror gótico e do suspense dos
assassinatos característicos dos “giallos”. Como mencionado no início desse
texto, “The Doll of Satan” é uma mistura de ambos. A história especula sobre
supostos eventos sobrenaturais e o interesse obscuro na venda do castelo, que
esconde um segredo rentável em seus porões.
Porém, principalmente para os apreciadores do horror atmosférico,
o filme perde muitas oportunidades para um clima mais perturbador e
desconfortável que o castelo naturalmente sinistro oferece. A cena de tortura,
que estampa um dos cartazes numa jogada de marketing para atrair a atenção,
deveria ser melhor explorada, com mais tempo em cena e importância na história,
em vez de ser apenas um momento rápido. Os elementos de “giallo” também são
muito sutis, com mortes discretas e sem sangue. E a reviravolta com revelações previsíveis
provavelmente não irá agradar a maioria dos espectadores que esperavam uma
história de fantasmas num castelo assombrado.
Entre outras falhas, algo que também incomoda é a alternância
constante de tomadas diurnas e noturnas na mesma cena, demonstrando incoerência
e descaso com o espectador, além do fato do casal de amigos de Elizabeth, seus
acompanhantes no castelo, não terem nenhuma relevância para a trama, esquecidos
na maior parte do tempo pelo roteiro.
(RR – 05/11/24)