"Oh
Astaroth, Príncipe das Trevas, desde que te invoquei da escuridão tenho sido teu
servo. A imortalidade será minha. Durante o tempo que eu te servir, te obedeço
e realizo todos os teus desejos. O recipiente perfeito para o mortal que queres
procriar o espera. Ela é virgem, corpo e a alma, cuidadosamente criada. Aguardo
um sinal, Astaroth, pois pelo juramento que fiz, a hora é chegada.”
“O Bem Contra o Mal” (Good Against Evil, EUA, 1977) é uma
produção para a televisão explorando a temática de conspiração satânica com
possessão demoníaca, e com o objetivo inicial de ser um piloto para uma série
que não foi aprovada. A direção foi do especialista na telinha Paul Wendkos
(“Balada Para Satã”, 1971) e o roteiro foi do inglês Jimmy Sangster, conhecido
por inúmeros filmes divertidos, muitos deles da produtora “Hammer” como “A
Maldição de Frankenstein” (1957), “O Vampiro da Noite” (1958) e “A Múmia”
(1959).
O filme está disponível no “Youtube”, tanto numa versão original
em inglês com a opção de legendas em português, quanto numa versão dublada de
quando foi exibido na televisão brasileira.
O prólogo é ambientado em 1955 com o nascimento de uma menina
raptada por uma seita satânica que a escolheu para na idade adulta gerar o
filho do demônio “Astaroth”. Com a morte misteriosa da mãe no parto, ela é
protegida pelos seguidores do diabo e tem uma vida de conforto e sucesso, sendo
monitorada de perto pela Tia Irene (Peggy McCay), Agnes (Erica Yohn) e Brown
(Richard Stahl).
As ações avançam para os dias atuais na época, 1977, e Jessica
Gordon (Elyssa Davalos) já é uma bem sucedida estilista de moda, que se
apaixona pelo escritor freelancer Andy Stuart (Dack Rambo). A união deles
ameaça os planos malignos da seita liderada pelo sinistro Sr. Rimmin (Richard
Lynch), que consegue separá-los na véspera do casamento.
Após reencontrar e ajudar uma antiga namorada, Linday Isley (Kim
Cattrall), cuja filha pequena foi vítima de possessão demoníaca, o jovem Andy
Stuart se une ao padre Kemschler (Dan O´Herlihy) para procurar Jessica e
enfrentar os adoradores do diabo.
Sendo
um filme para a televisão, em “O Bem Contra o Mal” os elementos de horror são
bastante contidos, não há sangue nem violência, e apenas apresenta um pouco de
mistério e atmosfera sinistra com a conspiração satânica (numa clara referência
para “O Bebê de Rosemary”, 1968), e com um ritual de exorcismo numa menina com
direito a cama vibrando, objetos lançados pelos ares e um padre recitando
frases em latim (aproveitando o sucesso de “O Exorcista”, 1973, e tentando
seguir seus passos, de forma bem inferior ao efeito perturbador do clássico).
Além
do filme perder muito tempo explorando um romance arrastado entre Jessica e
Andy, a cena de exorcismo parece exageradamente forçada e deslocada, mesmo num
filme de temática satanista. E o desfecho é totalmente inconclusivo, deixando
os acontecimentos em aberto, com a dupla formada pelo mocinho Andy agindo como
um detetive junto com o padre exorcista, partindo em busca da jovem escondida
pela seita, justificando o título do filme. Pois a ideia seria continuar a
história numa série de TV que foi rejeitada pelos realizadores, numa decisão que
parece acertada.
Curiosamente,
o nome do demônio “Astaroth” é o mesmo de um fanzine de horror e ficção
científica que criei em 1995 e editei até 2008 (numa 1ª fase) e depois entre
2015 e 2017 (2ª fase), totalizando 69 edições. Porém, a inspiração para o nome
“Astaroth” eu tirei de outro filme, com o demônio de “Uma Filha Para o Diabo”
(To The Devil a Daughter, 1976), com o lendário Christopher Lee.
(RR – 09/08/24)