In the Year 2889 (EUA, 1969)

 


“O dia em que o Senhor virá como um ladrão na noite. Nesse dia os céus irão passar como um assobio. E os elementos serão dissolvidos pelo calor ardente. E a Terra e as obras que nela se encontram serão completamente queimados.”

 

Um dos primeiros filmes de horror e ficção científica do lendário produtor e diretor Roger Corman foi “Day the World Ended” (1955), com fotografia em preto e branco e história explorando o tema da devastação global por uma guerra com bombas nucleares. Em 1969 foi lançada uma refilmagem em cores extremamente fiel, produzida e dirigida por Larry Buchanan, com o título “In the Year 2889”. Curiosamente, esse é o nome de um conto com história diferente do cultuado escritor francês Jules Verne, que seria utilizado de base para um filme, mas cujo projeto não se concretizou e então a produtora “American International Pictures” decidiu usar como título para a refilmagem da película original de Corman.

 

Logo após a hecatombe nuclear, algumas pessoas conseguiram sobreviver ao caos refugiadas numa casa rural no meio de um vale cercado por falésias com reservas de chumbo, ficando protegidas da radiação letal. A casa é de um militar veterano que participou de exercícios com testes de bombas, Capitão John Ramsey (Neil Fletcher), que vivia com sua filha Joanna (Charla Doherty). Apesar de não imaginarem a existência de sobreviventes, eles acabaram recepcionando outras pessoas que tiveram a sorte de chegar ao local, o geólogo Steve Morrow (Paul Petersen), seu irmão doente contaminado pela radiação, Granger (Max. W. Anderson), além do alcoólatra Tim Henderson (Bill Thurman) e um casal de namorados em crise formado pelo playboy arrogante Mickey Brown (Hugh Feagin) e a dançarina de boate Jada (Quinn O´Hara).

Com a necessidade de racionamento dos alimentos e o medo de ocorrerem chuvas saturadas com radiação e morte nuclear, entre outras dificuldades, o grande desafio do grupo é sobreviver no mundo pós-apocalíptico, com os inevitáveis conflitos internos por interesses pessoais. Além também de enfrentar uma criatura mutante (interpretada por Byron Lord), deformada pelos efeitos da radiação, que está vagando pelas redondezas da casa à procura de vítimas.

 

“In the Year 2889” é um filme de ficção científica bagaceira com elementos de horror, explorando a paranoia da guerra nuclear e seus efeitos catastróficos para a continuidade da espécie humana, como a criação de monstros mutantes tão ameaçadores quanto a exposição à radiação.

O tema básico da história é sempre interessante, mesmo sendo um clichê exaustivamente explorado, principalmente pelo medo real que a humanidade enfrentava naquele conturbado período de guerra fria nas décadas de 1950 e 1960 entre as potências Estados Unidos e a antiga União Soviética.

É pena que mesmo sendo um filme curto com apenas 80 minutos, a narrativa é arrastada demais com situações banais de conflitos entre os personagens, perdendo oportunidades para explorar mais as consequências devastadoras da guerra atômica com seus efeitos destrutivos e a nova realidade de um mundo morto. E o que se salva para os apreciadores do cinema fantástico bagaceiro são os efeitos práticos toscos nas poucas cenas com a criatura mutante deformada pela radiação, apesar de ainda ser bem inferior ao monstro de três olhos e chifres do original “Day the World Ended”.

  

 “... Através dos tempos, os profetas advertiram-nos de que um dia, milhares de anos de realizações poderiam ser apagados pela mão destrutiva do poder. Agora esse dia chegou. Todas as comunicações com o mundo exterior cessaram. Apenas 15 horas após a primeira bomba nuclear ter caído. O mundo inteiro foi silenciado, aniquilado por bombas nucleares. Três bilhões de pessoas assassinadas por mil bombas nucleares e as suas consequências letais. Talvez não haja mais ninguém para ouvir a minha voz, nenhum Homem vivo para registrar o fim do mundo...”

 

(RR – 11/09/23)