O ator Lon Chaney Jr. (1906 / 1973) teve
uma longa carreira com quase 200 créditos na filmografia. Filho de Lon Chaney,
um astro renomado da época do cinema mudo, ele é bastante lembrado pelo papel
do amaldiçoado Larry Talbot no clássico “O Lobisomem” (1941) da produtora
“Universal”. E fez muitos filmes de orçamentos modestos do cinema de gênero,
marcando seu nome na história do horror e ficção científica. Em 1956 ele esteve
em “O Monstro Indestrutível”
(Indestructible Man), no papel principal que deu nome ao filme, uma produção bagaceira
com fotografia em preto e branco, dirigida por Jack Pollexfen.
O criminoso Charles “O
Açougueiro” Benton (Lon Chaney Jr.) é um criminoso preso pelo roubo de 600 mil
dólares (algo em torno de 6 milhões de dólares em 2020), e condenado à morte na
câmara de gás. Sentindo-se traído pelos companheiros de gangue, o advogado
inescrupuloso Paul Lowe (Ross Elliott) e os comparsas Squeamy Ellis (Marvin
Press) e Joe Marcellia (Ken Terrell), ele jura vingança contra eles, mesmo
estando atrás das grades e com pena de morte.
Depois de executado, seu corpo
vai parar nas mãos de um “cientista louco”, o bioquímico Prof. Bradshaw (Robert
Shayne) e seu assistente (Joe Flynn), que o utilizam em experiências para a
cura do câncer, aplicando uma descarga elétrica de 300 mil volts no cadáver.
Charles Benton retorna então do mundo dos mortos, mudo, pois a descarga
elétrica afetou suas cordas vocais, e extremamente forte devido alterações na
estrutura celular de seu corpo, tornando-se o “homem indestrutível” do título
original (que no Brasil recebeu o nome oportunista alterando para “monstro”).
O detetive da polícia Tenente
Dick Chasen (Max Showalter, creditado como Casey Adams), sob a supervisão do
chefe Capitão John Lauder (Stuart Randall), é o responsável pela investigação
do roubo, cujo dinheiro nunca foi encontrado, estando bem escondido de todos e
com possibilidade de pistas do paradeiro com a bela dançarina Eva Martin (Marian
Carr), amiga do “açougueiro”. O policial, obcecado em desvendar o caso, está no
rastro do criminoso que voltou à vida, depois dele fugir do laboratório do
cientista e iniciar seu plano sangrento de vingança, eliminando todos que cruzavam
o seu caminho.
“O Monstro Indestrutível” é curto, com
apenas 71 minutos, e é um filme de investigação policial de um roubo de
dinheiro, com elementos de horror e ficção científica na figura do “cientista
louco” (sempre trabalhando para o suposto bem da humanidade) e sua criação de
um “homem indestrutível”. A história é toda narrada pelo policial Tenente Dick
Chasen, que conta os detalhes de sua investigação e perseguição do assassino
vingador. Lon Chaney Jr. faz novamente o papel do vilão, e depois de perder a
voz após o imenso choque elétrico que lhe deu força descomunal, ele passa a
evidenciar sua raiva com expressões faciais que mostram seu ódio mortal pelos
companheiros traidores responsáveis por sua prisão e condenação à morte.
Para os apreciadores de ficção
científica bagaceira, é pena que a participação do “cientista louco” e suas
experiências bizarras seja apenas pequena, como pano de fundo para a história
policial, com o laboratório sendo pouco explorado, com seus mostradores
analógicos e aparelhos elétricos. Seria também bem mais interessante se o
“homem indestrutível”, que resiste contra o disparo de projéteis de armas de
fogo, tivesse o corpo deformado ou o rosto distorcido pela experiência com a
descarga elétrica, transformando-se num monstro tosco em busca de vingança.
Mas, a opção dos realizadores, talvez por questões orçamentárias ou pelo foco
numa história policial, foi manter o ator Lon Chaney Jr. sem maquiagem de
monstro, sendo apenas um homem forte que mata as pessoas com seus poderosos golpes.
Curiosamente, existe uma foto do
açougueiro com Eva Martin desacordada em seus braços, a típica cena do “monstro
carregando a mocinha”. Mas, isso não aparece no filme e apenas é revelado que a
dançarina estava no hospital se recuperando de ferimentos não mostrados.
Lon Chaney Jr. teve várias participações
em filmes de monstros clássicos da “Universal”, e além de ser o lobisomem no filme
de 1941, também interpretou a criatura de Frankenstein, o vampiro Drácula e a Múmia.
No caso dos diversos filmes bagaceiros de Horror e FC a partir da década de
1950 (período pós-Universal), vale citar alguns como “O Castelo do Pavor” (The
Black Castle, 1952), “A Torre dos Monstros” (The Black Sleep, 1956), “A
Maldição do Monstro” (The Cyclops, 1957), “The Alligator People” (1959), “O
Castelo Assombrado” (The Haunted Palce, 1963), “Dracula vs. Frankenstein” (1971),
entre outros.
(RR
– 29/05/22)