“A
chama do Sol fez dele um Monstro!”
É
significativa a quantidade de filmes de orçamentos minúsculos com elementos de
Horror e Ficção Científica principalmente das décadas de 50 e 60 do século
passado, que utilizam como tema o sub-gênero “Homem Transformado em Monstro”.
Geralmente são “cientistas loucos” obcecados pelo trabalho incansável para o
suposto bem da humanidade, perdendo o controle das experiências bizarras mal
sucedidas com resultados catastróficos, utilizando cobaias humanas e muitas
vezes até eles próprios, transformando-se em monstros ameaçadores com suas
mentes ainda mais distorcidas.
“The Hideous Sun Demon” (EUA, 1958) é mais um filme bagaceiro
situado nesse contexto, abordando a ideia de transformação em monstro, apesar
que de forma mais sutil em relação ao perigo na manipulação de elementos
radioativos e ações inescrupulosas dos responsáveis pelas pesquisas e
experiências. A direção, roteiro e produção são Robert Clarke, que também atua
na liderança do elenco como o homem da ciência que virou um monstro disforme. Com
fotografia original em preto e branco, o filme está disponível gratuitamente na
internet pela plataforma “Youtube”, com a opção de legendas em português e
também numa versão colorizada por computador.
O cientista Dr. Gilbert
McKenna (Robert Clarke) está trabalhando num projeto com um isótopo radioativo,
auxiliado pelo colega Dr. Frederick Buckell (Patrick Whyte) e a assistente Dra.
Ann Russell (Patricia Manning). Acidentalmente ele recebe grandes doses de
radiação e é levado ao hospital ficando aos cuidados do Dr. Stern (Robert
Garry). Porém, sempre que exposto aos raios solares, que funcionam como
catalisador na alteração de suas células, ocasionando um processo de reversão, ele
se transforma num monstro assassino parecido com lagarto (daí o título do
filme).
Transtornado com sua nova
condição, tendo que sair apenas à noite e com problemas recorrentes com
alcoolismo, o cientista recebe a tentativa de ajuda de um especialista em
envenenamento por radiação, o Dr. Jacob Hoffman (Fred La Porta), mas
sentindo-se solitário e deprimido, conhece uma cantora e pianista numa boate, Trudy
Osborne (Nan Peterson), e se envolve em várias confusões, sendo perseguido pela
polícia, com equipe liderada pelo Tenente Peterson (William White), se
escondendo num capo de extração de petróleo e culminando num desfecho no alto
de uma torre.
O filme explora principalmente
o drama pessoal do cientista transformado em monstro quando exposto ao sol, na
dificuldade em administrar as mudanças para uma criatura mutante e ameaçadora,
deixando mais de lado as questões científicas, tanto que não temos o esperado
laboratório com aparelhos bizarros, nem a rotina das experiências com
radioatividade e não é mostrado o acidente com o cientista.
Filmado apenas em finais de
semana com poucos recursos, equipe de produção com estudantes e elenco amador,
é indicado para quem aprecia esses filmes tranqueiras com efeitos práticos
paupérrimos, com destaque para o monstro pré-histórico reptiliano, bagaceiro e
divertido como sempre, o “Horrível Demônio do Sol”, com o ator Robert Clarke
vestindo um traje tosco de borracha, e que ainda assim é bem interessante e
melhor que muitos outros monstros similares de filmes da mesma época e temática.
Robert Clarke (1920 / 2005) é
um nome conhecido por diversas outros filmes bagaceiros divertidos do gênero
fantástico como “O Homem do Planeta X” (1951), “The Astounding She-Monster”
(1957), “The Incredible Petrified World” (1959), “Além da Barreira do Tempo” (1960),
e até tranqueiras no fim da carreira como “Alienator – A Exterminadora
Indestrutível” (1990).
(RR – 17/12/23)