Vingança do Túmulo (Dead Men Walk, EUA, 1943, PB)

 


“Vocês, criaturas da noite, como podem se certificar que a profundidade insondável da noite não esconde nada? Por que reduzir as legiões do mal a meros frutos da imaginação, a pretexto de que a sua mente estreita negaria a sua existência? Uma história sussurrada com angústia ao longo dos séculos, uma lenda aproxima as bruxas, lobisomens, vampiros e os lacaios do diabo. Levada nas asas escuras da noite, para a comunhão odiosa do sabbath das bruxas.”

 

Vingança do Túmulo” (Dead Men Walk, EUA, 1943), tem direção de Sam Newfield, produção da PRC (Producers Releasing Corporation), fotografia em preto e branco e é estrelado pelo ator inglês George Zucco, nome associado ao cinema fantástico de baixo orçamento, principalmente da década de 1940. Está disponível no “Youtube” com a opção de legendas em português.

 

Ambientado numa pequena cidade, George Zucco é o físico Dr. Lloyd Clayton, que tem um irmão gêmeo chamado Elwyn envolvido com ocultismo, feitiçaria e vampirismo. Depois de morto e enterrado, ele é ajudado pelo servo Zolarr (Dwight Frye), que resgata seu caixão para retornar ao mundo dos vivos e colocar em prática um plano de vingança contra o irmão e também assediando a sobrinha Gayle (Mary Carlisle), que fica doente. Para tentar salvá-la, o Dr. Clayton recebe o auxílio do noivo dela, o Dr. David Bentley (Nedrick Young), e precisa convencer o xerife Losen (Hal Price) e um grupo de aldeões furiosos que o responsável por mortes misteriosas na região é seu irmão gêmeo vampiro.

 

Filmado em apenas seis dias, o roteiro de Fred Myton é bem simples e previsível, numa história curta de 64 minutos, narrativa lenta, atmosfera sombria sutil e com os clichês característicos do gênero. É apenas mais um filme menor perdido entre vários outros similares do mesmo período, com o diferencial da presença de George Zucco (1886 / 1960), ator reconhecido pelos papéis de vilão ou “cientista louco” em diversos filmes de horror com pequenos orçamentos como “O Gato e o Canário” (1939), “A Mão da Múmia” (1940), “A Bela e o Monstro” (1941), “O Monstro Sinistro” (1942), “A Tumba da Múmia” (1942), “O Abutre Humano” (1943), “O Corvo Negro” (1943), “Mistério da Magia Negra” (1944), “A Sombra da Múmia” (1944), “A Volta do Homem Gorila” (1944), entre outros, ao lado em alguns casos, de ícones como Bela Lugosi e John Carradine. Ele também esteve no elenco de “A Mansão de Frankenstein” (1944), junto com Boris Karloff e Lon Chaney Jr.

Curiosamente foi um dos últimos filmes do ator Dwight Frye (1899 / 1943), que interpreta o servo do vampiro Elwyn, e que também teve papel similar nos clássicos de 1931 da produtora “Universal”, “Frankenstein” e “Drácula”.

 

“Vampiros! Criaturas do diabo, nem mortos nem vivos. De dia eles descansam nas suas sepulturas, mas à noite caminham entre os vivos.”

 

(RR – 28/12/23)







The Hideous Sun Demon (EUA, 1958, PB)

 


“A chama do Sol fez dele um Monstro!”

 

É significativa a quantidade de filmes de orçamentos minúsculos com elementos de Horror e Ficção Científica principalmente das décadas de 50 e 60 do século passado, que utilizam como tema o sub-gênero “Homem Transformado em Monstro”. Geralmente são “cientistas loucos” obcecados pelo trabalho incansável para o suposto bem da humanidade, perdendo o controle das experiências bizarras mal sucedidas com resultados catastróficos, utilizando cobaias humanas e muitas vezes até eles próprios, transformando-se em monstros ameaçadores com suas mentes ainda mais distorcidas.

The Hideous Sun Demon” (EUA, 1958) é mais um filme bagaceiro situado nesse contexto, abordando a ideia de transformação em monstro, apesar que de forma mais sutil em relação ao perigo na manipulação de elementos radioativos e ações inescrupulosas dos responsáveis pelas pesquisas e experiências. A direção, roteiro e produção são Robert Clarke, que também atua na liderança do elenco como o homem da ciência que virou um monstro disforme. Com fotografia original em preto e branco, o filme está disponível gratuitamente na internet pela plataforma “Youtube”, com a opção de legendas em português e também numa versão colorizada por computador.

  

O cientista Dr. Gilbert McKenna (Robert Clarke) está trabalhando num projeto com um isótopo radioativo, auxiliado pelo colega Dr. Frederick Buckell (Patrick Whyte) e a assistente Dra. Ann Russell (Patricia Manning). Acidentalmente ele recebe grandes doses de radiação e é levado ao hospital ficando aos cuidados do Dr. Stern (Robert Garry). Porém, sempre que exposto aos raios solares, que funcionam como catalisador na alteração de suas células, ocasionando um processo de reversão, ele se transforma num monstro assassino parecido com lagarto (daí o título do filme).

Transtornado com sua nova condição, tendo que sair apenas à noite e com problemas recorrentes com alcoolismo, o cientista recebe a tentativa de ajuda de um especialista em envenenamento por radiação, o Dr. Jacob Hoffman (Fred La Porta), mas sentindo-se solitário e deprimido, conhece uma cantora e pianista numa boate, Trudy Osborne (Nan Peterson), e se envolve em várias confusões, sendo perseguido pela polícia, com equipe liderada pelo Tenente Peterson (William White), se escondendo num capo de extração de petróleo e culminando num desfecho no alto de uma torre.   

 

O filme explora principalmente o drama pessoal do cientista transformado em monstro quando exposto ao sol, na dificuldade em administrar as mudanças para uma criatura mutante e ameaçadora, deixando mais de lado as questões científicas, tanto que não temos o esperado laboratório com aparelhos bizarros, nem a rotina das experiências com radioatividade e não é mostrado o acidente com o cientista.

Filmado apenas em finais de semana com poucos recursos, equipe de produção com estudantes e elenco amador, é indicado para quem aprecia esses filmes tranqueiras com efeitos práticos paupérrimos, com destaque para o monstro pré-histórico reptiliano, bagaceiro e divertido como sempre, o “Horrível Demônio do Sol”, com o ator Robert Clarke vestindo um traje tosco de borracha, e que ainda assim é bem interessante e melhor que muitos outros monstros similares de filmes da mesma época e temática.

Robert Clarke (1920 / 2005) é um nome conhecido por diversas outros filmes bagaceiros divertidos do gênero fantástico como “O Homem do Planeta X” (1951), “The Astounding She-Monster” (1957), “The Incredible Petrified World” (1959), “Além da Barreira do Tempo” (1960), e até tranqueiras no fim da carreira como “Alienator – A Exterminadora Indestrutível” (1990).

 

(RR – 17/12/23)