O Jacaré Humano (The Alligator People, EUA, 1959, PB)


O sub-gênero “humanos transformados em monstros” é um dos mais interessantes no cinema de baixo orçamento com elementos de horror e ficção científica. Filmes como “A Mosca da Cabeça Branca” (The Fly, 1958), com um cientista transformado parcialmente em mosca (cabeça e um dos braços) numa experiência malsucedida de teletransporte, ou “A Mulher Vespa” (The Wasp Woman, 1959), com uma empresária do ramo de cosméticos transformada numa criatura meio vespa ao tentar rejuvenescer com um soro criado por um cientista, são apenas dois exemplos de diversão com monstros toscos do cinema fantástico bagaceiro.

O Jacaré Humano” (The Alligator People, EUA, 1959) é outro exemplo desse universo, com um militar transformado em jacaré humano pelas experiências de mais um “cientista louco” (sempre eles) trabalhando supostamente para o bem da humanidade (sempre com essa premissa de boas intenções com resultados ruins) na tentativa de regenerar o tecido humano deformado em acidentes.

Disponível no “Youtube” com opção de legendas em português, e lançado em DVD no Brasil pela “Versátil” na coleção “Clássicos Sci-Fi” Volume 5, o filme tem direção de Roy Del Ruth, roteiro de Orville H. Hampton, Charles O´Neal e Robert M. Fresco, fotografia original em preto e branco e elenco formado por Beverly Garland (de “Ameaça Espacial”, 1956) e Lon Chaney Jr. (1906 / 1973), nome eternamente associado ao Horror com inúmeros filmes na carreira e muito conhecido como “O lobisomem” no filme de 1941 da produtora “Universal”.

 

A enfermeira Jane Marvin (Beverly Garland) está trabalhando num sanatório e através de uma sessão de hipnose realizada pelo neuropatologista Dr. Wayne MacGregor (Douglas Kennedy) e com a consultoria do Dr. Eric Lorimer (Bruce Bennett), eles conhecem a estranha história dela, que na verdade se chama Joyce Hatten Webster, casada com Paul (Richard Crane), um tenente do exército que foi vítima de um acidente aéreo. Mesmo gravemente deformado, ele sobreviveu e com todas as cicatrizes misteriosamente curadas.

Porém, durante uma viagem de trem Paul recebe um telegrama e decide abandonar a esposa sem explicações desaparecendo na próxima estação. A partir daí, Joyce tenta encontrá-lo e depois de um árduo trabalho de investigação encontrou uma indicação numa mansão sinistra com segredos obscuros, localizada numa região rural e pantanosa com muitos jacarés.

Chegando lá, ela conhece o ajudante geral e motorista Manon (Lon Chaney Jr.), um homem rude e bêbado que tem um gancho no lugar de uma das mãos, decepada num confronto com um jacaré, e é recebida pela desconfiada proprietária Sra. Lavinia Hawthorne (Frieda Inescort), conhecendo também o cientista Dr. Mark Sinclair (George Macready), que está trabalhando com experiências de regeneração de tecidos humanos utilizando radioatividade e jacarés.

Depois de alguma dificuldade, Joyce encontra seu marido que está com o rosto deformado e feições reptilianas, desesperado para reverter o processo com as experiências sinistras do cientista envolvendo os jacarés que vivem na região, mas ocorre um acidente no laboratório e ele se transforma definitivamente no monstro mutante do título nacional.

 

Normalmente nesses filmes tranqueiras de horror e ficção científica, o roteiro é cheio de falhas e os efeitos práticos são toscos, e o mesmo acontece com “O Jacaré Humano”. Porém, a diversão para quem aprecia esse tipo de cinema antigo de baixo orçamento está justamente nessas características. O grande destaque, mesmo aparecendo pouco em cena, é o monstro bagaceiro com roupa de borracha, representado por um homem perturbado, com a mente distorcida e transformado num jacaré. Uma ideia exagerada no escapismo, hilária e inevitavelmente divertida. Tem também (e não poderia faltar) o “cientista louco” com suas experiências bizarras, sem controle dos resultados invariavelmente trágicos, com seu laboratório no pântano repleto de equipamentos elétricos com luzes piscando e mostradores analógicos, tentando simular uma tecnologia avançada utilizando elementos radioativos e desbravando uma ciência perigosa e desconhecida.  

 

(RR – 09/07/25)