A Última Mulher Sobre a Terra (The Last Woman on Earth, EUA, 1960, PB)


São tantos filmes bagaceiros de Horror & Ficção Científica na carreira do “Rei dos Filmes B” Roger Corman, que é uma tarefa difícil acompanhar e fazer um trabalho de catalogação e pesquisa de seu currículo. Os anos 50 e 60 do século passado foram muito produtivos para o cinema de gênero com orçamentos reduzidos e histórias exageradas no escapismo e especulação. “A Última Mulher Sobre a Terra” (The Last Woman on Earth, 1960) tem fotografia original em preto e branco e também uma versão colorizada por computador (disponível com legendas em português no “Youtube”). É outro filme de produção paupérrima, que explora um evento apocalíptico repentino com as pessoas morrendo misteriosamente, restando para um pequeno grupo de sobreviventes a árdua missão de encarar um novo mundo vazio.  

 

Na história temos um homem rico, Harold Gern (Antony Carbone), e sua bela esposa Evelyn (Betsy Jones-Moreland). Eles estão em férias numa ilha do Caribe, em Porto Rico, quando recebem a visita do advogado Martin Joyce (Edward Wain, que na verdade é o pseudônimo de Robert Towne, também roteirista do filme), que chega na ilha para tratar dos negócios meio obscuros de seu cliente. Aproveitando o momento de relaxamento e lugar paradisíaco, eles fazem um passeio de barco no mar e decidem mergulhar com tanques de oxigênio. Eles não imaginavam que isso salvaria suas vidas, pois ao retornarem à superfície encontram o capitão do iate misteriosamente morto.

E ao voltarem para a ilha, descobrem que todos na cidade estão mortos e especulam que as razões poderiam ser a falta temporária de oxigênio devido algum desastre natural ou explosão de bomba atômica (um medo constante daquele período de “guerra fria”). Agora, sozinhos na ilha, eles precisam lidar com os novos desafios de sobrevivência, além da inevitável tensão gerada entre os dois homens por causa da “última mulher sobre a Terra”, caso o apocalipse tenha dimensões globais. 

 

O filme é curto com apenas 71 minutos de duração, e não tem monstros toscos ou alienígenas hostis, investindo unicamente na história perturbadora do provável fim do mundo, com as dificuldades de adaptação em uma nova situação com a ausência das pessoas. Além também dos conflitos gerados entre os sobreviventes, num desconfortável sentimento de angústia com os dois homens disputando a atenção da única mulher num ambiente de desolação e desesperança.

 

Curiosamente, como Roger Corman estava em Porto Rico filmando outra bagaceira, “Criaturas do Fundo do Mar” (Creature From the Haunted Sea, 1961), e como sua especialidade é reaproveitar tudo que é possível para economizar nos custos de produção, ele utilizou as mesmas locações e elenco para fazer “A Última Mulher Sobre a Terra”.

Existem vários filmes que exploram esse tema de algum evento misterioso causando o sumiço das outras pessoas, deixando sozinhos alguns poucos sobreviventes. Na série de TV “Além da Imaginação” (1959 / 1964), um dos episódios mostra um homem que de repente se encontra isolado numa cidade, onde todos desapareceram, sem saber que era um teste para estudar seu comportamento quando estivesse isolado numa missão espacial. No filme “Terra Tranquila” (1985) um pequeno grupo de pessoas teve a sorte ou azar, dependendo do ponto de vista, de sobreviver após a ocorrência de uma anomalia misteriosa com um campo de energia que causou o desaparecimento da humanidade. “Mortos Que Matam” (The Last Man on Earth, 1964) com Vincent Price, é um filme baseado num livro de Richard Matheson, onde Price é um cientista que vive sozinho no mundo, o último homem sobre a Terra, após uma epidemia dizimar a humanidade e criar uma raça de criaturas com características vampirescas.

 

(RR – 07/03/22)