Curse of the Stone Hand (EUA, 1965, PB)

 


O diretor e produtor americano Jerry Warren (1925 / 1988) possui um currículo com várias tranqueiras explorando elementos de horror e ficção científica bagaceiros como “Teenage Zombies” (1959), “The Incredible Petrified World” (1959) e “Attack of the Mayan Mummy” (1964), entre outros.

Ele também comprava os direitos de filmes de outros países, utilizando partes resumidas, acrescentando algumas cenas novas e lançando com outros títulos. É o caso da picaretagem “Curse of the Stone Hand” (1965), uma produção com fotografia em preto e branco com apenas 67 minutos de duração, e que está disponível no “Youtube” com opção de legendas em português.

Jerry Warren utilizou partes editadas de dois filmes chilenos, inseriu novas filmagens apenas como pano de fundo para tentar amarrar as histórias, e contratou de forma oportunista o lendário ator John Carradine, nome associado ao gênero e considerado um ícone do horror, principalmente dos filmes de pequenos orçamentos.

 

“The Suicide Club” é a primeira parte, com história baseada na obra de Robert Louis Stevenson (o criador de “O Médico e o Monstro”), utilizando cenas de arquivo do filme “La Dama de la Muerte” (1946), do diretor argentino Carlos Hugo Christensen.

O jovem Robert Braun (Carlos Cores, creditado como Charles Cores) vivia feliz com sua bela esposa (Judith Sullian) num casarão de estilo gótico, quando seu mundo desabou após receber a notícia que seus negócios entraram em falência. Uma vez endividado e desesperado pelo colapso financeiro, ele tentou obter dinheiro numa casa de jogos, e sem sucesso acabou ingressando num clube secreto e sinistro que poderia custar a sua vida.  

A segunda parte é “The House of Gloom”, com cenas de “La Casa Está Vacia” (1945), do diretor também argentino Carlos Schlieper.

Três irmãos órfãos cresceram na mesma mansão gótica, sendo que Charles (Alejandro Flores, creditado como Alex Lohr) é o mais velho, seguido por Jamie (Horacio Peterson, creditado como Horace Peterson) e Beth (Chela Bon, creditada como Sheila Bon).

Charles, influenciado pelo poder maléfico de uma escultura de mão de pedra (daí o título do filme de Warren), tornou-se autoritário e manipulador, forçando o seu casamento com Ruth (Maria Tereza Squella), a namorada de seu irmão Jamie, criando uma atmosfera de tensão na casa que poderia culminar numa tragédia familiar.

 

“Curse of the Stone Hand” é ruim, não por causa dos filmes chilenos que emprestaram suas histórias, mas devido à picaretagem de Jerry Warren que numa jogada de total oportunismo, juntou dois filmes feitos vinte anos antes, resultando numa compilação com edição cheia de falhas.

Pensando apenas na possibilidade de ganhar algum dinheiro, ele achava que iria funcionar a ideia de transformar esses filmes em outro, criando uma história de uma mansão amaldiçoada por uma escultura de pedra com o formato de uma mão misteriosa, que serviria de conexão entre os dois contos de horror. Utilizando uma narração não creditada de Bruno VeSota, mais conhecido como ator de filmes bagaceiros e também diretor de tranqueiras como “Os Devoradores de Cérebros” (The Brain Eaters, 1958), além de inserir algumas poucas cenas fora de contexto com os atores John Carradine e Katherine Victor.

Como resultado final temos um filme que é uma concha de retalhos mal costurados e que ainda tenta explorar a imagem de John Carradine, que aparece pouco e de forma irrelevante, não conseguindo acrescentar nada ao filme, mas tendo seu nome em destaque nos créditos e materiais de divulgação. O que Jerry Warren conseguiu foi depreciar a memória dos filmes chilenos criando algo inexpressivo que diverte pouco, exceto por um momento especial no segmento sobre o clube do suicídio, com a cena carregada de tensão entre os jogadores que disputavam a sorte para definir quem teria que morrer e quem seria o executor.

(RR – 20/08/24)