Comentários de Cinema - Parte 25

Filmes abordados:

Carnossauro (Carnosaur, EUA, 1993) + Carnossauro 2 (Carnosaur 2, EUA, 1995) + Criaturas do Terror (Carnosaur 3: Primal Species, EUA, 1996)
Doce Aroma da Morte, O (The Sweet Scent of Death, Inglaterra, 1984)
Drácula, o Perfil do Diabo (Dracula Has Risen From the Grave, Inglaterra, 1968)
Era dos Dinossauros, A (Age of Dinosaurs, EUA, 2013)
Maldição da Múmia, A (The Curse of the Mummy´s Tomb, Inglaterra, 1964)
Mulheres Pré-Históricas (Slave Girls / Prehistoric Women, Inglaterra, 1967)
Presentes (Offerings, EUA, 1989)
Tatuagem – A Marca do Diabo (Mark of the Devil, Inglaterra, 1984)
Tempestade Solar (Exploding Sun, Canadá, 2013)
The Man and the Monster / El Hombre y el Monstruo (México, 1959, PB)
Vingança da Deusa, A (The Vengeance of She, Inglaterra, 1968)


* Carnossauro (1993)
 “A Terra não foi criada para nós. Ela foi feita para os dinossauros. Estava desenhada para suas dimensões. Os seres humanos são como formigas passeando pelos seus quartos.” – comentário da “cientista louca” Dra. Jane Tiptree
Aproveitando o lançamento em 1993 de “Jurassic Park – O Parque dos Dinossauros”, de Steven Spielberg, que gerou uma franquia milionária, o produtor e também diretor Roger Corman, com centenas de filmes no currículo, a maioria situados no gênero fantástico, aproveitou o momento favorável comercialmente e lançou o cultuado “Carnossauro”. O filme é uma tranqueira divertida de dinossauros que gerou outras duas continuações. Corman é conhecido como “O Rei dos Filmes B” por seu incrível talento em produzir filmes com orçamentos baixos e filmagens em tempos curtos, e sua carreira marcante teve início nos anos 1950, já tendo acumulado mais de 400 filmes no currículo, e também grande quantidade de créditos na função de diretor, tendo trabalhado com atores ícones do Horror como Vincent Price e Boris Karloff. É uma pena que seu último trabalho na direção foi em 1990 com “Frankenstein – O Monstro das Trevas” (Frankenstein Unbound). Mas, em compensação, como produtor Corman tem mais de 60 anos de contribuições para o cinema fantástico bagaceiro, com um legado eterno de filmes de qualidade duvidosa, mas a maioria com diversão garantida.
Em “Carnossauro”, dirigido por Adam Simon (de “Brain Dead”, 1990) e com sequências adicionais por Darren Moloney, temos uma história tosca ao extremo apresentando a “cientista louca” Dra. Jane Tiptree (Diane Ladd) liderando um projeto científico de engenharia genética com estudos de recombinação de DNA e manipulação de um vírus de frangos. Como resultados, temos dinossauros nascendo em ovos de galinha, crescendo numa velocidade extremamente rápida, e devorando as pessoas. Além da propagação de uma contaminação nas mulheres causando uma febre misteriosa e transformando-as em grávidas de dinossauros. Tudo faz parte de um plano maquiavélico da cientista para eliminar as mulheres e consequentemente a raça humana, dando lugar para os dinossauros pré-históricos povoarem novamente nosso planeta. Para tentar combatê-la, temos um vigia noturno, Doc Smith (Raphael Sbarge), que toma conta dos tratores de uma empresa que está destruindo a natureza, e uma ecologista hippie, Ann Thrush (Jennifer Runyon, atriz casada com um sobrinho de Corman), que defende o slogan “As grandes corporações estão matando nosso mundo”. E tem também um xerife durão, Fowler (Harrison Page), que tenta impedir a invasão dos dinossauros. 
Ao contrário da produtora picareta “The Asylum”, que copia ideias e faz filmes modernos extremamente ruins e exagerados nos efeitos de computação gráfica, o cultuado produtor Roger Corman sempre aproveitou argumentos e cenários usados para fazer filmes também ruins, mas divertidos. Principalmente pela precariedade dos recursos, sem a utilização dos efeitos artificiais de CGI, como exemplificado nos dinossauros toscos de “Carnossauro”, feitos por bonecos em miniatura com controle remoto e fantoches de mão, ou como no caso do tiranossauro, por um robô desajeitado com quase cinco metros de altura. Temos as sempre esperadas cenas de mortes violentas de dezenas de vítimas com o sangue jorrando, e pedaços de seus frágeis corpos destroçados pelas garras e dentes das feras, que vão de um imponente tiranossauro aos ágeis deinonicos (animais parecidos com velociraptores). É verdade que o roteiro é bem exagerado na fantasia, desde a ideia insana da cientista geneticista até a forma como ela coloca seu plano diabólico em ação, mas em compensação, a overdose de mortes sangrentas e o desfecho pessimista contribuem significativamente para o interesse pelo filme, que concluiu com um gancho para sequências inferiores que foram lançadas nos anos seguintes. 
Curiosamente, a veterana atriz Diane Ladd é mãe de Laura Dern, que no mesmo ano de 1993 atuava ao lado de Sam Neill, Jeff Goldblum e Richard Attenborough em “Jurassic Park – O Parque dos Dinossauros”. O experiente ator Clint Howard, com mais de 230 créditos no currículo, tem uma participação rápida com destaque para uma cena onde conta uma piada num bar antes de virar comida de dinossauro. A famosa cena do bebê alien rasgando o ventre de seu hospedeiro no clássico “Alien, o Oitavo Passageiro” (1979) é também referenciada em cena similar no filme produzido por Corman.
Carnossauro 2 (1995)
“Carnossauro” impulsionou a realização de outros filmes ambientados em seu universo ficcional, nas mesmas mãos de Roger Corman como produtor. Em 1995 foi lançado “Carnossauro 2” (Carnosaur 2), com direção de Louis Morneau (de “Morcegos”, 1999 e “Lobisomem: A Besta Entre Nós”, 2012) e com o veterano ator John Savage, com mais de duas centenas filmes na carreira. Foi exibido na televisão na “Sessão das Dez” do SBT.
Na história, ocorre um acidente numa mina de urânio operada por militares, uma unidade secreta localizada no meio do deserto. Depois que os funcionários morrem misteriosamente, cortando as comunicações, o governo americano decide enviar um representante para averiguar, Major Tom McQuade (Cliff De Young). Ele é acompanhado por um grupo contratado de especialistas em missões especiais de resgate, liderado por Jack Reed (John Savage). A equipe é ainda formada por Ben Kahane (Don Stroud), Monk Brody (Rick Dean), a bela Sarah Rowlins (Arabella Holzbog), o expert em computação e piadista Ed Moses (Miguel A. Núñez Jr.) e a piloto de helicóptero Joanne Galloway (Neith Hunter). Ao entrar nas instalações militares, o grupo encontra um cenário de destruição com mortes violentas, e resgatam um sobrevivente em estado de choque, o adolescente Jesse Turner (Ryan Thomas Johnson). Mas, o pior ainda viria com a descoberta de que o local está infestado de dinossauros ávidos por suas frágeis carnes.
Em termos de roteiro, mesmo sendo um clichê colossal, podemos considerar que é melhor do que o filme original, cuja história básica é extremamente exagerada na fantasia. Mas, por outro lado, temos aqui a tão manjada ambientação claustrofóbica, onde um grupo de pessoas está encurralado num local isolado, sendo atacado por dinossauros carnívoros e tentando desesperadamente lutar por suas vidas. Esse argumento é um dos mais explorados no cinema de horror e ficção científica, com centenas de filmes similares, alternando apenas as pessoas, o local e a ameaça. Como sendo nitidamente uma produção de baixo orçamento, o ambiente interno é bem escuro para ajudar a camuflar a precariedade dos efeitos dos dinossauros, mas assim como no filme anterior, temos várias cenas de mortes sangrentas, com braço decepado, cabeça arrancada a dentadas e dilacerações diversas. Porém, os ataques dos monstros demoram e a carnificina inicia apenas depois de meia hora de filme (antes, as cenas de mortes são “off screen”).
“Carnossauro 2” é curto, com pouco mais de 80 minutos, e o desfecho é bem similar ao filme original, com um confronto inverossímil e exagerado entre o adolescente metido a herói Jesse, dirigindo uma grande empilhadeira, contra um tiranossauro, culminando com aqueles resultados já previsíveis. Curiosamente, e talvez como uma homenagem ao clássico da guerra do Vietnã “Apocalipse Now” (1979), de Francis Ford Coppola, quando o helicóptero do grupo de resgate chega à instalação militar, um dos membros da equipe faz questão de ouvir um trecho da música clássica “Cavalgada das Valquírias”, do alemão Richard Wagner. É uma referência para uma cena similar do filme de Coppola, onde um grupo de helicópteros ataca uma aldeia vietnamita ao som da mesma música.
Criaturas do Terror (1996)
Em 1996 veio o terceiro filme da franquia, que recebeu por aqui o manjado título sem criatividade “Criaturas do Terror” (Carnosaur 3: Primal Species), dirigido por Jonathan Winfrey. O pior é que ainda recebeu outro nome patético quando foi exibido na telinha na “Sessão Especial” da TV Record, “Carnossauro: O Monstro Destruidor”, apenas para confundir e dificultar ainda mais um trabalho de catalogação dos filmes que chegam no Brasil.
Um comboio do exército escoltando um caminhão misterioso é surpreendido numa emboscada por mercenários terroristas, que o roubam acreditando num carregamento valioso de urânio. Porém, eles descobrem que na verdade a carga trata-se de uma criação de répteis carnívoros que logo os transforma em alimento. São réplicas de dinossauros geneticamente construídos através de um projeto científico que buscava a cura de várias doenças, estudando sua estrutura de DNA regenerativa. Uma equipe especial de militares, liderada pelo Coronel Rance Higgins (Scott Valentine) e contando com soldados treinados como Sanders (Rodger Halston) e o piadista Polchek (Rick Dean, que curiosamente esteve também em “Carnossauro 2” como outro personagem), é convocada pelo General Pete Mercer (Anthony Peck) para investigar a ocorrência do roubo da carga secreta. Eles encontram corpos despedaçados e sangue espalhado para todos os lados e ficam sabendo através da cientista Dra. Hodges (Janet Gunn) sobre o projeto científico de criação de dinossauros e da necessidade de capturar as criaturas vivas. O grupo do Cel. Higgins une-se com uma equipe de fuzileiros navais para combater as feras, primeiramente num galpão e depois num navio, onde um tiranossauro rex imenso montou um ninho no porão de carga e está criando dúzias de ovos para reprodução.
O terceiro filme da franquia “Carnossauro” pode ser classificado simplesmente como “mais do mesmo”. Ou seja, roteiro similar aos anteriores, explorando o velho clichê formado por um grupo de soldados num ambiente fechado e com atmosfera de claustrofobia (galpão, depois navio), combatendo uma ameaça (dinossauros famintos por suas carnes). O filme tem até um desfecho novamente com gancho, mas a série parou por aí, até porque não tinha mais como contar uma história com um mínimo de interesse. Também temos os mesmos efeitos bagaceiros e fotografia escura para esconder a precariedade, e os mesmos personagens estereotipados como um líder militar metido a durão. E continuam as piadas banais e comentários absurdos de personagens que estão prestes a morrer de forma violenta, e ainda encontram humor nos últimos momentos de vida, não combinando com a postura esperada de soldados. Tudo isso até consegue divertir um pouco, principalmente para os apreciadores de cinema bagaceiro, mas no caso desse “Carnossauro 3” a repetição de clichês tornaram o filme mais cansativo, num último suspiro da franquia.  
Curiosamente, um dos policiais que chega ao local onde está o caminhão roubado pelos terroristas com a carga de dinossauros, encontra um cenário sangrento repleto de vítimas esquartejadas, e faz um comentário hilário: “Isto aqui está parecendo um pesadelo de sexta-feira 13”.
(RR – 17/02/16)

* Doce Aroma da Morte, O (1984) – Episódio 8 da série de TV “Hammer House of Mystery and Suspense”, produzida em 1984 pelo cultuado estúdio inglês “Hammer”, em parceria com a americana “Fox”, sendo por isso também conhecida como “Fox Mystery Theatre”. Foram apenas 13 episódios com duração aproximada de 70 minutos, que acabaram transformando-se em filmes independentes. No Brasil, foi exibida em nossas televisões com os títulos “Suspense” ou “Cine Suspense”. “O Doce Aroma da Morte” (The Sweet Scent of Death) tem direção do húngaro Peter Sasdy, cineasta conhecido da própria “Hammer”, assinando filmes como “O Sangue de Drácula” (1970) e “Condessa Drácula” (1971). No elenco, temos os experientes Dean Stockwell, com mais de 200 créditos na longa carreira e Shirley Knight, que não fica muito atrás, com uma infinidade de trabalhos no currículo. O diplomata americano Greg Denver (Dean Stockwell) se muda para a Inglaterra para assumir a embaixada em Londres. Muito atarefado, ele decide passar mais tempo com a esposa Ann Fairfax (Shirley Knight), uma advogada que deixou a profissão para acompanhar o marido. Eles se mudam para uma mansão rural, porém depois instalados na nova casa, fatos misteriosos começam a ocorrer e Ann sente que está sendo observada e atormentada por alguém à espreita. Levantando suspeitas sinistras de acontecimentos de seu passado nos Estados Unidos, onde ela defendeu no tribunal o suspeito pelo assassinato de uma jovem que ia se casar com Terry Marvin (Michael Gothard), que vive agora nos arredores da mansão como florista, especializado em rosas vermelhas (daí a relação com o título do filme). Outras personagens se envolvem no mistério como a estranha secretária de Greg, Paula (Toria Fuller), e a responsável pelas Relações Públicas do embaixador, a bela Suzy Kendrick (Carmen Du Sautoy), despertando a investigação policial a cargo da dupla de detetives formada pelo Sargento Wells (Robert Lang) e Constable Gray (Struan Rodger). É uma típica história de detetive, com seus elementos característicos, assassinatos, vinganças, clima de mistério, tensão e suspense, com investigação policial e as tradicionais reviravoltas, tudo funcionando até de forma eficiente, mas sem fugir muito do comum, faltando as sempre esperadas novidades ou mais ousadia no roteiro. É um episódio ligeiramente menor dessa interessante série da “Hammer”. (RR – 22/12/15)

* Drácula, o Perfil do Diabo (1968) – Terceiro filme da produtora inglesa “Hammer” com o famoso vampiro Drácula interpretado por Christopher Lee. Antes tivemos “O Vampiro da Noite” (Horror of Dracula, 1958) e “Drácula: Príncipe das Trevas” (Dracula: Prince of Darkness, 1966), e depois mais quatro filmes, “O Sangue de Drácula” (Taste the Blood of Dracula, 1970), “O Conde Drácula” (Scars of Dracula, 1970), “Drácula no Mundo da Mini Saia” (Dracula AD 1972, 1972) e “Os Ritos Satânicos de Drácula” (The Satanic Rites of Dracula, 1973). “Drácula, o Perfil do Diabo” tem direção de Freddie Francis e roteiro de Anthony Hinds, creditado como John Elder. A história se passa um ano após os eventos do filme anterior, com a chegada do monsenhor Ernst Muller (Rupert Davies) ao vilarejo próximo do castelo de Drácula. Vendo que os aldeões continuavam aterrorizados mesmo após a suposta destruição do vampiro, ele decide subir ao castelo no alto das montanhas para recitar em latim um ritual de exorcismo, deixando uma imensa cruz na porta da imponente e sombria construção de pedra. Ele é acompanhado pelo padre local (Ewan Hooper) e após um acidente com sua queda e um ferimento na cabeça, seu sangue ressuscita o cadáver de Drácula, preso nas águas congeladas próximas ao castelo. A criatura da noite ressurge e transforma o padre em seu servo, partindo para a vingança contra o monsenhor que lacrou a porta do castelo com a cruz. Chegando numa pequena cidade vizinha, ele espalha o horror fazendo vítimas como Zena (Barbara Ewing), a garçonete de um bar, e tem um interesse especial na jovem Maria. Ela é sobrinha do monsenhor e é interpretada pela bela Veronica Carlson, de filmes como “Frankenstein Tem Que Ser Destruído” (1969), “O Horror de Frankenstein” (1970) e “O Carniçal” (1975). Drácula tem que enfrentar uma batalha contra o namorado ateu da moça, Paul (Barry Andrews), que trabalha na pousada de Max (Michael Ripper, o recordista de papéis coadjuvantes na “Hammer”).  Se no filme anterior, “Drácula: O Príncipe das Trevas”, o vampiro não diz uma única palavra, por imposição de Christopher Lee, insatisfeito com o roteiro e receoso por alguma repercussão negativa do personagem, em “Drácula, o Perfil do Diabo”, o temível vampiro sugador de sangue tem até algumas falas, mas são poucas. Sempre rude e agindo com selvageria e violência, certamente seria mais interessante se Drácula tivesse uma participação maior. Suas expressões faciais continuam intimidadoras e seus olhos vermelhos de sangue traduzem o ódio e horror de forma avassaladora. Mas, o vampiro aparece pouco, no meio de uma história comum e previsível, onde sabemos sempre antecipadamente como será o desfecho num confronto final (similar em todos os filmes com o vampiro, nem sendo mais considerado um “spoiler”). Geralmente sabemos o destino dos personagens, e nesse filme as coisas não são diferentes, contando ainda com um acréscimo de moralismo religioso católico. Por outro lado, não faltam as esperadas cenas e elementos tão característicos do horror gótico que se transformaram na marca registrada da “Hammer”, motivo maior da existência de uma imensa legião de cultuadores eternos que o estúdio ganhou a partir de suas atividades iniciadas em meados dos anos 50 e permanecendo por mais duas décadas. Temos o castelo sombrio, as carruagens, os vilarejos em pânico com seus aldeões supersticiosos, as névoas sinistras, a floresta fantasmagórica e aquela atmosfera constantemente perturbadora de medo e insegurança. Curiosamente, o mesmo ritual de exorcismo recitado em latim que foi proferido pelo monsenhor para livrar o castelo de Dráculo do mal absoluto, foi também reproduzido na introdução de uma música da banda de metal extremo “Marduk” (Suécia). Trata-se da faixa “Accuser / Opposer”, do álbum “Rom 5:12” (2007). No “Youtube” tem vários vídeos dessa música, segue dois deles: https://www.youtube.com/watch?v=6_eMI6HM4kY e https://www.youtube.com/watch?v=rGPhzzN11fo (sendo este um show na Alemanha em 2008). (RR – 30/12/15)

* Era dos Dinossauros, A (2013) – A produtora americana “The Asylum”, especializada em cinema fantástico bagaceiro, com o apoio do canal de TV a cabo “SyFy” na exibição, é a responsável por outra tranqueira colossal envolvendo dinossauros recriados por biotecnologia, que invadem a cidade de Los Angeles se alimentando de carne humana. “A Era dos Dinossauros” (Age of Dinosaurs) tem direção de Joseph J. Lawson, o mesmo cineasta de “Nazistas no Centro da Terra” (2012), e nome mais associado como técnico em efeitos visuais em dezenas de outras porcarias. O filme também tem a presença dos veteranos atores Ronny Cox, de “Robocop, o Policial do Futuro” (1987), e Treat Williams, de “Tentáculos” (1998). “Geneti-Sharp” é uma empresa de biotecnologia que conseguiu sucesso com a pesquisa de regeneração de tecidos, ajudando muitas pessoas queimadas a recuperarem a pele. Seu presidente, Justin (Ronny Cox), decidiu então conquistar objetivos mais audaciosos e patrocinou um projeto científico liderado pelo inescrupuloso Doug (Jose Rosete) e o veterinário Dr. Craig Carson (Joshua Michael Allen), para trazer de volta à vida vários tipos de dinossauros, através de amostras do DNA. Porém, ocorre um acidente com o sistema de segurança no teatro onde os animais eram apresentados ao público, e todo o prédio transforma-se num ambiente de desespero, com as pessoas lutando por suas vidas para não serem alimento dos dinossauros. Em meio à confusão, um bombeiro em folga, Gabe Jacobs (Treat Williams), que só precisa de um machado para resolver os problemas, se perde de sua filha adolescente, Jade (Jillian Rose Reed), que parece um zumbi que não larga o telefone celular, enquanto o prédio é cercado pela polícia para tentar inutilmente impedir a invasão dos monstros pré-históricos pela cidade em busca do sangue e carne de suas vítimas. Como sendo mais uma produção da picareta “The Asylum”, é plenamente possível sabermos com antecedência que “A Era dos Dinossauros” tem todos os elementos tradicionais de seus filmes ruins. O maior problema, como sempre, é o roteiro patético, e nesse caso tendo como foco um imenso clichê, ou seja, “alguém metido a herói que no meio do caos precisa encontrar e proteger um familiar do perigo mortal de uma ameaça monstruosa”. E essa história banal está acompanhada de efeitos especiais vagabundos, os eternos “CGI” que tornam tudo muito artificial, exagerado e inverossímil. E, claro, também não vai faltar o manjado desfecho previsível, dessa vez envolvendo o bombeiro herói, sua filha, um helicóptero e um pteranodonte, no meio do famoso letreiro gigante de “Hollywood”. Enquanto os dinossauros estão dentro do prédio da empresa de biotecnologia, percorrendo os andares e colecionando vítimas, até existe uma razoável atmosfera de claustrofobia, com as pessoas desesperadas lutando por suas vidas, que mesmo já vista em centenas de filmes similares, ainda funciona, auxiliada por cenas de mortes sangrentas. Enquanto os dinossauros estão dentro do prédio da empresa de biotecnologia, percorrendo os andares e colecionando vítimas, até existe uma razoável atmosfera de claustrofobia, com as pessoas desesperadas lutando por suas vidas, que mesmo já vista em centenas de filmes similares, ainda funciona, auxiliada por cenas de mortes sangrentas. Mas, depois que os bichos carnívoros escapam para as ruas de Los Angeles, perseguindo carros, derrubando helicópteros, destruindo construções de concreto e comendo as pessoas, o filme se perde totalmente tornando-se exagerado e ridículo, características registradas da produtora “The Asylum”, não passando de apenas mais um produto descartável destinado ao esquecimento rápido. (RR – 01/02/16)

* Maldição da Múmia, A (1964) – A contribuição do estúdio inglês “Hammer” para o universo ficcional das múmias do antigo Egito é composta por quatro filmes. São eles: “A Múmia” (The Mummy, 1959), de Terence Fisher e com Christopher Lee e Peter Cushing, “A Maldição da Múmia” (The Curse of the Mummy’s Tomb, 1964), de Michael Carreras, “A Mortalha da Múmia / O Sarcófago Maldito” (The Mummy’s Shroud, 1967), de John Gilling e com André Morell, e “Sangue no Sarcófago da Múmia” (Blood From the Mummy’s Tomb, 1971), de Seth Holt e Michael Carreras, e com Andrew Keir. No segundo filme da série, a história é ambientada no Egito de 1900, onde um grupo de arqueólogos europeus encontra a tumba de 3000 anos do príncipe Ra-Antef, um dos filhos gêmeos do faraó Ramsés VIII, após uma exaustiva jornada de dezoito meses pelo deserto. A equipe é formada pelos egiptólogos ingleses Sir Giles Dalrymple (Jack Gwillim) e John Bray (Ronald Howard), além da bela francesa Annette Dubois (Jeanne Roland) e do empresário americano da área de entretenimento Alexander King (Fred Clark), o financiador da expedição. A múmia preservada em seu sarcófago, e todos os tesouros, pertences pessoais e artefatos valiosos, foram levados para Londres para serem apresentados à imprensa. E depois seguiriam para os Estados Unidos com o objetivo de serem expostos num evento itinerante, mesmo contra a vontade do governo egípcio, representado por Hashmi Bey (George Pastell), que não queria que a múmia saísse de seu país de origem. Durante o trajeto por navio até a Inglaterra, os arqueólogos conhecem outro estudioso e colecionador de objetos do antigo Egito, o misterioso Adam Beauchamp (Terence Morgan), que desperta um interesse amoroso em Annette. Após chegarem a Londres, tem início uma ocorrência de fatos estranhos, como o desaparecimento da múmia em seu sarcófago seguido de uma série de ataques violentos com mortes envolvendo a equipe e todos que testemunharam a abertura da tumba, desencadeando “a maldição da múmia” (do título). De todos os quatro filmes de múmias da “Hammer”, certamente o melhor disparado é o clássico “A Múmia” (1959), dirigido pelo especialista Terence Fisher (o melhor cineasta do estúdio) e estrelado pela dupla dinâmica Christopher Lee (como o monstro) e Peter Cushing (como o arqueólogo rival). Como esse trio não fez parte dos outros três filmes, a qualidade e interesse inevitavelmente diminuíram. Mas, apesar disso, “A Maldição da Múmia” é um filme da cultuada produtora (curto, com apenas 78 minutos) e está situado dentro da temática de um dos grandes monstros sagrados do cinema de horror. E esses já são motivos suficientes para agregar valores ao filme e despertar o interesse dos fãs. Michael Carreras fez de tudo aqui, dirigiu, escreveu o roteiro sob o pseudônimo de Henry Younger e produziu o filme. Porém, é uma pena comprovar que ele é mais talentoso apenas como produtor de muitos filmes divertidos da “Hammer”, e seu trabalho principalmente como roteirista, é bem inferior. A história desse filme é apenas trivial, exagerada nos clichês e com uma “surpresa” envolvendo o personagem Adam Beauchamp que teve um efeito contrário (na verdade, a tal surpresa é até previsível e exagerada na fantasia). O que realmente vale destacar nesse segundo filme da série de múmias da “Hammer”, é o mesmo que acontece com os outros dois seguintes: as cenas de ataque do monstro envolto em bandagens (interpretado por Dickie Owen) contra os profanadores de sua tumba, e as eventuais mortes violentas. Curiosamente, o eterno ator coadjuvante Michael Ripper também aparece aqui, numa ponta rápida no início como o serviçal egípcio Achmed. Ele que é o campeão de participações em filmes da “Hammer”. (RR – 10/02/16)

* Mulheres Pré-Históricas (1967)O estúdio inglês “Hammer” tem uma importância extremamente significativa na história do cinema fantástico, principalmente com seus filmes de atmosfera gótica, uma marca registrada que tornou a produtora tão cultuada. Porém, vários outros temas também foram abordados, como o sub-gênero de civilizações perdidas no tempo, com histórias classificadas como aventura com elementos de fantasia. É o caso de “Mulheres Pré-Históricas”, filme de 1967 dirigido, escrito e produzido por Michael Carreras, e com um elenco enorme formado especialmente por belas mulheres vestidas com poucas roupas. David (Michael Latimer) é um guia de expedições de caça de animais selvagens, que encontra no meio da selva uma misteriosa tribo de nativos que querem matá-lo em nome de seu deus, uma imagem de um rinoceronte branco. Porém, em meio ao ritual de sacrifício, ocorre um evento onde ele é transportado para o passado encontrando uma civilização formada por mulheres de cabelos morenos e “pré-históricas” (do título original adotado nos Estados Unidos). Elas são lideradas pela rainha tirana Kari (Martine Beswick), que mantém as mulheres de cabelos loiros como serviçais “escravas” (do título original na Inglaterra). Os poucos homens são também escravizados e mantidos presos numa caverna. O jovem inglês recém chegado se apaixona por uma das mulheres loiras, Saria (a húngara Edina Ronay), e juntos eles tentam organizar uma revolta contra a tirania da rainha morena, libertando as loiras da escravidão e impedindo os constantes sacrifícios oferecidos para uma tribo violenta de homens negros que mantém a paz num acordo que exige as mulheres em troca. Ao contrário de alguns dos outros filmes da “Hammer” com temática de civilizações perdidas, nesse não há dinossauros ameaçadores caminhando pela Terra. Porém, encontramos clichês tradicionais com o roteiro apresentando uma rainha que governa sua tribo com tirania, despertando a fúria dos escravos, que desejam a liberdade. E como herói opositor, surge um homem vindo do futuro que desperta um interesse amoroso na rainha, mas que se apaixona por uma das escravas, se engajando numa luta para se livrarem da opressão. A história é simples demais e repleta de danças e cantorias entediantes, num inevitável convite ao sono. Por outro lado, o que realmente consegue manter a atenção do espectador é o desfile de belíssimas mulheres, tanto morenas quanto loiras, em trajes sumários, garantindo a diversão, juntamente com os elementos fantásticos como a viagem no tempo do protagonista, visitando e interferindo nas ações de um mundo do passado. Curiosamente, “Mulheres Pré-Históricas” foi filmado em apenas quatro semanas, utilizando os mesmos cenários e vestuários reaproveitados do filme anterior “Mil Séculos Antes de Cristo” (1966), de Don Chaffey e com a belíssima Rachel Welch no elenco. (RR – 09/02/16)

* Presentes (1989)Exibido na televisão brasileira no cultuado “Cine Trash” da Band, “Presentes” (Offerings) tem direção, roteiro e produção de Christopher Reynolds. É um filme slasher de 1989 e extremamente datado, onde tudo, desde trilha sonora, figurinos, diálogos, atmosfera e história sobre um serial killer vingativo, nos remetem aos anos 80 do século passado. Após o abandono do pai, o menino John Radley (Josh Coffman) parou de falar, e passou a viver recluso com a mãe megera (Rayette Potts), sofrendo perseguições e bullyng dos vizinhos e colegas da mesma idade, exceto pela amiga Gretchen (Kerri Bechthold), que o defende das ofensas dos outros. Mas, um acidente num poço traria consequências trágicas para John, que ficou deformado e foi internado numa clínica psiquiátrica pelos próximos dez anos. Fugindo do hospício e agora adulto, John (Richard A. Buswell) usa uma máscara para ocultar as feridas de seu rosto, e retorna para o bairro onde viveu na infância à procura de vingança contra os antigos colegas que o insultavam, como Kacy (Elizabeth Greene) e Linda (Heather Scott), além de Jim Paxton (Jerry Brewer), David (Tobe Sexton) e Greg (Patrick H. Berry). Enquanto ocorrem muitas mortes violentas e misteriosas, além de pedaços de corpos serem oferecidos como presentes (daí o título), a polícia tenta desvendar os assassinatos com a investigação do Xerife Chism (G. Michael Smith). Completamente influenciado por “Halloween: A Noite do Terror” (1978), do psicopata mascarado Michael Myers, “Presentes” na verdade não oferece nada que não sejam os tradicionais e manjados clichês do subgênero “slasher”. Tudo é muito óbvio e previsível, e as cenas de mortes, apesar de sangrentas em alguns casos, também estão longe de permanecer na memória após alguns minutos do término do filme. Visto muitos anos depois, é lógico que desperta aquele sentimento de nostalgia da década de 1980, um período muito significativo para o cinema de horror, especialmente os filmes com psicopatas chacinando suas vítimas das mais diversas maneiras, com Jason Voorhees, Michael Myers e Freddy Krueger, entre outros, disputando um campeonato de empilhamento de cadáveres. Mas, além da nostalgia oitentista, sobra pouco de um filme apenas comum e que se perde na infinidade de produções similares. O diretor e roteirista Christopher Reynolds não seguiu a carreira, tendo um currículo pequeno, formado apenas por esse “Presentes” e o seguinte “Lethal Justice” (1991). (RR – 24/12/15)

* Tatuagem – A Marca do Diabo (1984) – Em 1984 a produtora inglesa “Hammer” lançou uma série para a televisão que recebeu o nome no Brasil de “Suspense” ou “Cine Suspense” (Hammer House of Mystery and Suspense), numa produção em parceria com a Fox (por isso também era conhecida como “Fox Mystery Theatre”). Foram 13 episódios com histórias independentes e duração de 70 minutos. O primeiro episódio foi “Tatuagem – A Marca do Diabo” (Mark of the Devil), dirigido por Val Guest (1911 / 2006), conhecido cineasta por assinar vários filmes importantes da “Hammer” como “Terror Que Mata” (1955), “Usina de Monstros” (1957), “O Monstro do Himalaia” (1957). E no elenco temos Dirk Benedict, que foi o homem transformado em monstro no divertido “O Homem-Cobra” (1973) e também seu rosto é conhecido e identificado pelos fãs da série de TV “Galactica: Astronave de Combate” (1978 / 1979), como o Tenente Starbuck. Frank Rowlett (Dirk Benedict) está apaixonado pela bela Sara Helston (Jenny Seagrove), que é filha de um rico empresário (John Paul) e que torna-se sua esposa. Mas, ele está envolvido em negócios obscuros, devendo dinheiro para o Sr. Westcott (Tom Adams), que o ameaça para receber o pagamento. Pressionado, ele tentar ganhar algum dinheiro num jogo de cartas e para conseguir entrar na partida de poker ele vende seu relógio (um presente de Sara) para um misterioso tatuador chinês, Hai Lee (Burt Kwouk), também conhecido por envolvimento com magia negra. Porém, Frank descobre que o chinês guarda muito dinheiro em sua casa e decide roubá-lo. Eles entram em confronto e Frank é ferido levemente no peito por uma adaga de tatuagem. O que ele não imaginaria é que a pequena mancha vermelha se transformaria numa enorme tatuagem que cobre seu corpo e cujos desenhos tornam-se reveladores, obrigando-o a evitar exposição com a esposa, se esconder e cometer assassinatos. Além de fugir também de uma investigação policial liderada pela dupla formada pelo Inspetor Grant (George Sewell) e Sargento Kirby (Peter Settelen). A história é simples e curta, mas mesmo com essas características, é bastante eficiente. Possui tudo aquilo que queremos ver num filme de suspense com elementos de horror: eventos sobrenaturais, magia negra, mistério, tensão, vingança, assassinatos, investigação policial e principalmente o pesadelo vivido pelo protagonista, que luta para se livrar de uma terrível maldição. Curiosamente, a cópia desse filme que tive acesso é uma gravação tosca em VHS convertido para DVD, de quando foi exibido na televisão no final doa anos 80 pela TV “Alterosa”, de Belo Horizonte/MG, afiliada do “SBT”. Rever “Tatuagem – A Marca do Diabo” com a dublagem original da época foi um exercício de pura nostalgia, em mais um presente que a “Hammer” deixou para seus cultuadores. (RR – 19/12/15)

* Tempestade Solar (2013)O canal de TV a cabo “SyFy” é conhecido pela exibição de filmes de ação com elementos de ficção científica e histórias de catástrofes globais abordando a destruição de nosso planeta. São tantos filmes similares com os mesmos clichês exaustivos, que dá pena da Terra sendo tão maltratada pelos roteiristas sem imaginação e preguiçosos em tentar desenvolver alguma ideia no mínimo razoável. Em “Tempestade Solar”, uma produção canadense dirigida pelo inexpressivo Michael Robison e roteiro patético de Jeff Schechter, que não tem nenhuma importância para o cinema fantástico, a única diferença para a imensidão de outros filmes ruins do mesmo estilo e temática, é que sua duração tem quase três horas, com a exibição dividida em dois filmes, dobrando o sofrimento do espectador. Depois que termina a péssima primeira parte ainda vem em seguida a continuação ainda pior. Apesar da duração enorme do filme, é plenamente possível resumir a sinopse em poucas linhas de tão ruim e sem interesse que é a história. Uma empresa privada está anunciando a primeira viagem espacial civil, com um avião projetado especialmente para dar a volta na Lua e retornar em poucas horas, graças à capacidade de viajar numa velocidade extremamente alta. Porém, um defeito ocorre com os motores após uma tempestade solar com explosão de raios cósmicos e a nave perde o controle rumando para uma colisão com o Sol. Após o trágico acidente, a Terra passa a ser terrivelmente ameaçada com uma imensa descarga de raios solares que se dirige ao planeta. Para evitar o apocalipse final, o destino do mundo fica nas mãos do cientista Craig Bakus (Anthony Lemke) e do astronauta Don Wincroft (David James Elliott), que partem rumo ao Sol numa nave similar da agência espacial americana, para tentar criar um evento que anule os efeitos destrutivos dos raios solares. A primeira parte é centrada na nave “Roebling Clipper” com seus seis passageiros, entre tripulação e civis, apresentando os personagens e mostrando a aventura do vôo espacial inaugural para a Lua. Perde-se tempo demais com personagens que não despertam interesse, com uma overdose de clichês e cenas carregadas de pieguice. Onde o ápice do tédio gira em torno de um triângulo amoroso entre os protagonistas que tentam salvar o mundo e a conselheira científica do presidente americano, Cheryl Wincroft (Natalie Brown), ex-esposa de um deles e atual mulher do rival. Na segunda parte de noventa minutos, a ação se volta, depois da tragédia da nave civil que se chocou com o Sol, para a tentativa banal de evitar o fim do mundo. Com a utilização de outra nave, pertencente à NASA e copiada e melhorada a partir da primeira, para reverter o processo da tempesatde solar que acabaria com a vida na Terra. É difícil dizer qual das duas partes é a pior. Imagine dois filmes péssimos que se complementam, com o roteirista inventando uma série de tramas paralelas para conseguir preencher o total de três horas do filme. São cenas envolvendo personagens secundários que só contribuem para o sono do espectador. Temos vários momentos descartáveis com o presidente americano Mathany (Frank Schorpion), sua filha adolescente Lara (Charlotte Legault) e a primeira dama Simone (Jane Wheeler), que era uma das passageiras da nave que foi para a Lua, contribuindo para promover a viagem. Temos também cenas tediosas com Joan Elias (Julia Ormond), a responsável de um acampamento humanitário no Afeganistão, esposa de Alan (John Mclaren), outro passageiro do primeiro vôo espacial civil. E a pior de todas as subtramas está reservada para uma pequena cidade americana onde vive Marta Hernandez (Cristina Rosato), esposa de outro passageiro, que ganhou a vaga numa loteria e tem medo de avião. Se eu fosse enumerar e descrever a imensa quantidade de erros, furos de roteiro, situações inverossímeis e cenas patéticas, provavelmente não conseguiria terminar esse texto. Então, prefiro parar por aqui e finalizar com um pequeno alerta de um apreciador de cinema fantástico bagaceiro: “Tempestade Solar” é um completo desperdício de um longo tempo de três horas que poderia ser melhor aproveitado com outros filmes ruins, mas que pelo menos divertem. (RR – 08/02/16)

* The Man and the Monster (1959) – Entre o final da década de 1950 e meados da seguinte, o cinema de horror gótico mundial recebeu a significativa e valiosa contribuição de muitos filmes mexicanos produzidos e estrelados por Abel Salazar (1917 / 1995), como “O Morcego” (The Vampire / El Vampiro, 1957), a sequência “O Ataúde do Vampiro” (The Vampire´s Coffin / El Ataúd del Vampiro, 1958), “Black Pit of Dr. M” (Misterios de Ultratumba, 1959), “The Brainiac” (El Barón del Terror, 1962), “The Living Head” (La Cabeza Viviente, 1963) e “A Maldição da Chorona” (The Curse of the Crying Woman / La Maldicion de la Llorona, 1963), entre outros. Em “The Man and the Monster” (El Hombre y el Monstruo), uma produção em preto e branco dirigida por Rafael Baledón a partir de roteiro de Alfredo Salazar, temos a história sinistra de um pianista, Samuel Magno (Enrique Rambal), que vive na pequena cidade mexicana de San José. Ele fez um pacto com o diabo para se tornar o melhor músico do mundo, satisfazendo sua ambição paranoica e eliminando a frustração de ser considerado sempre inferior em relação à rival, a pianista Alejandra (Martha Roth). Porém, como pagamento da dívida eterna, sempre que ele toca ao piano uma determinada partitura sobrenatural, se transforma fisicamente num monstro deformado e assassino violento, voltando ao normal apenas com a intervenção da mãe severa e rude, Cornelia (Ofelia Guilmáin). Transtornado pela maldição que carrega, o pianista frustrado enfrenta uma terrível luta interna para não ceder à tentação de tocar o instrumento, enquanto exerce a função de professor para outra jovem pianista, Laura (também interpretada por Martha Roth). Para complicar a situação, o jornalista Ricardo Souto (Abel Salazar) surge para fazer uma reportagem sobre a moça como promessa de sucesso, e descobre o mistério que envolve a ocorrência de assassinatos brutais e o segredo do pianista amaldiçoado, apesar das dificuldades em convencer a polícia local sobre a verdade, através do oficial encarregado das investigações (José Chávez). A caracterização do monstro é bem bagaceira, típica do cinema de baixo orçamento daquele período mágico do cinema fantástico. Mas, a diversão está garantida, entre outras coisas, justamente por esse trabalho tosco de maquiagem, onde o rosto e mãos deformados do pianista após a transformação lembram um lobisomem selvagem à procura de vítimas. Outros fatores que merecem destaque são a constante atmosfera de horror gótico num casarão sombrio e elementos do roteiro que nos remetem a uma mistura de “Fausto” com “O Médico e o Monstro”. Em “Faust” (1926), do alemão F. W. Murnau, temos a referência com oo acordo do músico com o diabo com consequências trágicas, e na clássica história “Dr. Jekyll and Mr. Hyde”, de Robert Louis Stevenson, que teve várias versões para o cinema como as de 1932 e 1941, temos a transformação do protagonista em monstro sempre após tocar uma partitura específica amaldiçoada. (RR – 25/01/16)

* Vingança da Deusa, A (1968)Em 1965 a produtora inglesa “Hammer” lançou a aventura com elementos de fantasia “A Deusa da Cidade Perdida” (She), com a dupla dinâmica Peter Cushing e Christopher Lee, e a estonteante Ursula Andress no papel título. Três anos depois, o cultuado estúdio retornou com o mesmo assunto lançando “A Vingança da Deusa”, dirigido por Cliff Owen (1919 / 1994), e sem os astros do filme anterior, tendo apenas o retorno de John Richardson e de André Morell, este em outro papel. Uma belíssima jovem escandinava, Carol (a Tcheca Olinka Berova), surge desorientada caminhando por uma estrada francesa, indo parar numa praia onde decide nadar até o iate de propriedade de George (Colin Blakely), casado com Sheila Carter (Jill Melford) e amigo do médico psiquiatra Philip (Edward Judd). A garota tem um comportamento estranho e misterioso e abandona o barco sem avisar, sendo ajudada em terra pelo sacerdote místico Kassim (André Morell). Mas, coisas sobrenaturais acontecem com as pessoas próximas à garota e ela desaparece num deserto no norte da África. Philip, que nutre um interesse amoroso por ela desde que a viu pela primeira vez, se une ao capitão do barco Harry (George Sewell), e juntos partem em sua procura. A jovem garota tem habilidades que ainda não sabe controlar, e que consistem no conhecimento e no uso de um profundo poder mental transformado por rituais e símbolos numa força real viva para o bem ou para o mal. Ela pode ser a reencarnação de uma rainha tirana chamada Ayesha (”aquela que deve ser obedecida”), e sente que está sendo atraída pelo controle mental do sacerdote Men-Hari (Derek Godfrey). Após se encontrar com Philip, eles caminham pelo deserto e chegam à cidade perdida de Kuma, governada pelo rei Killikrates (John Richardson), que conquistou a imortalidade num ritual mágico envolvendo um fogo sagrado. Agora, o apaixonado Philip terá o desafio de tentar impedir o destino de Ayesha reencarnada, e voltar com Carol para casa. O roteiro de “A Vingança da Deusa”, de autoria de Peter O´Donnell, tem elementos que o aproximam mais de uma refilmagem do que propriamente uma sequência. Trocando os papéis da rainha imortal Ayesha do primeiro filme com o rei imortal Kallikrates do segundo filme, sobram muitas situações similares entre ambos. Por ser um filme da “Hammer”, sempre desperta um interesse especial, mas é evidente que a falta da participação de Peter Cushing e Christopher Lee, e claro, da beleza e carisma de Ursula Andress, o segundo filme perdeu muito de sua força e potencial, tornando-se apenas comum e com história reciclada. (RR – 24/12/15)