"Todos os relatórios
confirmam que o mundo está testemunhando uma chuva de meteoritos sem
precedentes. Não há registro de uma exibição como essa na história. Nos
observatórios, os astrônomos estão notando esse fenômeno fantástico e
calculando cuidadosamente o efeito em nosso sistema solar. O consenso da opção
é que os meteoritos queimam devido ao calor intenso antes de atingirem a Terra.”
“O Terror Veio do Espaço” (The Day of the Triffids, Inglaterra,
1963) é uma ficção científica com elementos de horror situado na sempre
interessante temática de invasão alienígena com monstros vindos do espaço
sideral (validando o título nacional), através de plantas carnívoras (as tais
trífides do nome original), desenvolvidas por esporos vindos numa chuva de
meteoros.
Foi lançado no mercado
brasileiro de vídeo VHS pela “VTI” na coleção “Vídeo Nostalgia”, e também está
disponível no Youtube. A direção é de Steve Sekely, com sequências adicionais
não creditadas de Freddie Francis, habitual colaborador das produtoras “Hammer”
e “Amicus”. O roteiro é baseado na história homônima de John Wyndam publicada
em 1951, o mesmo autor de “The Midwich Cuckoos”, que serviu
de inspiração para outra preciosidade do mesmo período, “A Aldeia dos
Amaldiçoados” (Village of the Damned, 1960).
Uma inédita chuva de meteoros
atinge a Terra (conforme a narração reproduzida no início desse texto), e mesmo
sendo incinerados no contato com a atmosfera, ainda criam um efeito
apocalíptico causando cegueira na maior parte da humanidade, ficando imunes
apenas aqueles que não tiveram contato visual. O fenômeno bizarro também é
responsável por trazer esporos alienígenas de natureza hostil, que entram em
contato com plantas carnívoras que crescem e se locomovem, aumentando ainda
mais o clima perturbador com perseguições e mortes violentas.
Dentro desse cenário de
histeria por causa da cegueira coletiva e luta pela sobrevivência contra os monstros
vegetais do espaço, temos dois núcleos distintos com personagens que não
perderam a visão e tentam combater os invasores.
Um deles é formado pelo
oficial da marinha Bill Masen (Howard Keel), que acorda num hospital em Londres
após uma cirurgia nos olhos e encontra o caos ao seu redor. Ele acolhe uma
menina órfã nas ruas, Susan (Janina Faye), sobrevivente de um acidente de trem,
e juntos partem para França onde encontram Christine Durrant (Nicole Maurey) refugiada
numa casa de campo. Agora o grupo formado tenta escapar com destino a uma base
naval americana no litoral da Espanha para serem resgatados, tendo que
enfrentar no caminho a ameaça das plantas alienígenas, que por sua vez resistem
ao fogo e se regeneram quando danificadas.
O outro núcleo em paralelo
(dirigido por Freddie Francis para aumentar a metragem do filme) é formado por
um casal de cientistas em crise de relacionamento, Tom Goodwin (Kieron Moore)
com problemas de alcoolismo e sua esposa Karen (Janette Scott). Eles trabalham
com pesquisas científicas isolados num farol de uma ilha e precisam lutar por
suas vidas contra os ataques das plantas mutantes.
A história do filme é bem
interessante com a chuva de meteoros, a cegueira coletiva e a invasão com as
plantas alienígenas, contada através da perspectiva de dois grupos diferentes
de sobreviventes. Mas, o maior destaque certamente é aquilo que para muitos é
motivo de piadas e para os apreciadores do cinema fantástico de baixo orçamento
é a garantia do entretenimento, ou seja, os efeitos práticos toscos dos
monstros bagaceiros, aqui representados por plantas assassinas que perseguem e
matam as pessoas. Os ataques são extremamente hilários e divertidos, com atores
fantasiados simulando as plantas rastejantes à procura de suas vítimas. Vale
sempre lembrar e enaltecer as dificuldades com o orçamento reduzido para a
criação dos efeitos práticos e numa época sem as facilidades da computação
gráfica.
Curiosamente, existem outras
duas versões inspiradas na história de John Wyndham, ambas minisséries para a
televisão: “The Day of the Triffids” (1981) com seis episódios, e “O Dia Final”
(2009), dividida em dois capítulos. Outra curiosidade é a semelhança do título
nacional com outro filme também de produção inglesa, lançado em DVD por aqui
com o manjado nome “O Horror Vem do Espaço” (Fiend Without a Face, 1958), sobre
experiências
de um “cientista louco” com a materialização de pensamentos e a influência
destrutiva da energia radiativa dos reatores atômicos militares, criando
monstros inicialmente “sem rostos” e depois visíveis na forma grotesca de um
cérebro com espinha dorsal.
(RR
– 28/01/25)