Lavalantula (EUA, 2015)

 


A produção é da “Cinetel Films”, de bagaceiras como “A Queda da Terra”, a distribuição é do canal de TV a cabo “SyFy”, o apoiador oficial do cinema fantástico bagaceiro do século 21, e a direção é de Mike Mendez, de outras tranqueiras como “Maldita Aranha Gigante!” (2013). A história é sobre aranhas do tamanho de homens que cospem fogo pela boca, oriundas de uma erupção vulcânica em Los Angeles, nos Estados Unidos, e no elenco temos a liderança das ações por Steve Guttenberg, mais conhecido pela participação na popular e cultuada franquia de humor “Loucademia de Polícia”, dos anos 80 e 90 do século passado. O resultado disso tudo tem um nome: “Lavalantula”, a contração das palavras lava com tarântula.

Colton West (Steve Guttenberg) é um astro do cinema de ação dos anos 90, conhecido por atuar como o “Foguete Rubro”, um super-herói vestido numa armadura que voa. Casado com a bela Olivia (Nia Peeples), que luta kickbox, e pai do adolescente Wyatt (Noah Hunt), ele está no momento trabalhando num filme bagaceiro sobre baratas gigantes (num divertido exercício de metalinguagem, onde os realizadores estão brincando com os seus próprios clichês). Quando decide sair do set de filmagens para encontrar o filho, se depara com uma explosão nas montanhas de Santa Monica, causando terremotos e o pior de tudo, uma invasão de aranhas enormes incendiárias. Encarnando o verdadeiro herói americano, ele se junta com um fã patético, Chris (Patrick Renna), que encontra num ônibus de turismo, e parte para combater as aranhas, tentando encontrar a esposa e o filho no meio do desastre, ao mesmo tempo em que defende a cidade, procurando uma forma de deter as aranhas, principalmente uma imensa rainha.

Em “Lavalantula” tudo é exagerado, desde o roteiro carregado de forma proposital com elementos absurdos até os efeitos dos monstros aracnídeos em CGI vagabundo. Para não enrolar o espectador, já em menos de dez minutos de projeção, ocorre uma erupção vulcânica que liberta as enormes aranhas que cospem lava pela boca. Tem muitas homenagens e brincadeiras com o próprio cinema fantástico bagaceiro em que o filme se situa. Não falta nem o tradicional discurso padrão do herói convocando nesse caso os funcionários do estúdio de cinema para se motivarem na batalha contra as criaturas de oito patas. Dentro desse ponto de vista, podemos dizer que existe claramente uma intenção honesta dos realizadores em produzir e oferecer ao público uma porcaria colossal sem pretensão de mostrar uma história séria, e por isso mesmo, consegue o objetivo maior que é exclusivamente a diversão simples e sem compromisso com a lógica. O espectador não é enganado, pois sabe com antecedência que verá um filme ruim, que quer apenas divertir debochando dos próprios clichês e situações estrambólicas.    

Entre as várias curiosidades, temos a participação de quatro atores da franquia “Loucademia de Polícia”, pois além de Steve Guttenberg, ainda temos Michael Winslow, Marion Ramsey e Leslie Easterbrook no meio do ataque das tarântulas vulcânicas, numa interessante homenagem. O roteirista Leigh Whannell, criador da série de filmes “Sobrenatural”, aparece numa ponta logo no início, interpretando justamente um diretor de cinema. O ator Ian Ziering, principal nome na cultuada franquia “Sharknado”, aparece rapidamente no meio do caos com a invasão dos aracnídeos pré-históricos, encontrando Colton West no tumulto. Após cumprimentá-lo, ele diz para o colega de profissão que “adoraria ajudá-lo, mas estou com problemas com tubarões”, numa brincadeira muito divertida com a série de filmes de ataques de tubarões nas grandes cidades americanas, usando os tornados como meio de transporte. Na dublagem brasileira, o termo “lavalantula”, utilizado como título do filme e mencionado várias vezes na história, é pronunciado como “lavantula”, numa decisão acertada e mais apropriada. E por último, e especiamente para os brasileiros, em determinado momento, durante a confusão no ataque das aranhas, aparece um poste de identificação de uma praça na “Hollywood Boulevard” com a placa indicando “Carmen Miranda Square”, referindo-se à famosa cantora luso-brasileira.

Para concluir esse texto, vale registrar que antes mesmo dos produtores avaliarem o retorno do lançamento de “Lavalantula”, já foi anunciada uma sequência para 2016 com o nome “2 Lava 2 Lantula!”, cujo gancho enorme foi revelado no desfecho com a pergunta: “Esse é o fim das lavalantulas?”. Parece que não...   

 

(RR – 06/09/15)

 

Nota do Autor: No Brasil recebeu o nome “Lavalantula 2”, com direção de Nick Simon e novamente com Steve Guttenberg.