Sob o Poder da Maldade (The Sorcerers, Inglaterra, 1967)

 


O diretor e roteirista inglês Michael Reeves (1943 / 1969) teve uma carreira curta, falecendo apenas com 25 anos, vítima de uma overdose acidental de remédios para amenizar os sintomas de insônia e depressão. Mas, ainda assim, ele conseguiu registrar seu nome na história do cinema de horror com três filmes com participações de atores ilustres: “The She Beast” (1966), com Barbara Steele, “O Caçador de Bruxas” (1968), com Vincent Price, e “Sob o Poder da Maldade” (The Sorcerers, 1967), com Boris Karloff.

 

Um conceituado profissional de hipnose médica, Dr. Marcus Monserrat (Boris Karloff), está com dificuldades para conseguir clientes. Ele desenvolveu uma máquina capaz de controlar a mente de outras pessoas, utilizando o seu poder mental associado ao de sua esposa Estelle (Catherine Lacey).

Eles testam a eficácia da máquina num jovem aleatório e o escolhido é Mike Roscoe (Ian Ogilvy), que procura mais aventuras na vida entediada com a namorada Nicole (Elizabeth Ercy) e o amigo Alan (Victor Henry).

A experiência é bem sucedida e o jovem é influenciado a fazer coisas para o hipnólogo e esposa, que controlam sua mente à distância e sentem as mesmas sensações do jovem. Enquanto o Dr. Monserrat tem boas intenções com sua invenção para o bem da humanidade, sua esposa é corrompida pelo poder da maldade, devido à frustração e revolta do marido ser ridicularizado pela imprensa e não receber reconhecimento por seu valioso trabalho científico com hipnose.

Contra a vontade do marido, a progressivamente insana Estellle decide obrigar o jovem Mike a cometer atos criminosos como roubos e assassinatos de mulheres, despertando a atenção de uma investigação policial, através do Inspetor Matalon (Ivor Dean) e o Detetive George (Peter Fraser).  

 

“Sob o Poder da Maldade” é um dos últimos filmes de Boris Karloff (1887 / 1969), que já estava com a saúde debilitada, vindo a falecer com problemas respiratórios pouco tempo depois. Aqui, para facilitar seu trabalho de atuação sem esforços excessivos, em boa parte de suas cenas ele está num ambiente fechado e sentado, exercendo a influência mental sobre o jovem que foi cobaia de sua máquina de hipnose.

Karloff marcou seu nome na história do Horror principalmente pelo papel da criatura de Frankenstein nos filmes da produtora americana “Universal”, além de interpretar inúmeros “cientistas loucos” e vilões diversos em sua vasta carreira. Só a citação de seu nome desperta grande interesse e repercussão de marketing, e sua presença, mesmo que em condições mais debilitadas pela idade, agrega muito valor ao filme.

Outro destaque também é a atuação convincente da veterana Catherine Lacey como a vilã Estelle, a esposa do hipnotizador, com sua personalidade sendo corrompida pelo poder da maldade, e tendo crimes e assassinatos violentos sob sua responsabilidade indireta.

Graças a esses atores experientes e com carreiras consolidadas, “Sob o Poder da Maldade” foge do lugar comum, e principalmente a presença de Boris Karloff já é motivo mais que suficiente para despertar atenção e curiosidade em conhecer o filme.

E tem também, para os apreciadores de tranqueiras do cinema de gênero, a tosca máquina de controle de mentes, repleta de luzes coloridas piscando, fios, eletrodos e sons bizarros.        

 

(RR – 27/03/22)





O Planeta das Mulheres Invasoras |(El Planeta de las Mujeres Invasoras, México, 1966, PB)

 


O cinema fantástico mexicano é significativo e tem seu lugar garantido na história do Horror e Ficção Científica com produções de orçamentos reduzidos. “O Planeta das Mulheres Invasoras” (El Planeta de las Mujeres Invasoras, 1966) foi dirigido pelo alemão Alfredo B. Crevenna com fotografia em preto e branco, trazendo os elementos típicos do cinema bagaceiro de gênero como a história exagerada no escapismo e os efeitos especiais extremamente toscos.

 

Uma nave espacial chega à Terra e aterrissa num parque de diversões, se disfarçando numa atração com um disco voador que simula uma viagem à Lua. Na nave estão jovens e belas mulheres do planeta Sibila, Eritrea (a italiana Maura Monti) e Martesia (Elizabeth Campbell), que estão numa missão para capturar humanos e levá-los ao seu planeta para realizar experiências na tentativa de criar uma condição de se adaptarem a nossa atmosfera para uma futura invasão.

Algumas pessoas entraram no disco voador pensando ser uma atração do parque e foram sequestradas. O grupo era formado pelo desonesto e corrupto lutador de boxe Marcos Godoy (Rogelio Guerra), que finge perder suas lutas por dinheiro sujo, seu interesse amoroso Silvia (Adriana Roel), o gangster Toño (Raúl Ramírez) e seus capangas Ramon (Enrique Ramírez) e Beto (Jose Chavez Trowe), além de um homem obeso (Guillermo Álvarez Bianch) e uma família formada por pai (Aáron Hernán), mãe (Graciela Doring) e filho pequeno.

Chegando ao planeta Sibila, que não tem noite e o sol brilha o tempo todo, eles são recepcionados pela Rainha Adastrea (Lorena Velázquez) e sua irmã gêmea Alburnia (também Velásquez, em papel duplo), que representam a maldade e bondade, respectivamente. Os humanos agora precisam lidar com a condição de prisioneiros num mundo alienígena, e lutar para retornar à Terra. Eles são ajudados pelo Prof. Daniel Wolf (Guillermo Murray), que é o chefe de Silvia, e por Taquito (José Angel Espinosa), ex-lutador de boxe e amigo de Marcos, que partem para o resgate num foguete.

 

“O Planeta das Mulheres Invasoras” faz parte de um subgênero da FC bagaceira dos anos 50 e 60 do século passado que explora a temática de planetas habitados somente por mulheres jovens e bonitas O filme parece até tentar mostrar uma história séria, apesar de alguns elementos cômicos propositais envolvendo o gangster atrapalhado e seus capangas, mas de uma forma geral não consegue manter o interesse pelo excesso de furos no roteiro e situações absurdas que apenas facilitam o trabalho do roteirista e eliminam problemas para os produtores. E por isso, mesmo sendo até curto com apenas 1h26min, deveria ter menos tempo ainda, algo em torno dos 60 minutos, como nos primeiros filmes de Roger Corman, filmados com pouco dinheiro.

O elenco tem atuações ruins, parecendo ensaios de uma peça teatral escolar, tudo muito inverossímil e não convincente, mesmo para os padrões de um filme bagaceiro de ficção científica. As únicas coisas que realmente se salvam, e somente para os apreciadores de filmes tranqueiras, são os efeitos práticos patéticos, mas divertidos, como as maquetes e miniaturas do disco voador alienígena e o foguete terráqueo, e as simulações de voos pelo espaço e decolagens e aterrissagens hilárias. Além dos cenários toscos dos ambientes internos das naves e do palácio de Sibila, lar da rainha do Mal Adastrea. Tem também a sala de controle com aparelhos e painéis cheios de luzes piscando, as viseiras para proteger os olhos humanos do potente Sol do planeta alienígena, o vestuário exagerado das mulheres invasoras e suas armas risíveis, como as lanças de raios e um espelho que utiliza a energia do sol de Sibila para emitir raios mortais através de um satélite tosco que orbita a Terra.

Curiosamente, recebeu o título americano “Planet of the Female Invaders” e para aproveitar os mesmos cenários e parte da equipe de produção e elenco, foi produzido como sequência de “Gigantes Planetarios” (Planetary Giants, 1966)

 

(RR – 20/03/22)





Vênus Invade a Terra (Target Earth, EUA, 1954, PB)

 


Os anos 50 do século passado foram muito intensos para a produção de filmes bagaceiros divertidos de Ficção Científica e Horror explorando, entre diversos temas, as invasões alienígenas hostis, aproveitando a tensão da guerra fria entre EUA e URSS com as frequentes ameaças de invasões e o medo dos efeitos destrutivos de uma eventual guerra nuclear.

Vênus Invade a Terra” (Target Earth, 1954), que também é conhecido por aqui como “Invasão do Mundo”, é uma produção de baixo orçamento de Herman Cohen, com fotografia em preto e branco, dirigida por Sherman A. Rose, a partir de um roteiro de Bill Raynor inspirado na história “Deadly City”, de Paul W. Fairman.

 

Uma grande cidade americana é evacuada pelo exército por causa da ameaça de uma invasão alienígena com robôs vindos de Vênus, um planeta capaz de abrigar vida inteligente, com nuvens grossas com oxigênio, hidrogênio e água abundante. Algumas poucas pessoas são deixadas acidentalmente para trás como Nora King (Kathleen Crowley), uma mulher atormentada pela morte do marido num acidente de carro, que percebe a cidade misteriosamente vazia após acordar de uma longa noite com a ingestão de overdose de soníferos. Ela começa a caminhar sem destino pelas ruas desertas tentando entender o que está acontecendo, e encontra um homem, Frank Brooks (Richard Denning). Ele também está desorientado, informando que tinha sido assaltado e acordou num beco, não entendendo o desaparecimento de todos na cidade.

Uma vez juntos agora, eles tentam encontrar um meio de sair da cidade ou descobrir alguma informação que possa explicar o mistério, onde os telefones, carros e rádios transmissores não funcionam. Porém, eles encontram outras pessoas no caminho, como o casal Vicki Harris (Virginia Grey) e Jim Wilson (Richard Reeves), que estavam embriagados se divertindo num bar, e também Charles Otis (Mort Marshall). O grupo de cinco pessoas decide se refugiar num hotel e são surpreendidos por outro homem, Davis (Robert Roark), que está armado com um revólver e revela-se um assassino sem escrúpulos que torna-se uma ameaça ainda pior que os robôs alienígenas.

Resta agora ao grupo de sobreviventes administrar os conflitos internos e lutar por suas vidas contra a invasão de Vênus, enquanto em paralelo, o cientista Tom (Whit Bissell), chefe do departamento de eletrônica de um laboratório de pesquisa do exército americano, com o apoio do General Wood (Arthur Space), tenta encontrar uma forma de desativar os robôs venusianos, que disparam raios mortais através de um dispositivo na cabeça.

 

Do elenco, vale citar a presença de Richard Denning, um ator conhecido nos filmes “B” daquela época como “O Monstro da Lagoa Negra” (1954), “Day the World Ended” (1955), “O Cadáver Atômico” (1955), “O Escorpião Negro” (1957) e “Nos Domínios do Terror” (1963). E também Whit Bissell, que esteve em vários filmes bagaceiros como “I Was a Teenage Werewolf” e “I Was a Teenage Frankenstein” (ambos de 1957 e também produzidos por Herman Cohen), sendo um rosto reconhecido pela participação no elenco fixo da série de TV “o Túnel do Tempo” (1966), como o General Heywood Kirk.

“Vênus Invade a Terra” tem apenas 1 hora e 16 minutos de duração e a história é centrada no grupo de sobreviventes da invasão, especulando sobre os motivos misteriosos da cidade deserta e tentando se defender do ataque de robôs alienígenas, investindo num clima desconfortável de estranheza de um lugar vazio e incerteza do futuro ameaçado por uma invasão de outro planeta.

Em paralelo, temos o exército, na verdade apenas alguns poucos militares numa sala de comando devido ao orçamento baixo da produção, tentando conter os invasores, ou seja, apenas um robô. Pois, apesar de se falar numa invasão em grande escala com uma legião de robôs de aço com flexibilidade nas articulações, simulando os movimentos humanos através de eletrônica, incapazes de sentir medo, dor ou compaixão, a produção de orçamento minúsculo só permitia utilizar um único robô nas filmagens.

Aliás, esse robô patético é extremamente divertido justamente por suas características bagaceiras, com um ator fantasiado simulando um autômato com uma roupagem cheia de cantos vivos e luzes piscando no local onde seria a cabeça e um visor que lança raios mortais. Andando extremamente devagar e pouco ameaçador, sendo ainda derrotado de forma simplória com ruídos eletrônicos criados pelo cientista interpretado por Whit Bissell num laboratório paupérrimo com os tradicionais equipamentos cheios de relógios e mostradores analógicos. Esse tipo de solução encontrada para combater os alienígenas superiores tecnologicamente já foi utilizada outras vezes como no posterior “A Invasão dos Discos Voadores” (1956).

Mas que mesmo com uma importância menor, está garantido na eterna galeria dos robôs do cinema fantástico ao lado de outros mais famosos como “Maria” (“Metrópolis”, 1926), “Gort” (“O Dia Em Que a Terra Parou”, 1951), “Robby” (“Planeta Proibido”, 1956), “B-9” (série de TV “Perdidos no Espaço”, 1965/68), além dos robôs de “Galactica – Astronave de Combate” e “Star Wars”, entre vários outros. E também ao lado de similares menos conhecidos como “Tobor” (“A Vingança do Monstro”, 1954), “Torg” (“Papai Noel Conquista os Marcianos”, 1964) e “Box” (“Fuga no Século 23”, 1976), só para citar alguns.

Curiosamente, como os produtores não tinham autorização para filmar na cidade, eles tiveram que realizar as filmagens aos domingos bem cedo, em Los Angeles, tudo muito rápido para aproveitar a ausência de pessoas nas ruas e as lojas fechadas.

Como já dito anteriormente, a história tem elementos associados à tensão da guerra fria, e em determinado momento, quando Nora e Frank ainda estão desorientados e tentando se situar num ambiente de solidão e ameaça de morte, a mulher cita que uma das prováveis causas do desaparecimento das pessoas nas ruas seria a temível bomba H, a bomba de hidrogênio com alto poder destrutivo.

 

(RR – 13/03/22)






A Última Mulher Sobre a Terra (The Last Woman on Earth, EUA, 1960, PB)


São tantos filmes bagaceiros de Horror & Ficção Científica na carreira do “Rei dos Filmes B” Roger Corman, que é uma tarefa difícil acompanhar e fazer um trabalho de catalogação e pesquisa de seu currículo. Os anos 50 e 60 do século passado foram muito produtivos para o cinema de gênero com orçamentos reduzidos e histórias exageradas no escapismo e especulação. “A Última Mulher Sobre a Terra” (The Last Woman on Earth, 1960) tem fotografia original em preto e branco e também uma versão colorizada por computador (disponível com legendas em português no “Youtube”). É outro filme de produção paupérrima, que explora um evento apocalíptico repentino com as pessoas morrendo misteriosamente, restando para um pequeno grupo de sobreviventes a árdua missão de encarar um novo mundo vazio.  

 

Na história temos um homem rico, Harold Gern (Antony Carbone), e sua bela esposa Evelyn (Betsy Jones-Moreland). Eles estão em férias numa ilha do Caribe, em Porto Rico, quando recebem a visita do advogado Martin Joyce (Edward Wain, que na verdade é o pseudônimo de Robert Towne, também roteirista do filme), que chega na ilha para tratar dos negócios meio obscuros de seu cliente. Aproveitando o momento de relaxamento e lugar paradisíaco, eles fazem um passeio de barco no mar e decidem mergulhar com tanques de oxigênio. Eles não imaginavam que isso salvaria suas vidas, pois ao retornarem à superfície encontram o capitão do iate misteriosamente morto.

E ao voltarem para a ilha, descobrem que todos na cidade estão mortos e especulam que as razões poderiam ser a falta temporária de oxigênio devido algum desastre natural ou explosão de bomba atômica (um medo constante daquele período de “guerra fria”). Agora, sozinhos na ilha, eles precisam lidar com os novos desafios de sobrevivência, além da inevitável tensão gerada entre os dois homens por causa da “última mulher sobre a Terra”, caso o apocalipse tenha dimensões globais. 

 

O filme é curto com apenas 71 minutos de duração, e não tem monstros toscos ou alienígenas hostis, investindo unicamente na história perturbadora do provável fim do mundo, com as dificuldades de adaptação em uma nova situação com a ausência das pessoas. Além também dos conflitos gerados entre os sobreviventes, num desconfortável sentimento de angústia com os dois homens disputando a atenção da única mulher num ambiente de desolação e desesperança.

 

Curiosamente, como Roger Corman estava em Porto Rico filmando outra bagaceira, “Criaturas do Fundo do Mar” (Creature From the Haunted Sea, 1961), e como sua especialidade é reaproveitar tudo que é possível para economizar nos custos de produção, ele utilizou as mesmas locações e elenco para fazer “A Última Mulher Sobre a Terra”.

Existem vários filmes que exploram esse tema de algum evento misterioso causando o sumiço das outras pessoas, deixando sozinhos alguns poucos sobreviventes. Na série de TV “Além da Imaginação” (1959 / 1964), um dos episódios mostra um homem que de repente se encontra isolado numa cidade, onde todos desapareceram, sem saber que era um teste para estudar seu comportamento quando estivesse isolado numa missão espacial. No filme “Terra Tranquila” (1985) um pequeno grupo de pessoas teve a sorte ou azar, dependendo do ponto de vista, de sobreviver após a ocorrência de uma anomalia misteriosa com um campo de energia que causou o desaparecimento da humanidade. “Mortos Que Matam” (The Last Man on Earth, 1964) com Vincent Price, é um filme baseado num livro de Richard Matheson, onde Price é um cientista que vive sozinho no mundo, o último homem sobre a Terra, após uma epidemia dizimar a humanidade e criar uma raça de criaturas com características vampirescas.

 

(RR – 07/03/22)




Ilha do Pavor (Attack of the Crab Monsters, EUA, 1957, PB)

 


"E o Senhor disse: Destruirei da face da Terra o Homem que criei; tanto o homem como o animal, e o réptil, e as aves do céu; pois me arrependo de tê-los feito.”

 

Ilha do Pavor” (Attack of the Crab Monsters) é um divertido filme bagaceiro de horror e ficção científica em preto e branco de 1957 com apenas 63 minutos de duração. A direção e produção é do especialista Roger Corman, nome conhecido pelos filmes de orçamentos minúsculos, e o roteiro é de seu parceiro de tranqueiras Charles B. Griffith.

Faz parte do conjunto dos primeiros filmes da carreira de Corman, o “Rei dos Filmes B”, todos preciosidades do cinema fantástico bagaceiro, como “Day the World Ended” (1955), “O Conquistador de Vênus” (1956), “O Emissário de Outro Mundo” (1957), “Os Reencarnados” (1957), “Guerra dos Satélites” (1958), “A Mulher Vespa” (1959), entre outros.

 

Um grupo de cientistas e pesquisadores vai até uma ilha no Oceano Pacífico estudar os efeitos de testes de bombas atômicas, avaliando as consequências hostis da radiação nos animais e plantas, tanto terrestres quanto marinhos.

O grupo é formado por oito pessoas. Temos o casal de biólogos Martha Hunter (Pamela Duncan) e Dale Brewer (Richard Garland), estudiosos de animais marinhos e terrestres, respectivamente, o físico nuclear Dr. Karl Weigand (Leslie Bradley), que estuda a nocividade da superdose de radiação na ilha, e o geólogo Dr. James Carlson (Richard Cutting), cuja missão é analisar o solo contaminado. Completam ainda o time, o botânico Jules Deveroux (Mel Welles), interessado no envenenamento das plantas locais, além de Hank Chapman (Russell Johnson, de “Guerra Entre Planetas”) e dois marinheiros de apoio, Ron Fellows (Beech Dickerson) e Jack Sommers (Tony Miller).

Lá chegando eles se alojam numa casa construída pelo exército americano e primeiramente já precisam administrar a ocorrência de terremotos constantes e crescentes que parecem estar levando a ilha ao colapso. Além de tentar descobrir as causas do desaparecimento misterioso de membros de uma equipe anterior de cientistas e também do grupo atual, lutando por suas vidas ao serem atacados por caranguejos monstruosos (do título original). Os crustáceos foram transformados em criaturas bizarras imensas e com couraça resistente devido à exposição radioativa gerada pelas explosões de bombas nucleares. Ao se alimentarem dos cérebros das pessoas, adquiriram seus poderes intelectuais e capacidade de falar e articular ações contra os invasores de seu território.  

 

O período que se seguiu após o fim da Segunda Guerra Mundial foi palco para fervilhar de ideias as cabeças dos roteiristas ao especular sobre as consequências nocivas da radiação de bombas atômicas para as pessoas e animais, durante a guerra fria entre as duas potências estabelecidas no planeta, os Estados Unidos e a antiga União Soviética.

“Ilha do Pavor” é mais um filme explorando este tema, dessa vez colocando os caranguejos como vilões, sendo seres mutantes e inteligentes que se tornaram monstros gigantes e ameaçadores para a humanidade. Com uma história exagerada no escapismo e longe de qualquer lógica, elementos típicos do cinema de gênero dos anos 1950 que o tornam por isso mesmo divertido, os destaques invariavelmente ficam por conta dos monstros do título, criados com efeitos toscos, precários e baratos, garantindo o entretenimento em seus ataques que certamente causaram impacto nas audiências da época, quando não existia a artificialidade da computação gráfica.

Os efeitos práticos de orçamentos reduzidos do crustáceo monstruoso podem parecer simplórios passados cerca de 65 anos, mas certamente foram interessantes na época da produção, com o monstro sendo manipulado por Ed Nelson (carcaça) e Beech Dickerson (garras), que também aparecem em pequenos papéis no filme, merecendo todo o respeito, admiração e valor pelas dificuldades de execução e tentativa de tornar a criatura mutante o mais verossímil possível na história.

 

Curiosamente, foi lançado nos cinemas americanos num programa duplo com outra produção de Corman, “O Emissário de Outro Mundo” (Not of This Earth), sobre um alienígena que está na Terra para estudar o sangue humano como forma de tentar salvar sua raça doente da extinção, após uma catástrofe nuclear. 

 

(RR – 01/03/22)