Frankenstein Contra o Monstro Espacial (Frankenstein Meets the Spacemonster, EUA, 1965, PB)

 


Ganhamos a guerra, mas não temos mulheres. Viemos a este planeta com um único propósito: adquirir reprodutores para repovoar nosso planeta.

– Princesa Marcuzan

 

Entre principalmente os anos 50 e 60 do século passado tivemos muitas produções bagaceiras de filmes bizarros com elementos de horror e ficção científica. Entre a infinidade de tranqueiras daquele período, produções precárias divertidas justamente por suas histórias exageradas no escapismo e com efeitos toscos de naves espaciais e monstros fuleiros, temos “Frankenstein Contra o Monstro Espacial” (Frankenstein Meets the Spacemonster, EUA, 1965), com fotografia em preto e branco e direção de Robert Gaffney.

 

Após uma guerra nuclear devastar uma raça alienígena dizimando todas as mulheres, a líder sobrevivente Princesa Marcuzan (Marilyn Hanold) parte para o espaço sideral com sua nave, auxiliada pelo assistente cientista Dr. Nadir (Lou Cutell), à procura de mulheres similares em outros planetas que pudessem contribuir para a reprodução e continuidade da sua espécie em extinção. Eles acabam pousando na Terra, mais precisamente em Porto Rico, e iniciam um plano de sequestro de belas mulheres humanas em praias e festas em piscinas.  

Em paralelo, uma missão espacial da NASA, liderada pelo General Bowers (David Kerman), tem como objetivo alcançar o planeta Marte, utilizando um robô com características humanoides como astronauta, o Coronel Frank Saunders (Robert Reilly). Ele é uma criatura com cérebro eletrônico, resultado do trabalho do cientista Dr. Adam Steele (James Karen, de “A Volta dos Mortos-Vivos”, 1985) e sua assistente Srta. Karen Grant (Nancy Marshall), no melhor estilo do famoso “Frankenstein”, da escritora Mary Shelley, um tema largamente explorado no cinema fantástico.

Escondido da mídia num projeto secreto, o astronauta partiu em sua missão e o foguete entrou em conflito com a nave alienígena no espaço, caindo depois de volta na Terra. Mesmo sobrevivendo ao acidente, seu rosto foi severamente desfigurado e com a mente distorcida e agindo unicamente pelo instinto de sobrevivência, ele passou a vagar desorientado e sem rumo, matando violentamente as pessoas em seu caminho, como um “monstro de Frankenstein”, até ser localizado pela dupla de cientistas responsáveis por sua criação.

A partir daí o astronauta cibernético tenta combater o plano maquiavélico dos invasores raptores de mulheres, até culminar num confronto final com Mull, o monstro espacial do título.

 

O filme é extremamente bagaceiro, com um título sonoro e oportunista para chamar a atenção. A diversão se garante unicamente pela história patética e pelos efeitos práticos toscos. Entre os destaques temos a nave espacial extraterrestre, um enorme objeto construído para simular um disco voador de outro mundo. As filmagens em seu interior mostram os tradicionais painéis de controle futuristas repletos de mostradores analógicos e luzes piscando. E temos também a maquiagem tosca do astronauta com o rosto disforme e o monstro espacial Mull, interpretado por um ator (Bruce Glover, não creditado) vestindo uma roupa tranqueira de borracha.

A dupla formada pela Princesa Marcuzan (seu nome nunca é mencionado no filme e ela é tratada sempre apenas como Princesa) e o Dr. Nadir (sem cabelos e com orelhas pontudas, no melhor estilo do vulcano Spock, de “Star Trek”), também garante bons momentos de entretenimento com diálogos carregados de arrogância, ironia, sarcasmo e deboche com os humanos inferiores.

O astronauta “Frankenstein”, andando desorientado pelas estradas e florestas de Porto Rico, matando quem aparecer no caminho, talvez até pudesse ter inspirado o astronauta de “O Incrível Homem Que Derreteu” (1977), que começou a derreter literalmente após seu retorno de uma missão à Saturno, e ao se transformar num monstro psicótico, caminhava feito um zumbi sangrento assassinando pessoas aleatoriamente.

É uma pena que Mull só apareça em cena por pouco tempo e mais ativamente no confronto final, pois como já mencionado, o filme vale a pena para apreciadores do cinema bagaceiro de horror & FC apenas pelas cenas com a nave e os alienígenas, além do astronauta androide e o monstro espacial. De resto, os realizadores utilizaram muito material aproveitado de outras filmagens, especialmente cenas reais de movimentos de tropas de soldados do exército, além de aviões e foguetes. E também o filme é preenchido com muitos momentos tediosos em cenas longas para poder alcançar a metragem mínima, mesmo o filme ainda sendo curto, como por exemplo a dupla de cientistas andando numa moto vespa pelas ruas de San Juan, a capital porto-riquenha.       

“Frankenstein Contra o Monstro Espacial” está disponível no “Youtube”, numa versão original com opção de legendas em português. E foi lançado em DVD por aqui pela “Continental”, em sua “Trash Collection”.

 

(RR – 27/02/23)