Clã Demoníaco (The Horrible House on the Hill, EUA, 1974)

 


Existem vários filmes de horror e ficção científica com crianças sinistras como “Aldeia dos Amaldiçoados” (Village of the Damned, 1960) ou “Os Malditos” (These Are the Damned, 1963), que exploraram com mais ênfase o lado psicológico e sugerido. E tem também “Clã Demoníaco” (The Horrible House on the Hill, EUA, 1974), voltado para um horror gráfico, com mortes violentas e sangue.

Também conhecido pelos títulos originais “Devil Times Five” e “Peopletoys”, foi dirigido por Sean MacGregor, que saiu antes do final das filmagens, com David Sheldon assumindo o posto de forma não creditada, refilmando muitas cenas. Considerado pelo cultuado cineasta Quentin Tarantino como um de seus filmes favoritos, ele está disponível no “Youtube” no canal “Cult Cinema Classics” com a opção de legendas em português, apesar de curiosamente essa versão ter as cenas de sangue em preto e branco e de nudez parcialmente escondidas, por questões de censura.

 

Uma van transportando cinco crianças de comportamento perigoso, pacientes de um hospital psiquiátrico, sofre um acidente numa estrada no meio da neve de uma floresta gelada. Elas sobrevivem sem ferimentos e encontram uma casa de inverno no alto de uma colina (daí um dos títulos originais). O grupo de capetas maníacos é formado por dois meninos, David (Leif Garrett, da trilogia “Fibra de Valente”), que gosta de usar roupas de mulher, e Brian (Tierre Turner) que age como um militar, e três meninas, a religiosa irmã Hannah (Gail Smale, em seu único trabalho no cinema), Susan (Tia Thompson) e a pequena Moe (Dawn Lyn), inspirando outro dos títulos originais do filme.

Na casa tem o zelador atrapalhado e bobalhão Ralf (John Durren, também um dos roteiristas), que é vítima de brincadeiras questionáveis de Lovely (Carolyn Steller), esposa interesseira do arrogante Papa Doc (Gene Evans), dono do lugar. Ainda estão hospedados outros dois casais, o médico Dr. Harvey Beckman (Sorrell Booke), em crise de relacionamento com a esposa alcoólatra (Ruth (Shelley Morrison), e os namorados Julie (Joan McCall), filha do proprietário, e Rick (Taylor Lacher), funcionário insatisfeito do pai dela.

Os três casais que estão na “horrível casa na colina”, juntamente com o psiquiatra Dr. Brown (Henry Beckman), também sobrevivente do acidente com a van, terão que lutar por suas vidas para não se transformarem em pessoas brinquedos (daí mais outro nome original alternativo do filme) nas mãos das crianças diabólicas, que usam violência gráfica para punir os adultos quando contrariadas.

 

“Clã Demoníaco” é um interessante exemplo da temática de horror com crianças cruéis perturbadas, com boas doses de mortes sangrentas e desfecho pessimista. São muitos assassinatos criativos e violentos com métodos variados como espancamento com martelo, foice e correntes (uma longa cena filmada em preto e branco e câmera lenta que funcionaria melhor em cores e tempo real), enforcamento, machadada, uma vítima queimada viva, ataque de piranhas, armadilha de urso e golpes com facas e lanças de bambu.

Mas, sendo um filme de baixo orçamento, tem também várias falhas facilmente notáveis e que prejudicam o resultado final, principalmente os erros de edição com cenas variando a ambientação, justificados pelos problemas com os diretores já mencionados no início desse texto.

Curiosamente, a atriz Carolyn Steller é a mãe na vida real de duas das crianças malignas, Leif Garrett e Dawn Lyn.

 

(RR – 11/08/24)