Existe uma equação básica no cinema
fantástico de baixo orçamento que quase sempre é infalível, uma combinação de
elementos que tem como resultado uma diversão rápida e garantida. Horror
antigo, fotografia em preto e branco, duração curta (aproximadamente uma hora),
história simples de “cientista louco”, pessoas deformadas: “O Fabricante de Monstros” (The Monster
Maker, EUA, 1944), dirigido por Sam Newfield, tem tudo isso.
O Dr. Igor Markoff (J. Carrol Naish) é
um cientista do leste europeu que veio para os Estados Unidos de forma
suspeita, guardando um segredo sombrio sobre sua vida passada. Ele se
especializou na pesquisa para a cura de uma rara doença chamada acromegalia,
que consiste no mal funcionamento da glândula pituitária, causando deformações
nas extremidades do corpo, mãos, pés e partes da cabeça. Sua assistente é
Maxine (Tala Birell), que é apaixonada por ele e única que conhece seu segredo,
mas ela é tratada com indiferença e não é correspondida.
Ao presenciar o concerto de um famoso
pianista, Anthony Lawrence (Ralph Morgan), o cientista ficou obcecado com a
bela filha do músico, Patricia (Wanda McKay), que estava acompanhada de seu
namorado Bob Blake (Terry Frost). O motivo do fascínio pela jovem é a incrível
semelhança física com a antiga esposa, que morreu de forma trágica em
circunstâncias obscuras.
A partir daí, o assédio do cientista
tornou-se cada vez mais desconfortável para Patricia, gerando uma relação
turbulenta que obrigou a interferência de seu pai, num conflito em que o
cientista inescrupuloso agiu de forma criminosa com ameaças de chantagem e
usando seus conhecimentos da terrível doença que “fabrica monstros”.
“O Fabricante de Monstros” está situado
na categoria de filmes psicotrônicos, devido ao poder mental maléfico que o
cientista exercia sobre sua assistente Maxine, manipulando suas ações ao seu
favor. É um filme curto, com apenas 62 minutos de duração, contando uma
história rápida de um cientista com reputação duvidosa e traços de arrogância e
psicopatia, que não mede esforços para conseguir o que quer, destruindo vidas e
fabricando monstros.
O trabalho de maquiagem é muito bom,
principalmente para os recursos de produção, com as deformações físicas do pianista,
com o rosto desfigurado e as mãos enormes.
Curiosamente, a acromegalia é uma doença
que afetou a vida real do jornalista e depois ator gigante Rondo Hatton, que
fez alguns filmes de horror em meados dos anos 1940, pouco antes de sua morte
em 1946 por complicações da doença.
Entre outras curiosidades, o personagem
Igor Markoff, faz referências ao universo ficcional de “Frankenstein”, e o ator
J. Carrol Naish em seu último filme na carreira interpretou justamente o
cientista que cria vida artificial em “Drácula vs. Frankenstein” (1971).
Tem a pequena participação de Glenn
Strange, fazendo o papel de Steve, outro assistente do cientista. Ele fala
pouco com presença bem reduzida em cena. Sua carreira foi extensa com mais de
300 créditos, mas é geralmente lembrado pelo papel do “monstro de Frankenstein”
em alguns filmes da produtora “Universal”, “A Mansão de Frankenstein” (1944),
que também tem J. Carrol Naish no elenco, “A Mansão de Drácula” (1945) e
“Abbott e Costello Encontram Frankenstein” (1948).
E também tem a presença rápida e
oportunista de um gorila como cobaia das experiências do cientista, com o ator
Ray Corrigan vestindo uma roupa de macaco. Aliás, o ator foi recorrente nesse
papel bizarro numa grande quantidade de filmes da época que utilizaram gorilas
em suas histórias.
(RR
– 01/05/22)