O sucesso de “A Mosca da Cabeça Branca”
(The Fly, 1958) inevitavelmente despertou a atenção dos produtores para o
lançamento de uma continuação. Então, no ano seguinte, só que com fotografia em
preto e branco para reduzir os custos, foi lançado “O Monstro de Mil Olhos”,
escrito e dirigido por Edward L. Bernds (1905 / 2000), um cineasta mais
conhecido por seus filmes de comédia, mas que dirigiu algumas preciosidades do
cinema fantástico bagaceiro como “Vinte Milhões de Léguas a Marte” (1956),
“Rebelião dos Planetas” (1958) e “Valley of the Dragons” (1961).
Após quinze anos da experiência com
teletransporte do “cientista louco” do filme original, cujos resultados
catastróficos transformaram-no num monstro misto de homem e mosca, seu filho
Philippe Delambre (Brett Halsey) tenta seguir os passos do pai., depois da
morte da mãe, deprimida com a tragédia do passado. Ele convence com muito custo
o tio François (Vincent Price) para patrocinar a aquisição de novos
equipamentos para montar um novo laboratório e retomar o projeto de
desintegração e reintegração de matéria, transmitindo estruturas moleculares e
explorando terras selvagens do conhecimento científico. Ele tem um parceiro,
Alan Hinds (David Frankham), que possui interesses obscuros ao fazer parte do
projeto, roubando as ideias com o intuito de vendê-las para magnatas da
indústria eletrônica. Ele é aliado de Max Barthold (Dan Seymour), um criminoso
interceptador de objetos roubados. Num confronto entre eles, o jovem cientista
Philippe torna-se vítima do mesmo acidente que ocorreu com seu pai. Virando um
monstro com cabeça, braço esquerdo e perna direita de mosca, fugindo
desorientado do laboratório e despertando a atenção da polícia, através das
investigações do Inspetor Beecham (John Sutton), que já tinha enfrentado
situação similar ao auxiliar o Inspetor Charas no filme anterior.
Essa continuação é uma produção com
orçamento bem modesto e duração curta, com apenas 77 minutos. Foi claramente
lançada numa jogada oportunista dos produtores para tentar lucrar com a boa
receptividade do filme original. Tanto que a história é muito similar, contando
apenas com o acréscimo de outros personagens coadjuvantes e o fato do “homem
transformado em monstro” sair do laboratório e percorrer as ruas em busca de
vingança, com algumas mortes dos oponentes que causaram sua tragédia. Os
efeitos são extremamente bagaceiros, principalmente a representação de um
porquinho da índia com mãos humanas, depois que o bicho se misturou com um
policial que investigava os crimes de Alan Hinds, e foi colocado na máquina de
teletransporte, se transformando numa criatura bizarra com as patas do animal.
Mas em compensação, o cientista com uma cabeça enorme de mosca ficou mais
interessante que no filme original, onde a cabeça de mosca do cientista
transformado era bem menor e menos assustadora. Outro detalhe desabonador é o
desfecho comum e previsível, com resultados improváveis.
A questão é que “O Monstro de Mil Olhos” é
na verdade apenas mais um filme bagaceiro de horror com elementos de ficção
científica, igual a centenas de outros com características parecidas. E o
diferencial que o tornou mais conhecido é apenas o fato de ser uma continuação
do clássico “A Mosca da Cabeça Branca”, além também por ter o privilégio da
presença de Vincent Price no elenco. Se não fosse por isso, provavelmente o
filme se perderia na imensidão de produções similares.
“O Monstro de Mil Olhos” foi seguido por “A Maldição
da Mosca” (1965), que concluiu a trilogia. Depois, em
(RR –
28/02/16)