O cinema fantástico mexicano é
significativo e tem seu lugar garantido na história do Horror e Ficção
Científica com produções de orçamentos reduzidos. “O Planeta das Mulheres
Invasoras” (El Planeta de las Mujeres Invasoras, 1966) foi dirigido pelo alemão
Alfredo B. Crevenna com fotografia em preto e branco, trazendo os elementos
típicos do cinema bagaceiro de gênero como a história exagerada no escapismo e
os efeitos especiais extremamente toscos.
Uma nave espacial chega à Terra e aterrissa
num parque de diversões, se disfarçando numa atração com um disco voador que
simula uma viagem à Lua. Na nave estão jovens e belas mulheres do planeta Sibila,
Eritrea (a italiana Maura Monti) e Martesia (Elizabeth Campbell), que estão
numa missão para capturar humanos e levá-los ao seu planeta para realizar
experiências na tentativa de criar uma condição de se adaptarem a nossa
atmosfera para uma futura invasão.
Algumas pessoas entraram no disco voador
pensando ser uma atração do parque e foram sequestradas. O grupo era formado
pelo desonesto e corrupto lutador de boxe Marcos Godoy (Rogelio Guerra), que finge
perder suas lutas por dinheiro sujo, seu interesse amoroso Silvia (Adriana
Roel), o gangster Toño (Raúl Ramírez) e seus capangas Ramon (Enrique Ramírez) e
Beto (Jose Chavez Trowe), além de um homem obeso (Guillermo Álvarez Bianch) e
uma família formada por pai (Aáron Hernán), mãe (Graciela Doring) e filho
pequeno.
Chegando ao planeta Sibila, que não tem
noite e o sol brilha o tempo todo, eles são recepcionados pela Rainha Adastrea
(Lorena Velázquez) e sua irmã gêmea Alburnia (também Velásquez, em papel duplo),
que representam a maldade e bondade, respectivamente. Os humanos agora precisam
lidar com a condição de prisioneiros num mundo alienígena, e lutar para
retornar à Terra. Eles são ajudados pelo Prof. Daniel Wolf (Guillermo Murray),
que é o chefe de Silvia, e por Taquito (José Angel Espinosa), ex-lutador de
boxe e amigo de Marcos, que partem para o resgate num foguete.
“O Planeta das Mulheres Invasoras” faz
parte de um subgênero da FC bagaceira dos anos 50 e 60 do século passado que
explora a temática de planetas habitados somente por mulheres jovens e bonitas
O filme parece até tentar mostrar uma história séria, apesar de alguns
elementos cômicos propositais envolvendo o gangster atrapalhado e seus capangas,
mas de uma forma geral não consegue manter o interesse pelo excesso de furos no
roteiro e situações absurdas que apenas facilitam o trabalho do roteirista e
eliminam problemas para os produtores. E por isso, mesmo sendo até curto com
apenas 1h26min, deveria ter menos tempo ainda, algo em torno dos 60 minutos,
como nos primeiros filmes de Roger Corman, filmados com pouco dinheiro.
O elenco tem atuações ruins, parecendo
ensaios de uma peça teatral escolar, tudo muito inverossímil e não convincente,
mesmo para os padrões de um filme bagaceiro de ficção científica. As únicas coisas
que realmente se salvam, e somente para os apreciadores de filmes tranqueiras,
são os efeitos práticos patéticos, mas divertidos, como as maquetes e
miniaturas do disco voador alienígena e o foguete terráqueo, e as simulações de
voos pelo espaço e decolagens e aterrissagens hilárias. Além dos cenários
toscos dos ambientes internos das naves e do palácio de Sibila, lar da rainha do
Mal Adastrea. Tem também a sala de controle com aparelhos e painéis cheios de
luzes piscando, as viseiras para proteger os olhos humanos do potente Sol do
planeta alienígena, o vestuário exagerado das mulheres invasoras e suas armas
risíveis, como as lanças de raios e um espelho que utiliza a energia do sol de
Sibila para emitir raios mortais através de um satélite tosco que orbita a
Terra.
Curiosamente, recebeu o título americano
“Planet of the Female Invaders” e para aproveitar os mesmos cenários e parte da
equipe de produção e elenco, foi produzido como sequência de “Gigantes Planetarios”
(Planetary Giants, 1966)
(RR
– 20/03/22)