“A conquista de novos mundos sempre faz exigências de vida humana. E
sempre existirão homens que aceitarão o risco.” – Dr. Paul von Essen
A guerra fria entre Estados Unidos e a
antiga União Soviética após o fim da Segunda Guerra Mundial, gerou uma tensão
constante em nosso planeta com o medo de um holocausto nuclear com bombas
atômicas e também uma corrida de conquista espacial entre as duas grandes
potências. Os soviéticos saíram na frente colocando o primeiro homem no espaço
em 1961, o astronauta Yuri Gagarin, e a resposta americana viria em 1969 com a
nave Apollo 11 chegando até a Lua. De qualquer forma, a corrida espacial
instigou a imaginação dos roteiristas de cinema e uma infinidade de filmes
sobre o tema foi lançada durante as décadas de 1950 e 1960. “O Primeiro Homem no Espaço” (First Man
Into Space) é um filme inglês de 1959, dois anos antes da viagem do astronauta
russo pelo espaço sideral, e é uma produção de baixo orçamento inglesa, com
direção de Robert Day.
Em Albuquerque, cidade no Estado americano
do Novo México, uma base militar está realizando testes com o lançamento de
foguetes para o espaço. Sob a liderança do Comandante Charles Ernest Prescott
(Marshall Thompson), auxiliado pelo Capitão Ben Richards (Robert Ayres) e o
médico da Aeronáutica Dr. Paul von Essen (Carl Jaffe), um projeto com o foguete
Y-13 está
“O Primeiro Homem no Espaço” está
disponível no “Youtube” tanto em sua versão original em preto e branco quanto
numa versão colorizada por computador, com a opção de legendas em português. É
um filme com roteiro pretensioso e produção com características do cinema
fantástico bagaceiro dos anos 50 do século passado. O centro de comando tem todos
aqueles computadores imensos e painéis de controle cheios de mostradores,
botões e luzes, o foguete é uma maquete tosca e o monstro assassino é um homem
deformado vestido numa roupa bizarra de borracha, com os sempre divertidos
efeitos práticos. Com fotografia em preto e branco, o filme faz parte do
subgênero conhecido como “homem transformado em monstro”, tão comum na época,
com uma infinidade de histórias similares onde as pessoas transformavam-se em
monstros como consequência da curiosidade em desbravar o desconhecido,
ultrapassando os limites da ciência. Vale destacar os ataques do monstro, o
piloto mutante que voltou do espaço recoberto com uma camada de poeira de
meteoritos, uma espécie de crosta criada pela exposição aos raios cósmicos que
servem como uma blindagem contra disparos de armas de fogo, mas que também
necessita do sangue de suas vítimas.
A abordagem desses homens intrépidos que
se transformam em monstros perturbados sempre é interessante, enfatizando o
drama de suas novas condições, como nas palavras de desespero do piloto de
testes, “... andei sem rumo por um
labirinto de medo e dúvidas...”. Os ataques do monstro podem ser
considerados até bem violentos para a época da produção, e certamente os
realizadores conseguiram impressionar a plateia. Mas, projetando um paralelo
com os dias atuais, as cenas são inocentes e ingênuas quando comparadas com
similares numa infinidade de filmes onde a violência é explícita, com um horror
gráfico repleto de mutilações e sangue em profusão, que deixariam as audiências
dos anos 50 traumatizadas. São as mudanças que ocorrem com o passar dos anos, e
a humanidade cada vez mais está se acostumando com a violência e se
impressionando menos.
Curiosamente, uma história bem similar foi
filmada em 1977 na divertida bagaceira “O Incrível Homem Que Derreteu” (The
Incredible Melting Man), escrito e dirigido por William Sachs, e com efeitos de
maquiagem de Rick Baker. Nesse filme, um astronauta parte numa missão espacial
aos anéis de Saturno, e ao retornar para a Terra, seu corpo começou a
se deteriorar de forma crescente, derretendo literalmente e transformando-se
numa massa gosmenta de fluídos, músculos, carne e ossos partidos, deixando um
rastro de sangue e vítimas por seu caminho.
Outra
curiosidade interessante é que o ator americano Marshall Thompson (1925 / 1992)
participou de outras pérolas do cinema fantástico bagaceiro dos anos 50 como
“Maldição da Serpente” (Cult of the Cobra, 1955), “O Horror Veio do Espaço”
(Fiend Without a Face, 1958) e “A Ameaça do Outro Mundo” (It! The Terror From
Beyond Space, 1958). Além de uma grande variedade de séries de TV como a
popular “Daktari” (1966 / 1969).
(RR – 21/09/15
+ 17/09/23)