O especialista em filmes de pequenos
orçamentos Roger Corman tem um currículo imenso como produtor e diretor. “Night of the Blood Beast” (1958) tem
seu nome creditado na produção executiva, ao lado do irmão Gene Corman como
produtor e Bernard L. Kowaski na direção, a mesma equipe de outras bagaceiras
divertidas do mesmo período como “O
Ataque das Sanguessugas Gigantes” (Attack of the Giant Leeches, 1959).
O astronauta Major John
Corcoran (Michael Emmet) está retornando de uma missão com satélites orbitando
no espaço, à bordo de uma cápsula que sofre um acidente trágico ao retornar
para a Terra, culminando numa queda fatal. Apesar da falta de sinais vitais
como respiração e batimentos cardíacos, ele misteriosamente parece ainda vivo,
em estado de coma, mas com temperatura e pressão arterial normais, para a
surpresa da equipe científica que monitorava sua viagem ao espaço. Equipe essa
formada pela noiva do astronauta, Dra. Julie Benson (Angela Greene), Dr. Alex
Wyman (Tyler McVey), Steve Dunlap (John Baer), Dave Randall (Ed Nelson) e Donna
Bixby (Georgianna Carter).
Após o resgate do astronauta eles ficam
isolados numa base afastada, sem comunicação externa devido a interferência de
uma misteriosa fonte magnética, e são ameaçados pela presença de um monstro
(Ross Sturlin) que ronda o local e que pode ter vindo junto com a cápsula
espacial, com um interesse obscuro no astronauta, que está servindo de
hospedeiro para embriões alienígenas.
“Night of the Blood Beast” tem
fotografia em preto e branco e duração curta de apenas 62 minutos, um fato comum
para os filmes com orçamentos minúsculos do período. Tem também um nome
original sonoro para chamar a atenção do público e um cartaz expressivo
evidenciando uma mulher com poucas roupas e um slogan promocional exagerado
sobre um monstro caçador de cabeças. Mas, o mais importante mesmo é que tem a
esperada criatura tosca vinda do espaço sideral, para justificar o título do
filme.
O elenco é pequeno, somente sete atores,
cinco homens e duas mulheres, incluindo o ator que veste a roupa de borracha do
monstro. O roteiro básico de Martin Varno (que tinha só 21 anos na época)
explora o clichê de invasão alienígena, um tema recorrente numa infinidade de
filmes bagaceiros divertidos principalmente dos anos 50 e 60 do século passado.
Sendo dessa vez explorando a dúvida sobre a hostilidade ou boas intenções da
raça extraterrestre invasora, com o alerta sobre o uso indevido da energia
atômica. Tanto que existe o dilema da equipe científica em destruir o que é
desconhecido e ameaçador ou permitir a tentativa de contato e ouvir a mensagem
de uma criatura inteligente de outro planeta.
A história, apesar de simples e carregada
de clichês, desperta interesse para os apreciadores de filmes tranqueiras com
elementos de horror e ficção científica, com a ideia do astronauta servir de
hospedeiro para pequenas criaturas alienígenas, algo que foi igualmente
explorado na franquia “Alien”, que por sua vez estabeleceu seu lugar na Cultura
Pop.
Um destaque certamente é o monstro tosco
e sempre divertido, que aparece em cena somente a partir da segunda metade do
filme, e garante os melhores momentos nos confrontos com a equipe científica. A
criatura do espaço parece uma mistura hilária de papagaio e urso com enormes garras
afiadas e foi aproveitada (com pequenas alterações) de outro filme de Corman,
“Teenage Caveman”, lançado alguns meses antes. É mais um monstro bizarro
imortalizado junto com dezenas de outros do cinema de gênero produzido com
poucos recursos.
Curiosamente, o filme recebeu o título
original alternativo “The Creature From Galaxy 27”.