“Todos em Heathville adoravam Paul Carruthers, o gentil médico do vilarejo. Ninguém suspeitava que no seu laboratório doméstico, numa encosta com vista para a magnífica propriedade de Martin Heath, o médico encontrava tempo para realizar certas experiências privadas - experiências estranhas e aterradoras.”
O húngaro Bela Lugosi foi um
dos atores ícones do cinema de horror e ficção científica principalmente nas
décadas de 1930 e 1940, ao lado de Boris Karloff, muitas vezes interpretando o
papel de “cientista louco” em filmes de pequenos orçamentos e muita diversão.
Em 1940 ele liderou o elenco de “O
Morcego Diabólico” (The Devil Bat), dirigido por Jean Yarbrough e
originalmente com fotografia em preto e branco e duração curta com apenas 68
minutos. Com roteiro de John T. Neville e George Bricker, traz uma história
básica de cientista vingativo envolvido em experiências bizarras com a criação
de morcegos gigantes assassinos.
Numa pequena cidade o
cientista Dr. Paul Carruthers (Lugosi) trabalha para uma lucrativa empresa de
cosméticos. Enquanto ele desenvolve os novos produtos para comercialização,
seus empregadores ficam ricos com os altos ganhos de suas pesquisas e criações.
Uma vez descontente com essa situação, ele decide realizar experiências na
estimulação glandular de morcegos, utilizando energia elétrica,
transformando-os em criaturas gigantes que ficam agressivas e mortais quando em
contato com a fragrância de uma determinada loção pós-barba. O cientista então
utiliza morcegos diabólicos (do título) para colocar em prática um plano de
vingança contra as famílias de seus patrões, incluindo os patriarcas Martin
Heath (Edmund Mortimer) e Henry Morton (Guy Usher), além de seus filhos Mary (Suzanne
Kaaren), Roy (John Ellis) e Tommy Heath (Alan Baldwin), e Don Morton (Gene
O´Donnell).
Os assassinatos violentos
despertam a atenção da polícia, com o xerife Wilkins (Hal Price), e da imprensa
sensacionalista, através do jornalista investigativo Johnny Layton (Dave
O´Brien) e seu assistente, o fotógrafo McGuire (Donald Kerr), que tentam
descobrir a autoria das mortes misteriosas e a conexão entre as vítimas e a
aparição de um morcego imenso nas cenas dos crimes.
Produzido pela “PRC”
(“Producers Releasing Corporation”), “O Morcego Diabólico” está disponível no
“Youtube” numa versão colorizada por computador e cópia de ótima qualidade, com
a opção de legendas em português. No Brasil, como já é de costume a péssima
escolha dos nomes dos filmes lançados por aqui, a película também recebeu o
título “A Volta de Drácula”, numa jogada oportunista de marketing utilizando a
imagem de Bela Lugosi, que foi o vampiro homônimo no clássico “Drácula” (1931),
da produtora “Universal”.
Com baixo orçamento e recursos
modestos, a história é bem simples e os efeitos práticos nas cenas de ataques
do morcego gigante são extremamente toscos e por isso mesmo divertidos. Tem
também o laboratório com aparelhos elétricos bizarros projetados por Kenneth
Strickfaden, os mesmos vistos no icônico “Frankenstein” (1931), com Boris
Karloff interpretando o monstro feito de pedaços de cadáveres.
Porém, o grande diferencial
que certamente destaca o filme separando-o do limbo onde estão perdidos dezenas
de filmes comuns e similares é a presença ilustre de Bela Lugosi, sempre muito
convincente como vilão, especialmente como “cientista louco” com suas
“experiências estranhas e aterradoras” (como descrito no texto de abertura,
reproduzido por curiosidade no início desse texto).
Diversão rápida e garantida
para os fãs do ator e apreciadores em geral dos antigos filmes baratos de
horror com elementos de ficção científica, “O Morcego Diabólico” ganhou uma
continuação sem a presença de Lugosi, “Devil´s Bat Daughter” (1946), e outra
lançada bem mais tarde, “Revenge of the Devil Bat” (2020), que é mais
considerada como uma homenagem ao filme original.
(RR
– 06/09/23)