"É
sua tumba, Emilie. Sua tumba. Entra. Não resista, Emilie. Abandone sua vontade.
Ao repouso eterno. Todo tormento acabará com a doçura da morte.”
Alberto De Martino (1929 / 2015), que fez
“O Anticristo” (1974), a resposta italiana para o clássico americano “O
Exorcista”, é também o diretor de “The
Blancheville Monster” (1963), utilizando o pseudônimo Martin Herbert. Esse
é o título internacional de mais um filme italiano de horror gótico atmosférico,
nesse caso em co-produção com a Espanha e conhecido também pelo simples nome
“Horror”. E que está disponível no “Youtube” numa versão em inglês com legendas
em português.
Filmado em preto e branco e ambientado na
França de 1884, a história mostra a jovem Emilie De Blancheville (Ombreta Colli,
creditada como Joan Hills), prestes a completar 21 anos de idade, retornando
para o castelo ancestral de sua família após muitos anos longe estudando em
outro país. Ela chega acompanhada pela amiga americana Alice Taylor (Irán Eory)
e o irmão dela, John (Vanni Materassi, sob o pseudônimo Richard Davis), que é
seu namorado. No castelo, eles são recepcionados pelo irmão de Emilie, Rodéric
De Blancheville (Gérard Tichy), que informa sobre a morte trágica de seu pai
num incêndio numa abadia próxima ao castelo.
Entre os empregados do castelo temos a
bela e misteriosa governanta Eleonore (Helga Liné) e o não menos estranho
mordomo Alistair (Paco Morán, creditado como Frank Morán), além do convidado
Dr. LaRouche (Leo Anchóriz), o médico da família.
Num ambiente repleto de mistério, segredos
e mentiras, Alice decide explorar os corredores e cantos sombrios do castelo e encontra
um homem (“o monstro” do título) com o rosto deformado por graves queimaduras e
com gritos agonizantes de tormento, confinado no alto de uma torre. A partir
daí ela é convencida que essa visão tenebrosa poderia ser somente sua
imaginação, mas as coisas pioram bastante depois que Emile De Blancheville
começa a adoecer, sofrendo crises hipnóticas com sinais de insanidade, para o
desespero do namorado que tenta protegê-la, e o sinistro irmão, que parece
esconder um terrível segredo de maldição familiar envolvendo a lenda de uma profecia
com sacrifício humano.
A história básica tem uma leve inspiração no
conto “A Queda da Casa de Usher”, de Edgar Allan Poe, que por sua vez foi
filmado inúmeras outras vezes em versões com ótimos resultados. Aqui, os
realizadores oportunistas utilizaram essa referência para promover o filme,
colocando até o nome do famoso escritor americano em cartazes. Os temas de
maldição familiar, insanidade e a ideia macabra de ser enterrado vivo, elementos
característicos nos contos de Poe, são bastante explorados no filme, envoltos
numa constante atmosfera perturbadora de um castelo gótico antigo e decadente.
Porém, o roteiro tem alguns momentos
arrastados que parecem propositais para completar a metragem do filme, com
cenas desnecessárias que não agregam muito para a história. O que vale mesmo é
toda a ambientação sombria que envolve os personagens num clima constante de
mistério e desconforto.
(RR
– 28/09/22)