Produção americana filmada no Japão e com
muitos japoneses na equipe de produção e elenco, “The Manster” (1959), contração em inglês das palavras “Man” e
“Monster”, é um filme bagaceiro de Horror e Ficção Científica com fotografia em
preto e branco, duração de apenas 73 minutos e direção de George P. Breakston
(também autor da história original) e Kenneth G. Crane. Uma preciosidade do
produtivo período da década de 50 do século passado para os filmes de monstros
com histórias absurdas e exageradas no escapismo, e justamente por isso,
divertidos e eternos.
O cientista Dr. Robert Suzuki (Satoshi
Nakamura) faz experiências genéticas bizarras em seu laboratório de difícil
acesso, localizado no alto de uma montanha próximo de um vulcão no Japão. Sem
escrúpulos como todo “cientista louco” que alega que seu trabalho é para o bem
da humanidade, ele utiliza membros de sua própria família como cobaias para
estudar os segredos da evolução. Um jornalista americano, Larry Stanford (Peter
Dyneley), que está trabalhando temporariamente no Japão, enquanto sua esposa
Linda (Jane Hylton) está nos Estados Unidos, vai visitar o laboratório do
cientista na intenção de conseguir uma matéria para o seu jornal.
Porém, o Dr. Susuki, precisando de mais
cobaias humanas, decide aproveitar a oportunidade para fazer um novo
experimento no jornalista, contando com a ajuda de sua bela assistente Tara
(Terri Zimmern) para seduzir o americano, que muda de personalidade despertando
a preocupação de sua esposa que vem para o Japão, e de seu chefe no jornal, Ian
Matthews (Van Hawley).
Larry lentamente vai se transformando num
monstro assassino quando o seu lado maligno desperta na forma de outra pessoa no
mesmo corpo, nascendo uma segunda cabeça distorcida sobre seu ombro direito, e
com as mortes misteriosas despertando a atenção da polícia, sob a investigação
do Superintendente Aida (Jerry Itô).
“The Manster” é mais um filme bagaceiro
divertido dentro das temáticas de “cientista louco” com seu laboratório repleto
de engenhocas bizarras com fumaças e luzes piscando, e de “homem transformado
em monstro”, com uma criatura de duas cabeças (uma tão falsa e estática que diverte
pela tosquice) espalhando o horror pelas ruas de Tóquio, deixando um rastro de
assassinatos que mobilizam a polícia desesperada em seu encalço.
Temos referências ao “O Médico e o
Monstro” (Dr. Jekyll and Mr. Hyde) na ideia de um lado bom e mal no ser humano,
enfatizado aqui pelo surgimento da segunda cabeça na aberração que transformou
o jornalista num monstro assassino.
Entre as várias curiosidades, vale citar
que a ideia do olho nascendo no ombro e dando origem a uma nova cabeça deformada
recebeu uma homenagem de Sam Raimi em “Evil Dead 3” (1992), quando acontece
situação similar com o atrapalhado Ash. No início dos anos 1970 tivemos dois
filmes bagaceiros de monstros com duas cabeças oriundos de transplantes, “O
Incrível Transplante de Duas Cabeças” (The Incredible 2-Headed Transplant, 1971),
com Bruce Dern e “O Monstro de Duas Cabeças” (The Thing With Two Heads, 1972),
com Ray Milland.
(RR
– 03/07/22)