“É uma aflição que
paira sobre a humanidade por gerações. Um mal completamente diferente que
transformou homens em monstros. Uma força diabólica que dá aos homens uma sede
insaciável de sangue. É uma doença que concede forças a monstros imortais. E
sugam o sague de suas presas.”
– Conde Gabor
Kernassy
Para os apreciadores do cinema de horror
gótico, especialmente o italiano e com história de vampirismo e belas mulheres,
uma dica é “A Última Presa do Vampiro”
(L´Ultima Preda del Vampiro / The Playgirls and the Vampire, 1960), com direção
e roteiro de Piero Regnoli e fotografia em preto e branco, disponível no
“Youtube” com legendas em português.
Uma tempestade obriga um grupo de cinco dançarinas
a pedirem refúgio num castelo isolado e macabro. O grupo é formado por Vera
(Lyla Rocco), Katia (Maria Giovannini), Illona (Marisa Quattrini), Magda
(Corinne Fontaine) e Erika (Erika di Centa), além do motorista do ônibus e
pianista Frank (Leonardo Botta) e o empresário Lucas (Alfredo Rizzo). O castelo
é de propriedade do misterioso Conde Gabor Kernassy (Walter Brandi) e uma das
belas moças hóspedes no castelo, Vera, é muito parecida com uma ancestral da
família do Conde, despertando um interesse especial no anfitrião.
Além de personagens estranhos empregados
do castelo como a austera governanta Balasz (Tilde Damiani) e o zelador manco
Zoltan (Antonio Nicos), e toda uma atmosfera mórbida carregada de desconforto, a
enorme construção de pedra ainda esconde um vampiro entre suas paredes sombrias
e cômodos ocultos, uma cripta familiar com sepulturas dos ancestrais do Conde,
e um laboratório sinistro de “cientista louco” no porão.
“A Última Presa do Vampiro” é uma produção
menor dentro do ciclo italiano de horror gótico, com uma história simples e com
muitas falhas, além de uma narrativa arrastada e poucas mortes. As ações são
mais efetivas apenas a partir da segunda metade do filme. Tanto o Conde Gabor
Kernassy quanto o vampiro do porão não intimidam o suficiente que se esperaria
deles num ambiente tétrico de um castelo centenário. Com um roteiro raso, o
filme tenta então atrair a atenção com os sempre interessantes elementos
góticos tradicionais, e nisso a produção tem os seus acertos, principalmente
com o porão sinistro. E também com o desfile de um elenco de belas mulheres em
camisolas na maior parte do tempo andando de forma aleatória pelo castelo, numa
característica típica do cinema “exploitation”.
Curiosamente, a atriz italiana Maria
Giovannini, de carreira curta e que fez a vítima vampirizada Katia, é considerada
a precursora em cena com nudez, num momento rápido de “topless”, bem antes de
diretores tradicionais europeus do cinema de exploração como o francês Jean
Rollin e o espanhol Jess Franco, e até mesmo o estúdio inglês “Hammer”,
mostrarem belas e sedutoras mulheres vampiras nuas em seus filmes.
(RR
– 31/08/22)