Teenage Monster (EUA, 1957, PB)

 


“Em um fatídico dia em Junho de 1880 numa remota cidade do velho oeste americano, um objeto misterioso que caiu do céu mudou as vidas e destinos de toda uma pequena comunidade. Esta história é baseada numa lenda que passou adiante através dos anos... ela poderia ter acontecido...”

 

Juntando elementos sutis de “Ficção Científica” (a queda de um meteoro que causou um efeito de mutação numa criança), com “Horror” (transformação dessa criança num monstro assassino), e “Western” (ambientação no velho oeste americano de 1880, numa pequena cidade nas proximidades de uma mina de ouro), temos como resultado o filme bagaceiro “Teenage Monster” (1957), de Jacques R. Marquette e que está disponível no “Youtube” em versão original em preto e branco e também colorizada por computador, com a opção de legendas em português.

 

O menino Charles Cannon (Stephen Parker) está com seu pai Jim (Jim McCulloug) tentando encontrar ouro em escavações numa mina, quando um meteoro cai do céu. O pai morre no acidente e o garoto fica gravemente ferido.

Passados sete anos, ele já é um adolescente impetuoso que vive escondido com sua mãe Ruth (Anne Gwynne), pois acabou se transformando num monstro cabeludo com rosto deformado e mãos peludas, interpretado pelo dublê Gilbert Perkins (com 50 anos na época), que comete assassinatos brutais na região, despertando a atenção do xerife Bob Lehman (Stuart Wade), que é apaixonado pela viúva Ruth, e seu assistente Ed (Norman Leavitt).

Enquanto isso, o deformado Charles sequestra a jovem camareira Kathy North (Gloria Castillo), que se revela uma pessoa inescrupulosa que vira o jogo se aproveitando da inocência infantil do “monstro adolescente” do título, para conquistar sua confiança e usar sua força selvagem para matar e obter dinheiro desonesto, usando de chantagem e tentando colocá-lo contra sua mãe protetora.    


“Teenage Monster” tem apenas 65 minutos de duração e trata-se de mais uma diversão literalmente rápida e também passageira, com uma história que se esquece exatamente logo em seguida de seu final, como muitos filmes tranqueiras de horror semelhantes produzidos nos anos 50 do século passado. Sem destaques, com roteiro explorando a temática de “homem transformado em monstro”, com algumas cenas de mortes sem sangue, uma maquiagem fuleira do assassino deformado, e desfecho previsível. Vale apenas por curiosidade e indicado aos apreciadores do cinema fantástico bagaceiro do passado.

O filme recebeu também o título alternativo “Meteor Monster”, que até seria utilizado inicialmente, mas com a onda de sucessos do mesmo período com vários filmes similares de monstros utilizando a palavra “teenage” no nome, os produtores decidiram mudar também numa estratégia de marketing, somando-se com “Teenage Caveman”, “Teenage Zombies”, “I Was a Teenage Werewolf”, “I Was a Teenage Frankenstein”, entre outros.

  

(RR – 26/09/23)






O Primeiro Homem no Espaço (First Man Into Space, Inglaterra, 1959, PB)

 


“A conquista de novos mundos sempre faz exigências de vida humana. E sempre existirão homens que aceitarão o risco.” – Dr. Paul von Essen

 

A guerra fria entre Estados Unidos e a antiga União Soviética após o fim da Segunda Guerra Mundial, gerou uma tensão constante em nosso planeta com o medo de um holocausto nuclear com bombas atômicas e também uma corrida de conquista espacial entre as duas grandes potências. Os soviéticos saíram na frente colocando o primeiro homem no espaço em 1961, o astronauta Yuri Gagarin, e a resposta americana viria em 1969 com a nave Apollo 11 chegando até a Lua. De qualquer forma, a corrida espacial instigou a imaginação dos roteiristas de cinema e uma infinidade de filmes sobre o tema foi lançada durante as décadas de 1950 e 1960. “O Primeiro Homem no Espaço” (First Man Into Space) é um filme inglês de 1959, dois anos antes da viagem do astronauta russo pelo espaço sideral, e é uma produção de baixo orçamento inglesa, com direção de Robert Day.

 

Em Albuquerque, cidade no Estado americano do Novo México, uma base militar está realizando testes com o lançamento de foguetes para o espaço. Sob a liderança do Comandante Charles Ernest Prescott (Marshall Thompson), auxiliado pelo Capitão Ben Richards (Robert Ayres) e o médico da Aeronáutica Dr. Paul von Essen (Carl Jaffe), um projeto com o foguete Y-13 está em andamento. Com o piloto de testes Tenente Dan Milton Prescott (Bill Edwards), irmão do Comandante, sendo lançado ao espaço a partir de um avião em grande altitude. O piloto tem uma bela namorada, Tia Francesca (a italiana Marla Landi, de “O Cão dos Baskervilles”, produção da “Hammer” de 1959), que trabalha com cardiologia para o Dr. von Essen, mas graças a sua rebeldia de jovem impetuoso, ávido em ser o “primeiro homem no espaço” (do título do filme), ele desobedece as regras e o foguete supera os limites de controle, ficando à deriva no espaço e sendo afetado por uma tempestade de poeira cósmica de meteoritos. Um módulo com o piloto é ejetado do foguete e retorna à Terra, porém com um estranho recobrimento na fuselagem que intriga as autoridades. O piloto de testes não é localizado e é dado inicialmente como desaparecido. Porém, tem início uma série de mortes misteriosas de animais e pessoas nas proximidades, com as gargantas cortadas e ausência de sangue, sempre com a presença de misteriosos pontos brilhantes nas vítimas, despertando a atenção das investigações.

 

“O Primeiro Homem no Espaço” está disponível no “Youtube” tanto em sua versão original em preto e branco quanto numa versão colorizada por computador, com a opção de legendas em português. É um filme com roteiro pretensioso e produção com características do cinema fantástico bagaceiro dos anos 50 do século passado. O centro de comando tem todos aqueles computadores imensos e painéis de controle cheios de mostradores, botões e luzes, o foguete é uma maquete tosca e o monstro assassino é um homem deformado vestido numa roupa bizarra de borracha, com os sempre divertidos efeitos práticos. Com fotografia em preto e branco, o filme faz parte do subgênero conhecido como “homem transformado em monstro”, tão comum na época, com uma infinidade de histórias similares onde as pessoas transformavam-se em monstros como consequência da curiosidade em desbravar o desconhecido, ultrapassando os limites da ciência. Vale destacar os ataques do monstro, o piloto mutante que voltou do espaço recoberto com uma camada de poeira de meteoritos, uma espécie de crosta criada pela exposição aos raios cósmicos que servem como uma blindagem contra disparos de armas de fogo, mas que também necessita do sangue de suas vítimas.

A abordagem desses homens intrépidos que se transformam em monstros perturbados sempre é interessante, enfatizando o drama de suas novas condições, como nas palavras de desespero do piloto de testes, “... andei sem rumo por um labirinto de medo e dúvidas...”. Os ataques do monstro podem ser considerados até bem violentos para a época da produção, e certamente os realizadores conseguiram impressionar a plateia. Mas, projetando um paralelo com os dias atuais, as cenas são inocentes e ingênuas quando comparadas com similares numa infinidade de filmes onde a violência é explícita, com um horror gráfico repleto de mutilações e sangue em profusão, que deixariam as audiências dos anos 50 traumatizadas. São as mudanças que ocorrem com o passar dos anos, e a humanidade cada vez mais está se acostumando com a violência e se impressionando menos.

Curiosamente, uma história bem similar foi filmada em 1977 na divertida bagaceira “O Incrível Homem Que Derreteu” (The Incredible Melting Man), escrito e dirigido por William Sachs, e com efeitos de maquiagem de Rick Baker. Nesse filme, um astronauta parte numa missão espacial aos anéis de Saturno, e ao retornar para a Terra, seu corpo começou a se deteriorar de forma crescente, derretendo literalmente e transformando-se numa massa gosmenta de fluídos, músculos, carne e ossos partidos, deixando um rastro de sangue e vítimas por seu caminho.

Outra curiosidade interessante é que o ator americano Marshall Thompson (1925 / 1992) participou de outras pérolas do cinema fantástico bagaceiro dos anos 50 como “Maldição da Serpente” (Cult of the Cobra, 1955), “O Horror Veio do Espaço” (Fiend Without a Face, 1958) e “A Ameaça do Outro Mundo” (It! The Terror From Beyond Space, 1958). Além de uma grande variedade de séries de TV como a popular “Daktari” (1966 / 1969).

 

(RR – 21/09/15 + 17/09/23)





In the Year 2889 (EUA, 1969)

 


“O dia em que o Senhor virá como um ladrão na noite. Nesse dia os céus irão passar como um assobio. E os elementos serão dissolvidos pelo calor ardente. E a Terra e as obras que nela se encontram serão completamente queimados.”

 

Um dos primeiros filmes de horror e ficção científica do lendário produtor e diretor Roger Corman foi “Day the World Ended” (1955), com fotografia em preto e branco e história explorando o tema da devastação global por uma guerra com bombas nucleares. Em 1969 foi lançada uma refilmagem em cores extremamente fiel, produzida e dirigida por Larry Buchanan, com o título “In the Year 2889”. Curiosamente, esse é o nome de um conto com história diferente do cultuado escritor francês Jules Verne, que seria utilizado de base para um filme, mas cujo projeto não se concretizou e então a produtora “American International Pictures” decidiu usar como título para a refilmagem da película original de Corman.

 

Logo após a hecatombe nuclear, algumas pessoas conseguiram sobreviver ao caos refugiadas numa casa rural no meio de um vale cercado por falésias com reservas de chumbo, ficando protegidas da radiação letal. A casa é de um militar veterano que participou de exercícios com testes de bombas, Capitão John Ramsey (Neil Fletcher), que vivia com sua filha Joanna (Charla Doherty). Apesar de não imaginarem a existência de sobreviventes, eles acabaram recepcionando outras pessoas que tiveram a sorte de chegar ao local, o geólogo Steve Morrow (Paul Petersen), seu irmão doente contaminado pela radiação, Granger (Max. W. Anderson), além do alcoólatra Tim Henderson (Bill Thurman) e um casal de namorados em crise formado pelo playboy arrogante Mickey Brown (Hugh Feagin) e a dançarina de boate Jada (Quinn O´Hara).

Com a necessidade de racionamento dos alimentos e o medo de ocorrerem chuvas saturadas com radiação e morte nuclear, entre outras dificuldades, o grande desafio do grupo é sobreviver no mundo pós-apocalíptico, com os inevitáveis conflitos internos por interesses pessoais. Além também de enfrentar uma criatura mutante (interpretada por Byron Lord), deformada pelos efeitos da radiação, que está vagando pelas redondezas da casa à procura de vítimas.

 

“In the Year 2889” é um filme de ficção científica bagaceira com elementos de horror, explorando a paranoia da guerra nuclear e seus efeitos catastróficos para a continuidade da espécie humana, como a criação de monstros mutantes tão ameaçadores quanto a exposição à radiação.

O tema básico da história é sempre interessante, mesmo sendo um clichê exaustivamente explorado, principalmente pelo medo real que a humanidade enfrentava naquele conturbado período de guerra fria nas décadas de 1950 e 1960 entre as potências Estados Unidos e a antiga União Soviética.

É pena que mesmo sendo um filme curto com apenas 80 minutos, a narrativa é arrastada demais com situações banais de conflitos entre os personagens, perdendo oportunidades para explorar mais as consequências devastadoras da guerra atômica com seus efeitos destrutivos e a nova realidade de um mundo morto. E o que se salva para os apreciadores do cinema fantástico bagaceiro são os efeitos práticos toscos nas poucas cenas com a criatura mutante deformada pela radiação, apesar de ainda ser bem inferior ao monstro de três olhos e chifres do original “Day the World Ended”.

  

 “... Através dos tempos, os profetas advertiram-nos de que um dia, milhares de anos de realizações poderiam ser apagados pela mão destrutiva do poder. Agora esse dia chegou. Todas as comunicações com o mundo exterior cessaram. Apenas 15 horas após a primeira bomba nuclear ter caído. O mundo inteiro foi silenciado, aniquilado por bombas nucleares. Três bilhões de pessoas assassinadas por mil bombas nucleares e as suas consequências letais. Talvez não haja mais ninguém para ouvir a minha voz, nenhum Homem vivo para registrar o fim do mundo...”

 

(RR – 11/09/23)





O Morcego Diabólico (The Devil Bat, EUA, 1940, PB)


“Todos em Heathville adoravam Paul Carruthers, o gentil médico do vilarejo. Ninguém suspeitava que no seu laboratório doméstico, numa encosta com vista para a magnífica propriedade de Martin Heath, o médico encontrava tempo para realizar certas experiências privadas - experiências estranhas e aterradoras.”

 

O húngaro Bela Lugosi foi um dos atores ícones do cinema de horror e ficção científica principalmente nas décadas de 1930 e 1940, ao lado de Boris Karloff, muitas vezes interpretando o papel de “cientista louco” em filmes de pequenos orçamentos e muita diversão. Em 1940 ele liderou o elenco de “O Morcego Diabólico” (The Devil Bat), dirigido por Jean Yarbrough e originalmente com fotografia em preto e branco e duração curta com apenas 68 minutos. Com roteiro de John T. Neville e George Bricker, traz uma história básica de cientista vingativo envolvido em experiências bizarras com a criação de morcegos gigantes assassinos.

 

Numa pequena cidade o cientista Dr. Paul Carruthers (Lugosi) trabalha para uma lucrativa empresa de cosméticos. Enquanto ele desenvolve os novos produtos para comercialização, seus empregadores ficam ricos com os altos ganhos de suas pesquisas e criações. Uma vez descontente com essa situação, ele decide realizar experiências na estimulação glandular de morcegos, utilizando energia elétrica, transformando-os em criaturas gigantes que ficam agressivas e mortais quando em contato com a fragrância de uma determinada loção pós-barba. O cientista então utiliza morcegos diabólicos (do título) para colocar em prática um plano de vingança contra as famílias de seus patrões, incluindo os patriarcas Martin Heath (Edmund Mortimer) e Henry Morton (Guy Usher), além de seus filhos Mary (Suzanne Kaaren), Roy (John Ellis) e Tommy Heath (Alan Baldwin), e Don Morton (Gene O´Donnell).

Os assassinatos violentos despertam a atenção da polícia, com o xerife Wilkins (Hal Price), e da imprensa sensacionalista, através do jornalista investigativo Johnny Layton (Dave O´Brien) e seu assistente, o fotógrafo McGuire (Donald Kerr), que tentam descobrir a autoria das mortes misteriosas e a conexão entre as vítimas e a aparição de um morcego imenso nas cenas dos crimes. 

 

Produzido pela “PRC” (“Producers Releasing Corporation”), “O Morcego Diabólico” está disponível no “Youtube” numa versão colorizada por computador e cópia de ótima qualidade, com a opção de legendas em português. No Brasil, como já é de costume a péssima escolha dos nomes dos filmes lançados por aqui, a película também recebeu o título “A Volta de Drácula”, numa jogada oportunista de marketing utilizando a imagem de Bela Lugosi, que foi o vampiro homônimo no clássico “Drácula” (1931), da produtora “Universal”.

Com baixo orçamento e recursos modestos, a história é bem simples e os efeitos práticos nas cenas de ataques do morcego gigante são extremamente toscos e por isso mesmo divertidos. Tem também o laboratório com aparelhos elétricos bizarros projetados por Kenneth Strickfaden, os mesmos vistos no icônico “Frankenstein” (1931), com Boris Karloff interpretando o monstro feito de pedaços de cadáveres.

Porém, o grande diferencial que certamente destaca o filme separando-o do limbo onde estão perdidos dezenas de filmes comuns e similares é a presença ilustre de Bela Lugosi, sempre muito convincente como vilão, especialmente como “cientista louco” com suas “experiências estranhas e aterradoras” (como descrito no texto de abertura, reproduzido por curiosidade no início desse texto).

Diversão rápida e garantida para os fãs do ator e apreciadores em geral dos antigos filmes baratos de horror com elementos de ficção científica, “O Morcego Diabólico” ganhou uma continuação sem a presença de Lugosi, “Devil´s Bat Daughter” (1946), e outra lançada bem mais tarde, “Revenge of the Devil Bat” (2020), que é mais considerada como uma homenagem ao filme original.


(RR – 06/09/23)