P2 - Sem Saída (P2, EUA / Canadá, 2007)

P2 – Sem Saída” (P2, 2007) foi lançado nos cinemas brasileiros em 04/01/08. 

Na véspera de Natal, uma mulher, Angela Bridges (Rachel Nichols), que trabalha exageradamente em detrimento de uma melhor atenção à família, sai tarde do escritório, mas fica presa no subsolo do prédio (daí o titulo “P2”, referente ao nível do estacionamento subterrâneo onde se passa a maior parte das ações). Ela é então atormentada por um guarda de segurança maníaco, Thomas (Wes Bentley), que nutre por ela uma paixão platônica.

Filmado em locações na cidade canadense de Toronto, é um filme americano com roteiro do francês Alexandre Aja (diretor dos violentos “Alta Tensão”, 2003, e “Viagem Maldita”, 2006). Basicamente, é um thriller eficiente e tenso que explora o perturbador sentimento de claustrofobia de um ambiente onde a vítima não consegue escapar, juntamente com a transformação psicológica de uma pessoa comum e pacata num ser humano violento por causa do instinto de sobrevivência, superando-se fisicamente e reagindo contra a ameaça de sua vida. Apesar de uma idéia comum já vista muitas vezes no cinema (“psicopata persegue vítima em ambiente fechado”), e pela previsibilidade do desfecho, “P2 – Sem Saída” mantém a atenção do espectador num constante estado de tensão e funciona como um bom exercício de suspense.

Arrombada - Vou Mijar na Porra do Seu Túmulo!!! (Brasil/SC, 2007)


Uma garota (Ljana Carrion) é sequestrada por um traficante de drogas (Vinnie Bressan) a mando de um senador corrupto (Coffin Souza), que pretende realizar uma festa com a presença de um padre (PC) e um médico (Gurcius Gewdner) dementes, utilizando a garota como diversão.

Com direção e roteiro de Petter Baiestorf, da “Canibal Filmes”, veterana produtora independente de filmes bagaceiros, “Arrombada – Vou Mijar na Porra do Seu Túmulo!!!” é um média metragem que certamente tem um título sonoro e que chama a atenção, mas a história é apenas um clichê, dessa vez explorando violência sexual, sadismo e alguns elementos repulsivos inseridos intencionalmente para causar desconforto no espectador como coprofagia e necrofilia, além de uma dose de crítica social, principalmente denunciando os péssimos políticos que dirigem nosso país e os padres aproveitadores e falsos.
Coffin Souza está bem fazendo o papel de um senador “eleito duas vezes pelo voto popular”, dizendo suas frases com clareza e até um certo exagero, mas que é necessário num filme com produção precária, para o entendimento de quem está assistindo. Porém, a bela Ljana Carrion não é uma atriz convincente, uma vez que não conseguiu expressar o real sentimento de desespero de alguém sendo vítima de violência sexual.
Sinceramente, com um título apelativo desses e toda a campanha de marketing, achei que o resultado final fosse mais perturbador. Pode ser que algumas cenas ousadas e repulsivas incomodem algumas pessoas, mas nada que não seja facilmente esquecido depois de terminada a exibição, principalmente com tantos filmes sendo produzidos atualmente explorando horror, gore, ultra violência e sexo. O DVD tem uma grande quantidade de materiais extras, num esforço que merece ser enaltecido dos realizadores em valorizar o produto, mas são materiais pouco interessantes, principalmente os curtas metragens, onde apenas um pequeno destaque pode ser conferido para “O Manjar dos Deuses”.

“Arromabada – Vou Mijar na Porra do Seu Túmulo!!!” (Brasil, independente, 2007) # 475 – data: 09/01/08
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(postado em 09/01/08)

Destino: Espaço Sideral (Assignment: Outer Space / Space Men, Itália, 1960)



No início da década de 1960, o diretor Antonio Margheriti, sob o pseudônimo de Anthony Dawson, fez dois filmes de baixo orçamento de ficção científica que são considerados as primeiras produções de “space opera” da Itália: “Destino: Espaço Sideral” (Assignment: Outer Space, 60) e “O Planeta dos Desaparecidos” (Battle of the Worlds, 61), ambos com roteiro de Ennio De Concini, utilizando o nome Vassilij Petrov.

A história é ambientada no futuro, onde em 17 de Dezembro de 2116 um foguete chamado “Bravo Zulu 88” parte da Terra com destino ao espaço sideral, mais precisamente a galáxia “M-12”. Depois de uma viagem muito longa, os tripulantes despertam em suas câmaras de criogenia. O grupo de astronautas é formado pelo Comandante George (David Montresor), a bela navegadora Lucy ou “Y13” (Gaby Farinon), o piloto Al ou “X15” (Archie Savage), o médico “King 116” (Joe Pollini), entre outros, e como “intruso”, temos um famoso e egocêntrico repórter americano, Ray Peterson (Rik Van Nutter), que recebeu a identificação “IZ41” e cuja presença foi imposta por questões políticas pelo Alto Comando na Terra, com o objetivo de acompanhar e registrar o vôo espacial. Justamente por isso, ele não é bem recebido pelo Comandante, que o considera sem qualificações para fazer parte da equipe, gerando constantes intrigas entre eles.
Mais tarde e após algumas aventuras no espaço protagonizadas pelo jornalista, incluindo passeios num pequeno veículo chamado de táxi, flutuando sozinho com os trajes espaciais, além de um acidente durante uma operação de reabastecimento de combustível, ocasionando a perda de grande quantidade do próprio e quase a morte de um dos tripulantes, é revelado para o repórter que os astronautas estão na verdade numa missão para interceptar uma outra nave, “Alfa 2”, que está desgovernada e errante pelo espaço, sendo controlada apenas por um computador, carregando grande quantidade de energia radioativa capaz de gerar calor suficiente para destruir a Terra.
Portanto, eles precisam urgentemente impedir a chegada da nave perdida ao nosso planeta para evitar uma catástrofe, e a única forma de deter a ameaça é entrar em seu interior para reprogramar os controles. Porém, existe um grande obstáculo a ser superado dificultando a chegada até “Alfa 2”: a existência de um estreito e perigoso corredor no espaço formado pela radiação oriunda da nave, tornando a missão ainda mais arriscada.

O mundo dos sentimentos humanos foi muito menos explorado que todo o Universo junto” – Comandante George

O filme é totalmente ambientado no espaço, num desfile de naves e foguetes viajando na imensidão do Universo. Não há a presença de seres alienígenas ou qualquer ameaça nesse sentido, apenas uma missão de resgate até Vênus, para impedir que uma nave sem comando possa entrar em rota de colisão com a Terra. Por ser um filme curto, com apenas 72 minutos de duração, a história não chega a cansar o espectador, mas também não empolga o suficiente. E talvez alguns monstros alienígenas bizarros pudessem resolver essa questão, trazendo mais entretenimento.
Os efeitos especiais são extremamente toscos, com maquetes simples de naves e planetas, mas até que eficientes para a época. E que divertem exatamente por causa dessas características típicas de uma produção bagaceira de FC de meio século atrás.
O filme seguinte de Antonio Margheriti, “O Planeta dos Desaparecidos”, é mais divertido por inserir no roteiro uma invasão alienígena com discos voadores hostis, uma pequena batalha espacial e pela presença de um ator mais importante e conhecido no elenco, no caso Claude Rains, que fez o papel de um cientista excessivamente brilhante que tem a solução para todos os problemas. Já em “Destino: Espaço Sideral”, a presença de um jovem e galã repórter egocêntrico numa missão espacial somente reforça uma idéia de inverossimilhança, e pior ainda é que ele é o escolhido para ser o “herói” salvador. A atuação dos atores também não contribui em nada, pois as interpretações são risíveis, principalmente a atriz italiana Gaby Farinon, que só tem a beleza como fator positivo.
Mas, resumindo, o que faz de filmes como a tranqueira abordada nesse texto, serem considerados divertidos e despertarem o interesse dos colecionadores e apreciadores do cinema fantástico, é justamente uma somatória de bizarrices que inclui desde as interpretações ruins, as falhas absurdas no roteiro, até os efeitos toscos e precários. Ficou faltando nesse caso apenas a presença de alguns monstros alienígenas hostis, naves de outros mundos e cenas de batalhas no espaço para completar uma verdadeira sessão de cinema bagaceiro.
A “Works Editora” lançou o filme em DVD por aqui, num programa duplo que também contém o já citado “O Planeta dos Desaparecidos”. Como materiais extras, temos uma sinopse curta e pequenas biografias do ator americano Rik Van Nutter (1929 / 2005) e do cineasta Antonio Margheriti (1930 / 2002), que de tão superficiais são até dispensáveis. Mas, na contra capa do DVD temos em compensação um texto curto, mas interessante e informativo sobre o filme.

“Destino: Espaço Sideral” (1960) # 474 – data: 04/01/08
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(postado em 04/01/08)

Destino: Espaço Sideral (Assignment: Outer Space / Space Men, Itália, 1960). Duração: 72 minutos. Preto e Branco / Colorido. Direção de Anthony Dawson (pseudônimo de Antonio Margheriti). Roteiro de Vassilij Petrov (pseudônimo de Ennio De Concini) e Jack Wallace. Produção de Samuel Z. Arkoff e Hugo Grimaldi. Fotografia de Marcello Masciocchi. Música de J. K. Broady (pseudônimo de Lelio Luttazzi) e Gordon Zahler. Efeitos Especiais de Caesar Peace. Elenco: Rik Van Nutter, Gaby Farinon, David Montresor, Archie Savage, Alain Dijon, Frank Fantasia, Joe Pollini, David Maran, Jose Nestor, Aldo Pini.



O Planeta dos Desaparecidos (Battle of the Worlds, Itália, 1961)


A “Works Editora” lançou em DVD no Brasil um pacote com vários filmes divertidos de baixo orçamento, numa coleção de Ficção Científica com produções principalmente dos anos 50 e 60 do século passado, feitas nos Estados Unidos, Itália e Japão. Desse pacote com 10 DVD´s e dois filmes em cada, temos “O Planeta dos Desaparecidos” (Battle of the Worlds, 1961), que divide o disco com “Destino: Espaço Sideral” (Assignment: Outer Space, 1960), ambos filmes italianos dirigidos por Antonio Margheriti.
Como materiais extras, temos apenas uma sinopse (ridícula de tão curta e superficial, que nem deveria existir), e as biografias curtas e inexpressivas do cineasta Antonio Margheriti e do ator inglês Claude Rains. Mas, em compensação, o texto informativo que vem na contra capa do DVD, de autoria de Edson Negromonte, tem grande qualidade e merece ser enaltecido.

A história, de autoria de Ennio De Concini, é simples, como a maioria dos roteiros carregados de exageros daquele período divertido do cinema fantástico. Mas, mesmo assim, esses roteiros sempre despertaram um interesse especial pela presença de naves espaciais, discos voadores, planetas desconhecidos, estações de pesquisa, instrumentos, equipamentos e vestuário futuristas, e todos os elementos tradicionais dos filmes bagaceiros de ficção científica do passado.
O célebre cientista Prof. Benson (Claude Rains) descobriu a princípio que um planeta está viajando pelo espaço e numa rota de colisão com a Terra. Apelidado por ele como “Forasteiro” (no inglês, “Outsider”), mais tarde e após uma análise com cálculos matemáticos complexos, o homem da ciência corrigiu a informação inicial e avisou que o planeta não deveria mais se chocar com o nosso mundo. Entretanto, sua aproximação traz como conseqüências grandes alterações climáticas ao redor do globo, entre tempestades, inundações e furacões.
E, após verificar que o planeta intruso permaneceu misteriosamente estacionado em órbita da Terra, a situação ficou ainda mais preocupante. O comando terrestre, que possui bases e estações de pesquisa estabelecidas na nossa lua e em Marte, e é liderado pelo Comandante Robert Cole (Bill Carter), decide interceptar o planeta enviando uma nave em missão de reconhecimento, a qual foi recebida com hostilidade pelo invasor com um ataque de uma frota de discos voadores.
Após interceptarem uma nave alienígena, que cai em solo terrestre, e descobrirem que são monitoradas à distância, sem pilotos, o Prof. Benson inventou uma forma de neutralizar os discos voadores e os oficiais decidiram fazer uma nova viagem ao planeta forasteiro, levando agora o famoso cientista com eles, além de sua assistente, Eve Barnett (Maya Brent), e seu noivo, o astrônomo Dr. Fred Steele (Umberto Orsini), entre outros. Lá chegando, a expedição descobriu em seu interior a existência de um imenso cérebro eletrônico responsável pelo controle do planeta, e que precisa ser desativado antes que uma guerra interplanetária tenha início e possa significar o fim da Terra.

Os sentimentos humanos são inconsistentes. Na verdade, eles são os únicos elementos inconsistentes em toda a natureza” – Prof. Benson, um cientista exageradamente abnegado e excêntrico

“O Planeta dos Desaparecidos” é uma “space opera” cujo roteiro tem muitos furos, algo que de certa forma já seria esperado num filme bagaceiro de FC. Alguns poucos exemplos que podem ser citados:
* o fato do cientista Prof. Benson ser tão rápido e infalível em seus cálculos, parecendo ser o único cientista capaz de uma série de descobertas sucessivas incríveis no mundo todo, além de demonstrar uma improvável autoridade sobre os oficiais do alto comando (claro que é bastante providencial ao roteiro que toda a trama deva girar em torno dele e do ator Claude Rains);
* os graves problemas climáticos que assolam a Terra por causa da proximidade do planetóide intruso, misteriosamente (e também de forma oportuna para o autor da história), não afetam a ilha onde está localizada a estação de observação e a casa do Prof. Benson, e de onde foi descoberta a chegada do “Forasteiro”;
* temos as presenças dispensáveis das duas principais mulheres do filme, Eve, a noiva do astrônomo Fred Steele, e Cathy (Carol Danell), esposa do Comandante Robert Cole, as quais não possuem função relevante na trama, parecendo mesmo que as atrizes foram escaladas para o elenco apenas para não faltarem belas mulheres no filme.

Os efeitos especiais compõem a parte mais divertida de “O Planeta dos Desaparecidos”, muito interessantes para a época de produção, há cerca de 50 anos atrás, com as maquetes dos foguetes espaciais terrestres e os discos voadores alienígenas, a representação da estação de pesquisa marciana, a ambientação do planeta “forasteiro”, a batalha espacial, etc. É extremamente curioso notar que dezesseis anos depois, em 1977, George Lucas revolucionou esses efeitos com o clássico “Star Wars”, e atualmente no início do século 21, com a crescente tecnologia de computação gráfica, todos esses efeitos especiais datados passaram logicamente a serem considerados hilários e toscos.
O italiano Antonio Margheriti (1930 / 2002) tem uma carreira extensa de quase 40 anos, dividido entre a direção, roteiro e produção, sendo que na maioria de seus filmes ele utilizou o pseudônimo Anthony Dawson. Ele dirigiu “Castle of Blood / Danza Macabra” (1964), com Barbara Steele, e “Cannibal Apocalypse” (1980), com John Saxon, entre outros.
Claude Rains (1889 / 1967) é um rosto conhecido no cinema fantástico, tendo estrelado filmes importantes como “O Homem Invisível” (1933, aqui ele é o cientista que descobre a invisibilidade, inspirado no livro de H. G. Wells), “O Lobisomem” (41, aqui faz o papel de Sir John Talbot, o pai do homem amaldiçoado pela licantropia), “O Fantasma da Ópera” (1943, como o personagem título da obra literária de Gaston Leroux) e “O Mundo Perdido” (1960, como o arrogante cientista e explorador Prof. Challenger, baseado no divertido livro de Sir Arthur Conan Doyle). Curiosamente, o ator italiano Giuliano Gemma, que ainda era desconhecido e interpretou apenas um papel pequeno nesse que é um de seus primeiros filmes, iria se tornar famoso mais tarde principalmente em diversos “spaghetti westerns”.

Se abrissem seu peito, achariam uma fórmula no lugar de seu coração
– Comandante Robert Cole, falando sobre o Prof. Benson

“O Planeta dos Desaparecidos” (1961) # 473 – data: 31/12/07
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(postado em 31/12/07)

O Planeta dos Desaparecidos (Battle of the Worlds / Il Pianeta degli Uomini Spenti, Itália, 1961). Duração: 83 minutos. Direção de Anthony Dawson (pseudônimo de Antonio Margheriti). Roteiro de Vassilij Petrov (pseudônimo de Ennio De Concini). Produção de Tommaso Sagone. Fotografia de Marcello Masciocchi. Música de Mario Migliardi. Edição de Jorge Serrallonga. Direção de Arte de Umberta Cesarano. Desenho de Produção de Giorgio Giovannini. Elenco: Claude Rains, Bill Carter, Umberto Orsini, Maya Brent, Jacqueline Derval, Renzo Palmer, Carlo D´Angelo, Carol Danell, Jim Dolle, Giuseppe Pollini, John Stacy, Aldo D´Ambrosio, Massimo Righi, Giuliano Gemma, Anna Maria Mustari.



A Bússola de Ouro (The Golden Compass, EUA / Inglaterra, 2007)


Com direção de Chris Weitz e baseado em livro de Philip Pullman, “A Bússola de Ouro” (The Golden Compass, 2007), que estreou nos cinemas brasileiros em 25/12/07, é o primeiro filme de uma trilogia.

Num mundo paralelo, as pessoas vivem com suas almas incorporadas em animais, em representações físicas chamadas “Daemons”. Nesse universo alternativo existe um império religioso conhecido como “Magistério” que tem a intenção de controlar a liberdade de todos os povos. Para combatê-lo surge uma menina, Lyra Belacqua (Dakota Blue Richards), que tem o poder de interpretar a leitura de um artefato mágico, a “bússola de ouro”, que revela a verdade sobre todas as coisas.
Ao seu lado está um grupo de protetores formado pelo explorador aeronauta Lee Scoresby (Sam Elliott), pela rainha das feiticeiras, Serafina Pekkala (Eva Green) e por um urso polar imponente de uma raça guerreira, Iorek Byrnison (voz de Ian McKellen, o mago Gandalf da trilogia “O Senhor dos Anéis”), além do cientista Lord Asriel (Daniel Craig), que pesquisa uma forma de se comunicar com os outros mundos paralelos estudando uma substância misteriosa chamada de “Pó”. A vilã fica por conta de Mrs. Coulter (Nicole Kidman), aliada do Magistério.

História complexa e repleta de elementos de pura fantasia, sendo necessária uma boa dose de concentração para assimilar todas as informações apresentadas ao espectador. Destaque para os belos efeitos especiais e a presença sempre valiosa do astro Christopher Lee, mesmo numa participação super rápida como um conselheiro do alto comando do Magistério.
Curiosidades: A atriz inglesa Clare Higgins, que faz o papel de uma gípsia chamada Ma Costa, participou dos dois primeiros filmes da cultuada franquia “Hellraiser”, inspirada na obra literária de Clive Barker. Sugiro assistir a versão original em inglês com legendas, pois é uma heresia não ouvir as vozes guturais de Christopher Lee e Ian McKellen.

“A Bússola de Ouro” (The Golden Compass, Estados Unidos / Inglaterra, 2007) # 472 – data: 30/12/07
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(postado em 30/12/07)

Sam´s Lake (Canadá / EUA / Coréia do Sul, 2005)


Em 2002 o cineasta canadense Andrew C. Erin escreveu e dirigiu um curta metragem de um pouco menos de trinta minutos chamado “Sam´s Lake”. Um típico “slasher movie” com jovens sendo perseguidos por um assassino numa floresta. Três anos depois, ele conseguiu transformar seu projeto num filme com cerca de uma hora e meia de duração, onde procurou desenvolver com mais liberdade sua idéia.

Um grupo de cinco jovens decide passar um final de semana bem afastado do agito da cidade, hospedando-se numa casa localizada numa floresta que tem um lago belíssimo. A casa pertence à família de Sam (Fay Masterson), uma jovem que perdeu os pais e mudou-se para a cidade, convidando seus amigos para alguns dias de descanso no silêncio de um lugar isolado. Seus amigos são os namorados Franklin (Stephen Bishop) e Melanie (Megan Fahlenbock), além de Kate (Sandrine Holt) e o rapaz gay Dominik (Salvatore Antonio). Todos eles enfrentam problemas em suas vidas conturbadas, desde a intolerância da sociedade, passando por brigas até histórias com passado traumático, e por isso tornaram-se uma pequena família.
Chegando lá, eles encontram Jesse (William Gregory Lee), uma amigo de infância de Sam, e juntos passam a noite em volta de uma fogueira contando relatos macabros, como uma lenda local sobre um jovem adolescente que matou a família, os pais e a irmã, num ato de vingança e loucura. Ele havia fugido de uma clínica psiquiátrica e vivido como um animal na floresta. Depois que o grupo de amigos decide se aventurar numa visita noturna à antiga casa onde ocorreu o massacre, a aparente tranqüilidade do local transforma-se num novo palco de mortes.

Com uma sinopse dessas, o que vem à mente é mais um filme “slasher” com os velhos clichês de sempre, ou seja, jovens que vão para uma casa no meio da floresta com uma lenda local sobre um assassino com paradeiro desconhecido. Tem até as tradicionais cenas com um cara esquisito (no caso, o dono de uma loja de conveniências), que tenta avisar os forasteiros sobre o perigo, a roda de amigos em volta da fogueira para contar histórias assustadoras, a visita imprudente dos jovens acéfalos ao local do crime sangrento, e até a descoberta de um diário secreto do assassino.
Mas, parece que o diretor inseriu todos esses elementos clichês de forma intencional, podendo servir como uma homenagem ao gênero ou talvez para desviar um pouco a atenção do espectador, fazendo-o pensar que se trata de apenas mais um “slasher” banal. Porém, há uma reviravolta no segmento final que é razoavelmente convincente, mudando o rumo dos acontecimentos, apesar de que a partir daí também uma nova sucessão de clichês vem à tona, com aquelas perseguições e correrias de sempre, além de um desfecho mais que previsível.
No final das contas, é uma produção de baixo orçamento com uma história trivial (acrescentando-se uma reviravolta, talvez o único ponto a favor), onde quase não há violência e as poucas cenas de mortes são filmadas “off-screen”.

“Sam´s Lake” (Sam´s Lake, Canadá / Estados Unidos / Coréia do Sul, 2005) # 471 – data: 29/12/07
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(postado em 29/12/07)

30 Dias de Noite (30 Days of Night, EUA, 2007)

Quando o homem se encontra com uma força que não pode destruir, ele destrói a si mesmo. Que praga são vocês.

30 Dias de Noite” (30 Days of Night, 2007) estreou nos cinemas brasileiros em 07/12/07, baseado numa história em quadrinhos de Steve Niles e filmado em locações na Nova Zelândia.
Um vilarejo gelado localizado no Alasca fica trinta dias sem a luz do sol durante o inverno, e seus habitantes tornam-se vítimas de um feroz grupo organizado de vampiros predadores que, sob a liderança de Marlow (Danny Huston), aproveitam a escuridão de um mês inteiro para se alimentarem dos humanos, que tentam sobreviver aos ataques, tendo à frente o xerife local, Eben Oleson (Josh Hartnett).

Os grandes destaques são o clima sufocante e o intenso sentimento de claustrofobia de um grupo encurralado de pessoas num lugar envolto em trevas e sem escapatória, enfrentando a fúria animalesca de vampiros sedentos por seu sangue, e as próprias criaturas da noite, extremamente violentas, que destroçam sem piedade suas vítimas e se comunicam num idioma próprio. Eles demonstram uma imensa distância daqueles vampiros aristocráticos e sedutores abordados mais frequentemente na literatura e cinema.

Levamos séculos para fazer com que acreditassem que nós somos um pesadelo. Não podemos dar uma razão para que suspeitem. Destruam todos!

Nota do Autor (02/11/10): Teve uma sequência em 2010 lançada no Brasil em DVD como “30 Dias de Noite 2: Dias Sombrios” (30 Days of Night: Dark Days), com a ambientação na cidade de Los Angeles.

“30 Dias de Noite” (30 Days of Night, EUA, 2007) # 470 – data: 26/12/07
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(postado em 26/12/07)