“E
pelas minhas mãos a linhagem dos Karnstein sumirá da face da Terra. E meu
sangue derramado voltará às minhas veias. E os filhos dos traidores que me
mataram serão destruídos. Para cada instante de sofrimento prometo-lhes séculos
de vingança. Assim, eu prometo, Sheena Karnstein. Meu sinal é a estrela de
cinco pontas.”
O escritor irlandês Sheridan Le Fanu (1814
/ 1873) é o autor da conhecida história de vampirismo “Carmilla”, que foi
adaptada algumas vezes no cinema como em “Rosas de Sangue” (1960) e “Atração
Mortal” (1970, também conhecido como “Os Amantes Vampiros” e “Carmilla, a
Vampira de Karnstein”, produção inglesa da “Hammer”.
O ciclo de horror gótico italiano dos anos
60 do século passado também tem um filme levemente inspirado nesse universo
ficcional, “O Túmulo do Horror”
(Crypt of the Vampire / Terror in the Crypt, 1964), que tem o título original
italiano “La Cripta e L`incubo”, numa co-produção com a Espanha e com
Christopher Lee liderando o elenco. Com fotografia em preto e branco, a direção
é de Camillo Mastrocinque (sob o pseudônimo Thomas Miller). Foi lançado em DVD
no Brasil pela “Versátil” na coleção “Obra Primas do Terror – Gótico Italiano”
# 2, e está disponível no “Youtube” com áudio original italiano e legendas em
português.
“Não
há sequer um nome sobre a minha tumba. Somente uma pedra negra. Eu colocarei
seus nomes sobre vossas lápides e vereis meu rosto sobre suas sepulturas. Eu
serei ela e ela serei eu. E os séculos não contarão para mim.” – Sheena Karnstein
Preocupado com uma antiga maldição familiar, o Conde Ludwig Karnstein
(Christopher Lee) pede ajuda para o restaurador de documentos históricos
Friedrich Klauss (José Campos) para visitá-lo em seu castelo gótico no alto de
um penhasco, com o objetivo de tentar descobrir entre os registros em sua
biblioteca alguma informação reveladora de seus ancestrais e a possibilidade de
relação com sua filha Laura (Adriana Ambesi, creditada como Audry Amber). Ela
está sofrendo com pesadelos terríveis e segundo a governanta Rowena (Nela
Conjiu), poderia estar possuída pelo espírito maligno e vingativo de Sheena
Karnstein, condenada à morte por bruxaria e vampirismo, fato que poderia
explicar as visões de Laura e a ocorrência sinistra de assassinatos de membros
da família e empregados do castelo.
Entre os serviçais tem a jovem Annette (Vera Valmont), amante do Conde,
e o mordomo Cedric (José Villasante). Paralelamente, um acidente com uma
carruagem obriga a jovem Ljuba (Ursula Davis) a se hospedar no castelo. Ela torna-se
rapidamente amiga íntima da solitária Laura, ajudando a afastá-la da depressão,
e juntas tentam entender o mistério por trás de seus pesadelos, assombrações,
mortes sangrentas e a atmosfera perturbadora do castelo.
"Raramente
temos visitantes aqui. É como viver em uma tumba... ou em algum lugar no limite
do mundo.” – Laura Karnstein
Todos os filmes do ciclo italiano de
horror gótico são interessantes e com entretenimento garantido para os fãs do
estilo, justamente pela exploração dos mesmos velhos clichês de castelos
assombrados por maldições. “O Túmulo do Horror” é sinistro do começo ao fim,
mesmo nos momentos de narrativa mais arrastada e está entre os memoráveis que
sempre vale citar como “A Maldição do Demônio” (1960) e “Dança Macabra” (1964),
entre outros.
Sua atmosfera sombria é de gelar a espinha
até dos mortos, destacando as catacumbas do castelo, palco de rituais de magia
negra e pousada eterna da morte para os ancestrais da família Karnstein, além
da infinidade de passagens secretas, corredores e cantos obscuros ideais para
fantasmagorias. Além do castelo macabro (locações no Castello Piccolomini, na
Itália), temos também as ruínas de um vilarejo próximo onde uma torre decrépita
ainda guarda um sino que toca sozinho pela ação dos ventos fortes, aumentando
ainda mais a atmosfera sombria e desconfortável que ronda o lugar.
“Eu adoro
esses castelos antigos... eles têm um ar tão misterioso.” – Friedrich Klauss
(RR
– 04/10/22)