The Astro-Zombies (EUA, 1968)

 


“Há um elemento básico na vida que não pode ser substituído, as emoções.”

– Dr. Petrovich

 

Dirigido, escrito e produzido pelo americano Ted V. Mikels (1929 / 2016), nome associado ao cinema bagaceiro de horror e ficção científica, “The Astro-Zombies” (1968) é uma daquelas tranqueiras tão ruins que justamente por isso até podem divertir os apreciadores do estilo. Para mim já vale a conferida só pela presença do ícone dos filmes de baixo orçamento John Carradine (1906 / 1988), que tem mais de três centenas de créditos na longa carreira, interpretando novamente um tradicional “cientista louco” em meio às experiências bizarras para o suposto bem da humanidade. E ainda tem as cenas de ataques sangrentos do zumbi psicopata do título.

 

Carradine é o Dr. DeMarco, um cientista vindo de Budapeste, no leste europeu, para trabalhar na Agência Espacial dos Estados Unidos. Porém, é demitido de suas funções devido ao trabalho obscuro na criação de seres artificiais com pedaços de cadáveres e transplantes de órgãos, chamados de “astro-man”. Eles poderiam ser controlados à distância através de transmissões de pensamento por ondas de rádio e com os conhecimentos gravados em circuitos impressos instalados no cérebro, agindo como zumbis e servindo para realizar operações perigosas no espaço na época da guerra fria, e por isso mesmo um projeto científico cobiçado por governos rivais dos americanos.

Uma criatura recebe o cérebro de um psicopata assassino e a partir daí mortes sangrentas de mulheres começam a ocorrer, chamando a atenção de membros da CIA, como o chefe Holman (Wendell Corey, em seu último filme) e os agentes secretos Eric Porter (Tom Pace) e Chuck Edwards (Joseph Hoover), além do cientista Dr. Petrovich (Victor Izay), cuja assistente é Janine Norwalk (Joan Patrick), namorada de Eric. Eles se reúnem para tentar localizar o Dr. DeMarco e impedir sua pesquisa científica, a qual interessa muito para um governo inimigo, representado pela perversa Satana (a dançarina japonesa Tura Satana) e seus capangas Juan (Rafael Campos) e Tiros (Vincent Barbi).   

 

“The Astro-Zombies” já começa com uma abertura tosca e inusitada, mostrando vários robôs e tanques de guerra de brinquedo. Um prenúncio da bizarrice que viria a seguir. Como todo filme bagaceiro de horror e ficção científica daquele período nos anos 60 do século passado, o roteiro é exagerado em situações inverossímeis, com as ações inescrupulosas de um cientista na transformação de homem em monstro, perdendo o controle sobre sua criação.  

O filme tem narrativa arrastada em vários momentos, e poderia ter sua duração reduzida em pelo menos quinze minutos do total de uma hora e meia, eliminando cenas cansativas que parecem ter o objetivo de apenas enrolar e preencher o tempo, como uma apresentação de dança numa boate e vários momentos tediosos com a subtrama de espionagem internacional.

O que vale a pena e pode ser divertido para quem gosta dessas tranqueiras do cinema fantástico são as cenas com John Carradine, todas focadas apenas no laboratório (um cenário de porão sinistro), repleto de máquinas e aparelhos elétricos bizarros, luzes coloridas piscando, interruptores, mostradores analógicos e líquidos coloridos em ebulição. Falando um monte de bobagens pseudocientíficas e contando com a ajuda do assistente Franchot (William Bagdad), que é mudo, corcunda e caolho (clichê dos servos dos “cientistas loucos”), e que o tempo todo está fazendo caretas e expressões faciais de um debiloide, além de se encarregar também do serviço sujo, como conseguir corpos para as experiências.

O “astro-zombie”, com o ator Rod Wilmoth usando uma máscara tosca de monstro, também rouba as cenas com seus ataques sangrentos contra mulheres desprotegidas, desferindo violentos golpes com objetos cortantes.

 

Curiosamente, a banda americana de punk rock “Misfits” gravou a música “Astro-Zombies” em homenagem ao filme. Mesmo sendo uma bagaceira colossal, o filme ainda gerou outros três dentro desse universo ficcional: “Mark of the Astro-Zombies” (2004), “Astro-Zombies: M3 – Cloned” (2010) e “Astro-Zombies: M4 – Invaders From Cyberspace” (2012), todos dirigidos por Ted V. Mikels.   


(RR – 25/01/22)