"A
mente do Homem está sempre a serviço do Mal.”
Uma história de maldição familiar com
atmosfera sombria de um castelo com uma câmara de torturas. “A Mansão do Homem Sem Alma” (1963) é
mais um divertido filme do ciclo italiano de horror gótico dos anos 60 do
século passado, com fotografia a cores e dirigido por Antonio Margueriti
(creditado como Anthony Dawson), além da presença ilustre no elenco do eterno
ícone do horror Christopher Lee.
O título original italiano é “La vergine
di Norimberga” e também é conhecido por “Horror Castle” nos Estados Unidos.
Além do título em inglês utilizado ao redor do mundo, “The Virgin of
Nuremberg”, que é o nome de um instrumento medieval de tortura (“A Virgem de
Nuremberg”), um sarcófago de ferro com pontas afiadas internas, onde mulheres
eram presas e punidas por adultério com mortes dolorosas através de perfuração
dos olhos e hemorragia.
Ambientado na Alemanha, o casal Max Hunter
(Georges Rivière) e sua esposa Mary (Rossana Podestà) são os proprietários de
um imponente castelo gótico que abriga um museu repleto de máquinas medievais
de tortura, da sangrenta época da Santa Inquisição, e que eram manipuladas por
um terrível carrasco conhecido como “O Justiceiro”. O zelador do museu macabro é
Erich (Christopher Lee), que tem o rosto parcialmente deformado por ferimentos de
guerra, sendo extremamente leal à família Hunter, principalmente quando servia
ao veterano General (Mirko Valentin), pai de Max e líder que ficou atormentado
pelos horrores brutais da Segunda Guerra Mundial. Além de Erich, outros
empregados do castelo são a sinistra governanta Martha (Laura Nucci) e a jovem
arrumadeira Trude (Luciana Milone).
Porém, a já naturalmente atmosfera obscura
do castelo fica ainda mais perturbadora com a ocorrência de assassinatos
misteriosos de mulheres nos instrumentos de tortura, despertando a atenção da
polícia na investigação do agente do FBI John Selby (Jim Dolen), que acredita
que um monstro assassino está agindo escondido nos porões escuros do castelo.
“A Mansão do Homem Sem Alma” é ambientado
a maior parte do tempo nos interiores sombrios do castelo, com apenas algumas
cenas externas, com a bela Rossana Podestà vagando pelos imensos corredores,
passagens secretas e porões de ambientes tétricos de gelar a espinha. A câmara
com diversos dispositivos para proporcionar tortura e dor até poderia ser mais
explorada, pois somente a “Virgem de Nuremberg” e uma gaiola com um rato
faminto foram utilizados nas mulheres vítimas do assassino misterioso. É insano
pensar como esses instrumentos existiram de verdade e foram responsáveis pelo
sofrimento de muitas pessoas desesperadas com dores e tormentos indescritíveis,
num capítulo sangrento na história da humanidade.
O diretor italiano Antonio Margueriti
(1930 / 2002) tem várias tranqueiras divertidas de horror e FC em seu currículo
como “Destino: Espaço Sideral” (1960), “O Planeta dos Desaparecidos” (1961),
“Dança Macabra” (1964), “A Máscara do Demônio” (1965), “O Choque dos Planetas”
(1966), “Sete Mortes nos Olhos de um Gato” (1973), etc.
Curiosamente, o nome de Christopher Lee
aparece nos créditos de abertura como “Cristopher” (sem o “h”). O filme foi
lançado em DVD no Brasil pela “Versátil” na coleção “Obra Primas do Terror –
Gótico Italiano” # 2, e está disponível no “Youtube” com áudio original em
italiano e opção de legendas em português.
(RR
– 20/09/22)