"Elfie
agora está morta. Elfie está sepultada no cemitério de Veeze. Que descanse em
paz em sua tumba. Em sua tumba.”
Os anos 60 do século passado foram o
ápice para o cinema de horror gótico, principalmente com os filmes europeus,
desde os ingleses da Hammer aos italianos de Mario Bava. “O Moinho das Mulheres
de Pedra” (Mill of the Stone Women, 1960), de Giorgio Ferroni, é um dos bons
exemplos desse fascinante sub-gênero do Horror, com sua atmosfera sombria e
elementos de mistério e insanidade.
A história se passa na pequena cidade de
Veeze, na Holanda do final do século 19. O jornalista Hans von Arnim (Pierre
Brice) está trabalhando numa matéria pesquisando o centenário de um famoso
carrossel macabro que funciona como uma atração turística num moinho (do
título), de propriedade do escultor e professor de belas artes Gregorius Vahl (Herbert
Boehme). O carrossel é formado por bonecos grotescos de cera representando
mulheres assassinadas ou torturadas e que podem ter sua origem em cadáveres
reais. Ele tem uma filha doente, Elfie (Scilla Gabel), que vive reclusa no
moinho, sem contato com o mundo externo, e que precisa de constantes
transfusões de sangue para sobreviver, através de mulheres raptadas no
vilarejo, enquanto o inescrupuloso médico Dr. Loren Bohlem (Wolfgang Preiss),
que também vive no moinho e teve sua licença cassada pelo Conselho de Medicina,
tenta encontrar uma cura para a rara doença do sangue de Elfie.
Depois que o jovem Hans entra em contato
com a bela e misteriosa jovem, surge uma inevitável atração mútua, apesar dele
estar apaixonado pela amiga de infância Liselotte Kornheim (Dany Carrel).
Porém, após seu desaparecimento suspeito, Hans e o amigo Ralf (Marco
Guglielmi), precisam agir antes dela se tornar outra vítima dos experimentos
nefastos do Prof. Vahl e do Dr. Bohlem.
“O Moinho das Mulheres de Pedra” tem uma
narrativa mais lenta e possui a tradicional atmosfera gótica com elementos
macabros envolvendo doença, insanidade, mistério, assassinato, alucinação,
pesadelo, experiências científicas bizarras, ambientes sombrios, um moinho
sinistro (no lugar do costumeiro castelo gótico), um pequeno vilarejo enevoado
e o desaparecimento de mulheres. Sua história inevitavelmente lembra filmes
anteriores como “Museu de Cera” (1953) e “Olhos Sem Rosto” (1959), pelas similaridades
das estátuas bizarras e do pai que não mede esforços, incluindo cometer crimes,
para manter a filha viva.
Herbert Boehme está muito bem e
convincente no papel desse pai sem escrúpulos que vai perdendo a sanidade e que
junto com o “cientista louco” Dr. Bohlem faz as transfusões de sangue para
manter a filha doente viva, em troca da vida de outras mulheres inocentes.
Outros detalhes interessantes são o laboratório científico com seus
instrumentos médicos bizarros, além da maquete do moinho em chamas.
O título original italiano é “Il mulino
delle donne di pietra” e foi lançado em DVD no Brasil pela “Versátil” na
coleção “Obras-Primas do Terror – Gótico Italiano”.
(RR
– 10/04/22)