O Choque dos Planetas (I Diafanoidi Vengono da Marte / The War of the Planets, Itália, 1966)


"O Universo é infinito e eterno. Quem pode dizer quando tudo começou? Com o advento das viagens espaciais, a nossa pequena Terra conquistou uma dimensão maior, o Homem se expõe a novos elementos, totalmente dominado por uma inteligência alienígena. É véspera de ano novo. D.U.U. (Democracias Unidas do Universo) enviou diversas estações ao Cosmos. Porém, as estações Alfa 1, Alfa 2, Delta 2 e Gama 1 deparam-se repentinamente com o indefinível, ameaçadas por um poder imaterial, os Diafanoides.”

 

O cinema fantástico italiano, principalmente nos anos 60 do século passado, tem significativa importância no gênero, tanto o cultuado ciclo de horror gótico quanto os filmes bagaceiros de ficção científica com efeitos práticos e sem computação gráfica.

O diretor Antonio Margueriti (1930 / 2002), utilizando principalmente o pseudônimo Anthony Dawson, contribuiu com vários filmes nessas temáticas como “A Mansão do Homem Sem Alma” (1963) e “Dança Macabra” (1964) no horror gótico, e “Destino: Espaço Sideral” (1960) e “O Planetas dos Desaparecidos” (1961) na FC de baixo orçamento.

É dele também “O Choque dos Planetas” (The War of the Planets / I Diafanoidi Vengono da Marte, 1966), que faz parte de uma série de filmes com a estação espacial Gama 1, sendo o segundo de uma quadrilogia, seguindo “Esse Bravo, Selvagem e Violento Mundo” (“Wild, Wild Planet” AKA “I Criminali della Galassia”, 1966), com os mesmos personagens e elenco principal, e sendo seguido por “War Between the Planets” AKA “Il Pianeta Errante” (1966) e “Snow Devils” AKA “La Morte Viene dal Pianeta Aytin” (1967), com outros personagens e atores diferentes.

 

Com roteiro de Ivan Reiner e Renato Moretti, a história é ambientada no século 21, e conforme a introdução narrada e reproduzida no início desse texto, a humanidade domina as viagens espaciais e possui várias estações e postos avançados orbitando a Terra.

Porém, na véspera de passagem para um ano novo, todos foram surpreendidos em meio às festas e comemorações por um ataque de uma raça alienígena imaterial, os “diafanoides”. Eles se estabeleceram numa base em Marte (daí o título original italiano), e se manifestam na forma de luzes verdes brilhantes e nuvens de fumaças, se apossando dos corpos dos humanos nas diversas estações espaciais. Através de lavagem cerebral que os transforma em criaturas submissas e isentas de sentimentos e emoções para servir “o todo”, uma consciência coletiva única que descarta as pessoas consideradas fracas ou incapazes de agregar.

As ações são concentradas na estação “Gama 1”, liderada pelo Comandante Mike Halstead (Tony Russel), que tem uma equipe formada pela namorada, a bela Tenente Connie Gomez (Lisa Gastoni), além dos Tenentes Jake Jacowitz (Franco Nero) e Ken (Carlo Giustini). Eles, com a ajuda do General Maitland (Umberto Raho) e do General Halstead (Enzo Fiermonte), pai do Comandante da estação, tentam juntos combater os alienígenas, impedindo que os invasores cheguem à Terra.

 

“O Choque dos Planetas” tem uma história clichê de invasão alienígena com uma crítica social no estilo de “Invasores de Corpos” (1956), com as pessoas transformadas em zumbis eliminando as emoções. O que garante mesmo a diversão são todos os elementos característicos dos filmes de FC bagaceiros produzidos com orçamentos reduzidos. Pois a qualidade técnica é infinitamente inferior numa comparação por exemplo com “2001: Uma Odisseia no Espaço”, lançado apenas dois anos depois.

O entretenimento fica por conta dos efeitos e trucagens precários realizados com maquetes, miniaturas, carros, naves e foguetes espaciais toscos, além de cenários coloridos exagerados simulando ambientes futuristas, trajes espaciais prateados e salas de controle cheias de painéis enormes com botões e luzes piscando. Tudo bem longe do CGI de dezenas de anos mais tarde, cuja artificialidade muitas vezes elimina a magia dos efeitos práticos.

O elenco é muito grande, com um excesso de personagens sem importância, dificultando às vezes o reconhecimento e conexão com o espectador, que concentra a atenção na tripulação principal da estação Gama 1. O ator italiano Franco Nero é bastante reconhecido por seus filmes de western, especialmente como o personagem Django no filme homônimo de 1966.    

O filme está disponível no “Youtube” com uma versão dublada em português.

 

"Morte às emoções que geram o ódio, a agonia e a vingança, a luxúria que vicia o Homem. Que prevaleça a serenidade do pensamento, com a unidade espiritual que movimenta o Universo. Nós somos parte do mundo.” – Diafanoides

 

(RR – 16/11/22)