O tema de invasão alienígena sempre foi
muito explorado no cinema fantástico, e geralmente os filmes mais lembrados
pelos fãs vieram da saudosa década de 1950 e são “A Guerra dos Mundos” (War of
the Worlds, 1953) e “Vampiros de Almas” (Invasion of the Body Snatchers, 1956),
considerados clássicos com histórias influenciadoras da produção que veio a
seguir.
“O
Dia Em Que Marte Invadiu a Terra” (The Day Mars Invaded Earth) é claramente
inspirado nesse último, na ideia de substituição dos seres humanos por duplicatas
idênticas fisicamente. Com direção de Maury Dexter e roteiro de Harry Spalding,
é uma produção de baixo orçamento de 1963, com fotografia em preto e branco,
título sonoro e chamativo, poucos personagens e duração curta com apenas 70
minutos, numa diversão rápida que difere dos outros filmes bagaceiros de FC e
Horror do período, apostando unicamente numa história de suspense sem naves
espaciais toscas e monstros fuleiros de outros mundos com olhos esbugalhados, que
sempre são os maiores elementos de entretenimento nesses tipos de filmes, mas
que aqui não foram necessários para transmitir a mensagem pessimista de invasão
alienígena.
O renomado cientista Dr. David Fielding
(Kent Taylor) é o líder de um projeto ambicioso que consiste no pouso de uma
nave espacial não tripulada em Marte. Ele é auxiliado pelo colega Dr. Web
Spencer (William Mims), e a missão teve sucesso com a liberação de um
dispositivo robô que caminhou em solo marciano e conseguiu transmitir dados
para a Terra até ser misteriosamente interrompido.
O cientista está em crise conjugal em
seu casamento com Claire (Marie Windsor), por causa do afastamento em
decorrência do excesso de trabalho na pesquisa espacial, mas ele retorna por
alguns dias de encontro com a família, esposa e dois filhos, a adolescente Judi
(Betty Beall) e o irmão mais novo Rocky (Gregg Shank).
Depois de um acidente de carro fatal em
circunstâncias estranhas, envolvendo o namorado de Judi, Frank Hazard (Lowell
Brown) e situações envoltas em mistérios com os membros da família se deparando
com aparições de cópias sinistras de si mesmos, o Dr. Fielding desconfia que
algo ameaçador possa ter vindo junto com as informações transmitidas pela sonda
que pousou em Marte antes de ser destruída.
O filme parece um episódio estendido da
série “Além da Imaginação”, sendo sutil ao tratar do tema de invasão
alienígena, sem alarde ou uso de armas e violência, com poucos personagens
praticamente num único ambiente. Sem monstros de borracha, naves e pistolas de
raios mortais. Os marcianos são criaturas inteligentes em forma de energia e que
querem se defender da exploração dos habitantes da Terra, que chegaram primeiro
ao seu planeta com uma sonda robótica de pesquisa. Então, eles colocam em
prática um plano de substituição dos humanos por réplicas artificiais. O
roteiro simples procura criar uma atmosfera de insegurança aproveitando o
cenário imponente da mansão e jardins enormes, com o cientista e sua família sendo
vítimas de uma conspiração marciana bem sucedida.
Maury Dexter (1927 / 2017) também
dirigiu outro filme situado no cinema de gênero, “O Castelo Maldito” (House of
the Damned, 1963), igualmente com roteiro de Harry Spalding, e também
utilizando as mesmas locações de “Greystoke Mansion”, que foi a propriedade
herdada pela esposa do cientista, que tem uma grande piscina e belos e imensos
jardins. Na vida real, a mansão está localizada na cidade de Beverly Hills, no
Estado americano da California, e pouco tempo depois da produção do filme
transformou-se num parque público aberto para visitação. É bem conhecida por
ceder seu espaço para filmes e séries.
“O Dia Em Que Marte Invadiu a Terra”
está disponível no “Youtube”, numa versão original com opção de legendas em
português.
(RR
– 20/02/23)