Convenção de Vampiros (The Vampire Happening, Alemanha / Inglaterra, 1971)

 


“Os vampiros se levantam de seus túmulos para chupar o sangue dos vivos. Isso dá ao vampiro a força para caminhar na Terra novamente. Contudo, o demônio deve retornar ao túmulo antes do nascer do sol. Um homem mordido se transforma num vampiro após a sua morte. Ele pode ser libertado da sua possessão enfiando uma estaca de madeira pontiaguda em seu coração.”

 

“Convenção de Vampiros” (The Vampire Happening, 1971) é mais um filme europeu bagaceiro de horror dos anos 70 do século passado, com co-produção entre Alemanha e Inglaterra, só que dessa vez com elementos de humor negro.

A direção é de Freddie Francis (1917 / 2007), profissional muito renomado como fotógrafo, mas também um cineasta reconhecido por sua aproximação com o gênero, sendo responsável por inúmeras preciosidades principalmente da “Hammer” e “Amicus”, além de outros estúdios, como “O Monstro de Frankenstein” (1964), “As Profecias do Dr. Terror” (1965), “A Maldição da Caveira” (1965), “Eles Vieram do Espaço Exterior” (1967), “As Torturas do Dr. Diabolo” (1967), “Drácula, o Perfil do Diabo” (1968), “Contos do Além” (1972), “Essência da Maldade” (1973), “Terror e Loucura” (1973), “A Lenda do Lobisomem” (1975), “O Carniçal” (1975), entre outros.

 

Uma atriz americana, Betty Williams (a belíssima sueca Pia Degermark, que teve uma carreira muito curta), viaja para o leste europeu para conhecer um antigo castelo que herdou na Transilvânia. Chegando ao sinistro castelo, ela é recepcionada pelo serviçal atrapalhado Josef (Yvor Murillo), que a confunde com uma ancestral da família, Clarimonde Catani, sua bisavó de origem italiana e que era uma bruxa e vampira.

Depois de conhecer o castelo gótico, com sua assustadora câmara de torturas repleta de instrumentos medievais e o porão com túmulos ocupados por seus antigos parentes, Betty Williams conhece o professor de um internato para moças, o Sr. Jens Larsen (Thomas Hunter), por quem se apaixona.

Mas, devido sua semelhança física com a bisavó vampira, que se levantou novamente da sepultura em busca de sangue, a atriz americana se envolve em várias aventuras e confusões, principalmente com um padre seminarista tagarela que foi vampirizado, Martin (Joachim Kemmer), e ao se misturar numa festa anual exótica realizada em outro castelo, organizada pelo anfitrião Conde Bernhard Ochsenstein (Raoul Retzer), uma espécie de “convenção de vampiros” do título, onde o convidado especial é o Príncipe Christopher Drácula (Ferdy Mayne), com o primeiro nome sendo uma homenagem ao lendário ator Christopher Lee, que encarnou o vampiro Drácula em muitos filmes.      

 

O filme é considerado uma comédia de horror, num estilo semelhante ao anterior “A Dança dos Vampiros” (Dance of the Vampires, 1967), de Roman Polanski, onde inclusive o ator alemão Ferdy Mayne (1916 / 1998) também faz o papel de um nobre vampiro, Conde von Krolock. Aliás, o veterano ator tem uma cara de vampiro impressionante, facilitando muito seu trabalho em desenvolver o personagem.

Particularmente, não sou fã de comédias, mesmo aquelas com elementos fantásticos e roteiros flertando com horror e/ou ficção científica. Consequentemente, apesar de alguns bons momentos de humor negro principalmente nas cenas com o Drácula de Ferdy Mayne, eu prefiro enaltecer unicamente os elementos de horror gótico (motivo que justifica conhecer o filme), como o castelo sinistro (utilizando locações reais na Áustria), a câmera de torturas, os túmulos macabros, e todas as características tradicionais do mito do vampirismo (parte delas descritas na introdução desse texto, reproduzidas da leitura de um livro da biblioteca do castelo).

“Convenção dos Vampiros” é arrastado e poderia ter uma duração menor, algo em torno dos 80 minutos em vez de uma hora e quarenta e dois. Também é um filme de exploração sexual com muitas mulheres desfilando seminuas, belas vampiras à procura dos pescoços de suas vítimas, com um destaque especial para o presente recebido por Drácula.   

 

Curiosamente, existe uma referência envolvendo o clássico “O Bebê de Rosemary”, de Roman Polanski, lançado apenas dois anos antes e que não imaginariam a importância que o filme receberia depois, fazendo parte da cultura popular, numa cena com Drácula, que aliás, chega na convenção em alto estilo, utilizando um helicóptero com um enorme morcego pintado na fuselagem.

O filme foi lançado em DVD no Brasil por volta de 2010 na coleção “Lobisomens, Vampiros e Zumbis – Volume 2”, da revista digital “Showtime Clássicos”, no mesmo disco com outros dois filmes igualmente bagaceiros: “Os Ritos Satânicos de Drácula” (The Satanic Rites of Dracula, 1973), produção da “Hammer” com Christopher Lee e Peter Cushing, e “A Verdadeira História do Lobisomem” (Wolfman, 1979).

 

(RR – 12/12/21)