O Maquiavélico William Hart (The Greed of William Hart, Inglaterra, 1948)



Uma dupla de criminosos vagabundos, William Hart (Tod Slaughter) e Moore (Henry Oscar), ganham a vida roubando cadáveres nos cemitérios ou assassinando pessoas inocentes e vendendo seus corpos para estudos de dissecação do médico Dr. Cox (Arnold Bell), em Edinburgo, Inglaterra, no século XIX. Porém, após o desaparecimento de uma jovem mulher que estava alcoolizada durante uma noite, seu amigo o aristocrata Sr. Hugh Alston (Patrick Addison), decide investigar por conta própria o misterioso sumiço e desconfia da participação criminosa de Hart e Moore no caso, que também tem a cumplicidade da esposa de Moore (interpretada por Jenny Lynn).
Lançado em DVD junto com “Crimes na Mansão Sombria” (1940), “O Maquiavélico William Hart” traz no elenco o ator inglês Tod Slaughter (1885 / 1956), especialista em cinema de horror, numa história que trata do caso verídico dos ladrões de cadáveres Burke e Hare, e cuja história inspirou além desse filme, vários outros como o clássico “O Túmulo Vazio” (The Bodysnatcher, 1945), dirigido por Robert Wise e com Boris Karloff e Bela Lugosi, e “A Carne e o Diabo” (The Flesh and the Fiends, 1959), que também se chamou no Brasil “O Monstro da Morgue Sinistra”, dirigido por John Gilling e com Peter Cushing e Donald Pleasence. Aliás, o inglês John Gilling (1912 / 1984), que foi o roteirista de “O Maquiavélico William Hart”, dirigiu outros filmes divertidos dentro do gênero para a cultuada produtora inglesa “Hammer” como “Epidemia de Zumbis” (1966), “A Serpente” (1966) e “A Mortalha da Múmia” (1967). Produzido em preto e branco, a duração original é de 80 minutos, mas a versão americana em DVD com o título “Horror Maniacs” tem apenas 53 minutos (a mesma lançada no Brasil). Dessa forma, com o imenso corte, o filme é rápido demais e a trama gira basicamente em torno da dupla Hart e Moore tendo seus planos maquiavélicos descobertos. A censura na época de lançamento proibiu que os nomes dos personagens fossem os mesmos do caso real, então William Burke foi substituído por William Hart e William Hare passou a ser Moore, com o médico receptador dos cadáveres tendo o nome real Dr. Knox trocado por Dr. Cox.

“O Maquiavélico William Hart” (The Greed of William Hart, Inglaterra, 1948) # 541 – data: 06/11/09
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O Ladrão de Cadáveres (The Corpse Vanishes, 1942)


O cientista Dr. Lorenz (Bela Lugosi) é o responsável pelo desaparecimento de jovens noivas no momento de seus casamentos. Em comum, todas as vítimas tiveram contato com o odor nocivo de uma misteriosa orquídea híbrida que as faziam desmaiar. A partir daí, entram em cena os capangas do cientista para sequestrar as moças desacordadas com o objetivo de, em seu laboratório secreto, extrair de seus belos corpos um fluído vital utilizado numa fórmula de rejuvenescimento para que sua esposa doente, a Condessa Lorenz (Elizabeth Russell), pudesse se manter saudável e jovem. Porém, para atrapalhar os planos maquiavélicos do cientista, surge uma repórter investigativa, Patricia Hunter (Luana Walters), que auxiliada pelo médico Dr. Foster (Tris Coffin), tenta descobrir o mistério dos desaparecimentos das noivas e a participação do Dr. Lorenz nos crimes.
O filme foi lançado em DVD pela “Works” como “O Ladrão de Cadáveres” (junto com “O Fantasma Invisível”, 1941), e também foi lançado pela “Fantasy Music” com outro título, “O Cadáver Desaparecido”. Fotografado em preto e branco em 1942, é mais uma produção de baixo orçamento com o lendário ator Bela Lugosi para o estúdio “Monogram”. Aqui, temos novamente uma trama policial com elementos de horror, não faltando a presença do “cientista louco” (Lugosi, sempre à vontade com este tipo de personagem), o “troglodita mudo” (Angel, interpretado por Frank Moran), que é um filho retardado mental da empregada Fagah (Minerva Urecal), o “anão sinistro” (Toby, papel feito por Angelo Rossitto), além do laboratório no porão repleto de instrumentos, ferramentas e líquidos em ebulição, a mansão sombria cheia de quartos e passagens secretas, e todo aquele clima de mistério e insanidade numa história de assassinatos macabros. Por ser um filme curto (cerca de uma hora de duração), os eventos são apresentados de forma exageradamente rápida, deixando vários pontos do roteiro sem um maior desenvolvimento, facilitando o trabalho dos roteiristas. Mas, pela presença sempre marcante de Bela Lugosi e os elementos de horror “B”, a diversão é garantida.

“O Ladrão de Cadáveres” (The Corpse Vanishes, Estados Unidos, 1942) # 540 – data: 04/11/09
www.bocadoinferno.com / www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 22/11/09)

O Fantasma Invisível (Invisible Ghost, 1941)


Um homem rico e proprietário de uma bela mansão, Charles Kessler (Bela Lugosi), conhecido na sociedade por sua educação e generosidade, sofre com a perda da esposa infiel, Sra. Kessler (Betty Compson), que o traiu com seu melhor amigo. Ela perdeu a memória após um acidente de carro, sendo mantida escondida pelos empregados da casa, que não gostariam que o patrão a visse enlouquecida. Porém, toda vez que ela escapa durante à noite e aparece em visões fantasmagóricas para ele, ocorre uma espécie de transe hipnótico levando-o a cometer assassinatos dentro de sua própria casa, chamando a atenção da polícia, sob a investigação do Tenente Williams (George Pembroke), e preocupando sua filha Virginia (Polly Ann Young). Depois que uma jovem arrumadeira, Cecile Mannix (Terry Walker), é encontrada assassinada em seu quarto, e o namorada de Virginia, Ralph Dickson (John McGuire) é considerado suspeito é condenado à morte, o irmão gêmeo do rapaz, Paul, retorna de uma viagem à América do Sul para tentar descobrir a realidade dos misteriosos fatos que cercam a mansão.
Bela Lugosi inaugurou com “O Fantasma Invisível” sua parceria com a produtora “Monogram”, especializada em filmes de baixo orçamento. Com fotografia em preto e branco e duração curta (apenas 65 minutos), o filme procura manter aquele clima sinistro de suspense policial, com assassinatos misteriosos numa mansão sombria. O ator romeno Lugosi (1882 / 1956), mais conhecido como o vampiro Drácula no filme homônimo de 1931 e por diversos papéis de vilão e cientista louco, é o destaque do filme interpretando um homem gentil e aristocrático, acima de qualquer suspeita, que alterna sua conduta para um assassino estrangulador frio e descontrolado, toda vez que entra em contato com visões sinistras de sua esposa, numa referência à clássica história sobre “Dr. Jekyll e Mr. Hyde”, de Robert Louis Stevenson, quando ocorre uma mudança radical dos perfis psicológicos na mesma pessoa. A narrativa é lenta, com performances teatrais do elenco, algo comum nos filmes de Lugosi das décadas de 30 e 40, mas tem diversão certa para os cultuadores do ator, que faz parte da galeria dos astros imortais do horror, ao lado de Boris Karloff, Vincent Price, Peter Cushing, Christopher Lee e outros, e também para os fãs do cinema do passado, com aquelas histórias que investiam mais num clima de sugestão. Lançado em DVD pela “Works” junto com “O Ladrão de Cadáveres” (1942), igualmente com Lugosi.

“O Fantasma Invisível” (Invisible Ghost, Estados Unidos, 1941) # 539 – data: 02/11/09
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La Raiz del Mal (Espanha, 2008)


Exibido no dia 14/11/09 no evento de cinema fantástico “4º CineFantasy”, em São Paulo, na “Biblioteca Viriato Corrêa” (Vila Mariana), o filme espanhol “La Raiz del Mal”, dirigido por Adrián Cardona e distribuído pela produtora “Imagen Death”, é um banho de sangue de proporções colossais, tanto que depois que saí da sala de exibição, logo pensei na necessidade dos funcionários da Biblioteca de entrarem para limpar o chão embaixo da tela de tanto sangue escorrido e tripas espalhadas...

A história é simples demais e até banal, num grande clichê: um povoado rural tranquilo é ameaçado por uma lenda antiga onde durante a noite os homens são atacados por violentos demônios da floresta, e as mulheres são sequestradas para sofrerem na pele as piores torturas. Uma bela camponesa chamada Ara é portadora de um segredo que pode mudar o tormento que envolve o lugar.

Há muitos anos atrás, publiquei no meu fanzine impresso “Astaroth” um flyer da “Imagen Death”, de Javier Perea, que na época era um fanzine de horror underground oriundo de Toledo, na Espanha. Passados quase quinze anos depois, vejo que é um selo divulgador de filmes extremos de horror como esse “La Raiz del Mal”, que começa com uma história de camponeses que até lembra muitos filmes da produtora inglesa “Hammer”, com aquele clima de aldeões atormentados por lendas malditas, e que passa rapidamente para uma enxurrada sem fim de confrontos sangrentos entre um grupo de lenhadores e demônios do bosque, com muita carne humana destroçada e banhos imensos de sangue para todos os lados, num excesso de violência gráfica. Tanto sangue e vísceras expostas conseguem até incomodar pela repetitividade dos eventos deixando a história, que já é fraca, para um plano secundário. O filme até que diverte ao longo dos cem minutos de duração, mas confesso que também cansa em alguns momentos por causa do exagero de violência. O maior mérito que deve ser enaltecido e registrado é o imenso esforço da equipe técnica na realização dos efeitos especiais à moda antiga, sem o uso artificial da computação gráfica, investindo exclusivamente na criatividade e trabalho exaustivo na concepção das melecas e gosmas asquerosas que simulam as cenas “gore”. Como curiosidade, até a presente data de finalização desse texto, não encontrei nenhum registro do filme no tão conceituado e “completo” site “IMDb” (Internet Movie Database), que é o maior banco de dados de cinema do mundo, tornando “La Raiz del Mal” ainda mais obscuro.

“La Raiz del Mal” (Espanha, 2008) # 538 – data: 16/11/09
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Uma Overdose de Ficção Científica Bagaceira


Abaixo segue uma compilação com comentários de 12 filmes com produção de baixo orçamento no gênero Ficção Científica, lançados em DVD no mercado brasileiro. A palavra “bagaceiro” e outras similares aparecerão com frequência ao longo dos textos, mas na maioria dos casos, não para execrar o trabalho dos filmes, e sim para exaltar a diversão sem compromisso como resultado final dessas produções toscas.

Filmes abordados:
* O Invasor Galáctico (The Galaxy Invader, Estados Unidos, 1985).
* Eles Vieram do Espaço Exterior (They Came From Beyond Space, Inglaterra, 1967).
* O Planeta Fantasma (The Phantom Planet, Estados Unidos, 1961).
* Batalha no Espaço Estelar (War of the Planets / Battaglie Negli Spazi Stellari, Itália, 1977).
* Um Mundo Desconhecido (Unknown World, Estados Unidos, 1951).
* O Fantástico Homem Transparente (The Amazing Transparent Man, Estados Unidos, 1960).
* O Alerta do Espaço (Warning From Space / Uchujin Tokyo Ni Arawaru, Japão, 1956).
* Gammera – O Monstro Invencível (Gammera the Invincible, Estados Unidos, 1966).
* A Batalha dos Monstros (Attack of the Monsters / Gamera tai daiakuju Giron, Japão, 1969).
* Destruam Toda a Terra (Destroy All Planets / Gamera tai uchu kaijû Bairasu, Japão, 1968).
* A Primeira Espaçonave em Vênus (First Spaceship on Venus / Der Schweigende Stern, Alemanha / Polônia, 1960).
* O Monstro de Vênus (Zontar, the Thing From Venus, Estados Unidos, 1966).

* O Invasor Galáctico (The Galaxy Invader, Estados Unidos, 1985), direção de Don Dohler.
Uma nave espacial cai acidentalmente numa floresta nos arredores de uma pequena cidade do interior dos Estados Unidos. Um rapaz, David Harmon (Greg Dohler) testemunha a queda e juntamente com um ex-professor, Dr. William Tracy (Richard Dyszel), tenta localizar os destroços e ajudar o “invasor galáctico”. Porém, um grupo local de caipiras bêbados e estúpidos, liderados por Joe Montague (Richard Ruxton) e Frank Custor (Don Leifert), quer capturá-lo para ganhar dinheiro com a descoberta.
Bagaceira total de 1985, uma produção “Z” que tenta intencionalmente resgatar a idéia e atmosfera típica dos filmes dos anos 50 e 60, conseguindo o objetivo, remetendo o espectador às produções “trash” daquele período. Tudo é tosco ao extremo, desde o elenco amador, os diálogos banais, o roteiro óbvio, a inexistência de efeitos especiais (a cena da nave caindo é hilária), até a presença de um alienígena verde com roupa de borracha, que cometeu o erro fatal de cair no planeta errado. Lançado no Brasil em DVD pela “Works” junto com “Eles Vieram do Espaço Exterior” (1967), vale destacar uma cena ultra bagaceira com o arremesso de um boneco, digo, corpo, do alto de um barranco, sendo um desafio para o espectador não cair na gargalhada. Para finalizar, um momento de confissão: fiquei com pena do alienígena na sequência final.

* Eles Vieram do Espaço Exterior (They Came From Beyond Space, Inglaterra, 1967), direção de Freddie Francis.
Uma misteriosa chuva de meteoritos ocorre numa fazenda no interior da Inglaterra, chamando a atenção do governo, que convoca o cientista Dr. Curtis Temple (Robert Hutton) e sua namorada e assistente Lee Mason (Jennifer Jayne), entre outros, para estudar o fenômeno. Porém, todos que entram em contato com os meteoros que vieram do espaço exterior são possuídos por alienígenas formando uma conspiração que trabalha secretamente na fazenda com objetivos obscuros. Exceto pelo Dr. Temple, que por ter uma placa de prata no cérebro por causa de um grave acidente de carro, se mantém ileso do poder mental dos extraterrestres.
Produção inglesa da “Amicus”, de Max J. Rosenberg e Milton Subotsky, a grande rival da “Hammer” durante os anos 60 e meados dos 70. A direção é de Freddie Francis, o mesmo cineasta de preciosidades como “O Monstro de Frankenstein” (1964), “As Torturas do Dr. Diabolo” (1967), “Drácula, O Perfil do Diabo” (1968), “Contos do Além” (1972), “A Essência da Maldade” (1973), entre outras. Tem também a participação, apesar de pequena apenas nos dez minutos finais, do malaio Michael Gough (interpretando o líder dos alienígenas), um ator com um rosto conhecido em diversos filmes significativos como “O Vampiro da Noite” (1958) e “O Fantasma da Ópera” (1962). Lançado em DVD por aqui pela “Works”, junto com “O Invasor Galáctico” (1985), vale registrar uma atenção especial com um tremendo spoiler incluso na sinopse que está disponível no menu do disco, revelando o objetivo dos alienígenas ao manipular os seres humanos, um detalhe que é melhor apreciado se descobrirmos vendo o filme.

* O Planeta Fantasma (The Phantom Planet, Estados Unidos, 1961), direção de William Marshall.
A humanidade possui uma base de pesquisas na Lua, de onde foguetes partem para explorações espaciais. Porém, um imenso objeto parecido com um planeta tem causado destruição colidindo contra naves terrestres, surgindo de repente no espaço e desaparecendo misteriosamente. Apelidado de “planeta fantasma”, um astronauta renomado, Capitão Frank Chapman (Dean Fredericks), é enviado numa missão de investigação, junto com o Tenente Ray Makonnen (Richard Weber), que acidentalmente se perde no espaço ao tentar reparar um problema externo no foguete. Quanto à Chapman, ele acaba pousando no tal planeta chamado Raiton, que abriga uma raça de humanóides em miniatura, uma civilização avançada tecnologicamente (tanto que transformaram o planeta numa espécie de nave gigante), mas que preferiram viver de forma primitiva, abolindo as máquinas e o luxo de uma vida entediante, optando pela luta pela sobrevivência. O astronauta terrestre também diminui de tamanho em contato com a atmosfera local e passa a viver entre os alienígenas, liderados pelo veterano Sessom (Francis X. Bushman), tendo que enfrentar a antipatia do rival Herron (Anthony Dexter), além de escolher uma namorada entre a loira ambiciosa Liara (Coleen Gray) e a bela morena silenciosa Zetha (Dolores Faith), enquanto planeja um meio de retornar ao tamanho natural e voltar para a base lunar.
Curiosamente, o filme é ambientado em 1980, um futuro de duas décadas em relação à época de produção (1961), com a Terra mantendo uma base na Lua e com viagens espaciais regulares, porém, ao contrário das previsões otimistas dos escritores de ficção científica, após cerca de três décadas depois desse período abordado no roteiro, ainda caminhamos lentamente em relação à exploração espacial. “O Planeta Fantasma” tem fotografia em preto e branco e foi lançado em DVD juntamente com a space opera italiana “Batalha no Espaço Estelar” (1977). A história é até interessante, abordando um planeta que se move como uma nave e é habitado por uma civilização miniaturizada que vive uma situação paradoxal, possuindo grande conhecimento científico e ao mesmo tempo preferindo uma vida primitiva ao extremo. Os efeitos especiais são precários e exageradamente toscos, apesar da produção de cerca de meio século atrás, onde destaco no quesito “momento bagaceiro” o ataque das naves incendiárias dos solarites, uma raça inimiga dos humanóides, e a presença de um destes alienígenas horrendos com olhos esbugalhados, interpretado pelo gigante ator Richard Kiel, escondido numa fantasia de borracha típica dos filmes dos anos 50 e 60, não faltando a clássica cena do monstro carregando nos braços uma bela mulher desacordada.

* Batalha no Espaço Estelar (War of the Planets / Anno Zero – Guerra Nello Spazio / Battaglie Negli Spazi Stellari, Itália, 1977), direção de Al Bradley (pseudônimo de Alfonso Brescia).
O Capitão Alex Hamilton (John Richardson) é um astronauta respeitado, mas também conhecido pelos atos de indisciplina e aversão aos computadores. Ele é o comandante da nave espacial MK-31, que é chamada para investigar a origem de misteriosos sinais no espaço, juntamente com outros tripulantes como a bela Meela (Yanti Somer). Sua nave encontra um planeta, e ao pousar descobre uma região inóspita e mergulhada em escuridão (as noites são extremamente longas, com centenas de horas). Dentro de uma caverna sua equipe encontra um portal dimensional que os leva ao encontro de uma raça de alienígenas humanóides com pele pintada numa cor mista de verde e azul e com orelhas pontudas (no estilo do “Spock” de “Star Trek”), liderados pelo chefe Etor (Aldo Canti). A princípio, eles se mostram hostis e depois acabam até aceitando a ajuda dos humanos para enfrentar a pior descoberta que ainda viria: o planeta é controlado por um super computador inteligente que tem escravizado os habitantes. No passado, eles viviam felizes em harmonia com as máquinas, que lhes serviam e davam conforto, porém certo dia eles foram atacados por inimigos de outro planeta e tudo foi destruído, restando apenas um único computador que possuía o conhecimento para gerar novas máquinas, mas com propósitos de conquistar a galáxia, escravizando a civilização local. Esse computador psicopata, na intenção de tornar-se ainda mais potente e perfeito, enviou sinais ao espaço para atrair a atenção dos astronautas da Terra, e forçá-los a instalar um componente eletrônico que o deixaria mais forte para poder colocar em prática seu plano tirano e conquistador.
Típico filme bagaceiro italiano com excesso de cores, visual exagerado e naves e estações espaciais com painéis de controle repletos de luzes piscando e botões para todos os lados. O roteiro é simples demais e com uma overdose de clichês, e a narrativa é na maior parte do tempo muito arrastada, gerando uma significativa dose de tédio no espectador, incitando-o ao sono. A idéia de explorar o tema dos computadores dominando civilizações, enfatizando o propósito de tirania, já havia sido visto inúmeras vezes antes, não conseguindo empolgar. Foi lançado em DVD no Brasil junto com “O Planeta Fantasma” (1961), que apesar de ser bem tosco, é ainda assim melhor que esse “Batalha no Espaço Estelar”, que vale mesmo apenas como curiosidade.

* Um Mundo Desconhecido (Unknown World, Estados Unidos, 1951), direção de Terrell O. Morse.
Após duas guerras mundiais e a ameaça gerada pela era atômica com a paranóia de uma catástrofe fatal para nosso planeta, o cientista Dr. Jeremiah Morley (Victor Kilian, não creditado por perseguição do Marcathismo) funda uma “Sociedade Para Salvar a Civilização”, reunindo uma equipe de outros cientistas com o objetivo de apresentar um projeto alternativo para a humanidade: explorar o centro da Terra em busca de um abrigo geológico que pudesse servir de refúgio para o iminente holocausto nuclear. A bordo de um veículo chamado “cyclotram” (uma espécie de tanque blindado com uma broca perfuratriz na proa), temos uma expedição formada pelo geofísico Dr. Max A. Bauer (Otto Waldis), o engenheiro de sistemas Dr. James Paxton (Tom Handley), a bela médica e bioquímica Dra. Joan Lindsey (Marilyn Nash), o técnico em estudos de solos Dr. George Coleman (Dick Cogan), e o especialista em explosivos Andrew Ostergaard (Jim Bannon). Para fechar o grupo, um último membro é aceito de forma forçada, o aventureiro milionário Wright Thompson (Bruce Kellogg), financiador do projeto. Entre os perigos enfrentados nessa aventura, temos a presença de gases venenosos mortais, a falta de água para consumo e a erupção de um vulcão interno.
Existem vários filmes com o tema de exploração do interior do planeta, onde destaca-se o clássico inspirado no livro homônimo de Julio Verne “Viagem ao Centro da Terra” (1954). Em “Um Mundo Desconhecido”, fotografado em preto e branco, a história é interessante ao evidenciar o medo da humanidade daquele período conturbado da guerra fria (início dos anos 50) com o efeito destrutivo de bombas atômicas, levando à idéia de procurar alternativas para a sobrevivência, enfatizando uma providencial fuga para o centro da Terra. Porém, a falta de recursos numa evidente produção de baixo orçamento, somada a um elenco pouco expressivo (exceto por Victor Kilian, que tenta fortalecer seu personagem como um cientista abnegado na busca de uma solução para a continuidade da sobrevivência de nossa espécie), tornam o filme apenas uma pequena e curta (74 minutos) diversão passageira com alguns momentos de sonolência. Faltaram mais elementos fantásticos no roteiro, aproveitando a oportunidade de uma missão de exploração para dentro de nosso planeta. Os perigos enfrentados pelo grupo e as novidades de “um mundo desconhecido” foram pouco inspiradores ao espectador. Lançado em DVD junto com “O Fantástico Homem Transparente” (1960).

* O Fantástico Homem Transparente (The Amazing Transparent Man, Estados Unidos, 1960), direção de Edgar G. Ulmer.
Um presidiário perigoso, Joey Faust (Douglas Kennedy), especialista em arrombar portas e cofres, escapa da penitenciária com a ajuda da bela Laura Matson (Marguerite Chapman), que o aguarda de carro numa estrada próxima. A fuga faz parte de um plano do ambicioso Major Paul Krenner (James Griffith), que quer usar o criminoso como cobaia numa experiência de invisibilidade conduzida pelo cientista nuclear alemão Dr. Peter Ulof (Ivan Triesault), um refugiado da segunda guerra mundial, que trabalha contra sua vontade, sendo chantageado pelo militar americano que mantém sua filha como refém. O objetivo é formar um exército de soldados invisíveis para obter vantagem e lucros nas guerras.
Lançado em DVD no Brasil junto com “Um Mundo Desconhecido” (1951), “O Fantástico Homem Transparente” tem um título sonoro, produzido em preto e branco e sendo exageradamente curto (apenas 57 minutos), parecendo mais um episódio de alguma série de TV com elementos fantásticos no estilo “Além da Imaginação”. É tão rápido que a história carece de mais detalhes, onde tudo é apresentado com pressa e sem a intenção de explorar melhor as idéias. Os personagens são tão superficiais e mal apresentados que nem é possível imaginar com clareza suas origens e motivações. O tema central é novamente aproveitar os efeitos da guerra fria e a ameaça da era atômica para mostrar um cientista fazendo experiências malucas num laboratório secreto, com a finalidade de transformar homens em seres transparentes, obtendo assim vantagens em missões de espionagem. Mas aqui, ao contrário dos outros filmes similares sobre homens invisíveis, o roteiro nem se preocupou com detalhes e o presidiário tornava-se invisível juntamente com suas roupas, quando normalmente apenas o corpo deveria ficar transparente.

* O Alerta do Espaço (Warning From Space / Uchujin Tokyo Ni Arawaru, Japão, 1956), direção de Koji Shima.
Misteriosos corpos luminosos surgem nos céus da capital do Japão, Tóquio, sendo avistados e estudados por cientistas. São alienígenas do planeta Pairan com uma tecnologia superior que querem alertar a humanidade sobre os perigos fatais de um planeta desgovernado de outra galáxia que está em rota de colisão com a Terra. Com dificuldade de comunicação, eles decidem assumir a forma humana, através de uma sósia de uma cantora e dançarina famosa, Hikari Aozora (Toyomi Karita), entrando em contato com um grupo de cientistas formado pelo Dr. Kamura (Bontaro Miake), o físico Dr. Matsuda (Isao Yamagata) e o Dr. Toto Isobe (Shozo Nanbu). A intenção dos estraterrestres é ajudar sugerindo um ataque com armas nucleares no planeta para tentar destruí-lo ou desviar sua rota, mas o plano falha restando uma última tentativa através de um potente explosivo cuja fórmula foi criada pelo Dr. Matsuda e produzida com o auxílio dos seres do espaço.
Primeiro filme japonês de Ficção Científica com fotografia em cores, “O Alerta do Espaço” tem como maior destaque a presença dos alienígenas, mesmo que poucas vezes, num excercício de bizarrice impagável, com atores fantasiados num traje amarelo em forma de estrela e com um único olho imenso no centro, na altura da barriga. Provavelmente, as criaturas do planeta Pairan estão entre as mais ridículas em aparência da história do cinema bagaceiro de Horror e FC, e por isso mesmo garantem uma diversão memorável. De resto, o roteiro esbarra em clichês o tempo todo, com cientistas tentando encontrar um meio de salvar o mundo do choque com outro planeta, além da presença de elementos de conspiração através de uma organização secreta querendo se apossar da descoberta do explosivo. O desfecho óbvio e previsível se resume com a interferência dos alienígenas na solução do problema, cujas consequências também os afetariam, pois seu planeta possui órbita similar ao da Terra, porém no outro lado do Sol. Vale destacar também que esse é um dos poucos filmes que procuraram retratar alienígenas com intenções pacíficas ao invés de propósitos tiranos de invasão e conquista, como a maioria esmagadora dos filmes do gênero. A cena de transformação de um alienígena para a forma humana, através de uma máquina, é uma referência direta ao filme alemão “Metrópolis” (1927), numa sequência similar entre um robô mecânico e a personagem Maria. Foi lançado em DVD no Brasil junto com “Gammera – O Monstro Invencível” (1965), numa versão dublada em inglês e legendas em português.

* Gammera – O Monstro Invencível (Gammera the Invincible, Estados Unidos, 1966), direção de Noriaki Yuasa e Sandy Howard.
Em plena época de grande tensão mundial com a guerra fria, um navio de pesquisas japonês está no polo Ártico, próximo da fronteira com a Sibéria. Eles avistam um grupo de aviões russos fora de seu espaço aéreo e os Estados Unidos são alertados para interceptar os intrusos, causando um incidente internacional com a derrubada de um dos aviões inimigos, que carregava uma bomba atômica, explodindo a geleira e libertando um monstro gigantesco que hiberbnava por 200 milhões de anos. A criatura ancestral, com uma altura de cerca de 50 metros, é semelhante a uma tartaruga dinossauro, conhecida em lendas como “Gammera”, que cospe fogo pela boca e tem a capacidade de voar. O monstro gigante logo ataca o navio e parte pelo oceano em direção ao Japão, destruindo tudo pelo caminho, despertando a atenção mundial para um trabalho cooperativo internacional entre os exércitos de vários países na tentativa de deter o monstro. Uma vez que ele se mostra invulnerável ou “invencível” como diz o subtítulo do filme, não cedendo aos ataques maciços com armas de todos os tipos (inclusive nucleares), além de vapores quentes de uma usina geotérmica e até bombas congelantes, a esperança da humanidade está num misterioso “Plano Z”, mantido em sigilo pelas “Nações Unidas”. O objetivo é atrair a tartaruga gigante para uma ilha japonesa, que esconde um segredo que pode acabar com sua ameaça.
Em 1965 foi produzido um filme japonês com o monstro “Gammera”, que um ano depois se transformou numa versão lançada pelos Estados Unidos, incluindo apenas algumas cenas adicionais e atores americanos como Albert Dekker (do clássico “O Delírio de Um Sábio”, 1939), que fez o Secretário de Defesa, Brian Donlevy (de “A Maldição da Mosca”, 1965), que interpretou o General Terry Arnold, e Dick O´Neill (General O´Neill). A partir de então, a tartaruga gigante que cospe fogo passou a participar de inúmeros filmes, principalmente na década de 60 e início dos anos 70. Os famosos monstros gigantes japoneses como Godzilla e outros similares, se transformaram num subgênero do cinema bagaceiro de horror muito cultuado pelos fãs, e são tantos filmes produzidos dentro desse tema que é difícil catalogar. Geralmente utilizando argumentos inspirados pela paranóia da guerra fria entre Estados Unidos e União Soviética, e o medo das consequências do uso de armas atômicas para o futuro da humanidade. Foi lançado em DVD num programa duplo com “O Alerta do Espaço” (1956).

* A Batalha dos Monstros (Attack of the Monsters / Gamera tai daiakuju Giron, Japão, 1969), direção de Noriaki Yuasa.
Duas crianças, o japonês Akio (Nobuhiro Kajima) e o americano Tom (Christopher Murphy), avistam num telescópio caseiro um disco voador que aterrissou perto da casa do primeiro, ao mesmo tempo em que um cientista, Dr. Shiga (Eiji Funakoshi), está estudando a origem de misteriosos sinais vindos do espaço, sendo interrogado pela imprensa. As crianças vão ao encontro da nave e ao entrarem no interior, são transportados por controle remoto ao planeta de origem, chamado Tera, que é similar ao nosso planeta, com mesma atmosfera, e situado no outro lado do Sol (idéia reciclada e já utilizada em “O Alerta do Espaço”, 1956). Esse planeta é habitado por duas mulheres, Barbella e Flobella, as únicas sobreviventes de uma civilização avançada tecnologicamente, mas que permitiu que um computador rebelde criasse monstros gigantes que dominam o lugar. As alienígenas conseguiram aprisionar e manter sob controle como um cão de guarda um desses monstros, Guiron, que é uma espécie de rinoceronte com uma lâmina de aço na cabeça. Elas então sequestram as crianças para devorar seus cérebros e adquirir seus conhecimentos, obtendo informações sobre a Terra. Mas o monstro voador Gamera está atento e parte para o planeta para defender os pirralhos e travar uma batalha contra Guiron.
Distribuído no Brasil em DVD junto com “Destruam Toda a Terra” (1968), “A Batalha dos Monstros” tem fotografia em cores e dublagem em inglês, sendo mais um episódio dentro do universo ficcional da tartaruga gigante Gamera, que depois de ser apresentada no filme de origem “Gammera – O Monstro Invencível” (1966), agora é uma criatura “amiga das crianças” e “defensora da humanidade”. O roteiro é completamente ridículo, cheio de diálogos banais, personagens insignificantes e carregado de situações bagaceiras ao extremo. Todas as cenas com Gamera são toscas e hilárias de tão mal feitas, com direito até a uma performance do monstro numa espécie de barra acrobática parecendo um ginasta olímpico. Além de outra cena memorável de tão ruim onde a tartaruga imensa, que a propósito, voa pelo espaço com jatos propulsores, conserta uma nave cortada ao meio juntando os pedaços e soprando como se fosse uma vela de aniversário. Tanto Gamera como Guiron são interpretados por atores vestidos em trajes de borracha e com olhos de peixe morto, e as cenas de batalhas entre ambos são memoráveis de tão ruins. As instalações da base alienígena no planeta Tera possuem todos aqueles elementos clichês dos filmes “B” antigos de FC, com cenários coloridos e repletos de aparelhos eletrônicos futuristas.

* Destruam Toda a Terra (Destroy All Planets / Gamera tai uchu kaijû Bairasu , Japão, 1968), direção de Noriaki Yuasa.
Uma nave alienígena hostil quer dominar e colonizar a Terra. Sua forma é um conjunto de esferas amarelas com listras pretas, e os invasores são criaturas com tentáculos disfarçadas de humanos. Uma dupla de jovens escoteiros, o japonês Masao Nakaya (Tôru Takatsuka) e seu amigo americano Jim Crane (Carl Craig), são especialistas em fazer trotes e brincadeiras, como o que fizeram com um pequeno submarino projetado pelo cientista Dr. Dobie (Peter Williams), cujos controles foram invertidos, e são sempre repreendidos pelo chefe dos escoteiros, Sr. Shimida (Kojiro Hongo). Porém, as crianças não imaginariam a encrenca em que iriam se meter quando são sequestradas pelos alienígenas, despertando a fúria do monstro protetor Gamera, uma tartaruga imensa que voa e solta fogo pela boca, que parte furiosa na salvação dos meninos. Na batalha, os alienígenas conseguem instalar um mecanismo de controle cerebral no monstro, obrigando-o a se voltar contra os humanos, destruindo uma represa e uma usina elétrica, ameaçando a segurança de Tóquio, a capital do Japão e a cidade preferida para os mais diversos monstros atacarem.
Lançado em DVD pela “Works” num programa duplo com “A Batalha dos Monstros” (1969). Aqui, temos novamente outro filme com Gamera, tão ruim quanto os demais, com efeitos especiais paupérrimos e uma história básica cheia de furos e muito similar ao filme seguinte da série, demonstrando a falta de criatividade dos roteiristas, fazendo com que os filmes de monstros japoneses se pareçam demais uns com os outros. Dessa vez, em “Destruam Toda a Terra”, para preencher a duração de cerca de uma hora e meia, os realizadores optaram por inserir várias cenas de cansativas lutas entre Gamera e monstros rivais, retiradas de outros filmes. E não faltam mais outras novas sequências toscas também como uma em especial mostrando Gamera literalmente surfando sobre um monstro inimigo, formado pela união de vários alienígenas com tentáculos, que se juntaram numa única criatura enorme para combater a tartaruga voadora. De uma forma geral, o filme é até divertido com tanta cena bagaceira para todos os lados, mas dependendo da situação, também cansa bastante e torna-se um convite ao sono.

* A Primeira Espaçonave em Vênus (First Spaceship on Venus / Der Schweigende Stern, Alemanha / Polônia, 1960), direção de Kurt Maetzig.
Um objeto estranho é encontrado levando um grupo de cientistas a investigar sua origem. Eles chegam à conclusão que é proveniente do planeta Vênus, vindo com a queda de uma imensa nave que se acidentou na Terra. A partir daí, é formada uma expedição de celebridades do mundo das ciências para uma viagem inédita a bordo de um foguete chamado “Cosmostrater”, rumo à Vênus para explorar o planeta e descobrir indícios de vida alienígena. O grupo é formado por oito cientistas de diversas nacionalidades: o americano e comandante da missão Harringway Hawling (Oldrich Lukes), o polonês chefe de engenharia e entusiasta em xadrez Orloff (Ignacy Machowski), o chinês especialista em idiomas Tchen Yu (Tang Hua-Ta), o matemático indiano Sikarna (Kurt Rackelmann), o francês expert em robôs Durand (Michail N. Postnikow), criador do robô de exploração “Omegan”, o piloto alemão Robert Brinkmann (Gunther Simon), o técnico em navegação e comunicação africano Talua (Julius Ongewe), e a única mulher da equipe, a bela médica japonesa Sumiko Ogimura (Yoko Tani). Eles partem então para Vênus, passando pela base “Lunar 3”, instalada na Lua. Lá, encontram um planeta deserto envolvido em névoas, além de misteriosos insetos metálicos, uma floresta vitrificada e os restos de uma civilização abatida por uma catástrofe nuclear que dizimou os habitantes. Descobrem também as intenções hostis dos venusianos antes da tragédia.
A história de “A Primeira Espaçonave em Vênus” é ambientada em 1985, que curiosamente significava um futuro distante para a época de produção do filme (1960) e um passado já longo também para nosso momento atual. O roteiro é baseado em obra literária do ucraniano Stanislaw Lem, o mesmo autor de “Solaris”, e a direção foi do alemão Kurt Maetzig. O filme é curto (apenas 78 minutos), provavelmente por questões orçamentárias e por isso percebe-se claramente a rapidez com que os eventos acontecem. Um narrador procura apresentar uma introdução com a equipe de cientistas e a descoberta de um misterioso artefato de origem alienígena, e a partir daí, a história ganha uma dinâmica evidenciando a longa viagem espacial e a exploração de Vênus. Novamente temos um super computador com cérebro eletrônico controlando a nave, não faltando sempre todos os elementos característicos das produções de Ficção Científica do período, com excesso de luzes piscando e painéis cheios de controles e botões. O filme é divertido por instigar o espectador e fã do gênero fantástico a viajar e explorar juntamente com os cientistas o desconhecido planeta Vênus, alertando para os perigos de armas nucleares e o medo de invasões alienígenas. Lançado em DVD junto com “O Monstro de Vênus” (1966).

* O Monstro de Vênus (Zontar, the Thing From Venus, Estados Unidos, 1966), direção de Larry Buchanan.
Keith Ritchie (Anthony Huston) é um cientista brilhante que inventa um sofisticado equipamento capaz de se comunicar com o distante planeta Vênus. Paralelamente, um importante projeto militar chefiado pelo também cientista Dr. Curt Taylor (John Agar), consiste em lançar ao espaço um satélite a laser. Ao se comunicar com Vênus, Keith entra em contato com uma criatura chamada Zontar, que utiliza o satélite para se transportar até a Terra. Ele acredita que está fazendo algo para o bem da humanidade, ou seja, um contato com uma raça alienígena superior que nos ajudaria a acabar com as guerras e problemas de nosso planeta. Porém, as intenções de Zontar são hostis, com objetivos de conquista num plano de invasão para sugar a energia do planeta e que consiste em controlar autoridades através de um sensor colocado em suas cabeças por morcegos venusianos. Dessa forma, resta apenas a tentativa da bela esposa de Keith, Martha Ritchie (Susan Bjurman), em alertar o marido sobre o equívoco em ajudar Zontar, e também do amigo Dr. Curt Taylor, que logo percebe o plano maquiavélico do alienígena e parte para o confronto para salvar a humanidade.
“O Monstro de Vênus” é uma refilmagem de “It Conquered the World” (1956), dirigido por Roger Corman e com Peter Graves, Beverly Garland e Lee Van Cleef. Foi lançado em DVD junto com “A Primeira Espaçonave em Vênus” (1960), e tem a participação do ator John Agar (1921 / 2002), conhecido por interpretar geralmente “cientistas loucos” em inúmeros filmes “B” de horror e ficção científica como “Revenge of the Creature” (1955), “Tarantula” (1955), “The Mole People” (1956), “The Brain From Planet Arous” (1957), “Attack of the Puppet People” (1958), “Invisible Invaders” (1959), “Journey to the Seventh Planet” (1962), “Women of the Prehistoric Planet” (1967), entre outras pérolas do cinema fantástico de baixo orçamento. O filme é uma tranqueira de proporções colossais, desde a produção paupérrima, passando pelo roteiro superficial, até os efeitos especiais bagaceiros, como o satélite a laser (um típico disco voador), os “injectopods” (uma espécie de morcego alienígena ridículo cujas cenas dos ataques em vôos rasantes são hilários de tão mal feitos), e o próprio Zontar, um monstro com três olhos e um par de asas, que está entre os mais bizarros vilões dos filmes sobre invasão alienígena. Na história, percebemos referências a clássicos da ficção científica como “O Dia Em Que a Terra Parou” (1951), quando Zontar paraliza o planeta, interrompendo todos os serviços de fornecimento de água, luz, telefone e máquinas em geral, instaurando o pânico na população desorientada, e “Vampiros de Almas” (1956), ao controlar as pessoas através de um sensor instalado na nuca, transformando-as em seres obedientes, artificiais e desprovidos de emoções. Como a maioria dos filmes do período, o roteiro também explora a tensão da guerra fria, alegando que o corte de energia seria uma sabotagem comunista, e que as pessoas controladas por Zontar seriam frias e insensíveis.

Uma Overdose de Ficção Científica Bagaceira” # 537 – data: 12/11/09
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