“Esta noite, nas
sombras, encontrarão os assassinos. Passei por baixo das muralhas do castelo.
Atrás do rosto do monstro. Para salvar os corpos e almas que deixam esse lugar
maligno.” – bruxa
O lendário ator inglês Christopher Lee
(1922 / 2015) ficou eternamente conhecido por seus papéis do vampiro Conde
Drácula, principalmente nos filmes da cultuada produtora “Hammer”. Em sua vasta
e bem sucedida carreira com quase três centenas de créditos, ele contribuiu
significativamente para a história do cinema fantástico, sendo um dos grandes
nomes sempre associado ao gênero.
Nos anos 60 do século passado ele
participou de alguns filmes italianos de horror gótico como “O Chicote e o
Corpo” (1963), “O Túmulo do Horror” (1964) e “O Castelo dos Mortos Vivos”
(Il Castello dei Morti Vivi / The Castle of the Living Dead, 1964), uma co-produção
de Itália e França com fotografia em preto e branco e direção do americano
Warren Kiefer, que teve uma carreira curta.
Ambientado no início do século XIX no
interior da França após o término das guerras napoleônicas, onde ainda existia
muita violência nas áreas rurais, um pequeno grupo de atores circenses viaja
pelos vilarejos encenando um enforcamento público, entre outras atrações, sempre
bem recebido pelas pessoas. Liderada por Bruno (Jacques Stany), a trupe ainda
tinha a bela Laura (Gaia Germani), o revoltado Dart (Luciano Pigozzi), o anão
Nick (Antonio de Martino) e o mudo Gianni (Enni Antonelli). Após uma briga num
bar, Dart é expulso da equipe e é substituído por um andarilho e ex-soldado,
Eric (Philippe Leroy), que tem um interesse romântico por Laura.
Eles são convidados para fazer uma
apresentação pessoal para o recluso Conde Drago (Christopher Lee) e então
partem em viagem ao seu imponente castelo, onde no caminho encontram uma velha
bruxa que fala em rima (Donald Sutherland), e que avisa sobre os perigos que
estão por vir. Ignorando as ameaças da bruxa, eles são recepcionados no castelo
pelo sinistro serviçal Sandro (Mirko Valentin), e se deparam com uma grande
coleção de pássaros e animais empalhados numa imensa sala do castelo.
Sem saberem das reais intenções que se
escondem por trás do aristocrático anfitrião Conde Drago, que se apresenta como
um cientista que está trabalhando com um novo produto químico em experiências
de embalsamento, o grupo de atores terá que lutar por suas vidas para escaparem
do “castelo dos mortos vivos”.
Para os fãs de Christopher Lee, só a sua
presença já é motivo mais do que suficiente para conhecer o filme, que também é
indicado para quem aprecia o cinema de horror gótico, especialmente o italiano.
E apesar de alguns momentos arrastados, deverá despertar interesse aos
apreciadores de filmes antigos bagaceiros, em preto e branco, com orçamentos
reduzidos, castelos sombrios e roteiros com “cientistas loucos”.
Lee faz o papel de mais um vilão em sua
extensa carreira, dessa vez um homem da ciência motivado em eternizar a forma
física dos seres vivos, de animais a humanos, mantendo as feições preservadas
para sempre através de experiências químicas em seu laboratório repleto de
aparelhos bizarros.
O serviço sujo para conseguir as vítimas
fica a cargo do serviçal cruel e assassino Sandro, que persegue os candidatos à
animação suspensa nos arredores de um sinistro jardim com enormes esculturas
góticas e construções de pedra, ou nos longos corredores escuros e tétricos do
castelo, sempre com um clima perturbador de atmosfera sombria.
Curiosamente, “O Castelo dos Mortos
Vivos” é um dos primeiros filmes da extensa carreira do veterano Donald
Sutherland, fazendo aqui os papéis de uma bruxa sinistra, um soldado
atrapalhado que trabalha na polícia do vilarejo e outro homem velho. Seu filho,
Kiefer Sutherland, também é ator com carreira bem intensa e muitos o reconhecem
pelo papel de Jack Bauer na série de TV “24 Horas”.
Foi lançado em DVD no Brasil pela
“Versátil”, na coleção “Obras Primas do Terror – Gótico Italiano – Volume 02”.
“A vida eterna
pode ser um sonho Mas, a beleza eterna pode se tornar uma realidade.” – Conde
Drago
(RR - 16/01/22)