
“No ano 2055, uma nova tecnologia foi inventada que poderia mudar o mundo, ou destruí-lo. Um homem chamado Charles Hatton a usou para ganhar dinheiro.”
“1 – Não mude nada. 2 – Não deixe nada para trás. 3 – Não traga nada de volta.” – regras básicas que devem ser respeitadas em viagens no tempo
“O Som do Trovão” (A Sound of Thunder, Estados Unidos / Alemanha / República Tcheca, 2005) # 399 – data: 10/09/06 – avaliação: 6 (de 0 a 10)
A primeira ideia que vem à
cabeça depois de ver “O Som do Trovão” (A Sound of Thunder), é um
questionamento sobre por que esse filme não foi exibido em nossos cinemas,
sendo apenas lançado diretamente no mercado de DVD (pela “Europa”, em Março de
2006). Pois o filme reúne alguns elementos favoráveis do ponto de vista
comercial, tendo um bom potencial para entrar em cartaz nas salas de exibição,
ou seja, é uma super produção de 80 milhões de dólares, um típico filme pipoca
com ação, aventura, e muitos efeitos especiais numa história de Ficção
Científica e viagem no tempo. Por outro lado, filmes insignificantes como
“Amaldiçoados” (Cursed), de Wes Craven, são exibidos nos cinemas quando
deveriam ir direto para o vídeo. Isso apenas é mais uma das incoerências
cometidas pelas distribuidoras responsáveis pelos filmes que chegam ao Brasil.
Em “O Som do Trovão”, a ação é
ambientada em 2055, época em que o Homem já havia criado uma forma de viajar no
tempo. Um empresário rico e sem escrúpulos, Charles Hatton (Ben Kingsley), é
dono de uma agência que faz viagens ao passado, a “Time Safari”, proporcionando
aos seus clientes uma pequena e rápida, porém bastante convincente e real,
turnê para o passado da humanidade, voltando 65 milhões de anos no tempo, em
plena época dos dinossauros. Qualquer pessoa, depois de pagar uma quantia
imensa em dinheiro, poderia participar de uma expedição e abater um alossauro
em seu habitat natural (meticulosamente escolhido), pouco antes dele se atolar
num pântano ou ser carbonizado na erupção de um vulcão.
A expedição era sempre repetida
com precisão para os vários clientes diferentes, sob a liderança do cientista
Dr. Travis Ryer (Edward Burns), que contava com o auxílio de outros
profissionais em sua equipe como a jovem Jennifer Krase (Jemima Rooper),
responsável por registrar a caçada, Marcus Payne (David Oyelowo), o oficial de
segurança, e o Dr. Lucas (Wilfried Hochholdinger), o médico que monitora as
condições físicas dos clientes. Participa também das expedições um agente a
serviço do governo (Departamento de Regulamentação Temporal), Clay Derris
(August Zirner), cuja função é fiscalizar as ações para impedir que alguma
interferência no passado possa gerar alguma conseqüência grave no tempo
seguinte.
E é justamente isso que acontece
quando após um acidente numa das expedições, ocorre uma série de efeitos
turbulentos no presente desestabilizando a vida como conhecemos e colocando em
risco o planeta. Confirmando uma ameaça prevista pela cientista Dra. Sonia Rand
(Catherine McCormack), a criadora do super computador que faz os cálculos de
viagem no tempo, e que se une ao Dr. Ryer para tentar reverter o processo e
colocar as coisas novamente em seu curso normal. Enfrentando uma infinidade de
perigos como ondas de choque que modificam todo o processo evolutivo, e um
mundo hostil infestado de plantas e animais mutantes como macacos dinossauros,
morcegos monstruosos e serpentes aquáticas.
Com direção de Peter Hyams (de
“A Relíquia” e “Fim dos Dias”) e história inspirada por um conto do cultuado
escritor de Ficção Científica Ray Bradbury, “O Som do Trovão” é uma aventura de
viagem no tempo explorando as conseqüências graves causadas quando algum evento
do passado (por menor que seja e mais insignificante que pareça) é
inadvertidamente alterado, podendo culminar com a destruição do mundo que
conhecemos. Dentro dessa ideia interessante, que sempre tem um potencial para o
entretenimento, somos convidados a acompanhar a trajetória de um grupo de
cientistas para tentar reparar um erro cometido e anular o efeito devastador de
um evento alterado no tempo.
Os efeitos especiais são uma
atração à parte, mostrando desde a rotina de uma enorme cidade futurista, com
seus belos e imensos prédios e tráfego intenso de carros, passando pela
recriação de um ambiente pré-histórico de milhões de anos no passado habitado
por dinossauros, até um mundo caótico dominado por uma realidade alternativa
onde vivem criaturas mutantes desconhecidas por nós.
Por outro lado, e servindo
apenas para evidenciar que estamos vendo um filme comercial que privilegia
exclusivamente um tipo de diversão simples e sem compromisso, temos aqueles
conhecidos desfiles de clichês e situações absurdas, como por exemplo a queda
do casal de cientistas, que para fugirem de uma invasão de insetos no
apartamento da Dra. Rand, se jogam pela janela e caem de uma altura
significativa por cima de algumas árvores e não sofrem nem um arranhão. Além do
desfecho previsível que sempre tem que existir para satisfazer a maioria do
público (faço parte da minoria e preferiria de vez em quando um pouco de
ousadia dos roteiristas com um desfecho mais pessimista e diferente do
trivial).
Uma curiosidade interessante é
quando o empresário Charles Hatton faz um discurso padrão para seus clientes
nas viagens no tempo encorajando-os no desafio que enfrentarão ao confrontar um
dinossauro real, citando eventos importantes na história da humanidade como
Cristóvão Colombo ter descoberto a América, Neil Armstrong ter pisado na Lua, e
de “Brubaker ter chegado em Marte” (será uma previsão?)... Aliás, Brubaker é o
nome do comandante de uma expedição fraudada para Marte no thriller de FC
“Capricórnio Um” (Capricorn One, 1978), dirigido também por Peter Hyams.
Outra curiosidade é que as
filmagens ocorreram em 2002 em Praga, na República Tcheca, e o filme deveria
ter sido lançado em 2003. Mas, como aconteceram várias inundações naquele país
europeu, os cenários foram danificados e os trabalhos de filmagens atrasaram
muito, com o lançamento apenas em 2005.
“1 – Não mude nada. 2 – Não deixe nada para trás. 3 – Não traga nada de volta.” – regras básicas que devem ser respeitadas em viagens no tempo
“O Som do Trovão” (A Sound of Thunder, Estados Unidos / Alemanha / República Tcheca, 2005) # 399 – data: 10/09/06 – avaliação: 6 (de 0 a 10)
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