“Forças do Mal,
poderes da escuridão, criaturas do outro lado, novamente pedimos a sua ajuda
para fazermos a vossa vontade. Pedimos que doravante a maldição que paira sobre
a família Glascow seja o fardo do filho mais velho.”
O lobisomem é um dos monstros
tradicionais do horror, ao lado dos vampiros, demônios, múmias e zumbis, entre
outros. A mitologia dos homens transformados em lobos nas noites de lua cheia e
que matam violentamente à procura do sangue e carne de suas vítimas, sempre foi
um tema bastante explorado no cinema. Através de uma infinidade de filmes de
todos os tipos, desde produções bem cuidadas com orçamentos maiores e efeitos
especiais caprichados, passando pelos preciosos clássicos antigos e as tranqueiras
diversas, muitas delas divertidas justamente por suas características
bagaceiras.
“A
Verdadeira História do Lobisomem” (Wolfman, EUA, 1979) é mais um filme
dentro desse universo ficcional, com um título nacional exagerado e mal
escolhido (bastava apenas nomear como “Lobisomem”, simples como o original),
dirigido e escrito por Worth Keeter em seu trabalho de estreia.
Após a morte do pai, Edwin Glascow
(Julian Morton), em circunstâncias misteriosas, Colin (Earl Owensby, que também
foi o produtor), retorna para sua cidade natal e mansão da família para
acompanhar o testamento e resolver questões burocráticas sobre o patrimônio
herdado, a pedido do advogado da família, Ewan Rowe (Al Meyers). Depois de sair
de casa há muitos anos e viajar pelo mundo, em seu retorno para o vilarejo ele
não é bem recebido pelos aldeões e reencontra uma namorada do passado, Lynn
Harris Randolph (Kristina Reynolds), com quem estabelece uma nova aproximação.
Reencontra também a avó (Helene Tryon),
mantida isolada em seu quarto numa atitude suspeita de seus primos Clemente
(Richard Dedmon) e Elizabeth (Magie Lauterer). E após descobrir irregularidades
no testamento do pai falecido, Colin decide investigar por conta própria com a
ajuda do médico Dr. George Tate (Sid Rancer), mas torna-se vítima de uma
conspiração satânica organizada por seus parentes e liderada pelo obscuro
reverendo satânico Leonard (Ed Grady), envolvendo uma antiga maldição familiar
com licantropia.
Com a ocorrência de assassinatos
sangrentos na região com a possível autoria de um grande animal selvagem e com
a investigação policial do xerife local (Brownlee Davis), Colin torna-se
suspeito e precisa lutar contra a maldição e proteger a antiga namorada.
“A Verdadeira História do Lobisomem” é
uma produção de orçamento reduzido e história clichê de maldição familiar
envolvendo o mito do lobisomem, daquelas já vistas tantas vezes que não é
possível classificar o filme como algo fora da mesmice. Mas, tem alguns pontos
positivos para os apreciadores do cinema de horror gótico, e que são sempre bem
vindos como a ambientação sinistra de uma mansão tétrica e seu porão ameaçador na
virada entre os séculos 19 e 20, o cemitério fantasmagórico com seus túmulos
macabros, a carruagem como meio de transporte, a névoa espessa que sempre gera
uma sensação de desconforto, a cerimônia satânica de evocação do demônio, a histórica
maldição familiar e o lobisomem com seus efeitos práticos de maquiagem, toscos
e sempre divertidos.
Por outro lado, tem também pontos
desabonadores como o ritmo arrastado num convite ao sono em alguns momentos, os
diálogos simplórios e previsíveis num trabalho sem inspiração do roteiro, as
atuações ruins, a duração longa que poderia ser encurtada em pelo menos uns 20
minutos, os ataques da fera que poderiam ser mais violentos e sangrentos, entre
outros.
O filme foi lançado em DVD no Brasil por
volta de 2010 na coleção “Lobisomens, Vampiros e Zumbis – Volume 2”, da revista
digital “Showtime Clássicos”, no mesmo disco com “Os Ritos Satânicos de Drácula”
(The Satanic Rites of Dracula, 1973) e “Convenção de Vampiros” (The Vampire
Happening, 1971).
(RR
– 31/12/21)