“O Lobisomem de Washington” (The
Werewolf of Washington, EUA, 1973) é mais uma produção de baixo orçamento
perdida na infinidade de filmes que exploram a temática dos lobisomens, um dos
monstros tradicionais do cinema de horror. Tanto a direção como o roteiro são
de Milton Moses Ginsberg (1935 / 2021), que tem poucos trabalhos no currículo.
Por outro lado, o elenco é liderado por Dean Stockwell (1936 / 2021), ator com
extensa filmografia com cerca de duas centenas de títulos, entre eles, “O Altar
do Diabo” (1970), “Duna” (1984) e a série de TV “Contra Tempos” (Quantum Leap,
1989 / 1993).
Ambientado no início dos anos 70 do
século passado, ele é o jornalista americano Jack Whittier, que teve um caso
amoroso com Marion (Jane House), filha do presidente dos Estados Unidos (Biff
McGuire). Ao perceber que prejudicaria sua carreira, solicitou para ser
transferido para a Hungria, país comunista do leste europeu. Depois desistindo
da ideia, ele decidiu retornar para o país natal aceitando o emprego de secretário
de imprensa do presidente americano. Mas, antes de voltar, se envolveu num
acidente de carro com uma família de ciganos e foi mordido por um lobisomem,
passando a carregar desde então a maldição de se transformar nas noites de lua
cheia numa fera assassina mista de homem e lobo, espalhando o horror em
Washington e nos arredores da Casa Branca.
Produção de horror bagaceiro com baixo
orçamento e elementos de humor negro e exploração de um tema desgastado, “O
Lobisomem de Washington” apenas se soma a infinidade de filmes similares sobre
lobisomens, com pouca violência e sangue nos assassinatos, mas com alguns
diferenciais que até podem agradar os apreciadores de tranqueiras divertidas.
Temos a ambientação urbana do lobisomem e
história com sátira política (referências ao caso de corrupção “Watergate” e o
presidente americano na época, Richard Nixon), a maquiagem tosca do lobisomem e
as cenas de transformação com efeitos práticos muito mais divertidos que a
artificialidade da computação gráfica, e a apresentação de um lobisomem que
tenta se aproximar mais das características de um animal, rastejando,
cheirando, lambendo e agindo como um lobo.
O roteiro é bem simples e sem
preocupação com coerência, repleto de situações bizarras e inverossímeis, com o
jornalista sem controle se transformando em monstro em momentos inoportunos no
interior da Casa Branca e próximo do presidente, políticos e militares do
gabinete do governo.
Mas, os elementos de humor negro e
referências ao gênero fantástico são até interessantes e agregam algum valor
para a diversão. Como a participação rápida e totalmente estranha de um “cientista
louco” anão, Dr. Kiss (Michael Dunn, o Dr. Miguelito Loveless da série de TV
“James West”) e suas experiências misteriosas com direito a citação para uma
criatura no estilo de “Frankenstein”, além da presença de um homem sinistro com
óculos escuros (James Tolkan) sempre à espreita nas reuniões presidenciais como
um elemento de conspiração governamental.
Tem também a frequente confusão entre as
palavras “Pentagrama” e “Pentágono”, a cena hilária do jogo de boliche com o
presidente, com Jack tendo problemas sérios com a transformação em lobisomem e
seus dedos inchados presos nos furos de uma bola, e a citação do primeiro ministro
chinês com o Sr. Hyde de “O Médico e o Monstro”, famosa história de Robert
Louis Stevenson, quando testemunha a transformação de Jack em lobisomem durante
o voo com um helicóptero presidencial.
Para a sorte dos colecionadores e
apreciadores do cinema de horror bagaceiro, “O Lobisomem de Washington” foi
lançado em DVD no Brasil por volta de 2010 na coleção “Lobisomens, Vampiros e
Zumbis – Volume 3”, da revista digital “Showtime Clássicos”, no mesmo disco com
“O Vampiro da Era Atômica” (Atom Age Vampire,
1960) e “O Túmulo do Vampiro” (Grave of the Vampire, 1974).
Antes, porém, já tinha sido lançado por aqui em VHS
pela “Macvideo”.
(RR
– 09/01/22)